• Nenhum resultado encontrado

Tipos de bibliotecas e sua evolução

No documento O Mini-Planetário e a Biblioteca Escolar (páginas 61-70)

3. Conceito de Biblioteca

3.2 Tipos de bibliotecas e sua evolução

Livraria que uma criança possa revolver e folhear à vontade é divertida como um presépio e mais instrutiva que uma Universidade.

(Ribeiro in Boletim Cultural, 1986: 22)

As bibliotecas remontam ao 3.º milénio A.C., tendo surgido na Mesopotâmia, onde havia escribas que traçavam os caracteres em tijolos de argila que depois deixavam endurecer ao sol. Estas tabuinhas resistiam com bastante facilidade ao tempo, mas tinham o grande inconveniente de ocuparem muito espaço. Durante um grande período, adoptou-se este sistema de preservação de documentos.

Com os egípcios, passou a usar-se o papiro, cujos rolos apareciam nas principais bibliotecas da época, que exibiam, nas suas paredes, o catálogo dos livros sagrados que possuíam. A primeira biblioteca pública foi a de Atenas, fundada por Licurgo, nos anos 330 a. C. A mais célebre biblioteca da Antiguidade foi a de Alexandria (século III d.C.). Ela foi também a mais completa, possuindo cerca de 700 mil rolos.

Os romanos preocuparam-se em fundar bibliotecas. Sabe-se, por documentos, que elas existiram, mas foram destruídas, principalmente pelo fogo. São famosos os fogos que, de tempos a tempos, deflagraram na cidade de Roma, consumindo também, inevitavelmente, bibliotecas.

Na Idade Média, as bibliotecas encontravam-se, em especial, nos mosteiros. Nesta altura, os monges copistas desempenhavam o papel fundamental de transcrever os documentos antigos, com especial relevo para os religiosos. Muitos desses livros, chegados aos nossos dias, são autênticas obras-primas.

As bibliotecas podem ser de diversos tipos:

1- Bibliotecas Públicas – abertas ao público, franqueadas aos interessados, oferecendo o maior e mais variado número de elementos que satisfaçam os seus frequentadores. Merecem destaque dentro deste tipo, as bibliotecas municipais, em geral, onde se podem manusear livros e fazer requisições consoante determinadas regras. As bibliotecas públicas (também chamadas, muitas vezes, Bibliotecas Populares, pelo seu carácter de abertura a toda a comunidade) aparecem normalmente nos centros urbanos e divulgam os conhecimentos de interesse público. Estão abertas à comunidade em geral. Apresentam todos os tipos de

divulgações de interesse público e as publicações mais recentes, quer a nível nacional, como internacional.

Como tal os objectivos e fins das bibliotecas públicas servem para

“Contribuir para a preservação da qualidade de vida em todos os aspectos – educativo, económico, industrial, científico e cultural – e promover o conceito de uma sociedade democrática em que todos têm igual oportunidade de se tornarem verdadeiros cidadãos, cujas personalidades plenas e equilibradas conduzirão ao aumento da felicidade do homem e da sua consciência de si, dos seus semelhantes e do seu ambiente. Tal contributo efectiva-se através da biblioteca pública enquanto agência multifacetada de informação-educação-cultura. Ela deveria disponibilizar livremente a todos os que o solicitem os registos da experiência humana sob a forma de livros e materiais afins, promovendo e preservando assim o livre fluxo de informação e ideias” (Usherwood 1999: 21).

A elas também são atribuídos valores de liberdade intelectual, liberdade de expressão e são amiúde alvo de regimes totalitários para fazerem lavagens ao cérebro com receio das descobertas, da denúncia e da oposição. Elas são promotoras do decréscimo das diferenças sociais e registo cada vez maior de igualdades e são potencialmente um meio de estabelecer uma certa igualdade no acesso e uma certa redistribuição da riqueza de informação. Este acesso torna-se importante porque as capacidades de informação, leitura e literacia são fundamentais para as oportunidades da vida.

No Manifesto sobre bibliotecas públicas, “a biblioteca pública é o local, o centro de informação, tornando prontamente acessíveis aos seus utilizadores o conhecimento e a informação de todos os géneros” (UNESCO 1994).

