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4. Relação entre água e energia

4.7. Termelétricas brasileiras

Na Tabela 4.2 é apresentada a evolução da participação por combustíveis na matriz de energia elétrica brasileira, de acordo com a potência instalada e a quantidade de termelétricas instaladas. As centrais termelétricas brasileiras utilizam os seguintes grupos de combustíveis (ANEEL, 2018a):

 Biomassa: resíduos florestais (gás de alto forno a base de biomassa, lenha, resíduos florestais, licor negro e carvão vegetal), resíduos sólidos urbanos (biogás e carvão), resíduos animais (biogás), biocombustível líquido (etanol e óleos vegetais) e agroindustriais (bagaço de cana de açúcar, casca de arroz, biogás e capim elefante);  Gás natural: gás natural e calor de processo;

 Derivados petróleo: centrais a óleo diesel, usinas a óleo combustível, gás de refinaria e outros energéticos de petróleo;

 Carvão mineral: calor de processo, carvão mineral e gás de alto forno;  Nuclear: urânio.

Tabela 4.2. Evolução da participação das termelétricas por combustível

Biomassa Gás natural Petróleo Carvão Nuclear TOTAL

Jan/09 MW 4787 11780 4911 1455 2007 24940 Quantidade 321 119 779 8 2 1229 Ago/17 MW 14227 13026 10198 3713 1990 43154 Quantidade 539 161 2247 12 2 2961 Variação MW 197,2% 10,6% 107,7% 155,2% -0,8% 73,0 Quantidade 67,9% 35,3% 188,4% 50,0% 0,0% 140,9 % da capacidade instalada brasileira (Ago/2017) 9,2% 8,5% 6,6% 2,4% 1,3% -

Fonte: MME, 2009; MME, 2017a

4.7.1. Caracterização das térmicas por combustível

Em agosto de 2017, a participação das termelétricas na capacidade instalada total no Brasil correspondia a 28,1% (MME, 2017a). Considerando apenas as termelétricas, a participação de acordo com o combustível em 2017 é apresentada na Figura 4.12.

a) b)

Figura 4.12. Porcentagem da participação das termelétricas de acordo com o combustível utilizado: a) quanto à potência instalada (em MW); b) quanto à quantidade de usinas.

Fonte: Adaptado de ANEEL (2017)

A biomassa possuía 9,2% da capacidade instalada no Brasil em agosto de 2017 (MME, 2017a) e é o combustível com maior capacidade instalada dentre as termelétricas, como apresenta a Figura 4.12 a. O bagaço de cana de açúcar é utilizado em 74% das termelétricas a biomassa, seguido por resíduos florestais, com 9,3%.

O destino majoritário da energia gerada nessas termelétricas é o autoconsumo (MME, 2017a), sendo vendida no mercado livre apenas quando o preço de comercialização do MWh é atrativo. Assim, ainda que seja a segunda fonte de maior utilização no país, a biomassa não

possui grande representatividade de geração, ao contrário do gás natural, por exemplo, que se encontra em terceiro lugar na capacidade instalada brasileira.

O gás natural era utilizado em 161 centrais termelétricas no Brasil em agosto de 2017 (MME, 2017a), sendo a segunda maior potência instalada dentre as termelétricas, como apresenta Figura 4.12 a. Das termelétricas em operação, 70,2% tem como destino de energia o autoconsumo de eletricidade.

Cerca de 90% das centrais movidas a gás foram construídas a partir de 2002. Entre 2004 e 2010, devido à baixa disponibilidade de combustível houve um hiato da operação (ABEGAS REDAÇÃO, 2015). Em 2006, a importação de gás natural liquefeito tornou-se prioritária e emergencial (LOSEKANN, 2015), pois, de acordo com as regras atuais, o suprimento de combustível deve ser o suficiente para garantir a operação da central por longos períodos (MME, 2017b).

O suprimento de gás natural no Brasil é feito tanto por produção nacional quanto por importação, como apresentado na Figura 4.13. Em agosto de 2017, o setor com maior aumento no consumo de gás natural foi a geração termelétricas, com 9,16 milhões de m³/dia, de modo que o consumo total de gás passou de 87,6 milhões m³/dia para 97,4 milhões m³/dia. Dentre todos os consumidores de gás natural no Brasil, o setor de geração de energia elétrica correspondia a 37% em agosto de 2017 (MME, 2017a).

