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CAPÍTULO I – O Desenvolvimento do Turismo de Mergulho e as Potencialidades

1.8. Turismo Urbano e Costeiro

Tendo sido como estudos de caso a cidade de Díli, há que enquadrá-lo no âmbito do turismo urbano e do costeiro. Díli, enquanto capital de Timor-Leste, distingue-se de

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outros municípios timorenses, por apresentar uma maior concentração de população e de concentração de possíveis turistas ou estrangeiros aí a residirem.

Uma zona urbana ou cidade atrai inevitavelmente muitos visitantes pelas suas infraestruturas e espaços públicos. De qualquer maneira, não apenas oferecendo os atrativos turísticos mas também as condições tanto para residentes como para os turistas, incluindo aos visitantes frequentes (Bauder & Freytag, 2015). A zona urbana integra os maiores residentes, negócios e o emprego (Brouder & Ioannides, 2014), difusão do capital e de investimento em turismo (Guirong & Wall, 2009).

Numa perspetiva capitalista, as cidades são muito mais dependentes dos setores privados (Öztürk & Terhorst, 2012). Savitch e Kantor (2002, cit. por Öztürk & Terhorst, 2012, p. 668) consideram que a maioria dos recursos das cidades depende do processo de negociação com investidores privados, sendo que estes reagem consoante variáveis indutores e orientadores, ou originalmente, driving e steering variables.

A variável indutora, de natureza estrutural, depende das condições do mercado e da sua integração política horizontal ou vertical que garantem o investimento e desenvolvimento. Daí que algumas cidades evidentemente são melhores e capazes nessa função de atraírem os empregos e ganharem o rendimento em comparação com outras. A variável orientadora depende, por um lado, do controlo de várias organizações, dos movimentos sociais, dos cidadãos e das suas preferências políticas. Por outro lado, dependem de uma cultura local que pode ser predominantemente materialista ou pós- materialista (Savitch & Kantor, 2002, em Öztürk & Terhorst, 2012, p. 668). Segundo Inglehart (1977 em Öztürk & Terhorst, 2012, p. 669) numa cultura materialista, a alta prioridade é dada para a segurança económica e física (crescimento económico, lei e ordem), e a cultura pós-materialista valoriza a liberdade pessoal e a autoexpressão, tomando em considerando as ideias dos cidadãos na tomada de decisões governamentais, em nome do humanismo, procurando manter um ambiente limpo e saudável.

Não se ignore que o desenvolvimento urbano e o turismo urbano têm muito a ver com a globalização. Inevitavelmente, a globalização é uma amálgama de processos que aumentam a mobilidade de capital, as pessoas, ideias e a informação (Guirong & Wall, 2009, p. 180). Muitas vezes, os gestores empenham-se a localizar as cidades com posições favoráveis no circuito global, para atrair a circulação de capital. Isto é, as cidades são os

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núcleos de encontro para a interação de processos globais e forças locais, convocando produtos, recursos urbanos e muitas pessoas. Para que atraiam a mobilidade de atividades e dos investimentos, duma maneira geral, as cidades têm que ter capacidades competitivas do mercado e uma imagem urbana. A melhoria de imagem, para ser atrativa, tem muitas formas, incluindo melhorar a qualidade do ambiente e a construção de infraestruturas (Guirong & Wall, 2009).

As cidades como cidades turísticas, conforme Spirou (2011), podem ser classificadas em três categorias, designadamente, as cidades estâncias (resorts city), cidades turístico- históricas e cidades convertidas ou remarcadas. No primeiro caso, serve os turistas devido aos ambientes naturais ou ao clima. No segundo, oferece a história passada única ou história da nação. Finalmente, refere-se às complexidades de uma nova cidade reconvertida, de forma pós-industrial. Mais claro, estas cidades utilizam o turismo como uma estratégia para desenvolvimento económico e a geradora de uma identidade urbana reformatada em relação ao passado. Quer dizer o terceiro caso está mais aberta a outras possibilidades, como a possibilidade de servir o turismo de mergulho.

