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193 Tabela 21: Propriedades dos predicados em complementação sentencial e sua

Organização da Tese

193 Tabela 21: Propriedades dos predicados em complementação sentencial e sua

relação com a RD

Predicados

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Traço [obv]

Leitura Referência Estrutura Contruções

Volitivo padrão Modais Aspectuais - traço [obv] Deôntica (raiz) (volição/habi lidade) RC (controle) TP (volitivo padrão) --- VP (Modais/aspe ctuais) -infinitivos - orações –na Epistêmico Factivo72 Perceptivo mental Neutro Epistêmica RL CP - Infinitivo flexionado - orações –oti - indicativos com que Causativo Volitivo causativo73 Percepção física +traço [obv] Eventiva/não -epistêmica Deôntico (permissão) RD (obviação) TP - subjuntivos com que - infinitivo flexionado - orações –na - infinitivo

Dito isso, para simplificar as derivações nos complementos infinitivo flexionado e subjuntivo selecionados por causativos, e complemento a predicados perceptivos físicos e volitivos causativos, descreveremos a derivação apenas nas projeções TP, vP e VP, seguindo a seguinte hierarquia: T – v – V. De certo modo, as abordagens mais

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Predicados modais estão no quadrado de fundo azul, são eles, volitivo (padrão e causativo), causativo e perceptivo físico. Por outro lado, predicados epistêmicos, factivos e perceptivos mentais não são verbos modais.

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Verbos factivos também denotam leitura epistêmica, assim como os perceptivos mentais e epistêmicos. E todos esses predicados desencadeiam RL. Sobre a possibilidade de leitura epistêmica dos factivos, sugiro a leitura de Givon (2001). Há, no entanto, um grupo de factivos no espanhol que denota elemento deôntico em sua interpretação.

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recentes minimalistas têm reduzido as categorias funcionais a três tipos: C (‘force’ e modo), T (tempo e estrutura de evento) e v. Além disso, não nos focaremos em apresentar nas derivações passos referentes a Caso acusativo e checagem de traços-phi de nome e de verbo, a não ser quando estes forem relevantes para o que estamos propondo.

As derivações serão exemplificadas a partir de sentenças do PB. As outras línguas que exibem RD obrigatória nos contextos tratados nesta tese terão também de associar esse fenômeno a uma exigência do predicado matriz de RD. Este, de caráter modal, em complementação sentencial, s-seleciona um traço [obviativo] e c-seleciona um tipo de estrutura que não impossibilita o predicado matriz de transmitir o traço [obv] a seu complemento. No português, em termos categoriais, esse complemento é um [TP], o mesmo pode ser tomado para o italiano e o grego. Considerações sobre o grego e sobre a partícula –na serão feitas na próxima seção, após apresentarmos a derivação das sentenças.

5.3.1 Uma análise derivacional para a RD em complementação sentencial

Para mostrar a derivação de estruturas de RD obrigatória, selecionamos uma sentença do PB que ilustra contextos de perceptivos/causativos ECM, como em (232a), uma sentença de contextos de volitivos causativos, como em (232b), o que pode ser tomada também para o indicativo do perceptivo físico e um contexto de infinitivo flexionado, como em (232c). Estrutura de RC será apresentada na próxima seção.

(232) a. João1 mandou ele*1/2 comprar a casa

b. João1 quer que ele*1/2 compre a casa

c. João mandou os meninos saírem

Primeiro, vamos nos deter na análise de estruturas P&C ECM, que subcategorizam TP não-finito. A sentença que ilustrará a configuração proposta está descrita em (233) com sua respectiva numeração:

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(233) João1 mandou ele*1/2 comprar a casa.

Numeração = {João [N, caso], T2 [past, nom, uN*], v [uInfl: , acus], mandar [uN, uTP,

iobv], ele [N, caso], T1 [uN*], v, comprar [uN, V], a casa [N]}

(233’)

1º passo: A derivação tem inicio com a relação de checagem no TP1 da

encaixada. O verbo comprar concatena com o DP objeto a casa, checando seu traço não interpretável [uN], como ilustra a estrutura 1:

(1) VP

comprar [V, uN] a casa [N]

2º passo: v é selecionado da Numeração e concatenado com a estrutura (1).

Nessa etapa, o verbo se move para v. (2) v’

comprar VP

(comprar) a casa

3º passo: O DP ele entra na derivação, é concatenado na posição de [Spec,vP] e

recebe seu traço temático. (3) vP

Ele [N] [caso] v’

comprar VP

(comprar) a casa

4º passo: T1 é selecionado e concatenado com a configuração em (3). Adotamos

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nominal em seu especificador. É um traço puramente formal, não se assemelhando aos traços selecionais de categorias lexicais. Como o T é não-finito, terá apenas o traço [uN*], o traço EPP de T, já que não é capaz de checar Caso, nem valorar traços de tempo da sentença. Ele é concatenado na posição de [Spec,TP], para checar o traço [uN*] do T, o traço EPP, mas o DP não tem, nessa posição, seu traço de Caso checado/valorado. (4) TP Ele [N] [caso] T’ T [uN*] [iTP] vP comprar a casa

5º passo: Mandar é selecionado e concatenado com a estrutura em (4), checando

seu traço não interpretável [uTP]. v é selecionado e, como compartilha o traço de caso [acus], o DP ele entra em uma relação de checagem com o núcleo de vP e tem seu traço de caso valorado como [acus].

