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P ARTE II – E STUDO E MPÍRICO

INSTRUMENTOS OBJETIVOS PROCEDIMENTOS

3.3. Técnicas de tratamento de dados

O processo de análise e tratamento de dados procede o de recolha dos mesmos e, como tal, são processos intimamente ligados e complementares (Flores, Gómez & Jiménez, 1999). Dado que o estudo empírico envolveu alguma diversidade de técnicas de recolha de dados, em particular o inquérito por questionário e por entrevista, a observação e a análise documental, o tratamento dos dados recolhidos exige, igualmente, a aplicação de técnicas variadas. Neste sentido, os dados constituem um material em estado bruto que, após organização, análise e interpretação, se afiguram como um conjunto harmónico e significativo, passível de extrapolações para o contexto da problemática em análise e do problema e objetivos de investigação.

A análise organiza e sintetiza os dados recolhidos, possibilitando o emergir de respostas ao problema investigado; por sua vez, a interpretação consiste numa busca de sentido para as respostas, estabelecendo paralelismos com conhecimentos anteriores. Assim, a análise de dados implica um estudo aprofundado do repertório de dados compilados, estabelecendo correlações entre as diversas partes e relacionando-as com o todo, por

forma a alcançar um conhecimento aprofundado, sustentado e problematizado sobre o fenómeno em estudo.

Todavia, a objetividade de qualquer análise ou interpretação é condicionada pela subjetividade do investigador e pelo sistema de valores do contexto social onde está inserido; por conseguinte, Denzin & Lincoln afirmam:

objective reality can never be captured. We know a thing only through its representations. Triangulation is not a tool or a strategy of validation, but an alternative to validation. The combination of multiple methodological practices, empirical materials, perspectives, and observers in a single study is best understood, then as a strategy that adds rigor, breadth, complexity, richness, and depth to any inquiry (2005: 5).

No contexto deste estudo, o tratamento dos dados recolhidos orientou-se por um processo de reflexão crítica, de natureza dinâmica e flexível, alinhando-se no sentido de compreender, interpretar e explicar com rigor os significados atribuídos. Porém, assumimos, desde já, o carácter limitativo deste processo, pois resulta da escolha de um determinado percurso metodológico, em detrimento de outros, facto que conduz a uma de diversas respostas possíveis, isto é, não disponibiliza a resposta única, absolutamente certa ou verdadeira (Esteves, 2006).

Tendo por referência a temática em análise e face à natureza dos dados coligidos, as técnicas de tratamento de dados privilegiadas foram a análise estatística e a análise de conteúdo. A primeira centra-se exclusivamente no tratamento dos dados recolhidos através de inquéritos por questionário; a segunda reporta-se ao tratamento dos dados resultantes dos discursos dos entrevistados, dos documentos analisados e dos registos de campo elaborados aquando da observação de reuniões de trabalho, por exemplo.

3.3.1. Análise estatística

A estatística é a ciência cujo objeto de estudo consiste na realização de uma avaliação numérica de certas categorias de objetos ou de factos, determinando correlações existentes entre os dados, extraindo delas implicações para a descrição e explicação do fenómeno e, em situações pontuais, indiciando previsões e possíveis organizações futuras. Neste contexto, Pardal & Correia defendem que a estatística apoia a análise social, colocando ao dispor conhecimentos e técnicas de análise exploratória de dados

que permitem apreender e quantificar os fenómenos, possibilitando a identificação de aspectos, regularidades ou padrões que os caracterizam (1995: 88).

Por sua vez, D’Hainaut destaca que a análise estatística possibilita a avaliação da reprodutibilidade dos factos observados, a verosimilhança das proposições, a contradição das hipóteses com a realidade observável, enquanto os meios experimentais nos dão os meios de fixar as condições em que podem reproduzir-se os factos observados (1997: 9). Com efeito, a análise estatística suporta-se numa linguagem numérica e gráfica e impõem-se nas situações em que os dados a analisar foram especialmente recolhidos para responder às necessidades da investigação graças a um inquérito por questionário (Quivy & Campenhoudt, 1998: 223), facto que se verificou no primeiro momento do estudo empírico com a aplicação de um questionário a professores dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico a lecionar a área de Ciências Físicas e Naturais, no ano letivo 2006/2007, em escolas públicas afetas à Direção Regional de Educação do Norte e ao, então designado, Centro de Área Educativa de Aveiro.

As principais vantagens da análise estatística centram-se na precisão e no rigor do dispositivo metodológico; no recurso a meios informáticos para, de forma célere, correlacionar as variáveis e na clareza dos resultados e dos relatórios de investigação, sobretudo ao nível da representação gráfica dos dados. As principais limitações desta técnica reportam-se a factos que o investigador pretende analisar que, não sendo quantitativamente mensuráveis, se situam ao nível da atribuição de sentidos às relações detetadas, pois, em si mesmo, a análise estatística não comporta um poder explicativo. Neste sentido, Quivy & Campenhoudt clarificam que é o investigador que atribui um sentido a estas relações, através do modelo teórico que construiu previamente e em função do qual escolheu um método de análise estatística (1998: 225).

No contexto deste estudo, recorremos a um programa informático de gestão e de análise de dados de questionários, designadamente o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS: Versão 15.0), o qual ampliou a celeridade da análise e tratamento dos dados resultantes da administração do inquérito por questionário21. Por outro lado, o conhecimento prévio de noções básicas de estatística descritiva facilitou a deteção de regularidades e permitiu averiguar relações e aspetos particulares inerentes à problemática em estudo; pelo que recorremos ao método de distribuição de frequência22,

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