• Nenhum resultado encontrado

TERCEIRA PARTE: “O GRANDE PROCESSO DE BERNA E A AUTENTICIDADE DOS PROTOCOLOS DOS SÁBIOS DE SIÃO: PROVAS DOCUMENTAIS”

24 XXVII SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA CONHECIMENTO HISTÓRICO E DIÁLOGO SOCIAL Natal, Rio Grande do Norte, 22-26 julho, 2013.

1.4. JOÃO DO NORTE E JOÃO DO RIO

3.2.3. TERCEIRA PARTE: “O GRANDE PROCESSO DE BERNA E A AUTENTICIDADE DOS PROTOCOLOS DOS SÁBIOS DE SIÃO: PROVAS DOCUMENTAIS”

Nesta parte do livro, Barroso procura apresentar provas documentais acerca da autenticidade dos Protocolos dos Sábios de Sião e criticar os veículos que ou defenderam ou divulgaram a sua falsificação por meio de uma série de recursos narrativos. Em torno disso, girava da decisão tomada pela suprema corte Suiça, no Tribunal de Berna: ou seja, contrariando decisão emitida pelo Tribunal do Cairo, Berna cravou em 1934 a falsificação dos Protocolos, decisão esta que nunca foi aceita por completo pelos círculo de nacionalistas e internacionais antissemitas, os quais persistiram por outros meios, não mais nos tribunais, com vistas à propagação da ideia de que os Protocolos seriam autênticos.

Nessa intenção, o ponto de partida do autor é a crítica à imprensa brasileira, os “nossos jornais”, por ter divulgado que o Tribunal de Berna tinha emitido decisão a favor da falsidade dos Protocolos. Tendo isso em mente, insinuando a submissão da imprensa

217

Sobre o Serviço Mundial (Welt-Dienst), ver: SCHÖRLE, Eckart. Internationale der Antisemiten: Ulrich Fleischhauer und der „Welt-Dienst‟. WerkstattGeschichte. Essen, Heft 51, S. 57-72, 2009.

105 brasileira ao imperialismo judaico, Barroso tece dois questionamentos que funcionarão como guia ao longo do seu texto: em que consistiu o processo de Berna e se a decisão do Tribunal de Berna poderia ser impugnada e por quê.218 Inicialmente, ele insinua que quem nega a autenticidade é judeu e em seguida expõe a sua argumentação nesses termos:

Uma grande quantidade de livros judaicos e de declarações de judeus comprovam essa autenticidade por pregarem as mesmas ideias [...]. Ora, basta ler os “Protocolos” e passar em revista os acontecimentos mundiais daquela data até hoje para se ver que todos coincidem com o que está escrito. Como os “Protocolos” não podiam adivinhar o que se ia passar, sobretudo a guerra e o desemprego, é lógico que tudo isso foi preparado pelos judeus.219

Nesse raciocínio, então, a autenticidade seria exposta por meio do recurso da explicitação da procedência do conteúdo envolvido na questão e por meio da quantidade desse conteúdo, o que significava dizer que se fosse verificado que um grande número de judeus disseram ideias similares ou iguais às contidas nos Protocolos, em período anterior ou no presente, a autenticidade teria que ser entendida como certa. É uma espécie de argumentação bipolar: muitas das coisas que os judeus diziam poderiam ser consideradas falsas, aliás, eles carregariam em si o princípio da enganação de acordo com Barroso, mas quando eles se referissem aos diversos grupos de judeus, quando se referissem a eles mesmos, tudo estaria certo e decidido. Essa orientação fez com que o autor realizasse uma verdadeira devassa em livros de autores judeus e assim formasse uma biblioteca especializada no assunto, como anunciado pela editora no início do livro. Tal postura perpassa todo o texto, pois do início ao fim do livro Barroso coloca na boca de intelectuais judeus falas que se relacionadas entre si e lidas à luz da tese do imperialismo judaico provariam a autenticidade dos Protocolos. Nesse ponto, é preciso dizer que o que estava em jogo não era apenas uma questão de autenticidade nesse caso. A autenticidade de um documento significa a sua legitimidade perante à sociedade, às instituições educacionais, aos conteúdos escolares, à formação de linhas de investigação nas universidades, produção de material didático sobre o tema, enfim, envolvia uma forma de conceber e de moldar o Brasil que poderia naquele momento histórico ter ido à prática.

