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A AVALIAÇÃO DE ESCOLAS EM PORTUGAL Introdução

4.6 Técnicas de análise de dados

As técnicas de análise de dados constituem-se como procedimentos de procura e de planeamento sistemático de transcrições de entrevistas, de notas e de outros materiais que são acumulados, com o

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objetivo de aumentar a compreensão dos materiais, podendo ser dividido em fases (Bodgan e Biklen, 1994).

A grande maioria da análise de dados “dependem de duas grandes categorias: análise estatística dos dados e análise de conteúdos” (Quivy & Campenhoudt, 2008, p. 222).

4.6.1 Procedimentos estatísticos

Depois da recolha de dados realizada, através da aplicação do inquérito por questionário, torna-se necessário “ler” esses dados que só serão “úteis sendo sujeitos a um tratamento quantitativo que permita comparar as respostas globais de diferentes categorias e analisar as correlações entre as variáveis” (Quivy & Campenhoudt, 2008, p.190), ou seja, estes procedimentos são um conjunto de técnicas analíticas que são utilizados para resumir e organizar os dados obtidos através de números, tabelas e gráficos com o objetivo de descrever as suas principais características.

O tratamento de dados estatísticos apresenta estas vantagens i) o rigor dos procedimentos que permite distanciá-los da subjetividade inerente ao ser humano, ii) o tratamento de grandes quantidades de dados recorrendo ao uso de meios informáticos e iii) a clareza dos resultados sobretudo quando se recorre a gráficos para a sua apresentação. Contudo também este procedimento apresenta desvantagens ou limitações, ou seja, i) o facto de nem todas os dados recolhidos poderem ser quantificáveis e ii) a necessidade de que o investigador atribua sentido aos dados tratados porque a estatística apenas se constitui como informação latente.

Após a recolha de dados, o investigador pode deparar-se com dois tipos de dados: qualitativos e quantitativos. Por dados qualitativos entendemos aqueles que revelam informação que reconhece qualidade, categoria ou características não suscetíveis de medida mas sim de classificação enquanto os dados quantitativos se assumem como informação que pode ser medida e apresentada com diferentes intensidades.

A utilidade dos dados estatísticos depende da maneira como são organizados e apresentados e, por isso, neste estudo recorremos ao programa SPSS e Excel e usamos medidas de estatística descritiva que nos permitiram sintetizar os dados da população e da amostra. Na investigação, recorremos à medida de dispersão associada à média (Desvio-padrão) e de tendência central (média).

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As medidas de dispersão caraterizam-se por ajudar a saber até que ponto os resultados se centram ou não em redor da principal tendência de um conjunto de observações em que quanto maior for a dispersão, menor é a concentração e vice-versa.

O desvio-padrão é uma mensuração que só assume “valores não negativos” e quanto maior for, maior será a dispersão de dados. Para verificar o grau de consenso das respostas dadas nos inquéritos por questionário usamos a seguinte escala:

Tabela 3 – Critérios de verificação do grau de consenso das respostas

A média aritmética carateriza-se por ser o quociente entre a soma dos valores e dividida por o número de valores observados e com o objetivo de verificar a distribuição de valores de concordância de alguns itens recorremos à seguinte escala:

Média Grau de concordância

0,00 a 2,25 Discordância 2,26 a 3,25 Indefinição avaliativa 3,26 a 5,00 Concordância

Tabela 4 – Grau de concordância da média

Na análise estatística dos dados obtidos através da aplicação do inquérito recorremos, ainda, aos seguintes procedimentos estatísticos: análise fatorial e calculado o coeficiente de correlação de Pearson para estabelecer a significância estatística entre as diversas variáveis e considerado como estatisticamente significativa quando valor é igual ou superior a 0.30.

Os dados emergentes dos procedimentos estatísticos serão apresentados com recurso a tabelas e gráficos.

Valor desvio-padrão Nível de consenso

0,00 a 0,40 Alta concordância 0,41 a 0,70 Moderada/alta concordância 0,71 a 1,00 Moderada/baixa concordância >1,00 Baixa concordância

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4.6.2 Análise de conteúdo

Historicamente, a análise de conteúdo nasceu nos Estados Unidos da América, na década de 30 do século passado, e era utilizada por “jornalistas, sociólogos e estudiosos da literatura” (Esteves, 2006, p. 107). Durante a 2ªGuerra Mundial foi usada por políticos e o seu sofre uma grande expansão na década de 50, do século XX, quando passar a ser encarada como um recurso importante pelos cientistas e investigadores das ciências sociais.

