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Segundo o Manual Estatístico e Diagnóstico da Associação Americana de Psiquiatria DSM-V estima-se que entre 5 a 13% de crianças em idade escolar possuem Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) o que tem despertado o interesse de pesquisas de diversos segmentos como, farmacológico, psiquiátrico, psicológico, psicopedagógico dentre outros, com interesses peculiares ou particulares, voltadas para esse público visto que grande parte das crianças em idade escolar tem sido prejudicada de forma que as consequências muitas vezes duram para toda vida.

A primeira vez que se teve relatos de pesquisas relacionado ao transtorno foi em 1902 pelo médico inglês George Fredich Still que listou uma série de comportamentos descrito como “agressivos desafiantes, indisciplinares, cruéis, com dificuldade na atenção e com pouco controle” (Schwartzman. 2008, p.13). Segundo Still essas crianças apresentavam “o que ele chamou de Defeito no Controle Moral”

(Schwartzman. 2008, p.13). Partindo desse pressuposto surgiram várias outras

pesquisas com crianças que tinham as mesmas características descritas pelo médico, mas que tinham sofrido alguma lesão no cérebro em decorrência de acidentes traumático ou doenças como encefalite. Longo foi o caminho percorrido pelos pesquisadores que em 1957 foi denominado o termo Hiperatividade para crianças com atividade motora excessiva e:

Em 1972, Virginia Douglas apresentou trabalho perante a Canadion Psyychological Association no qual sugeriu que o defeito primário dessas crianças seria o déficit na manutenção da atenção e no controle do impulso, e não a hiperatividade. (Schwartzman. 2008, p.15).

Hoje sabemos que:

Os portadores de TDAH têm um funcionamento alterado em alguns circuitos cerebrais; isto é determinado pela genética. Estes circuitos “funcionam”

utilizando substâncias que passam as informações adiante, os chamados neurotransmissores (em especial a dopamina e a noradrenalina). No caso do TDAH, há vários circuitos que tem um funcionamento diferente do que é observado em quem não tem o transtorno. (Mattos. 2015, p. 84).

Mas afinal de contas o que é TDAH? O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é definido como um transtorno infantil que aparece na infância, continua na fase da adolescência e persiste na fase adulta. A pessoal que tem TDAH nunca deixará de ter o transtorno o que ocorre é uma modificação na maneira de se lidar consigo mesmo conforme o individuo amadurece. É um transtorno que afeta a vida como um todo, escolar, afetiva, social e todos que convivem ao seu redor.

Segundo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção acredita-se que a causa de um individuo ter TDAH está ligado a um fator “neurobiológico, com grande participação genética” (2017, p.4). Geralmente nas crianças que são diagnosticadas com o Transtorno verificam-se também indícios de existência de TDAH nos pais que muitos nem sabiam da existência em si mesmo, mas que apresentavam características comportamentais quando crianças os mesmo sintomas dos filhos.

Deve-se levar em conta também que além de uma predisposição genética outros fatores estão associados e surgem após o nascimento da criança (Mattos, 2015).

Quando se fala no que caracteriza o TDAH muitas pessoas se identificam com os sintomas e muitos professores na sala de aula são capazes de afirmar que determinada criança tem o transtorno, acontece que:

[...] todo mundo tem alguns sintomas de desatenção e inquietude, mas algumas pessoas (cerca de 5% da população) têm muito mais sintomas que os demais e este “excesso” de sintomas (que 95% das pessoas não tem) causam muitos problemas em suas vidas” (Mattos. 2015, p.24).

Segundo o Manual de Estatística e Diagnóstica da Associação Americana de Psiquiatria (DSM V) descreve três apresentações de transtorno:

TDAH com predominância de desatenção: no qual podem existir alguns poucos sintomas de hiperatividade com predominância da desatenção.

TDAH com predomínio de hiperatividade: no qual, ao contrario, podem existir sintomas de desatenção, embora o predomínio do quadro seja de

hiperatividade e impulsividade.