218 BARROSO, Gustavo. Op. cit. p. 53. 219

106 Como uma forma de recolher informações da imprensa internacional e legitimar o seu texto a partir dessa escala espacial, Barroso cita de forma recorrente o “Serviço Mundial”, o qual teria surgido após as contestações judaicas à decisão tomada em favor da autenticidade dos Protocolos pelo Tribunal do Cairo, razão pela qual Fleischauer estaria viajando à Europa para recolher informações que demonstrassem de uma vez por todas a autenticidade.220 Em outras palavras, os Protocolos se tornaram na primeira metade do século XX a condição para a aglutinação dos ramos nacionalistas, formando uma internacional dos antissemitas contraposta à internacional dos comunistas. Numa dessas citações, Barroso faz notar a importância do Serviço Mundial como uma resistência aos judeus:

O “Service Mondial” de 1º de julho de 1936 diz o seguinte: “Judá enganou- se redondamente em seus cálculos, quanto ao processo dos “Protocolos”, em Berna, em 1934-1935. Esperou obter rapidamente uma sentença que lhe desse a vitória sobre alguns cidadãos suíços inofensivos e não iniciados, quando, de súbito, se viu diante duma falange universal, o “Service Mondial”. A documentação reunida em poucas semanas por este fez luz sobre as mentiras das testemunhas pró-judeus e evidenciou os planos de domínio universal.221

Contra um pretenso império universal judaico, os antissemitas ergueram o seu império contra os judeus. O “Serviço Mundial” constituía-se, pois, no mais importante veículo da imprensa para intelectuais como Barroso, por isso mesmo, um outro recurso narrativo empregado por ele é a desqualificação das testemunhas que, do lado da imprensa judaica, advogariam pela falsidade dos Protocolos. Assim, ele atribui o crime de falsidade ideológica e corrupção ao parlamentar inglês e depoente em Berna Trebitsch Lincoln, chamando-o de “charlatão perigoso e agente camaleão da revolução mundial”222; a princesa Radzwill por ter prestado depoimento em apoio à falsidade dos Protocolos é chamada de “princesa de raça”, de “aventureira de alto bordo” e de criminosa.223

Outro recurso narrativo-discursivo importante evitar, aparentemente, o conceito de “antissemitismo” e optar por “anti-judaísmo” para designar a luta que ele vinha

220BARROSO, Gustavo. Op. cit. p. 56. 221 BARROSO, Gustavo. Op. cit. p. 60. 222 BARROSO, Gustavo. Op. cit. p. 64. 223

107 representando contra os judeus e de que o exame da autenticidade dos Protocolos seria exemplo. Nesse ponto, revela-se a importância que o livro “L‟Antisémitisme”, de Bernard Lazare, desempenha na escrita de Barroso. Acompanhemos o seu raciocínio. Querendo fugir das acusações de intolerância religiosa e de intolerância racista que a imprensa e os advogados colocam contra ele e seu grupo intelectual, Barroso afirma:

Não há no anti-judaísmo senão um movimento natural de defesa do organismo social contra o parasita que lhe ameaça a vitalidade. O racista máximo é o judeu, que não cruza, não se funde, não se adapta e despreza, no fundo, como o reconhecem as maiores autoridades israelitas na matéria, os povos no meio dos quais vive. Falar de intolerância religiosa nos nossos dias em países como o Brasil, é apelar para uma verdadeira tolice.224

Sendo assim, a ênfase de Barroso se justificaria porque se voltava contra o racismo judaico e não ao grupo de semitas ou dos nômades como um todo (lembremos aqui dos ciganos e dos índios), grupos que teriam dificuldade de se enquadrarem numa determinada identidade nacional. Ao fazer isso, Barroso estava querendo dizer que a sua oposição aos judeus não tinha relação com a produção ou a defesa da nação brasileira, algo deveras estranho de ser enunciado, senão ao racismo em si. Para tanto, ele se baseava densamente em Lazare:

Mais adiante, o autor [Bernard Lazare] conclui o seu pensamento: “Por toda a parte onde os judeus, cessando de ser uma nação prestes a defender sua liberdade e sua independência, se estabeleceram, se desenvolveu o antissemitismo ou, melhor, o anti-judaísmo, porque antissemitismo é uma expressão mal escolhida, que só teve razão de ser em nosso tempo, quando se quis alargar a luta entre o judeu e os povos cristãos, dando-lhe uma filosofia e, ao mesmo tempo, uma razão mais metafísica do que material”. Na mesma página se pode ler este trecho: “essa raça sofreu o ódio de todos

