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CAPÍTULO II- O Património Subaquático e o Turismo de Mergulho

2.2. Timor-Leste na região do Triângulo de Coral

A região do Triângulo de Coral foi estudada através dos trabalhos seminais dos biogeógrafos e paleontólogos. Foi localizada e conhecida devido a uma série de investigações sobre a «biogeografia» e paleontologia. O processo foi iniciado por Wallace de 1863 a 1919, Huxley em 1868, Weber em 1894 e Lydekker em 1896 (Veron et al., 2009, p. 92), sendo que o turismo científico ou o turismo tendo como motivo a exploração e investigação científica sobre a biodiversidade marinha aconteceu na região desde 1863.

Figura 3. A biodiversidade dos peixes recifais no Triângulo de Coral.

Fonte: CTA, 2013.

Tirado de http://archive.constantcontact.com/fs113/1108454596610/archive/1112352590310.html, em 25- 09-2015.

Ao longo das últimas décadas, os biogeógrafos tinham proposto centros de biodiversidade marinha de várias formas, todos centrados no arquipélago indonésio e filipinas. Estes

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centros tenham uma variedade de nomes: Wallacea, East Indies Triangle, Indo-Malayan Triangle, Western Pacific Diversity Triangle, Indo-Australian Arquipelago, Southeast Asian center of Diversity, Central Indo-pacific biodiversity hotspot, Marine East Indies, (Hoeksema, 2007 em Veron et al., 2009, p. 92). Repare-se que estas listas não mencionavam o coral. No entanto, o nome do Triângulo de Coral é dado pela contribuição significativa do paleontólogo americano, John Wells em 1954. Apresentou-se uma lista fundamental sobre o coral, mais do que sobre o local em que a biodiversidade marinha vive (Veron et al., 2009).

As razões fundamentais para o seu estabelecimento englobam fatores muito complexos que se relacionam a geologia, o padrão biogeográfico e a evolução de biodiversidade (Veron et al., 2009, pp. 96-98). Como fatores de perturbação ambiental poderemos inscrever a tectónica instável, a complexidade do habitat e do animal marinho, as mudanças de evolução de biodiversidade marinha, a pressão sobre as espécies juvenis, a redução da riqueza de espécies, a alteração da temperatura, a menor capacidade de resistência da biodiversidade. Em termos de evolução, esta região constitui também o centro global que pode permitir o estudo e desenvolvimento da ciência, que liga muitas disciplinas, como a taxonomia, a biogeografia e a genética (Veron et al., 2009, pp. 96- 97).

Uma resposta política a esse caso foi apresentada, preliminarmente, em setembro de 2007 em Sydney, Austrália, sendo uma iniciativa mais útil para o delineamento da região do Triângulo de Coral. Considerado essencialmente como um mecanismo para a conservação da biodiversidade de recifes de coral global (Veron et al., 2009, p. 93).

A região do Triângulo de Coral situa-se no Oceano Pacífico, composto por 76 por cento das espécies de coral e 37 por cento das espécies de peixe de recife do mundo. Esta zona abrange seis países: Indonésia, Filipinas, Malásia, Timor-Leste, Papua Nova Guiné e Ilhas Salomão (Coral Triangle Atlas [CTA], 2016). Timor-Leste é reconhecido como parte desta região, devido ao trabalho seminal de Weber que levou à denominado «linha de Weber» (Weber’s line) em 1894.9 Trata-se de um espaço que corresponde a uma gama de biodiversidade marinha e coral que corresponde a um bom ecossistema. Tal ecossistema é uma fonte para o desenvolvimento da vida humana, segurança alimentar,

9 Veja-se a figura de Veron et al., 2009, p. 92 sobre as demarcações históricas entre as regiões faunísticas

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desenvolvimento económico e protetor de desastre natural (Coral Triangle Initiative on Coral Reefs, Fisheries and Food Security [CTI-CFF], 2009).

Segundo o acordo da CTI-CFF, a área do Triângulo de Coral é definido por uma área de 5.7 milhões km2 e caracterizado, como se disse atrás, biogeograficamente, por uma alta diversidade de coral (CTI-CFF, 2009, em Cros et al., 2012, p. 2). Esta região tem uma grande potencialidade para a indústria de atum, paralelamente, sendo fonte de alimento para dezenas de milhões de consumidores em todo o mundo (CTI-CFF, 2009).

Estima-se que quase 395 milhões de pessoas vivem na zona do Triângulo de Coral, 130 milhões dependendo diretamente dos recursos como meio de subsistência e bem-estar. Por outro lado, em alguns casos, mais de 90 por cento da população depende do consumo de proteína do peixe. A região é igualmente um viveiro tanto para peixes e moluscos, que suporta as pescas comerciais. Esta área atrai milhões dos turistas cada ano, que procuram os parques marinhos puros, sítios mais conhecidos de mergulho e as praias (Cros et al., 2014). Os seus recursos marinhos saudáveis contribuem para um crescimento da indústria do turismo de natureza na região, em que se encontra o turismo de mergulho, gerando dez milhões de dólares cada ano e milhares de empregos (CTI-CFF, 2009).

A figura 3 demonstra que Timor-Leste está dentro da fronteira científica da região do Triângulo de Coral. A maioria dos recifes de coral e de biodiversidade marinha, segundo este mapa, localiza-se na zona marítima oriental (Lautém) e na zona norte, em comparação com a zona sul. Devido à boa condição de clima, os recifes de coral, a biodiversidade marinha e algumas biodiversidades desconhecidos,10 tem condições para a atividade do turismo de mergulho, o turismo de interesse pela pesca, o turismo de observação de vida marinha, de mergulho científico ou explorador, mergulho recreativo e turismo dos recifes de coral.

10“Se olharmos para um globo ou um mapa do hemisfério oriental, vamos perceber entre a Ásia e a

Austrália, uma série de grandes e pequenas ilhas, formando um grupo ligado distinta daquelas grandes massas de terra e tendo pouca ligação com qualquer um deles. Situado em cima do equador, e banhado na água tépida dos grandes oceanos tropicais, esta região tem um clima mais uniformemente quente e húmido do que quase qualquer outra parte do globo, e "adolescentes com produções naturais que estão em outro lugar desconhecido” (tradução nossa) (Veron et al., 2009, p. 91).

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