TDAH combinado de desatenção e hiperatividade.

Alguns psiquiatras consideram que o diagnóstico deveria ser feito em quatro passos onde em primeiro lugar caberia uma consulta clínica com psiquiatria para se observar comportamento da pessoa, coleta de dados da vida social, escolar e familiar, exames físicos, testes de questionário. Em segundo lugar caberia uma entrevista com a família para adquirir dados da criança para saber como é o dia a dia daquela pessoa, quanto à organização, se cumpre prazos, etc. Posteriormente solicitação de exames neuropsicológicos feitos por psicólogos com vários questionários para avaliar cada área de funcionamento do cérebro dessa pessoa,

diagnóstico é fundamentalmente clínico com base no DSM-V (2013). Que estabelece alguns critérios, dentre esses critérios no caso de crianças precisa apresentar, “seis sintomas de desatenção e/ou seis sintomas de hiperatividade-impulsividade devem estar presente para que seja feito o diagnóstico de TDAH” (Ribeiro, 2014, p.14).

Além disso, o Manual também classifica o TDAH como leve, moderado ou grave.

Segundo Mattos (2015, p.53) o diagnóstico pode ser feito tanto por psiquiátrico como por psicólogo e consiste em: “exclusivamente por meio de entrevista clínica com um especialista, utilizando critérios bem definidos”.

Geralmente acrianças com TDAH tem baixo rendimento escolar por apresentar sintomas característicos do transtorno. Muitos pais e professores se questionam da capacidade de aprendizagem da criança. Se o problema é a aprendizagem na escola, e que em outros contextos da vida social da criança ela apresenta conhecimento adquiridos da aprendizagem, então há de se lembrar que:

Aprender não é um ato passivo de recepção da informação, assim como o ensinar não é apenas uma transmissão da informação. A aprendizagem é interativa. É uma construção que implica a aquisição de algo novo por meio de um processo mental. Essa construção é processada interativamente de forma interna e subjetiva. Sendo assim, a aprendizagem é um processo que ocorre durante toda a vida. (Chaves. 2017, p.70)

Existe uma politica de inclusão escolar que não acontece na realidade, não por falta de má vontade da comunidade escolar, mas sim por falta de recurso, de adaptações e de formação continuada de professores. Tantos pais como professores não sabem lidar com crianças com alguma necessidade especial ou com alguma dificuldade na aprendizagem. Por isso existe uma cultura de que a culpa é sempre da criança quando não apresenta os devidos rendimentos escolares adequados exigidos pela sociedade. No caso do aluno com TDAH a partir do momento que se faz o diagnóstico e toma-se conhecimento por parte dos pais e professores, é libertador para aquela criança saber de sua condição que com certeza já recebeu inúmeros rótulos durante seu trajeto escolar.

O diagnóstico de TDAH é libertador tanto para a família quanto para a criança, pois se entende de maneira cientifica tais comportamentos e atitudes da criança, então os pais passam a ter mais tolerância e compreensão ao mesmo

tempo em que diminui as práticas punitivas.

A questão cultural no Brasil de que crianças “levadas” devem ser punidas fisicamente, é muito forte. Geralmente são pais que também na infância sofreram muitos castigos físicos e que fazem o mesmo com seus filhos. “A punição física produz prejuízos emocionais graves, gerando na criança uma confusão entre amor e dor, ódio e submissão.” (Ribeiro. 2014, p. 69,70). No caso de uma criança com TDAH:

A punição corporal usada como prática disciplinar é efetiva para mudar o comportamento de forma imediata, mas, assim que ela cessa a criança ou adolescente volta a apresentar o comportamento anterior... O uso de críticas e punições excessivo provoca insegurança e medo de falhar, além de treinar a criança a ser opositiva. (Ribeiro. 2015, p. 64).

6.2. Déficit de atenção e dificuldades de aprendizagem: papel da escola e

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