os povos por meio dos quais se estabeleceu. Portanto, se os inimigos de

Israel pertenciam às raças as mais diversas, vivendo em países afastados uns dos outros, regendo-se por leis diferentes, governando-se por princípios opostos, sem os mesmos costumes e os mesmos hábitos, com espíritos diversos que lhes não permitiam julgar as coisas de modo idêntico; portanto,

as causas grais do antissemitismo sempre provieram de Israel mesmo E

NÃO DOS QUE O COMBATIAM”.225

224 BARROSO, Gustavo. Op. cit. p. 72-73. 225

108 3.2.4. AS NOTAS

A versão brasileira dos Protocolos dos Sábios de Sião contem cento e cinquenta e três notas dispostas na tradução dos vinte e quatro capítulos do texto original e estas notas estão divididas basicamente de três tipos: existem as notas explicativas, contendo associações e ideias de Barroso com outros livros, consistindo no tipo predominante; existem as notas de referência, trazendo menções a importantes livros; e existem os seus híbridos, isto é, as notas que misturam uma menção bibliográfica ao mínimo de explicação. Neste tópico, queremos discutir essas notas e expor o seu sentido dentro do discurso narrativo de Barroso, tentando discernir o significado da assinatura “Gustavo Barroso”.

Comecemos pelo tipo de nota predominante, porque sendo mais densa, fica mais evidenciado o esforço do autor em convencer o leitor por meio da junção do recurso da bibliografia mais a ideia. O esforço mais denso do autor é, com certeza, apresentar trechos da obra de Bernard Lazaré (1865-1917) como elementos comprobatórios. Curiosamente o escritor judeu e francês não tem a sua vinculação ao pensamento anarquista mencionada. Pelo contrário, Lazare é apresentado como o “erudito israelita” e as notas com suas citações têm a finalidade de inserir o texto corrido dos Protocolos dentro de um imperialismo judaico, em que os judeus articulariam de forma internacional e coordenada uma intervenção filosófica paralela à intervenção econômica, dado que os judeus aparecem na narrativa enquanto os “detentores do ouro”. A explicitação de um imperialismo judaico era feito por meio de recursos discursivos como este:

Recorramos ao judeu Bernard Lazare, no “L‟antisémitisme”, vol. I, pág. 247. “A Assembleia constituinte obdedeceu ao espírito que a guiava desde suas origens, quando, a 27 de setembro de 1791, declarou que os judeus gozariam em França dos direitos dos cidadãos...”. No vol. II, págs. 7-8: “Esse decreto estava preparado de longa data, preparado pelo trabalho da comissão nomeada, pelos escritos de Lessing e Dohm, pelos de Mirabeau e Gregoire. Era o resultado lógico dos esboços tentados desde alguns anos pelos judeus e os filósofos. Mendelsohn (o judeu Bem Moisés), na Alemanha, fora seu promotor e, mais adiante, defensor. E foi em Berlim, nos salões de Henriqueta de Lemos (judia de origem portuguesa), que Mirabeau se inspirou no convívio de Dohm”. No mesmo volume, pág. 9: “A judiaria se reúne em Berlim com a mocidade revolucionária alemã nos salões de H. de Lemos e de Raquel de Varnhagen (outra judia)”. À página 48, Bernard Lazare completa suas magníficas revelações: “Antes de tudo, a Revolução Francesa foi uma revolução econômica. Se pode ser considerada o termo duma luta de classes, deve-se também ver nela o resultado duma entre duas formas do capital, o capital imobiliário e o capital-móvel, o capital real e o capital industrial e agiota. Com a supremacia da nobreza desapareceu a

109 supremacia do capital rural, e a supremacia da burguesia permitiu a supremacia do capital industrial e agiota. A emancipação do judeu está ligada à história da preponderância desse capital industrial”. 226

Podemos perceber que as citações da obra de Lazare são numerosas, elas são cotejadas de modo a o leitor se sentir inundado de informações; as referências precisas das páginas tentam convencer de que o que está sendo dito é a verdade, de que tudo foi rigorosamente pesquisado e perscrutado. Devemos também atentar também para a desenvoltura que o autor quer fazer transparecer em relação ao domínio de línguas estrangeiras, no caso domínio da língua francesa. Com os dados apresentados por Lazare acerca da França e da Alemanha Barroso concluí a existência de uma supremacia judaica por meio do capital industrial, ou seja, ele generaliza dados particulares, desconsiderando em que pese esse caso países como a Inglaterra.