Figura 4.13. Balanço esquemático de gás natural no Brasil. Fonte: MME (2017a)

Atualmente, a Petrobrás é responsável por 92,2% da produção nacional de gás, além de controlar as importações terrestres e marítimas (SALES; HOCHSTETLER, 2016). A movimentação do gás no país é feita através da malha de gasodutos e transporte rodoviário (gasoduto virtual). A Figura 4.14 apresenta o mapa dos gasodutos existentes no Brasil em 2016.

Atualmente, existem três terminais de regaseificação no Brasil (Baía de Guanabara-RJ, Pecém-CE e TRBA-BA) que possibilitam a importação de até 41 milhões de m³/dia de GNL. Até 2019, existe a previsão da construção de quatro terminais: Rio Grande (RS) (ABEGAS, 2016), Suape (PE) (PORTOS E LOGÍSTICA, 2017), Porto do Açu (RJ) (BRASIL ENERGIA, 2017) e Barra dos Coqueiros (SE). Esse último será construído com o objetivo de atender a termelétrica com ciclo combinado Porto de Sergipe I, que possui potência outorgada de 1500 MW e conclusão prevista para 2020 (LAGE, 2016).

Figura 4.14. Infraestrutura de produção e movimentação de gás natural no Brasil em 2016. Fonte: Adaptado de ANP (2017)

As centrais térmicas de derivados de petróleo são as plantas em maior quantidade no Brasil, sendo 76% do total de térmica, como apresentado na Figura 4.12 b. O combustível mais utilizado dentre os derivados de petróleo é o óleo diesel, correspondendo a 96% das

termelétricas que utilizam derivados de petróleo. Apesar da grande quantidade, que chega a 6,6% da capacidade instalada brasileira (MME, 2017a), por volta de 95% das plantas em operação possuem potência instalada de até 10 MW. Cerca de 50% se encontram na região Sudeste, sendo São Paulo e Minas Gerais os estados com maior quantidade de centrais termelétricas no Brasil, com 618 e 348, respectivamente. Em terceiro lugar se encontra o Amazonas, com 140 das centrais termelétricas em operação (ANEEL, 2017).

Em termos de potência instalada, a região Nordeste possui a maior representatividade, com 31,4% do total, seguida pela região Norte, com 30% do total. O estado do Amazonas possui a maior potência instalada de termelétricas, com 17% do total, seguido por São Paulo, com 14,2% do total (ANEEL, 2017).

No Brasil existem apenas 21 termelétricas movidas a carvão mineral em operação, que correspondem a 2,4% da capacidade instalada (MME, 2017). Essa fração representa 8,6% da potência instalada das termelétricas brasileiras, sendo o contrário dos outros países do BRICS, principalmente China, Índia e Rússia.

Dentre as 21 centrais termelétricas em operação, apenas 10 centrais movidas a carvão geram eletricidade para ser comercializada no mercado (ANEEL, 2017). As centrais que utilizam calor de processo e gás de alto forno na produção de eletricidade o fazem para autoconsumo. A região sul possui 70% das centrais de carvão cuja energia é comercializada no mercado, enquanto os outros 30% estão localizadas na região Nordeste, sendo duas térmicas no Ceará e uma térmica no Maranhão. Das centrais localizadas no Nordeste, todas utilizam carvão colombiano (ABEGAS REDAÇÃO, 2012; SCALIOTTI, 2008).

Segundo ANEEL (2017), existem 32 centrais termelétricas em construção no Brasil, das quais 44% serão movidas a óleo diesel, uma a carvão mineral e seis a gás natural, onde três centrais gerarão eletricidade para autoconsumo. Além desses, existem 179 projetos com construção não iniciada, onde 68% são usinas movidas a óleo diesel. Das centrais movidas a carvão, uma será construída para autoconsumo e, das 12 centrais movidas a gás natural, duas irão produzir energia elétrica para comercialização no mercado (ANEEL, 2017).

CAPÍTULO 5