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TEMAS GERADORES: PROPOSTAS CURRICULARES PARA UM ENSINO

4 REFLEXÕES, PRÁTICAS E FALAS DOS PROFESSORES SOBRE O ENSINO

4.4 TEMAS GERADORES: PROPOSTAS CURRICULARES PARA UM ENSINO

Diante das reflexões já construídas acerca da organização dos conteúdos curriculares no ensino de geografia, revelamos ser necessário indicar, na construção deste trabalho, os quatro temas geradores desenvolvidos no capítulo II: Mãe-Terra; Clima e Cidadania Planetária; Desenvolvimento ético e solidário e Consumo sustentável. Dessa forma, emergiu a necessidade de averiguar se os referidos temas geradores têm sido abordados pelos professores, já que, são considerados saberes necessários ao ensino de geografia na promoção

da educação ambiental. Em consonância com essa discussão, formulamos a seguinte pergunta aos professores: Na perspectiva da educação ambiental no ensino de geografia, qual é o seu conceito de Terra (planeta)?

Em conformidade com a fala dos informantes, constatamos que 65% têm o conceito de planeta Terra como um organismo vivo, que necessita de cuidados:

“O nosso planeta está doente, porque a poluição é muito grande, mas as pessoas não acordaram para essa realidade”. (Professor 10). “Nossa casa, ela é quem no dá tudo: alimentação, moradia, ela é mãe acolhedora e nós somos os seus únicos filhos”. (Professor 12)

“A nossa grande casa, a casa mãe, onde nós temos que preservar seus recursos e quando explorar, ser de maneira sustentável. Há necessidade de cuidar, se não cuidar vai acabar os recursos naturais”. (Professor 19)

As falas evidenciam a compreensão do planeta Terra como um ser vivo, uma mãe que fornece todas as condições necessárias à sobrevivência dos seus filhos. A Terra é, nessa perspectiva, um planeta acolhedor, único e generoso. Pelo exposto, Gadotti (2003) confirma a existência da hipótese de Gaia, ao conceber à Terra como um superorganismo complexo e vivo, pois tudo o que for feito a Terra vai refletir em seus filhos.

Na fala a seguir, o planeta Terra é visto como um sistema:

“A Terra funciona como um sistema, no qual todos os elementos estão interligados”. (Professor 02)

Essa compreensão sobre o planeta Terra está diretamente relacionada à defendida por Capra (2012), que se refere à concepção sistêmica da Terra a partir das relações e integrações de todo e qualquer organismo, passando pela menor bactéria até os seres humanos, numa totalidade integrada, num sistema vivo.

Nesse contexto, os professores relatam, também, o necessário cuidado da humanidade com o planeta Terra:

“A Terra é a nossa morada que requer todos os cuidados, pois ela é o nosso suporte de sobrevivência”. (Professor 06)

“O planeta Terra é o ponto de equilíbrio para a existência e sobrevivência de todas espécies, inclusive a humana. Sendo que o homem é o principal responsável pelo desequilíbrio”. (Professor 13)

“Lugar que estamos inseridos, que merece todo cuidado e atenção, principalmente para a nova geração despertar o que ela está fazendo com esse planeta”. (Professor18)

Esse aspecto, pontuado pela fala dos professores, demonstra a preocupação com o cuidado que deve ter com o planeta Terra, baseado em relações de equilíbrio, como um suporte para a existência da vida. Pelo exposto, Boff (1999, p. 134) afirma que “[...] para cuidar do planeta precisamos todos passar por uma alfabetização ecológica e rever nossos hábitos de consumo. Importa desenvolver uma ética do cuidado”.

Do universo pesquisado, 35% têm o planeta Terra, como um espaço de sobrevivência e fornecedor de recursos naturais:

“O espaço onde nós vivemos, nos relacionamos, produzimos e utilizamos”. (Professor 05)

“Seria o local onde existem relações homem/ meio. Onde o homem retira seus recursos naturais, onde constrói sua vida. (Professor 04)

“É o nosso espaço de sobrevivência, onde desenvolvemos nossas relações cotidianas, onde praticamos nossas atividades e sabemos que elas tem seus impactos”. (Professor 16)

Percebemos que essa concepção de planeta Terra no ensino de geografia está diretamente relacionada à forma com que os livros didáticos contemplam os conteúdos curriculares. Em conformidade com essa discussão, Gadotti (2000, p. 11) ressalta que passamos muito tempo na escola aprendendo que a Terra:

[...] é um dos nove planetas que giram em torno do Sol e que é uma grande esfera rochosa [...] em sua superfície existem lindas paisagens, umas regiões são mais quentes do que outras. Em muitos lugares, sobretudo nos terrenos elevados, com montanhas e vulcões, pode nevar. As nuvens trazem e levam a chuva. Existem lindas florestas, savanas e pradarias. A maioria das pessoas vive nas planícies, principalmente nas mais férteis. O homem transformou essa pasiagem construindo enormes conglomerados de casas e edifícios – as cidades – e aprendeu a cultivar o solo e a construir estradas.

