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Teorias sobre internacionalização de Empresas e Instituições Financeiras

O paradigma eclético ou teoria OLI por Dunning (1988) explica a internacionalização de empresas como sendo fruto de três benefícios concorrentes: o primeiro está relacionado à vantagem competitiva propriedade - OWNERSHIP, o segundo às vantagens da exploração de uma nova localização - LOCATION e o terceiro é decorrente de sinergias e eficiência que uma aquisição e maior diversificação podem gerar - INTERNALIZATION.

O paradigma eclético é um construto simples, mas profundo. A teoria afirma que o grau de produção no exterior realizado por empresas multinacionais é determinado pela interação de três conjuntos de variáveis interdependentes – que, em si, constituem os componentes de três sub-paradigmas. (DUNNING, 2000 p. 1)

O primeiro sub-paradigma é relacionado às vantagens competitivas de propriedade (OWNERSHIP - O) de empresas que buscam realizar ou aumentar seus investimentos diretos no exterior. O sub-paradigma afirma que, ceteris paribus, quanto maiores forem às vantagens competitivas das empresas investidoras, em relação a outras empresas do mercado e, particularmente, em relação a aquelas domiciliadas no país em que se está buscando o investimento, maior será o incentivo a entrada destas empresas (DUNNING, 2000). Neste sub-paradigma, Dunning (1989) em estudo relativo a empresas do setor de serviços concluiu que bancos comerciais são incentivados a realizar investimentos diretos no exterior, ou seja, buscam se internacionalizar de forma a seguir seus atuais clientes que já possuem negócios no exterior.

O segundo é relativo às atrações regionais (LOCATION - L) que a entrada em países ou regiões onde a empresa ainda não possui presença pode gerar. Este sub-paradigma afirma que quanto maior o atrativo na forma de recursos naturais ou outras vantagens locais, por exemplo leis e regulamentos favoráveis, maior é o incentivo a entrada de novas empresas no mercado que podem em conjunto com suas próprias vantagens competitivas gerar um maior valor agregado às suas atividades (DUNNING, 2000).

O terceiro sub-paradigma do tripé (INTERNALIZATION – I) diz respeito a como uma empresa cria valor ao se estruturar e organizar de modo a proteger suas vantagens competitivas e utilizar seus conhecimentos essenciais e adquiridos através de transações passadas de investimentos diretos no exterior (DUNNING, 2000).

O paradigma eclético identifica os seguintes fatores como motivadores da internacionalização de empresas:

i. a crença da empresa possuir uma vantagem competitiva que a diferencia dos principais competidores internacionais;

ii. a crença da empresa de que existe uma vantagem em basear a sua produção em outro país; e

iii. a crença da empresa de que existe uma vantagem em realizar um investimento direto no exterior ou se utilizar de mecanismos de mercado para viabilizar sua produção internacional.

Embora o paradigma OLI de John Dunning seja amplamente aplicado em diferentes setores da indústria, existem críticas à teoria no sentido de que a mesma se utiliza da combinação de teorias anteriores de internacionalização e que falta lógica causal entre as variáveis OLI.

Outra teoria de vanguarda relativa à internacionalização de empresas foi elaborada através das observações de Johanson e Vahlne (1977) de multinacionais suecas. O chamado modelo de Uppsala, explica a internacionalização das empresas como sendo um processo gradual de desenvolvimento internacional no qual as empresas vão aperfeiçoando o seu processo de expansão ao utilizar o conhecimento adquirido pela entrada em novos mercados.

O processo de internacionalização então é de natureza incremental e evolui na medida em que a empresa amplia seu conhecimento sobre o mercado onde está investindo. Deste modo, a teoria desenvolvida por Johanson e Vahlne (1977) prega que o comprometimento das empresas com a sua internacionalização aumenta gradualmente, por exemplo, o caminho natural para uma empresa iniciar em um novo mercado internacional seria por meio de exportações, evoluindo para um escritório de representação e somente em um momento posterior para a realização de um investimento direto no país com o objetivo basear sua produção na nova localidade (JOHANSON; VAHLNE, 1977).

Os fatores identificados pelo modelo de Uppsala como sendo os responsáveis por motivar a internacionalização das empresas são:

1. a empresa espera obter benefícios caso realize uma operação internacional; 2. a empresa espera obter conhecimento do mercado internacional

3. com base no conhecimento adquirido, a empresa amplia seu comprometimento com a operação internacional a fim de aumentar os benefícios que recebe; e

4. uma oportunidade que surge para a empresa realizar ou aumentar sua operação internacional.

Barkema, Bell e Pennings (1996) analisam o fundamento do investimento realizado em novos mercados e conclui que o processo de internacionalização das firmas ocorre inicialmente em países de menor distância cultural e geográfica, buscando com isso minimizar os custos da entrada em um país com cultura altamente diferente e do qual não se tem completo know-how m t rmos m r o S un o os utor s “ ntr m novos mercados internacionais não é alcançada sem custos. Quando as firmas buscam se diversificar além de suas fronteiras n ion is l s pr is m s just r um nov ultur ” (BARKEMA; BELL; PENNINGS, 1996)

Os resultados dos estudos de Barkema, Bell e Pennings (1996) também demonstram que existe uma curva de aprendizado em relação à cultura e forma de atuação no novo mercado para as firmas que se internacionalizam. Deste modo, com o objetivo de aumentar a sua eficiência e suas chances de realizar com sucesso uma estratégia de internacionalização, as firmas devem buscar aprender sobre o mercado local e até mesmo se espelhar na estratégia e cultura de empresas locais bem sucedidas a fim de obter aceitação e legitimidade, suavizando desta forma os custos decorrentes da entrada em um novo mercado internacional.

Os estudos de Luo e Tung (2007), relativos à expansão internacional de bancos demonstram que a entrada em novos países através de aquisições, além de aumentar o tamanho do banco mais rapidamente do que através de uma expansão orgânica, ajudam a criar e legitimar a reputação do banco no país. O processo de expansão deste modo tenderia a ser menos custoso e mais rentável.

Em linha com a teoria acima, em recente entrevista o Presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal afirmou que projetos de expansão internacional de instituições financeiras focadas no varejo necessariamente devem ocorrer através de fusões e aquisições.

Setúbal disse que o Itaú está prosseguindo com seu primeiro projeto "greenfield" (a partir do zero) na Colômbia, lançando um banco de investimento. Segundo ele, se o projeto for bem-sucedido o modelo pode ser replicado em outros países, como o México. Mas o executivo afirma que não é possível fazer o mesmo com bancos de varejo. "É preciso comprar", comenta. (DOW JONES NEWSWIRES, 2013, p. 1)