5. Metodologia
5.1. Termelétricas analisadas
A ANEEL fornece dados das termelétricas em operação, em construção e com construção não iniciada no Banco de Informações de Geração (BIG). De acordo com o BIG, no dia 16 de outubro de 2017 existiam 2933 centrais termelétricas em operação no Brasil, 32 centrais em construção e 179 centrais com construção não iniciada (ANEEL, 2017). No BIG são feitas as seguintes considerações (ANEEL, 2018b):
São consideradas usinas em operação aquelas que iniciaram a operação comercial a partir da primeira unidade geradora;
São consideradas usinas em construção aquelas que após obtida a licença ambiental de instalação deram início às obras locais;
São consideradas usinas outorgadas aquelas que recebem Ato de Outorga (Concessão, Permissão, Autorização ou Registro) e ainda não iniciaram suas obras;
Usinas em operação, em fase de regularização dos Atos de Outorga, não estão disponibilizadas nesta fase;
No quadro demonstrativo inicial, o não aparecimento de determinados tipos de geração significa que não existe, neste momento, usinas nessas condições.
Os empreendimentos geradores de energia podem atuar no mercado das seguintes formas (SGI, 2015; TOLMASQUIM, 2016):
O autoprodutor (APE) produz energia para autoconsumo e pode vender o excedente no mercado com autorização da ANEEL;
O produtor independente (PIE) destina toda a energia para comercialização;
As usinas sujeitas a registro (REG) são plantas com capacidade de até 5 MW que utilizam energia para consumo próprio ou podem vender no mercado livre, conforme interesse do mercado.
O poder público pode delegar a prestação de serviços públicos, através de concessão de serviço público (SP), para pessoas jurídicas ou consórcio de empresas.
Além dessas, existem usinas que possuem licença ambiental dada pelo órgão ambiental responsável ou, ainda, participaram do leilão que “(...) estabelece as TUST4 e TUSDg5 de referência para as centrais geradoras (...)” (ANEEL, 2016). Como essas centrais ainda não participaram dos leilões de energia promovidos pela ANEEL essas não são contabilizadas no BIG.
4 Tarifa de uso do sistema de transmissão.
5 Tarifa de uso de Sistema de transmissão referente à geração. No caso do leilão n° 01/2016-ANEEL – A5 de 2016, se refere às centrais geradoras que se conectarem em tensão de 88 kV ou 138 kV (ANEEL, 2016).
Tanto as usinas que possuem licença ambiental quanto as usinas que participaram do leilão de TUST e TUSTg não possuem a certeza de serem construídas, devido a diversos fatores, tais como:
O baixo Custo Variável Unitário (CVU), que inviabiliza a construção do empreendimento. É o caso da UTE Paracambi, com capacidade de até 900 MW, do grupo EDF – UTE Norte Fluminense. A empresa possui as licenças da central, porém para que o investimento seja viável, o CVU deve ser da ordem de R$ 330/MWh, valor acima do que vem sendo praticado nos últimos leilões promovidos pela ANEEL (MEDEIROS, 2015).
Falta de garantia do fornecimento de gás natural, o que aumenta o risco para o produtor independente de não ter combustível para operação. A falta de garantia do fornecimento está relacionada com a falta de infraestrutura para distribuição do gás natural, dependência da Petrobrás na distribuição (que têm reduzido os investimentos na área), além da falta de estruturação do mercado, como a falta de regulamentação da distribuição (ESTIGARRÍBIA, 2018).
Maior investimento em usinas renováveis, como eólica e biomassa. O leilão A-4 que ocorreu em dezembro de 2017 mostrou essa tendência, tendo sido viabilizados 20 projetos de energia solar dentre o total de 25 projetos (FREIRE, 2017), totalizando 574 MW de potência (LUGO et al., 2017).
Com isso, tem-se que nesse trabalho foram consideradas as plantas em operação, em construção e com construção não iniciada que utilizam carvão mineral, gás natural com ciclo combinado e urânio, cujo destino de energia é o atendimento do SIN (PIE e SP). Não foram consideradas as usinas que destinam 100% da produção para autoconsumo (APE).
Também foram analisadas as plantas que utilizam carvão mineral e gás natural com ciclo combinado e participaram do leilão nº 01/2016 – ANEEL – A5 de 2016 para determinação da TUST e TUSTg de referência e usinas que possuem licença ambiental, nesse trabalho denominadas como “não contabilizadas no BIG”. A Tabela 5.1 apresenta o resumo das plantas analisadas nesse trabalho.
Tabela 5.1. Resumo das centrais termelétricas analisadas.
Situação Carvão
mineral
Gás natural com
ciclo combinado Urânio
Em operação 9 18 2
Em construção 1 2 1
Com construção não iniciada 2 1 0
Não contabilizadas no BIG 7 13 0
TOTAL 56 centrais
Fonte: Elaborado pela própria autora.
A Tabela 5.2 apresenta as 56 centrais termelétricas analisadas nesse trabalho, sendo: Situação da central termelétrica, sendo:
OP: em operação; CO: em construção;
CNI: com construção não iniciada; NC: não contabilizada no BIG; Ano de início de operação;
Potência outorgada na ANEEL, em MW; Estado onde está localizada a usina; Combustível utilizado
Tabela 5.2. Centrais termelétricas analisadas.