Tal supremacia judaica alicerça-se num dado fundamental: os judeus teriam se pervertido desde muito cedo, tornando-se essencialmente adoradores do ouro. Como Barroso faz notar:

O culto do ouro pelo judeu começa na Bíblia, com a adoração do Bezerro fundido por Arão. Desde a mais alta antiguidade, o judeu cultiva e manobra o ouro. Por que razão os judeus intentaram um processo ao pretor Flaccus? Responda Cícero, seu advogado, no “Pro Flacco”: “Vendo que o ouro era, por conta dos judeus, exportado todos os anos da Itália e de todas as províncias para Jerusalém, Flaccus proibiu por um edito a saída do ouro da Ásia”.

Cf. Bernard Lazare, “L‟Antisémitisme”, vol. I, pág. 174: “À medida que se avança, vê-se com efeito, crescer nos judeus a preocupação da riqueza e toda sua atividade prática se concentrar em um comércio especial, refiro-me ao comércio do ouro”. Pág. 187: “O ouro deu aos judeus um poder que todas as leis políticas e religiosas lhes recusavam... Detentores do ouro, tornaram-se senhores dos senhores”... 227

Podemos perceber que o livro de Lazare é citado como uma autoridade comprobatória, como a garantia de que o “culto do ouro” não só foi continuado como se tornou fundamental do povo judeu nos dias contemporâneos, isto é, no final do século XIX e

226 BARROSO, Gustavo. Op. cit. p. 107-108. Nota 10. 227

110 que de acordo com Barroso ainda continuava. A busca pelo rigor científico e a vasta pesquisa empreendida por Lazare se sobressaem, mas a existência e a aceitação do culto do ouro enquanto um fato advém da bíblia e do texto de Cícero.

Nesse espírito de autoridade comprobatória, é uma citação de Lazare que traz a ideia de que a ação judaica de superação do Estado cristão no Ocidente por meio a ação judaica. No capítulo VIII dos Protocolos, que versa sobre o uso do direito teórico e sobre a influência na educação, encontramos a seguinte nota:

B. Lazare, “L‟Antisémitisme”, vol. II, pág. 17: “... a assimilação legal acabou em França, em 1830, quando Lafitte fez inscrever o culto judaico no orçamento. Era o desabamento do Estado Cristão, embora o Estado Leigo ainda não estivesse completamente constituído. Em 1839, o derradeiro vestígio das antigas separações entre judeus e cristãos desapareceu com a abolição do juramento More Judaico. A assimilação moral não foi assim tão completa”. Idem, pág. 54: “Os israelitas deveram sua emancipação a um movimento filosófico coincidindo (é muita coincidência!) com um movimento econômico, e não à abolição das prevenções seculares que existiam contra eles”. Idem, pág. 21-22: “Somente em 1848 os israelitas austríacos se tornaram cidadãos. Na mesma época, sua emancipação se fez na Alemanha, na Grécia, na Suécia, na Dinamarca. De novo, os judeus deveram sua independência ao espírito revolucionário, que, mais uma vez, vinha de França”. 228

Mais uma vez, Barroso emprega o recurso do cotejamento para citar páginas descontínuas da obra de Lazare com vistas à produção da ideia de que a tese da substituição do Estado cristão é uma realidade internacional, que poderia ser generalizada para todo o Ocidente. É interessante observar que a tese de Lazare, conforme o trecho acima deixa empreender, é baseada no caso francês e especificamente no contexto do caso Dreyfus. Além disso, Barroso emprega o recurso do sublinhar em itálico com vistas à afirmação de uma crença a priori colocada, isto é, a atuação internacional e deletéria dos judeus sobre o mundo ocidental cristão. Nesse sentido, se o judeu se projeta sobre o mundo cristão de forma imperialista, se o autor tenta demonstrar esse imperialismo judaico, como explicar que exista grande número de judeus nas periferias dos grandes centros urbanos? Para o autor, os judeus seriam racistas e essa habitação periférica seria, assim, antes uma iniciativa deles do que algo que lhes foi imposto. Para essa inflexão, tornava-se necessária nova referência a Bernard Lazare:

228

111 Nessa dispersão, o judeu, para se conservar puro e unido, criou o ghetto, que os ignorantes atribuem às perseguições dos cristãos. O imparcialíssimo Betault, op. cit., pág. 99, afirma: “se os judeus foram encerrados em bairros especiais, é porque foram os primeiros a desejar isso, o que seus costumes e convicções exigiam”. O judeu B. Lazare, op. cit., vol. I, pág. 206, confirma: “Os ghettos que, muitas vezes, os judeus aceitavam e mesmo procuravam no seu desejo de se separarem do mundo, de viverem à parte, sem se misturar com as nações, a fim de guardarem a integridade de suas crenças e de sua raça. Tanto assim que, em muitos países, os éditos que ordenavam aos judeus de se confinarem em bairros especiais somente consagravam um estado de coisas já existente”. 229

