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Tendências e Desafios do P&D

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1.2 Tendências e Desafios do P&D

As atividades de P&D, e como consequência a tecnologia, têm melhorado significativamente a qualidade de vida das pessoas e, por isso, organizações passam a enfocá-las sob uma perspectiva sistêmica de sustentabilidade, agregando preocupações sociais, culturais e ambientais

às tecnológicas e econômicas (VON ZEDTWITZ, GASSMANN & BOUTELLIER, 2004). Conjuntamente, as configurações geográficas de P&D das multinacionais têm evoluído com o processo de fusões e aquisições de empresas globais e com as diferentes localizações das plantas fabris frente ao desenvolvimento de países emergentes (VON ZEDTWITZ, GASSMANN & BOUTELLIER, 2004).

Diante disto, a abordagem sistêmica e presença global exigidos das atividades de P&D propõem tendências para um futuro próximo

(MIKKOLA, 2001; VON ZEDTWITZ, GASSMANN &

BOUTELLIER, 2004; ADAMS, BESSANT & PHELPS, 2006): • Orientação sistêmica: A partir do rompimento das fronteiras

convencionais dos produtos e serviços, os engenheiros terão de ser capazes de olhar além dos seus campos de conhecimento estabelecidos e integrar funcionalidades inesperadas, com outros usos, diferentes filosofias e situações desconfortáveis;

• Reducionismo: Holismo é importante para sistemas, mas não tem modificado a engenharia. Por isto a tendência aponta para a simplicidade. Modelos físicos e matemáticos têm aumentado seu poder preditivo. Simulações estão substituindo experimentações, e aproximações tomando o lugar das soluções exatas;

• Mobilidade: Os avanços em telecomunicações já tornaram o trabalho descentralizado possível e os avanços nos transportes devem melhorar a comunicação onde as TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) ainda falham. Novas formas de organização do trabalho proverão estruturas mais adequadas para a inovação. As pessoas serão mais flexíveis e escolherão seus próprios lugares e tempos de trabalho;

• Não limitação de fronteiras: Economias de escala em P&D não serão mensuradas em funcionários por organização, mas sim em esferas de influência. Pequenas empresas que aproveitarem melhor suas capacidades essenciais junto às redes de fornecedores e clientes de tecnologia se sobressairão a grandes estruturas de P&D;

• Harmonização e comunicação: Normas técnicas e culturais internacionais facilitarão a difusão de produtos globais. O regionalismo será uma reação à integração internacional apoiada pela televisão, viagens e Internet. O Inglês será a língua universal;

• Cientistas e engenheiros serão treinados da mesma forma em todo o mundo: as leis e princípios científicos fundamentais de engenharia não obedecerão a fronteiras nacionais.

À parte das tendências supracitadas, o foco do P&D já tem sido desafiado a se orientar para o mercado a fim de suportar as bases da competitividade organizacional, como diferenciação, valor ao acionista, nível de serviço e lucratividade, sendo justificado por alguns movimentos mundiais (KERSSENS-VAN DRONGELEN, NIXON & PEARSON, 2000; PILLAI, JOSHI & RAO, 2002; HART et al., 2003;

GARCÍA-VALDERRAMA, MULERO-MENDIGORRI &

REVUELTA-BORDOY, 2008):

• Aumento da competitividade internacional e globalização; • Surgimento de distintos segmentos e nichos de mercados em

resposta às demandas mais sofisticadas e customizadas dos consumidores;

• Acentuação nas exigências governamentais e sociais acerca de meio ambiente, segurança e saúde;

• Descontinuidades no ciclo de vida de produtos e aceleração no lançamento de novos produtos e processos devido às rápidas mudanças nas necessidades do mercado;

• Redução do tempo de permanência das tecnologias no mercado em função da conexão global das competências científicas e de engenharia;

• Aumento da oferta e da demanda por diferentes tecnologias. Então, as atividades de P&D passam a ser responsáveis pela sobrevivência dos negócios das organizações e são demandadas por equilibrar contíguos resultados com o futuro. Isto é dizer que, diante da exigência por respostas imediatas aos clientes, o P&D, tipicamente concentrado em invenções e tecnologia futurísticas, atualmente se responsabiliza também pelos lucros de curto prazo (VON ZEDTWITZ, GASSMANN & BOUTELLIER, 2004).

Assim, as empresas preocupadas com a gestão da inovação global têm se preparado quanto aos seus processos, sistemas e estruturas para suportar as atividades de P&D.

Os processos visam à garantia da integração das etapas necessárias para a inovação, ou seja, o P&D altamente especializado e separado das demais áreas da organização de até poucas décadas é exigido por transparência e passa a gerenciar suas atividades via projetos, os quais são responsáveis pela integração do processo de inovação nas diversas áreas das organizações, como Marketing, Engenharia, Operações e Finanças e também com fornecedores e clientes (THAMHAIN, 2003; VUOLLE, LÖNNQVIST & VAN DER MEER, 2009). Tais processos buscam sincronizar as atividades locais de P&D na esfera global, onde o acesso a centros referência de inovação e

tecnologia como o oeste europeu (particularmente Alemanha e Reino Unido), os EUA (com foco no nordeste e costa oeste), Japão (Tóquio e Osaka) e o sudeste asiático (principalmente China e Índia), deve ser assegurado (VON ZEDTWITZ & GASSMANN, 2002).

Para tornar estes processos viáveis os sistemas buscam garantir a segurança, acesso e agilidade da informação, onde as TIC tem papel fundamental na simplificação e não burocratização da comunicação para a transferência apropriada do conhecimento e tecnologia (CHEN, HUANG & CHENG, 2009).

A estrutura do P&D deve suportar os processos e integrar os sistemas através de redes informais e sem fronteiras de pessoas, com uma hierarquia que permita um mix de centralização e descentralização na tomada de decisões e times de projetos multifuncionais, formados por cientistas com conhecimentos específicos, engenheiros com visão holística de produto, responsáveis por operações, pesquisadores de instituições externas, profissionais de negócios como marketing, vendas e finanças, e representantes de outras áreas como jurídica e responsabilidade social e ambiental (VON ZEDTWITZ, GASSMANN & BOUTELLIER, 2004; LIN & CHEN, 2005). De fato, a ciência reconhece que o parâmetro humano se estabelece como chave de sucesso para a superação dos desafios impostos ao P&D nos dias atuais (THAMHAIN, 2003).