• Nenhum resultado encontrado

Tabela 11-1 GRAUS PRESSÓRICOS E DE SINTOMAS PARA HIPERTENSÃO INTRA-ABDOMINAL

No documento manual de enfermagem no cuidado crítico (páginas 40-42)

Graduação da Mensuração Medida Pressórica e sua Relevância Eventos Fisiológicos e Sinais Clínicos Pressão Grau 12 a 15 mm Hg Signifi cativa na presença de disfunção orgânica

Liberação de citocinas e extravasamento capilar. Líquido de ressuscitação volêmica no terceiro espaço. Diminuição do retorno venoso e da pré-carga. Efeitos iniciais na PIC e PPC.

Diminuição de 42% da perfusão da parede abdominal. Acentuada redução do fl uxo sanguíneo intestinal e de órgãos intra-abdominais levando à acidose regional e à formação de radicais livres. Pressão Grau II 16 a 20 mm Hg

Signifi cativa para a maioria dos pacientes

Marcada diminuição do retorno venoso, do DC e da perfusão esplênica. Elevação de RVS, PVC, PCP

Diminuição da pressão arterial, pressão de pulso e, em especial, da pressão arterial sistólica

Diminuição de CPT, CRF e VR.

Aumento da pressão ventilatória, hipóxia e hipercapnia.

Redução de 61% do fl uxo sanguíneo da mucosa basal e crescente acidose intestinal.

Oligúria, anúria.

Elevação da PIC e redução da PPC. Pressão Grau III 21 a 25 mm Hg

Signifi cativa para todos os pacientes

Colapso hemodinâmico, piorando acidose, hipóxia, hipercapnia, anúria. Incapacidade de oxigenar, ventilar ou reanimar.

Pressão Grau IV > 25 mm Hg Signifi cativa para todos os pacientes

Colapso hemodinâmico, piorando acidose, hipóxia, hipercapnia, anúria. Incapacidade de oxigenar, ventilar ou reanimar.

Se tanto a pressão como os sintomas clínicos se enquadram no grau III e/ou no IV, o paciente apresenta síndrome compartimental abdominal.

Hipertensão Abdominal e Síndrome Compartimental Abdominal 863 rismas da aorta abdominal (AAA), pancreatite hemorrágica, obstrução gastrintestinal (GI), cirurgia abdominal resultando em sangramento retroperitoneal ou peritonite secundária e com o fechamento apertado de incisões abdominais. A SCA primária também inclui pacientes com lesões de órgãos sólidos abdominais, que de início foram tratados clinicamente e em seguida desenvolveram SCA. Tal circunstância tem sido relativamente bem compreendida pelos cirurgiões e seus colegas, mas é frequentemente pouco diagnosticada e /ou não tratada até que a intervenção cirúrgica seja necessária.

A SCA secundária inclui condições que não provêm de lesão abdominal que produzem HIA, incluindo sepse ou qualquer outra condição que provoque extravasamento capilar (p. ex., grandes queimaduras e condições que exijam grande reposição volêmica). Um grande estudo multicêntrico (Malbrain et al., 2005) encontrou prevalên- cia da HIA de 54% entre pacientes internados em UTI clínica e em 65% dos pacientes internados em UTI cirúr- gica. Esse achado foi marcante pelo fato de a maioria dos pacientes clínicos não ser avaliada ou considerada sujeita a HIA e SCA.

Os tratamentos para SCA são os mesmos, independentemente da causa; no entanto, o cuidador deve ter muito cuidado no controle da SCA secundária. A oportunidade para a intervenção precoce pode ser perdida com a evolução sutil dos sinais e sintomas da HIA e da SCA. A falta de sinais defi nitivos leva muitas vezes a reconhe- cimento tardio e atraso no diagnóstico, fazendo com que uma condição de urgência clínica torne-se uma situação de emergência cirúrgica. Aumento da falência de órgãos, aumento da mortalidade, aumento na utilização de re- cursos e períodos de permanência mais longos na UTI podem ser resultantes dessa situação. De modo similar aos casos de sepse e sepse grave, o maior desafi o é o reconhecimento e diagnóstico precoce. A monitoração de todos os pacientes de alto risco permitirá que os clínicos avaliem a tendência da PIA, facilitando a realização de inter- venções precoces e apropriadas no momento em que a síndrome está mais suscetível a responder à terapia médica. A melhor estratégia de controle para se evitar a síndrome compartimental abdominal é por meio da monitoração e intervenções médicas realizadas precocemente, e a rápida descompressão cirúrgica, se necessário.

