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Técnicas e Instrumentos de Recolha de Dados

Nesta secção explicitam-se as técnicas de recolha de dados e os instrumentos construídos e utilizados para recolher informação que permitisse responder às questões da investigação:

1 – Qual o impacte da estratégia Aprendizagem Baseada em Problemas orientada para o PC no desenvolvimento de capacidade de PC de alunos do 1º CEB?

2 – Qual o impacte da estratégia Aprendizagem Baseada em Problemas orientada para o PC na (re)construção de conhecimentos de alunos do 1º CEB?

3 – Qual o impacte da estratégia Aprendizagem Baseada em Problemas orientada para o PC na promoção de atitudes de alunos do 1º CEB?

A recolha de dados decorreu no contexto da implementação da estratégia ABP, ou seja, na sala de aula durante e após a realização das actividades. Esta recolha realizou-se entre Janeiro e Junho de 2006.

Tal como é preconizado numa investigação qualitativa, foram utilizadas diferentes técnicas e instrumentos de recolha de dados. Devido à grande diversidade de terminologia, optou-se por utilizar o quadro teórico proposto por Tenbrink (1984). De acordo com este autor, existem quatro técnicas de recolha de dados: observação, inquérito, análise e testagem. Foram utilizados quatro instrumentos de recolha de dados inseridos nas técnicas: observação, inquérito e análise. O quadro seguinte apresenta os instrumentos utilizados, relacionando-os com a técnica em que se inserem, e o momento da sua aplicação durante a realização do estudo.

Quadro 29 – Técnicas e Instrumentos utilizados na recolha de dados e respectivo momento de aplicação

Técnica Instrumento Momento de Aplicação

Diário do Investigador No final da implementação de cada sessão

realizada com os alunos.

Observação Instrumento de análise das

aulas videogravadas e transcritas

Ao longo de 2006 e entre Janeiro e Abril de 2007.

Análise

Instrumento de análise das fichas de trabalho e documentos produzidos pelos

alunos.

Ao longo de 2006 e entre Janeiro e Abril de 2007.

Inquérito Questionário de auto-avaliação

de desempenho.

No final de cada Actividade de Aprendizagem relativa à implementação

A técnica de observação foi a técnica privilegiada no âmbito deste estudo. Carmo e Ferreira (1998) consideram que a palavra observar tem sido banalizada e usada com diferentes sentidos consoante os contextos em que é utilizada. As mesmas autoras definem observar como “seleccionar informação pertinente, através dos órgãos sensoriais e com recurso à teoria e à metodologia científica, a fim de poder descrever, interpretar e agir sobre a realidade em questão” (p. 97). No que diz respeito a esta técnica, Estrela (1984) refere que na planificação de um projecto de observação se devem ter em consideração três aspectos: (i) a delimitação do campo de observação; (ii) a definição de unidades de observação; e (iii) o estabelecimento de sequências comportamentais. No que diz respeito à observação em investigação, Carmo e Ferreira (1998) referem, por sua vez, que o investigador deve definir uma estratégia de observação. Para tal devem ser explicitadas cinco questões. Primeiro, deve ser definido o que observar. Segundo, deve decidir-se que instrumentos de registo irão ser utilizados. Terceiro, deve ser definido o tipo de observação. Quarto, deve ser definido o grau de envolvimento do observador. Quinto, devem ser antecipadas as questões deontológicas que o observador terá de gerir. Sexto, devem ser acauteladas as dificuldades que se prevêem no processo e como podem ser ultrapassadas. As respostas a estas cinco questões, no âmbito deste estudo, serão explicitadas nos pontos seguintes que dizem respeito, respectivamente, a cada um dos instrumentos utilizados.

Relativamente à construção dos instrumentos de recolha de dados, Sousa (2005) apresenta diversas fases para a construção de um instrumento. Baseado na metodologia deste autor foram contempladas as seguintes fases na construção dos instrumentos usados na recolha de dados. Primeiro, foram formulados os objectivos de cada instrumento. Segundo, foi decidido o momento e a(s) pessoa(s) ou situações a que se destinava a aplicação desse instrumento. Terceiro, seleccionou-se o tipo de instrumento a utilizar consoante os objectivos que se queriam alcançar. Quarto, seleccionaram-se e organizaram-se categorias e indicadores segundo as competências que se pretendiam observar. Quinto, foram listadas as categorias e os indicadores, para cada Actividade de Aprendizagem. Sexto, foi construída uma primeira versão do instrumento. Sétimo, foi redigido um pequeno manual de instrução de utilização do instrumento. Oitavo, os instrumentos foram ensaiados nas transcrições, fichas de trabalho e materiais produzidos pelos alunos relativos às primeiras

Actividades de Aprendizagem. Nono, foram reformulados segundo os resultados da experimentação. Décimo, construiu-se o modelo final do instrumento.