Central termelétrica Situação Observação
Ano de início de operação Potência outorgada (MW) UF Combustível
Figueira OP 1963 20 PR Carvão Mineral
Jorge Lacerda I e II (A) OP 1965 232 SC Carvão Mineral
Presidente Médici A, B OP Paralisada 1974 446 RS Carvão Mineral
Jorge Lacerda III (B) OP 1979 262 SC Carvão Mineral
Jorge Lacerda IV (C) OP 1997 363 SC Carvão Mineral
Candiota III OP 2011 350 RS Carvão Mineral
Porto do Pecém I OP 2012 720 CE Carvão Mineral
Porto do Pecém II OP 2013 365 CE Carvão Mineral
Porto do Itaqui OP 2013 360 MA Carvão Mineral
Pampa Sul CO 340 RS Carvão Mineral
Jacuí CNI 350 RS Carvão Mineral
Usitesc CNI 440 SC Carvão Mineral
Seival NC TUST 2016 600 RS Carvão Mineral
Ouro Negro NC TUST 2016 600 RS Carvão Mineral
Amapá Genpower NC TUST 2016 600 AP Carvão Mineral
Norte Pioneiro NC TUST 2016 200 PR Carvão Mineral
ENEVA Sul II NC TUST 2016 364 RS Carvão Mineral
ENEVA Sul I NC TUST 2016 364 RS Carvão Mineral
Barcarena NC Licença Sema 600 PA Carvão Mineral
Santa Cruz OP 1967 1.000 RJ Gás Natural
Uruguaiana OP Paralisada 2000 640 RS Gás Natural
Cuiabá OP Paralisada 2001 529 MT Gás Natural
Termo Norte II OP 2001 427 RO Gás Natural
Sepé Tiaraju OP 2001 249 RS Gás Natural
Araucária OP Paralisada 2002 484 PR Gás Natural
Aureliano Chaves OP 2002 226 MG Gás Natural
Fortaleza OP 2003 327 CE Gás Natural
Rômulo Almeida Unidade I OP 2003 138 BA Gás Natural
Norte Fluminense OP 2004 827 RJ Gás Natural
Luiz Carlos Prestes OP Paralisada 2004 386 MS Gás Natural
Celso Furtado OP 2004 186 BA Gás Natural
Termopernambuco OP 2004 533 PE Gás Natural
Governador Leonel Brizola OP 2004 1.058 RJ Gás Natural
Fernando Gasparian OP 2004 386 SP Gás Natural
Euzébio Rocha OP 2009 250 SP Gás Natural
Baixada Fluminense OP 2014 530 RJ Gás Natural
Maranhão III OP 2016 519 MA Gás Natural
Porto de Sergipe I CO 1.516 SE Gás Natural
Mauá 3 CNI Em operação 591 AM Gás Natural
Novo Tempo GNA I CNI 1.299 RJ Gás Natural
Fronteira NC TUST 2016 267 MS Gás Natural
Tabela 5.2. Centrais termelétricas analisadas (Continuação).
Central termelétrica Situação Observação
Ano de início de operação Potência outorgada (MW) UF Combustível
Norte Catarinense NC Licença Fatma 600 SC Gás Natural
Laranjeiras I NC TUST 2016 1.130 SE Gás Natural
Sul Bahia I NC TUST 2016 371 BA Gás Natural
Presidente Kennedy NC TUST 2016 440 ES Gás Natural
Presidente Kennedy I NC TUST 2016 440 ES Gás Natural
Queimados módulo I NC TUST 2016 330 RJ Gás Natural
Termo São Paulo NC TUST 2016 500 SP Gás Natural
Novo Tempo GNA II NC Leilão A-6
dez/2017 1.673 RJ Gás Natural
Governador Marcelo
Deda NC TUST 2016 1.130 SE Gás Natural
GPSA NC TUST 2016 1.280 PA Gás Natural
Tijucas OP Licença Fatma 56 SC Gás Natural
Angra I OP 1985 640 RJ Urânio
Angra II OP 2000 1.350 RJ Urânio
Angra III CO 1.350 RJ Urânio
Fonte: ANEEL (2017)
O cálculo das perdas de água nas torres de resfriamento foi realizado para quatro centrais termelétricas, sendo duas centrais movidas a carvão mineral e duas movidas a gás natural. As centrais a carvão mineral são as UTE Ouro Negro e UTE Pampa Sul. As centrais a gás natural não se encontram na Tabela 5.2, as UTE Atlântico Energias e UTE Rio Grande, que atualmente estão com seus processos de instalação revogados. Essas centrais foram escolhidas possuíam os dados necessários para o cálculo da vazão de reposição estão disponíveis.
A UTE Atlântico Energias (em Peruíbe, SP) teve sua licença ambiental suspensa pela Cetesb ante a proibição da instalação de empreendimentos que intensifiquem o processo de chuva ácida em até 20 km de unidades de preservação no Bioma Mata Atlântica (OLIVEIRA, 2017b). A UTE Rio Grande (em Rio Grande, RS) teve sua outorga revogada pela Aneel sob a alegação de que não há expectativa de viabilidade do projeto (ALCANTRA, 2017).