Para que as cidades sejam mais atraentes, desenvolvem as suas infraestruturas primárias e até terciárias. O desenvolvimento de infraestrutura do turismo urbano diz respeito a: 1) equipamentos e serviços primários que incluem distritos históricos, culturais e entretenimentos, centro de convenções, hotéis que recebem convenções, estádios e centros de espetáculos de artes, 2) os equipamentos e serviços turísticos secundários que abrangem os alojamentos, tais como motéis ou hotéis, restaurantes, hotéis que servem de apoio a outros que organizam convenções, bem como serviços de viagem e passeio, 3) os serviços turísticos, tais como os financeiros, segurança e serviços de assistência e de emergência (Spirou, 2011, p. 105-116).

Do ponto de vista socioeconómico, as áreas urbanas são ambientes dinâmicos e acelerados, mas por outro lado sítios onde acontece uma forte desigualdade social e económica (Brouder & Ioannides, 2014). Por outro lado, no âmbito ecológico, o turismo verde no urbano é uma alternativa de promover as cidades verdes, educando as pessoas e indústrias acerca de práticas ambientais em geral (Gibson et al., 2003 em Miller, Merrilees & Coghlan, 2015, p. 27). Mais especificamente, desenvolvendo os princípios do ecoturismo, englobando a responsabilidade ambiental, a vitalidade económica local,

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sensibilidade cultural e riqueza experiencial e a sustentabilidade dentro do espaço urbano (Joppe & Dodds, 1998 em Miller et al., 2015, pp. 27-28).

Assim, há uma mudança significativa no que se chama «o processo urbano». Neste contexto, por exemplo, muitas cidades europeias têm reestruturado os seus sítios de consumo, bem como os sítios para viver e trabalhar, em que os patrimónios culturais são desenvolvidos como produtos comerciais integrados na produção do espaço público central. Estes centros urbanos desenvolvem a estratégia da marca turística. O desenvolvimento urbano a que se associa o turismo de mergulho é visto como uma nova governança urbana (Harvey, 1989 em Mordue, 2007, p. 447). Um modelo, na medida em que os intervenientes (público, privado e voluntário) estão a trabalhar fora das suas fronteiras habituais, segundo numa abordagem de integrada «governança» (Stoker, 2000, em Mordue, 2007, pp. 448-449).

O turismo urbano, nas zonas costeiras, é um turismo integrado, entre o turismo urbano e o turismo costeiro e uma oportunidade para o turismo de mergulho, se tiver potencialidades em termos de património subaquático na zona costeira.

Os turistas de áreas costeiras sempre procuram, em primeiro lugar, uma praia de areia limpa na costa, confortável, para se bronzearem, e segura para a natação (Burton, 1995, cit. por Rutin, 2010, p. 265). A maioria dos elementos atrativos é: sol, areia, e destino náutico de ilhas, em particular de litorais tropicais. Decerto, há um crescimento exponencial dos turistas que usufruem de temperaturas altas, praias de areia e águas tropicais. Como resultado, nestes casos, frequentemente, foram visitados por turistas que apenas pernoitam e os de cruzeiro (Meyer-Arendt & Lew, 2013, p. 1).

Na verdade, a diversidade de atividades relacionadas com o interesse específico dos turistas tem-se alargado, para ultrapassar a sazonalidade do turismo de massa e do produto sol. Isto é, um desenvolvimento para aumentar o rendimento, enriquecer a experiência dos turistas e melhorar a imagem de estâncias ou alojamentos no destino costeiro. Além disso, os destinos têm feito um esforço de melhorar a qualidade dos seus produtos turísticos com uma série de esquema atualizados, incluindo melhoramento de alojamento, aumento da qualidade de serviço e redesenho ambiental (Farmaki, 2012, p. 184). Farmaki (2012) analisa o desenvolvimento turístico na estratégia de diversificação dos produtos e serviços turísticos.

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"A diversificação tem sido visto como a estratégia de escolha, quando os produtos ou serviços existentes deixam de funcionar para ganhar lucros, quando a organização deseja entrar em novos mercados ou em segmentos e quando a organização decide utilizar recursos não explorados anteriormente” (tradução nossa) (Farmaki, 2012, p. 185). Em suma, as condições gerais urbanas e costeiras podem ser observadas como uma potencialidade e oportunidade do turismo de mergulho. Essas condições são: o investimento na cidade litoral, os patrimónios existentes na esfera do investimento e da atividade turística, o desenvolvimento institucional, a habitação costeira da comunidade local, a tendência do mercado turístico, a mudança de carater das empresas turísticas na área urbana litoral.