Cada um dos instrumentos utilizados é descrito mais pormenorizadamente nas secções seguintes.

4.3.1 Diário do Investigador/Professor

Utilizou-se este instrumento com o objectivo de recolher dados sobre o que se passou durante a implementação das Actividades de Aprendizagem, em cada sessão, na sua globalidade. Os relatórios que integram o Diário do Investigador/Professor foram elaborados após cada sessão de trabalho com os alunos com base nas observações e registos feitos. Houve necessidade de integrar nestes relatórios algumas notas de incidentes que ocorreram em momentos do dia-a-dia escolar, não directamente relacionados com as actividades de aprendizagem relativas a esta investigação, mas que se consideraram importantes para as questões do estudo por indiciarem o uso de capacidades de PC, a (re)construção de conhecimento ou o desenvolvimento de atitudes dos alunos. O diário do Investigador/Professor foi o tipo de instrumento utilizado por ter sido considerado mais adequado segundo os objectivos anteriormente definidos. Segundo Sá (2004) “o diário de aula é um relato, escrito imediatamente após a aula, pelo observador participante”. Este relato, com o carácter de narrativa, constitui uma “recolha de dados qualitativos sobre o processo de ensino-aprendizagem” (p. 107).

Na elaboração de cada relatório foram consideradas três etapas. Na primeira, é feita uma descrição da sessão na sua globalidade. Na segunda, são referidos os incidentes considerados relevantes no sentido de evidenciar o uso de capacidades de PC, a (re)construção do conhecimento e o desenvolvimento de atitudes dos alunos. A terceira etapa corresponde ao registo de opiniões, considerações e reflexões do investigador decorrentes do observado durante a implementação das actividades.

4.3.2 Instrumento de Análise das sessões videogravadas

Segundo Sousa (2005), “a videogravação tem-se tornado um útil e quase indispensável instrumento de recolha de dados em investigação em educação” (p. 200).

No âmbito desta investigação foram videogravadas todas as sessões de trabalho realizadas com os alunos, num total de aproximadamente de 28h e 15min (cerca de 50 minutos, em média, por sessão).

Para tal, utilizou-se uma camera de filmar em local fixo, colocada num tripé que permitiu registar a imagem da sala de aula no seu conjunto e recolher imagens de todas as crianças a cada momento.

O Instrumento de análise das transcrições das videogravações das sessões foi construído para o efeito, no âmbito desta investigação, com o propósito de recolher dados sobre incidentes ocorridos durante a implementação da estratégia ABP, que espelhassem o uso de capacidades de PC, a (re)construção do conhecimentos e as atitudes dos alunos. Optou- se, neste caso e segundo o propósito estabelecido, por utilizar uma Lista de Verificação. Na construção deste instrumento consideraram-se três categorias de análise: conhecimentos, capacidades e atitudes. Como indicadores foram registadas capacidades que os alunos deveriam mobilizar no desenvolvimento das Actividades de Aprendizagem. Uma vez que, cada Actividade de Aprendizagem foi operacionalizada no sentido de mobilizar competências específicas, os indicadores são diferentes na lista de verificação utilizada em cada actividade, de acordo com os conhecimentos, capacidades e atitudes que se pretendiam desenvolver em cada uma (apêndice D).

4.3.3 Instrumento de Análise das fichas de trabalho e documentos produzidos pelos alunos

Este instrumento foi construído com o objectivo de recolher dados que evidenciassem o uso de capacidades de PC, a (re)construção de conhecimento e as atitudes dos alunos nos produtos desenvolvidos ou utilizados por estes ao longo da implementação da estratégia ABP. Assim, este instrumento foi construído para ser aplicado após a implementação da estratégia, aos materiais produzidos e utilizados pelos alunos durante a implementação.

Segundo o objectivo definido, optou-se por construir uma Lista de Verificação. Na construção deste instrumento consideraram-se as mesmas categorias de análise e indicadores do instrumento anterior (apêndice E).

4.3.4 Questionário de Auto-avaliação do Desempenho

A construção do questionário de auto-avaliação do desempenho teve como finalidade promover a reflexão dos alunos acerca do seu empenho na resolução das questões- problema propostas no âmbito da estratégia ABP. Este instrumento foi aplicado às duas alunas do 3º ano, que correspondem aos casos estudados, no final de cada Actividade de Aprendizagem. Optou-se por utilizar o questionário enquanto instrumento de recolha de dados, inserido na técnica do inquérito uma vez que se pretendia recolher dados de forma sistemática acerca da opinião das alunas sobre a implementação da ABP bem como do seu desempenho. A construção deste questionário teve como base os questionários apresentados por Delisle (2000) no âmbito da auto-avaliação dos alunos após a implementação da estratégia ABP e por Leite e Fernandes (2003) no âmbito da avaliação das aprendizagens dos alunos.