A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas que têm como objetivo analisar narrativas e conteúdos expressos pelos sujeitos enquanto descrevem as suas experiências. É um método trabalhoso, mas neutro que permite compreender “significados pessoais” e, ao mesmo tempo, lidar com um grande quantidade de informação que pode ser tão diversificada como “obras literárias, artigos de jornais, documentos oficiais, programas audiovisuais, declarações politicas, atas de reuniões ou relatórios de entrevistas pouco diretivas” (Quivy & Campenhoudt, 2008, p 226). Estes dados podem ser classificados como invocados ou suscitados, sendo que os invocados são os dados que já existiam antes da intervenção do investigador (legislação, artigos de jornais, etc.) e os suscitados acontecem com a intervenção do investigador (protocolos de entrevistas semiestruturadas ou abertas, histórias de vida, etc.).Para Bardin é um procedimento empírico que assume um grande número de configurações que se adaptam ao campo das comunicações e depende “do tipo de fala a que se dedica e do tipo de interpretação que se pretende como objetivo” (2008, p. 32). Berelson considera-a “uma técnica de investigação através de uma descrição objetiva, sistemática e quantitativa de conteúdo manifesto das comunicações tem por finalidade a interpretação destas mesmas comunicações (1971, citado por Bardin, 2008, p. 38). É uma “operação através da qual os dados (invocados ou suscitados) são classificados ou reduzidos após terem sido identificados como pertinentes, de forma a reconfigurar o material ao serviço de determinados objetivos do investigador” (Esteves, 2006, p. 109). Perspetiva-se a análise de conteúdo como um método sistemático e objetivo de descrição dos conteúdos das mensagens mas procurando, sobretudo, o sentido que se encontra em segundo plano.

É um procedimento simples que permite a categorização da informação obtida através da criação de “uma espécie de gavetas” com o objetivo de ordenar os dados que, no início parecem desorganizados e confusos, isto é, a categorização são “rúbricas ou classes, as quais reúnem um grupo de elementos (…) sob um título genérico, agrupamento esse efetuado em razão das características comuns desses elementos” (Bardin, 2008, p. 145). A autora refere que a categorização pode ser agrupada segundo critérios

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semânticos, sintáticos, léxicos ou expressivos e os procedimentos classificados como abertos (ou exploratórios) ou fechados. Os procedimentos fechados acontecem quando se utiliza uma “lista prévia”, já existente, de categorias porque são adequadas ao que se pretende investigar enquanto os procedimentos abertos partem dos dados empíricos para desenvolvimento de categorias que se mais adequem à investigação. Estes procedimentos são provisórios porque a sua alteração é possível em qualquer altura.

As categorias podem ser boas ou más, para Bardin (2008), e para serem consideradas boas devem ter as seguintes propriedades: exclusão mútua, homogeneidade, pertinência, objetividade, fidelidade e produtividade. A análise de conteúdo pode assumir diversas formas, a saber: categorial, avaliação, enunciação, expressão, relações e discurso, ou seja, não chega dizer que se faz análise do conteúdo porque temos de explicar qual a forma utilizada.

A categorização é determinada a partir da informação recolhida, todavia, a esta categorização pode estar associada problemas de fidelidade uma vez que podem ocorrer enviesamentos e erros.

Neste estudo, pretendemos recorrer ao uso da análise de conteúdo para analisar os diferentes dados recolhidos e, para isso, escolhemos trabalhar com a análise categorial, construindo as categorias à medida que analisamos os dados brutos. As categorias serão suportadas por grelhas de análise, ilustradas por frases ilustrativas retiradas dos textos analisados - unidades de registo “de significação a codificar e correspondente ao segmento de conteúdo a considerar como unidade base” (Bardin, 2008, p. 104). Salienta-se que essa construção teve em conta as qualidades, já enunciadas anteriormente e delineadas por Bardin (2008). Ao realizarmos a categorização das entrevistas procuramos encontrar evidências que respondessem aos objetivos da investigação.