Partindo dessas reflexões, observamos que a concepção do professor de geografia sobre o planeta Terra apresenta uma forte ligação com a própria visão encontrada nos conteúdos curriculares que se encontram abordados nos livros didáticos.

Em consonância com a fala dos professores, podemos perceber que a abordagem do tema gerador, planeta Terra, configura-se num grande desafio ao ensino de geografia, quando apresenta “[...] condições de contribuir para que os alunos superem o senso comum mediante uma metodologia dialógica e chegar a um conhecimento mais elaborado e científico” (PONTUSCHKA et al., 2009, p. 154). Partindo dessas reflexões, formulamos a seguinte pergunta: Na sua opinião, o ensino de geografia pode promover a educação ambiental ao abordar o tema Terra (planeta)? De que maneira?

Todos os informantes expressaram a importância do ensino de geografia na promoção da educação ambiental ao abordar o tema Terra (planeta), sendo que 65% dos docentes revelaram importante cuidar do planeta Terra:

“Pode sim. Fazendo com que o aluno pense e entenda que a Terra não é autosuficiente e que nós precisamos cuidar dela”. (Professor

07)

“Sim. Que a gente tem que cuidar das fontes naturais, cuidar do ar, da água, do relevo, das fontes que dão sustentação à vida no planeta Terra”.(Professor 13)

“Pode. Os cuidados que devemos ter para preservá-lo. A questão da poluição, dos gases, dos desmatamentos, os próprios cuidados com o solo para evitar a questão da erosão”. (Professor 16)

Nesse contexto, as falas dos professores apontam que há necessidade de despertar nos seres humanos um sentimento de pertencimento e identidade com o planeta Terra. Dessa

forma, é importante destacar a relação que perpassa pela ética do cuidado, possibilitando a convivência e o respeito pelas diversas formas de vida que brotam na superfície do planeta, a Mãe-Terra. Baseando-se no exposto, Boff (1999, p. 96) afirma que:

Cuidar das coisas implica ter intimidade, senti-las dentro, acolhê-las, respeitá-las, dar-lhes sossego e repouso. Cuidar é entrar em sintonia com, auscultar-lhes o ritmo e afinar-se com ele. A razão analítico-instrumental abre caminho para a razão cordial, o sprit finesse , o espírito de delicadeza, o sentimento profundo. A centralidade não é mais ocupada pelo logos-razão, mas pelo pathos-sentimento (Grifos do autor).

Também há, entre os informantes, a compreensão de que o planeta Terra é um espaço de transformação a partir da relação sociedade/ natureza. A Terra é vista como um lugar disponível dos recursos naturais, indispensáveis à sobrevivência dos seres humanos.

Nessa categoria de análise, 35% dos informantes responderam o seguinte:

“Sim. No uso dos recursos do planeta, pois quando trata desse tema vamos entender como geramos esse impactos. Estudando a educação ambiental podemos ver o uso eficiente desses recursos”. (Professor

05)

“Sim. Como o meio ambiente é o lugar que a nossa sobrevivência é possível, podemos dizer que a Terra é o conjunto de todos esses lugares”. (Professor 08)

“Sim. Pois é no planeta Terra onde vai se dá as relações homem/ meio. (Professor 17)

“Sim. Pois é no planeta Terra que as transformações acontecem, seja do lado positivo ou negativo”. (Professor 18)

Em conformidade com esse grupo de respostas, percebemos a estreita relação com o objeto de estudo da geografia, que parte das análises espaciais, fruto da interação do homem com o meio ambiente em que vive. Partindo desse ponto de vista, Cavalcanti (1998, p.24) defende que: “entre o homem e o lugar existe uma dialética, um constante movimento: se o espaço contribui para a formação do ser humano, este, por sua vez, com sua intervenção, com

seus gestos, com seu trabalho, com suas atividades transforma constantemente o espaço”. A compreensão do planeta Terra, nessa perspectiva, não leva em consideração a subjetividade dos aprendizes, quando se deve constituir numa prática indispensável a um ensino de geografia na promoção da educação ambiental.