(5) vP

João [N] [nom] v’

v [uInfl: ] [acus] VP

mandar [iobv] [uTP] TP1

ele [acus] [iobv] T’

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A representação em (5) configura uma estrutura ECM, na qual o verbo matriz atribui caso acusativo ao DP sujeito da encaixada. Mandar transmite traço [obv] ao DP, sujeito da encaixada, com caso acusativo. Como o complemento c-selecionado por mandar é um TP, não há bloqueio para essa relação.

Como foi exposto nos capítulos anteriores, no tzotzil, o verbo matriz volitivo, por exigir RD obrigatória, em decorrência de seu caráter modal, s-seleciona complemento com traço semântico [obviativo], que é marcado morfologicamente no afixo verbal ak’o.

6º passo: T2 entra na derivação e se concatena com a estrutura em (5). Como é

um TP completo, compartilha traços de caso [nom], tempo [past] e EPP [uN*]. T valora o traço de caso [nom] do DP João, que sobe para a posição de [Spec,TP] para checar o traço [uN*] em T. T e o núcleo v entram em uma relação de concordância e T checa e valora os traços flexionais de v.

(6) TP2

João [N] [nom] T’

T [past] [nom] [uN*] vP

v’

mandar [uInfl: past] VP

No grego, os contextos de perceptivos físicos que exigem RD obrigatória são predicados ECM, como em (234), podendo assim ser aplicada uma análise como a apresentada acima.

(234) a. O Yanis1 idhe tin alepu na erxete

O João viu-3sg PRT a raposa-acus vir-3sg ‘O João viu a raposa vir’

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b. ?Ο Γιάννης1 είδε να cv*1/2 έρχεται. (Grego)

O Yanis idhe na erxete ‘O João viu-3ª ele vindo’

A próxima derivação diz respeito aos contextos de predicados volitivos causativos, perceptivos físicos e causativos, de sentenças finitas com tempo encaixado dependente temporalmente do da matriz. A sentença (235) será derivada de acordo com os passos que se seguem.

(235) João1 quer que ele*1/2 compre a casa

Numeração = {João [N, caso], T2 [pres, nom, uN*], v [uInfl: ], querer [uN, uTP, iobv],

ele [N, caso], T1 [uN*, uInfl: , nom, iTP], v [uInfl: ], comprar [uN, V] a casa [N]}

(235’)

1º passo: A derivação tem inicio com a relação de checagem no VP. Comprar é

concatenado com o DP a casa e checa seu traço [uN], como mostra a configuração em (1).

(1) VP

comprar [uN] a casa [N]

2º passo e 3º passo: Os 2º e 3º passos seguem idênticos à derivação em (02) e

(03) acima. (2) vP ele [N] v’ [nom] comprar VP [uInfl: ] (comprar) a casa

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4º passo: T1 é selecionado e concatenado com a configuração em (2). Como é

um T dependente do T matriz, não pode valorar os traços de tempo de v, nem checar [caso] do DP, na posição de [Spec,vP], que sobe para a posição de [Spec,TP] para checar o traço [uN*], que é o EPP em T.

(3) TP2

Ele [N] [caso] T’

T [uInfl: ] [uN*] [nom] vP [iTP] (Ele [N] [caso]) v’ comprar VP [uInfl: ] a casa

5º passo: Querer é selecionado da Numeração e concatenado com a estrutura em

(3), checando seu traço [uTP]. O verbo querer também transmite traço [obv] ao DP na posição de [Spec,TP1], já que este traço precisa estar representado em algum item

lexical na encaixada; além disso, o DP ele é o nome da encaixada mais próximo do verbo matriz. (4) v’ v [uInfl: ] VP querer [uTP] TP [iobv] ele [iobv] T’

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T [iTP] vP

6º passo: O DP, João, é concatenado na posição de [Spec,vP]. T2 entra na

derivação e é concatenado com a estrutura em (4). O núcleo T2 concorda com o T1 e

valora seu traço de tempo como [+presente], como o da matriz e T1 valora o traço de

caso [nom] de ele e valora os traços de tempo do v encaixado. O núcleo de TP2 valora o

traço de caso [nom] do DP João, que sobe para a posição de [Spec,TP2] para checar o

traço [uN*] em T2. Adicionalmente, T e v da matriz entram em concordância, T checa e

valora os traços flexionais em v, como [presente]. Sendo traços de T forte, o verbo na posição de núcleo de vP sobe para a posição de núcleo de TP. No português, francês e italiano, quando traços flexionais (Infl) em v são valorados como tempo, eles são sempre fortes, subindo para a posição de T, em TP.

(5) TP2

João [N] [nom] T’

T [uN*] [pres] vP

(João [N] [nom]) v’

(querer) [uInfl: pres] VP

Os predicados de RD obrigatória, em alguns contextos, selecionam um que entre a oração matriz e a encaixada. Esse que nucleia a camada CP, mas, como já dissemos anteriormente, estamos assumindo aqui, conforme Rochette (1988), que essa camada