Podemos observar que a Lazare é atribuído o poder da confirmação da veracidade da informação. Sem ele parece não ter sentido, na perspectiva de Barroso, a ideia de que os ghettos foram fruto da escolha dos próprios judeus, e não uma imposição dos cristãos. Assim, a primeira citação, atribuída a Betault, ocupa uma posição secundária, de modo que sua exposição tem a intenção de uma inserção temática, relacionando o capítulo dos Protocolos à composição das notas. Dado o contexto, o trecho de Lazare dispõe a temática dentro uma história, tratando-o como que um fundamento e essência dos judeus, como uma perenidade histórica. Se ele disse é verdade. Procedimento similar pode ser observado em relação à temática do chamado espírito revolucionário, tema de outro capítulo dos Protocolos.

É o chamado espírito revolucionário. O judeu encarna-o. Cf. Gougenot des Mousseaux, “Le juif, le judaisme et la judaisation des peuples chrétiens”, pág. 25: “O judeu é o preparador, o maquinador, o engenheiro-chefe das revoluções”. B. Lazare, “L‟Antisémitisme”, vol. II, pág. 182: “A acusação dos antissemitas parece fundada: o judeu tem o espírito revolucionário; consciente ou não, é um agente de revolução”. Ed. Laveleye, op. cit., pág. 13, introdução: “Foi da Judéia que saiu o fermento da revolução que agita o mundo”. Kadmi-Cohen, “Nômades”, pág. 6: “É (o conceito semita) quem as provoca (as convulsões e revoluções), as dirige, as alimenta e as detém... Dia virá em que o modo de pensar instituído pelo conceito semita triunfará...”. Idem, pág. 58: “O entusiasmo passional negativo dos judeus os mantêm durante dois mil anos em estado de franca rebelião contra o mundo inteiro”. Idem, pág. 61: “Nem o árabe, nem o hebreu possuem uma palavra para exprimir a ideia de disciplina. A ausência da palavra no vocabulário prova a ausência da noção no espírito”. Eberlin, “Les juifs”, pág. 143: “os judeus não puderam manter seu Estado entre os Estados da antiguidade e, fatalmente, se tornaram os fermentos revolucionários do universo”. G. Batault, “Le problème juif”, pág. 129: “o judaísmo é, efetivamente, a encarnação do Espírito de Revolta, o fermento de destruição e dissolução das sociedades e das nações”. Idem, pág. 200: “Dum ponto de vista elevado, pode-se, com justiça, falar da judaização das sociedades contemporâneas e da cultura

229

112 moderna. Estamos dominados por princípios ético-econômicos saídos do judaísmo e o espírito de revolta que agita o mundo o inclinará ainda a se enterrar mais nesse sentido”. Cf. ainda Baruch Hagani, escritor judeu e sionista, “Le sionisme politique”, Paris, 1917, págs. 27-28.

Gregos e troianos, todos estão de acordo quanto ao espírito revolucionário judaico. Os “Protocolos” também, pois, são a quintessência do pensamento judaico, como vamos provando. 230

Façamos observar na citação acima que o principal recurso empregado para o convencimento do leitor é a diversidade de autores (cristão, judeu erudito, rabino e judeu sionista) concorda com a ideia de que o judeu encarna o espírito revolucionário, tal como o referido à Revolução Francesa. Nesse contexto, o trecho atribuído a Lazare é aquele que claramente diz que o judeu é o agente da revolução, não apenas portador do espírito da revolução, dando como argumento que essa ação revolucionária pode ser tanto inconsciente quanto inconsciente, o que significa dizer que no caso foi o trecho de Lazare que serviu de base para Barroso na nota em questão tomar como missão a identificação desse espírito da revolução enquanto uma realidade intrínseca aos judeus e bastante atuante na sua contemporaneidade. A nota é empregada para Barroso autolegitimar-se. Se os judeus e os cristãos estavam inconscientes, o que era natural, Barroso estava ali por meio das diversas referências a lembrar a todos. Devemos observar também que a caracterização espacial da designação de Lazare, um fermento que agita o mundo, fermento produzido na Judeia e que se