O professor de geografia precisa desenvolver situações que provoquem uma postura crítica e reflexiva do aluno. Dessa forma, faz-se necessário uma abordagem de conteúdos diretamente relacionados ao cotidiano do aluno, levando-o a uma aprendizagem significativa. Baseando-se no exposto, formulamos a seguinte questão: Em suas aulas de geografia, você tem abordado o tema Terra (planeta) a partir do cotidiano do aluno? Justifique.

Em conformidade com a fala dos informantes, 30% afirmaram que há relação a partir do cuidado:

“Sim. Levando o aluno a valorizar seu próprio espaço, cuidando e zelando por ele. O próprio quarto dele, se ele tem consciência de cuidar dele, eu vou abrangendo pela casa, a rua, o bairro, a cidade, até chegar uma esfera maior, que é o nosso planeta”. (Professor 15)

“Sim. Pois nossas ações no local refletem no global. A questão do

cuidar do ambiente em si”. (Professor 18)

“Sim. Com cuidado nas práticas diárias, como a redução da água no banho, não desperdiçar alimentos, quando se planta tem que irrigar, é todo um processo”. (Professor 19)

Percebemos que os professores estabelecem uma relação significativa entre o tema Terra (planeta) e o cotidiano do aluno a partir do enfoque nos lugares que lhes são mais próximos e familiares, isto é, o próprio quarto, a rua, o bairro, que são, por sua vez, espaços de vivência e bastante conhecidos dos alunos. Baseando-nos no exposto, podemos afirmar que o cuidado não deve ser entendido como uma prática virtuosa que se impõe ao indivíduo, mas um profundo sentimento de compaixão e apreço pelo planeta, a Mãe-terra. Com base no exposto, é pertinente mais uma vez compartilhar o pensamento de Boff (1999, p. 135), ao afirmar que:

O Cuidado com a Terra representa o global. O cuidado com o próprio nicho ecológico representa o local. O ser humano tem os pés no chão (local) e a cabeça aberta para o infinito (global). O coração une chão (local) e a cabeça aberta para o infinito (global). O coração une chão e infinito, abismo e estrelas, local e global. A lógica do coração é a capacidade de encontrar a justa medida e construir o equilíbrio dinâmico.

Evidenciada essa relação entre o local e o global no ensino de geografia, o aluno é levado à compreensão da sua própria realidade, do seu lugar de convívio, em que as relações são sentidas, mas é importante entender que os lugares não se encontram isolados, eles fazem parte de uma teia gigante, que está em interação constante com outros lugares.

Há, ainda, aqueles 15% dos informantes que abordam o tema Terra (planeta) a partir dos diferentes níveis de escalas geográficas. São os casos das falas seguintes:

“Sim. Mostrando o espaço onde ele vive. É preciso partir do bairro, cidade, estado, país, continente para ele ter essa consciência de planeta”. (Professor 01)

“Pode ampliar as escalas, a partir do bairro que ele mora, cidade, estado, até chegar a nível planeta”. (Professor 11)

“Sim. Porque a gente parte do ambiente que eles vivem para o mundo”. (Professor 16)

Como podemos observar na fala dos informantes, o lugar é o ponto de referência para a compreensão das outras dimensões da superfície terrestre. Portanto, é necessário afirmar que ao estudar temas relacionados ao meio ambiente, no ensino de geografia, deve-se partir do local ao global e deste ao local. Em conformidade com essa reflexão, Cavalcanti (2012) afirma que ao se trabalhar com o cotidiano dos alunos, sua realidade mais imediata, os conteúdos podem ser amplamente favoráveis a uma aprendizagem significativa.

Há, ainda, um total de 45% dos informantes anunciando que ao abordar a realidade do aluno, o seu cotidiano em referência à Terra (planeta), está diretamente relacionado à forma como os espaços foram sendo ocupados e transformados pelo ser humano. Em conformidade com essa discussão, podemos afirmar que o meio pode influenciar na vida dos homens, como estes podem intervir nesse meio, buscando a sobrevivência e satisfazer as suas necessidades

de consumo, que, em muitos casos, podem acarretar em graves danos ao meio ambiente. São os casos da falas seguintes:

“Sim. No ciclo da água, no uso dos recursos hídricos, na forma que está construído o bairro, na produção do lixo, no uso dos resíduos sólidos”. (Professor 05)

