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Técnicas culturais da Cobertura Vegetal do Solo

No documento Conversão para viticultura biológica (páginas 94-97)

Preparação do Solo

Para implantação da cobertura vegetal, o solo deve estar suficientemente arejado para permitir uma boa germinação das sementes. No caso de uma parcela com vinha, a mobilização do solo deve ser feita com uma alfaia ‘inter-cepas’ do tipo enxada rotativa. No caso de uma parcela não cultivada é necessário mobilizar o solo com recurso a uma alfaia de discos ou de dentes (ITAB, 2003c). Em qualquer situação, é suficiente trabalhar a uma profundidade de 5-10 centímetros.

Geralmente, apenas se verifica necessária a mobilização de solo no primeiro ano de implantação da cobertura. A partir do primeiro ano, o viticultor deve evitar a mobilização do solo para efectuar a sementeira.

Sementeira

A sementeira pode ser directa com um distribuidor de sementes. É aconselhada a passagem do rolo após a sementeira para facilitar a implantação da semente (Ferreira, 2012a). Para a sementeira, deve-se evitar, sempre que possível, os períodos de maior risco de erosão. As sementeiras de Outono/Inverno devem ser feitas logo após a vindima.

Corte

No caso de coberturas permanentes, o corte deve ser efectuado quando existem suficientes sementes maduras formadas para permitir a auto-renovação do coberto vegetal. No caso de coberturas temporárias, o corte deve ser feito antes da formação de sementes, para evitar a produção de sementes e a lenhificação do adubo verde. No caso de flora espontânea, o coberto pode ser mantido vivo durante todo o período pós vindima até à emergência dos gomos no início da Primavera (Torres, 2007).

No período de elevado crescimento vegetativo da vinha, o desenvolvimento de todo o tipo de coberto vegetal deve ser controlado, i.e., a partir do final de Fevereiro. Desde

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esta época até ao Verão, são realizados cortes para controlar a vegetação, conforme o seu crescimento (Trujillo e Prieto, 2008).

No caso de vinhas novas, como as raízes das vinhas jovens ainda não estão suficientemente desenvolvidas, a cultura de cobertura pode tornar-se bastante competitiva. Nesta situação é aconselhável efectuar um controlo da cobertura mais frequente e cuidadoso. Este trabalho do solo vai levar as jovens plantas a desenvolverem as suas raízes em profundidade, abaixo da zona de trabalho, onde estão mais protegidas da seca estival (ITAB, 2003c).

Geralmente, são efectuados no mínimo dois cortes por ano, o primeiro antes da floração, no final do Inverno, e o segundo após a formação da semente. Em anos de seca, pode ser necessário antecipar o corte do final da Primavera, para não esgotar as reservas hídricas do solo. Em anos de Invernos amenos e Primaveras chuvosas, podem ser necessários mais cortes.

No Verão, os cortes deixados sobre o solo constituem um mulching que reduz a temperatura do solo e a evaporação da água, dificultando ao mesmo tempo a emergência das infestantes (Torres, 2007).

A escolha das alfaias de corte sé feita em função do tipo de material vegetal. Se o corte é efectuado sobre material de podas grosseiro, recorre-se a um destroçador de martelos. Se o corte é efectuado sobre material de podas fino, recorre-se a um corta-mato de correntes ou de facas horizontais. Se o corte é feito apenas sobre o adubo verde, recorre- se a uma gadanheira. O destroçador de martelos deve ser usado apenas na presença de lenhas de poda, pois é mais invasivo e, quando usado na Primavera, pode provocar a morte de muitos auxiliares presentes na erva (Ferreira, 2009c). Para permitir a fuga da fauna, Carlos (2008) aconselha efectuar, sempre que possível, o corte a 8cm do solo,em faixas alternadas, com intervalos mínimos de 9 semanas e efectuar o corte entre as 18h e as 17h. As metodologias de corte devem dar preferência a alfaias de corte horizontal em detrimento das alfaias rotativas, dando eleição ao corta-mato ou, ainda melhor, à gadanheira (Ferreira, 2009c).

Incorporação

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Após o corte, o material verde é deixado sobre o solo para secar durante pelo menos 3 dias e é em seguida incorporado superficialmente, a uma profundidade menor que 10cm. O estado de humidade do material incorporado vai depender da quantidade de dias que este estiver sobre o solo, assim como da pluviosidade. A incorporação nunca deve ser efectuada sobre solo húmido. Se a incorporação for efectuada 1 a 2 dias após o corte, a decomposição e a mineralização da matéria é rápida e considerável. Se a vegetação for deixada sobre o solo durante 30-60 dias, a matéria incorporada será mais seca.

A incorporação do material de corte é efectuada com recurso a alfaia de dentes ou de discos, de forma superficial.

2.3.1 Técnicas Culturais na Linha

Para a gestão da vegetação herbácea na linha, pode-se optar pela mobilização de solo com uma alfaia ou por uma cobertura do solo com vegetação morta, tipo mulching. Na aplicação do mulching, deve-se agir sobre uma faixa de 60-80cm de largura e com uma altura mínima de 10cm.

2.3.2 Técnicas Culturais nos Taludes

O revestimento dos taludes deve ser feito com flora espontânea, sendo a sua gestão feita com cortes sucessivos, com uma máquina limpa-bermas. Os cortes dos taludes podem ser efectuados por faixas. No início da Primavera, o corte da zona do talude perto das vinhas, do ‘ombro’ do talude até meio, permite o crescimento da vinha sem restrições. O corte da zona mais baixa do talude no final da Primavera permite o revestimento do talude até ao Outono, melhorando as condições de humidade e temperatura durante o Verão (Ferreira, 2007).

No Quadro 2.13 encontra-se um resumo do tempo de trabalho das técnicas culturais para a instalação de uma cobertura vegetal do solo.

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Quadro 2.13. Tempo médio de trabalho para a implantação de uma cobertura vegetal (Adaptado de ITAB, 2003d)

TÉCNICA CULTURAL TEMPO DE TRABALHO/HA

Preparação do solo 1h30 Sementeira 2h Passagem do Rolo 0-1h Corte 2h Incorporação do corte 0-2h Total 5h30-8h30

No documento Conversão para viticultura biológica (páginas 94-97)