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54 9 th International Conference on Digital Exclusion in the Information and Knowledge Society

Letramentos, multiletramentos e formação de professores: práticas de inclusão de mídias e tecnologias digitais na universidade

Terezinha Fernandes Martins de Souza1, Lucia Amante2, Dulce Márcia Cruz3

1Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil e Universidade Aberta, Portugal, 2Universidade Aberta - Laboratório de Educação à Distância e Elearning (LE@D), Portugal, 3Universidade Federal de Santa Catarina - Centro de Educação, Brasil

Keywords: Letramentos, Multiletramentos, Formação de professores, Inclusão digital

A combinação de investimento tecnológico, barateamento e popularização dos equipamentos móveis e do acesso a redes sem fio tem produzido um cenário cada vez mais difundido de sujeitos de diversas idades, conectados e em comunicação constante. Com isso, as mídias digitais vêm provocando a emergência de diferentes modos de circulação da comunicação e acolhendo práticas sociais, usos, consumo, apropriação e produção (Certeau, 1994) da informação que se reconfiguram em novos espaços e eventos exigindo novas habilidades e competências. Talvez por essa razão, nunca se cobrou tanto de professores para que incorporem as mídias digitais em suas práticas pedagógicas, nunca se ofertaram tantos cursos trazendo soluções de como unir educação e tecnologias enquanto a cultura digital (Buckingham, 2010) permanece à margem da escola. Um dos principais complicadores deste cenário é que, para lidar com as linguagens hipermidiáticas e hipermodais das redes de comunicação digital na cibercultura (Lévy, 2010), são necessários modos de atuação para desenvolver e ampliar

habilidades e competências ao

produtor/autor/distribuidor que comportam trocas, interações, aprendizagens, significados e sentidos construídos coletiva e colaborativamente, de acordo com as mudanças sociais, econômicas, científicas, tecnológicas e ideológicas que ocorrem nas sociedades. O objetivo deste artigo é propor metas de formação na universidade a partir de alguns indicadores de habilidades e competências que possibilitarão a incorporação das práticas sociais permeadas pela cultura da convergência (Jenkins, 2010) na escola. Os indicadores de habilidades e competências são imprescindíveis para o entendimento dos domínios necessários à formação docente para definir o como, o porquê e o para quê fazer o uso efetivo das mídias e tecnologias digitais na educação. Estes letramentos (ou multiletramentos) compõem um conjunto de ações que alteram os modos como os sujeitos se relacionam em eventos e usos sociais com tecnologias digitais

marcadas pelo entrelaçamento, fluidez, dinamicidade e não linearidade (Souza & Cruz, 2012). Neste quadro de referências levamos em conta o modelo de multiletramentos digitais

(Selber, 2004), o modelo de

multialfabetizações (Moreira, 2010) e as competências-chave para coaprendizagem na era digital (Okada, 2014), bem como as dimensões e categorias a eles relacionadas. Os indicadores de formação de competências para os multiletramentos devem considerar dimensões ou categorias tais como: instrumental (saber prático para o uso de diversos meios, suportes e interfaces digitais), comunicativa (localizar, selecionar, analisar, recriar e compartilhar a informação em interações com outros), autogestão e auto direção (saber gerir o tempo online e físico, organização pessoal, iniciativa, adaptabilidade e flexibilidade), axiológica (valores éticos nas interações sociais, acadêmicas e escolares, regras de etiqueta online etc), cognitiva (ativação de operações de apropriação, síntese, comparação, análise, reflexão, avaliação e reconstrução pessoal do conhecimento). Pretendemos contribuir para o conhecimento nesta área baseando nossa argumentação nos resultados de uma pesquisa empírica desenvolvida com estudantes das disciplinas de Educação e Mídias (optativa para as licenciaturas) e Educação e Comunicação (obrigatória para a 7ª fase do curso de Pedagogia) da Universidade Federal de Santa Catarina – Brasil, realizada por meio de questionário online, observação e coleta de depoimentos. Dentre as ações necessárias ao processo de formação para os letramentos ou multiletramentos (Souza et al., 2013) destacamos como metas a revisão da proposta de formação dos futuros docentes para atuarem de modo competente com as tecnologias digitais junto aos alunos que crescem no ambiente dessas lógicas culturais e tecnológicas, pois os dados mostraram que os estudantes não se vêem representados na cultura escolar. A constatação vinda da pesquisa de que, nos processos formativos