“Sim. Trabalhar sobre a crise hídrica, porque aqui está chovendo menos, quais as causas e as consequências, porque está havendo o aumento do efeito estufa no planeta Terra, também há o processo de desertificação”. (Professor 13)

“Sim. A respeito da transformação do planeta, a ação da humanidade acaba acelerando o desequilíbrio ambiental”. (Professor 14)

Nesse sentido, evidenciamos a importância de abordar o cotidiano do aluno, dando um maior enfoque aos problemas enfrentados pelos mesmos, tendo em vista que essa prática desenvolvida no ensino de geografia, pode ser amplamente favorável à promoção da educação ambiental. Partindo dessas reflexões, Guimarães (1995, p. 40-41) afirma que:

Se, em uma aula, o educador se detiver apenas no conteúdo pelo conteúdo, não o relacionando à realidade, estará descontextualizando esse conhecimento, afastando-o da realidade concreta, tirando seu significado e alienando-o. Dessa forma, minimiza-se o conhecimento como um instrumento para uma prática criativa (práxis).

Pelo exposto, é necessário afirmar que os conteúdos só terão significado na vida do aluno se for considerado o meio em que ele vive. Em consonância com essa realidade, Compiani (2002) afirma que é importante destacar que a maioria dos livros didáticos não se preocupam em integrar os conhecimentos, ou melhor, levar em consideração os níveis mais complexos de conceitos e problemas do contexto em que estão situados a escola e os alunos.

É preciso ressaltar que entre os professores pesquisados, dois afirmaram não abordar o tema Terra (planeta) a partir do cotidiano do aluno.

Nesse contexto, o professor de geografia dos anos finais do ensino fundamental pode e deve dispor de inovações teóricas e metodológicas, que possam ser amplamente favoráveis à

promoção da educação ambiental no ensino de geografia. Partindo dessa discussão, elegeu-se o tema gerador clima, que além de constituir-se num saber do senso comum, com informações diárias veiculadas pelos meios de informações e comunicações, também encontra um forte respaldo nos livros didáticos. Em conformidade com o exposto, formulamos a pergunta seguinte: Em suas aulas de geografia, a abordagem que você faz sobre o clima é a mesma que os livros didáticos contemplam? Por quê?

A grande maioria dos informantes, 65%, responderam não abordar o tema clima diretamente relacionado aos conteúdos curriculares do livro didático, pois consideram pertinente abordar as peculiaridades climáticas do lugar em que vive o aluno. Observa-se nas respostas a seguir:

“Não. Procuro sempre contextualizar o conteúdo do livro didático à realidade de vida dos alunos. Pensar no clima em que o aluno está inserido e tentar relacionar com outros tipos climáticos presentes no mundo”. (Professor 02)

“Não. Porque muitas vezes o livro aborda o conceito fechado, científico. Eu preciso trabalhar o cotidiano do aluno, onde ele vive, a vivência do aluno”. (Professor 03)

“Não. Os impactos causados pelo homem, ilha de calor, a convivência desse homem com as intempéries climáticas, a seca, o uso para quem se destina isso, o uso desse espaço e a técnicas do local, estoque de alimentos para a próxima seca, o armazenamento da água que é necessário”. (Professor 05)

“Não. A gente precisa trazer a nossa realidade. Quem vive no sertão do Nordeste precisa ter conhecimento da causa da própria realidade. A questão do El Niño, que a nossa costa recebe, os meteorologista preveem que ano não será bom de inverno, os alunos tem um olhar crítico para as previsões dos telejornais”. (Professor 06)

“A parte científica e nos trabalhos e conheciemntos empíricos, a vivência do aluno. Porque tem a necessidade que a gente conheça o

senso comum, as mudanças que vá ocorrendo na natureza”.

(Professor 19)

Como podemos perceber na fala dos professores, o livro didático não pode se caracterizar num único instrumento ao abordar o tema clima, pois, em alguns casos, constitui- se em conteúdos curriculares bastante limitados, sem encontrar nexos com a realidade local, como os aspectos sentidos e vividos no cotidiano do aluno. É importante afirmar que o livro didático não pode substituir as ideias, os sentimentos, as emoções que vinculam o aprendiz as suas práticas do cotidiano. Diante disso, é importante dar sentido as nossas práticas e reflexões. Em conformidade com Gutiérrez; Prado (2002, p. 63):

Caminhar com sentido significa, antes de tudo, dar sentido ao que fazemos, compartilhar sentidos, impregnar de sentidos as práticas da vida cotidiana e compreender o sem sentido (non-sense) de muitas outras práticas que aberta ou sorrateiramente tentam se impor [...] o sentido que pessoal ou coletivamente possamos dar a nosso caminhar, é a pedra fundamental sobre a qual deve se assentar a significação da cidadania planetária.