AVALIAÇÃO

Objetivo de Avaliação

Avaliar rapidamente a presença de HIA signifi cativa, primária ou secundária, e correlacionar à redução do fl uxo sanguíneo para os outros órgãos.

História e Fatores de Risco

Pacientes com história de trauma abdominal, cirurgia abdominal, infecção intra-abdominal, laparotomia para controle de danos com “packing” intra-abdominal, infecção severa, sepse, peritonite, fraturas pélvicas hemorrá- gicas, sangramento pós-operatório, hematoma retroperitoneal maciço, transplante hepático, ruptura de AAA, edema tecidual visceral, pneumoperitônio, choque hipovolêmico ou vasogênico ou qualquer paciente com res- suscitação volêmica agressiva, ascite aguda e/ou pancreatite.

Sinais Vitais e Outros Valores

Os seguintes valores podem se apresentar elevados:

Frequência cardíaca e respiratória

Pressão intracraniana (PIC)

Valores hemodinâmicos

● : Pressão venosa central (PVC), pressão de oclusão da artéria pulmonar (POAP),

resistência vascular sistêmica (RVS), pressão da veia cava inferior (VCI)

Respiratório

● : pressão pleural, pico de pressão inspiratória

Avaliação laboratorial

● : PaCO2, creatinina sérica, ureia nitrogenada sanguínea (UNS) Os seguintes valores podem se apresentar reduzidos:

Pressão arterial sistólica (PAS)

Respiratório

● : volume corrente, PaO2

Débito cardíaco (DC)

Débito urinário

Pressão de perfusão cerebral (PPC)

Taxa de fi ltração glomerular (TFG)

Pressão de perfusão abdominal (PPA)

Observação

Observar as tendências de aumento nas frequências respiratória e cardíaca (FR e FC, respectivamente) e diminui- ção no débito urinário. Os sinais e sintomas são inespecífi cos e sutis, e podem ser atribuídos a outras condições clínicas (Tabela 11-1). A PIA elevada afeta os sistemas cardiovascular, pulmonar, neurológico e renal.

864 SITUAÇÕES COMPLEXAS ESPECIAIS

Cardiovascular: A hipotensão pode resultar da redução do DC, o qual por sua vez resulta da vasoconstrição

induzida pela HIA. Os sinais de choque, incluindo palidez, taquicardia, pele fria e úmida, podem estar presentes. O retorno venoso fi ca diminuído devido à compressão da VCI, resultando em perda da complacência (aumento da pressão na VCI) e diminuição da pré-carga (volume), o que reduz ainda mais o DC. O aumento da PIA leva à compressão da aorta, resultando em elevação da RVS (pós-carga aumentada), a qual reduz o DC. A vasoconstrição compensatória afeta o fl uxo sanguíneo para as veias hepáticas e renais, levando a comprometimento renal, oligúria e hipoperfusão hepática, os quais, se não tratados, podem resultar em insufi ciência hepática.

Pulmonar: O desconforto respiratório resulta da pressão abdominal elevada, a qual impede o movimento

diafragmático, forçando o diafragma para cima, o que diminui a capacidade residual funcional, promove atelecta- sias e diminui a área de superfície do pulmão. Taquipneia e aumento do esforço respiratório podem estar pre- sentes. O agravamento da hipoxemia promove a elevação do pico de pressão inspiratória, com hipoxemia refra- tária e baixa relação ventilação/perfusão (V/Q), semelhante à síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA). O suporte ventilatório é muitas vezes necessário, a fi m de manter a oxigenação e a ventilação.

Neurológico: Alterações no estado mental resultam da obstrução do fl uxo venoso cerebral, levando à con-

gestão vascular e a aumento da PIC. A PIA elevada promove o aumento da pressão intratorácica, a qual por sua vez leva à compressão das veias no interior da cavidade torácica, tornando difícil para as veias cerebrais a realiza- ção correta da drenagem. A combinação da redução do DC e do aumento da PIC pode levar à diminuição da PPC, promovendo deterioração ainda maior do nível de consciência (NC).

Renal: A disfunção renal ocorre quando o aumento da pressão abdominal comprime a bexiga e a uretra, bem

como as artérias e veias renais. O débito urinário diminui, e o nível de creatina (Cr) sérica e do UNS aumentam, embora não o façam em proporção um ao outro (relação Cr/UNS).

No documento manual de enfermagem no cuidado crítico (páginas 40-42)