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para a docência os domínios (habilidades e

competências) requeridos dos estudantes são semelhantes aos que estes fazem uso em suas práticas sociais, não nos permite mais conceber as mídias e tecnologias digitais apenas em seu aspecto técnico (acesso, posse, condições e frequência de uso) e nos coloca diante da necessidade de concebê-las como inclusão digital, para possibilitar que eles se apropriem, participem, questionem, decidam e transformem o conhecimento produzido. Como os estudantes revelam dificuldade em associar as mídias e tecnologias digitais à seriedade da formação acadêmica, ainda que elas façam parte de suas rotinas e mesmo acreditando que seus futuros alunos também serão usuários competentes, é preciso uma revisão dos currículos e da organização universitária (espaço/tempo/conteúdos/metodologias/avali ações). Finalmente, as práticas dos estudantes precisam acontecer por meio da inclusão do aprendido na universidade em situações práticas na escola, seja em estágios, pesquisas e ensino, vencendo as dificuldades e barreiras decorrentes do acesso, apropriação e uso (estruturais, funcionais, culturais, pessoais e econômicas) para a efetiva inclusão das mídias e tecnologias digitais no processo de ensino e aprendizagem na sala de aula. Esta prática na universidade deve se dar pela experimentação diária, descentramento do papel docente, promoção de espaço-tempo-recursos digitais, mediação

humana; investimento e valorização do aluno, expressão de produções críticas e criativas e desejo dos professores em criar práticas inovadoras e democráticas.

Referencias

Buckingham, D. (2010). Cultura Digital, Educação Midiática e o Lugar da Escolarização. Revista

Educação Real, 35(3), p. 37-58, set/dez. Disponível

em: http://www.ufrgs.br/edu_realidade

Certeau, M. (1998). A invenção do Cotidiano: artes

de fazer a invenção do cotidiano. Editora Vozes:

Petrópolis.

Jenkins, H. (2009). Cultura da Convergência (2ª ed.). São Paulo: Aleph.

Levy, P. (2010). Cibercultura. São Paulo: Ed. 34. Moreira, M.A. (2010). Tecnologías digitales, multialfabetización y bibliotecas en la escuela del siglo XXI. Boletín de l.a Asociación Andaluza de Bibliotecarios, n° 98-99, Enero-Junio 2010, pp. 39- 52.

Okada, A. (2014). Competências-Chave para

Coaprendizagem na Era Digital: fundamentos,

métodos e aplicações. WH!TEBOOKS: Santo Tirso,

Portugal.

Selber, S.A. (2004). Multiliteracies for a Digital Age. Carbondale, IL: Southern Illinois University Press. Souza, T.F.M., & Cruz, D.M. (2012). Letramentos e Práticas Sociais na Convergência de Mídias. Anais Eletrônicos. 4º Simpósio Hipertexto e Tecnologias na Educação – Comunidades e Aprendizagens em Rede. Recife PE.

Souza, T.F.M., Marques, Ferreira, T.F., & Cruz, D.M. (2013). Letramento Digital: levantamento de pesquisas em bases de dados brasileiras. CINTED- UFRGS. Revista RENOTE. Novas Tecnologias na

Educação. 11(3).

Massive Open Online Courses as means of improving digital inclusion

Ana Balula

Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda, Universidade de Aveiro, Portugal

Keywords: MOOC, MOOC Design, MOOC ecosystem, Reuse, Open use, Open learning,

Adaptability, Digital learning, Digital inclusion Background: Nowadays, it is widely assumed that Massive Open Online Courses (MOOCs) can be an important means for embracing social inclusion, through the development of soft skills (e.g., ICT skills, communication skills), as well as deeper understanding on specific subjects (Shrivastava & Guiney, 2014). At a first glance, MOOCs seem to meet the European recommendation to address unemployment, lifelong learning (LLL) and info- inclusion through open education (European Commission, 2013a, 2013b). Nevertheless, this conclusion can only be drawn if we assume that MOOCs:

i) aim at “mass scale upskilling” (Mystakidis & Berki, 2014) – ‘Massive’.

ii) foster open enrolment, and if ‘Open’ is understood as accessible and free of charge for everyone – low, medium or high social- economical context.

iii) empower learners as to ICT use and development. In this case, assuming that ‘Online’ stands for more than the context in which it occurs, i.e., if MOOCs tend to focus on the integration of digital artefacts into the curriculum in online environment.

iv) are more than a set of available resources, allowing for open and “partially learner-defined

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