Do universo pesquisado, 35% dos informantes responderam que seguem os conteúdos do livro didático em abordagem do tema clima no ensino de geografia:

“Sim. Porque hoje temos livros bem atualizados, que conseguem fazer uma relação direta com os temas abordados”. (Professor 01)

“Sim. Porque no livro didático, o clima está contemplado da maneira que realmente acontece”. (Professor 04)

“Sim. Proque os livros são fontes de informações. Por exemplo, eu não conheço ou não tenho experiência própria sobre o clima do Rio Grande do Sul, então o livro é uma fonte de informações”. (Professor

11)

“Não fujo do conteúdo, eu tenho um direcionamento, eu sigo a risca o conteúdo do livro didático. Embora, muitas vezes, eu procure desenvolver o senso crítico deles”. (Professor 15)

As falas evidenciam a compreensão de que o professor precisa do livro didático, tornando-o uma ferramenta de apoio no processo de ensino-aprendizagem. Motivado por essa ideia, o professor perde a oportunidade de aproveitar as diferentes abordagens teóricas e metodológicas favoráveis à construção de um conhecimento contextualizado, que se considera amplamente eficaz a uma aprendizagem significativa. Em conformidade com esse pensamento, Compiani (2002, p. 180) defende que:

Há toda uma cultura escolar de transmissão de informações baseadas em definições e conteúdos descontextualizados e sem abertura para relações entre disciplinas e o mundo cotidiano. O conteúdo da maioria dos livros didáticos é descritivo, não havendo preocupação em trabalhar com níveis mais complexos, de conceitos e problemas a partir de, e em integração com, o contexto em que se inserem a escola e os alunos.

É pertinente afirmar que o ensino de geografia, nos dias atuais, vem sendo muito questionado. Isso decorre, na maioria das vezes, da postura do professor quando está sob sua responsabilidade o processo de ensino e aprendizagem. Conforme já esclarecido ao longo deste trabalho, existem saberes necessários no ensino de geografia que são decisivos à promoção da educação ambiental. Partindo dessas reflexões, formulamos a seguinte pergunta: Quais aspectos você considera necessários ao abordar o tema clima no ensino de geografia?

Em conformidade com a fala dos informantes, constatamos que 50% consideram necessário entender a relação sociedade/ natureza nas análises espaciais, que perpassam pelos aspectos políticos, econômicos e sociais:

“Como o clima interfere na vida das sociedades, no desenvolvimento econômico, nos seus modos de vida”. (Professor 02)

“Os aspectos do uso do espaço, os impactos gerados no clima pelo uso do espaço e a forma que o clima vai favorecer o uso do espaço”.

(Professor 05)

“Não tem como você entender o meio ambiente sem observar as condições climáticas. Questões das secas, uso da terra, recursos naturais. quando trato a seca vejo os aspectos naturais e sociais. O desmatamento pode ser um problema social que pode provocar a

seca, além da miséria que não está totalmente relacionado a falta d‟água”. (Professor 09)

“A questão da poluição atmosférica e suas consequências, o impacto causado pelas atividades econômicas, com o desmatamento no regime de poucas chuvas (secas). Geralmente não faço associação entre seca e miséria, pois Israel vive na seca e não tem miséria”. (Professor 20)

Em consonância com essas respostas, podemos afirmar que o tema gerador clima brota de uma “visão de geografia fundamentada no princípio de unidade, em que a geografia física e a humana interagem reciprocamente”. (BRASIL, 2001, p. 37).

Dos respondentes, 50% afirmaram abordar o clima a partir dos aspectos físico- naturais.

“A relação entre clima e os seres vivos (animais e vegetais), pois a falta de chuvas no semiárido vai atingir todas essas formas de vida”.

(Professor 11)

“Me baseio bastante no tempo, para a partir daí diferenciar clima de tempo, fazer ligação de todos os fenômenos e fatores que determina o clima de uma determinada região”. (Professor 14)

“O regime das chuvas, a questão da vegetação e arborização, também vejo a questão das zonas climáticas, porque a nossa região é mais quente que as outras”. (Professor 15)

Sob essa ótica, é importante ressaltar que os conteúdos físico-naturais do espaço geográfico são necessários à formação do aluno, que, pois devem estar relacionados ao seu