As missões-chave da biblioteca pública apresentadas no Manifesto caracterizam-se pela gratuitidade e equidade dos serviços prestados no que se refere à educação, alfabetização, cultura, literacia e informação. O Relatório sobre as bibliotecas públicas em Portugal (1996) publicado por um Grupo de Trabalho, nomeado para o efeito pelo Ministério da Cultura, alerta para a urgência do preenchimento de alguns requisitos básicos, ainda não completamente assegurados nas bibliotecas portuguesas, sublinhando a necessidade das TIC serem integradas no funcionamento e na cultura organizacional das bibliotecas públicas, o que implica definir como prioridades a aceleração e conclusão do seu processo de informatização, dotando-as de sistemas de gestão integrada e de equipamentos e ferramentas informáticas actualizadas, e um grande esforço de formação dos seus técnicos. Este documento chama ainda a atenção para a cooperação e partilha entre as diferentes bibliotecas. Facilitar o acesso

à informação é um dos objectivos preconizados nas Directrizes da IFLA/UNESCO sobre os serviços da biblioteca

O acesso à informação e à sua compreensão constituiu um direito humano fundamental; existe neste momento mais informação disponível do que em qualquer momento da história mundial. Enquanto serviço público aberto a todos, a biblioteca pública tem um papel fundamental na recolha, organização e tratamento da informação, assim como na oferta do acesso a um vasto leque de fontes de informação. A biblioteca pública tem uma particular responsabilidade na recolha de informação local e na sua disponibilização imediata. O rápido crescimento no volume de informação disponível e as mudanças tecnológicas contínuas, factores que afectaram radicalmente os modos de acesso à informação, tiveram já um efeito significativo sobre as bibliotecas públicas e os seus serviços. A informação é de grande importância no desenvolvimento do indivíduo e da sociedade, sendo inegável que as tecnologias da informação conferem um poder considerável a todos quantos tenham a possibilidade de a elas terem acesso e de as utilizarem. Apesar do rápido crescimento destas tecnologias, elas continuam a não estar à disposição da maioria da população mundial, sendo cada vez maior o fosso entre ricos e pobres. Um dos papéis fundamentais da biblioteca pública consiste em reduzir esse fosso através da oferta do acesso público à Internet, assim como à informação transmitida por meio de suportes tradicionais. As bibliotecas públicas devem reconhecer e explorar as oportunidades proporcionadas pelos novos desenvolvimentos nas tecnologias da informação e das comunicações. Podem assim transformar-se nos portais electrónicos para o mundo da informação. Numa visão prospectiva, surge o conceito de

Biblioteca Actualizada, ou seja, capaz de responder aos desafios da sociedade da informação,

que acompanha os serviços tradicionais com novos serviços e tecnologias, constituindo um instrumento fundamental para a concretização local da sociedade da informação. A Biblioteca

Actualizada deve oferecer os seguintes serviços: acesso ao conhecimento humano,

independentemente da forma sob a qual foi registado; uma colecção de material impresso e multimédia para empréstimo; acesso a redes e apoio à navegação em rede e à pesquisa de informação; postos de trabalho para utilizadores; oportunidades de formação e aprendizagem aberta; um espaço físico, proporcionando oportunidades de encontro; serviços de disponibilização electrónica de documentos. A biblioteca do futuro deverá providenciar serviços em rede eficazes, que todos os cidadãos tenham acesso a qualquer tipo de informação, a qualquer momento e em qualquer lugar, reunindo, protegendo e recenseando informação. As colecções e serviços devem incluir todos os tipos de suporte e tecnologias modernas apropriados assim como materiais tradicionais.

Às missões tradicionais de promoção da leitura e do acesso à informação, com extensão aos novos suportes, cabe um papel fundamental no novo ambiente.

“Do facto de uma biblioteca passar a disponibilizar informação em suporte electrónico não decorre que a sua missão fundamental e “tradicional” de seleccionar, coligir e organizar informação, no sentido de ser disponibilizada à comunidade se tenha alterado substancialmente. Podem alterar-se os seus modos de funcionamento e alargar-se a gama de recursos, com as implicações daí decorrentes, mas no essencial a missão mantém-se” (Afonso Furtado 1999: 22).

Disponibilizando o acesso à Internet, permitindo a consulta de CD-ROMs, DVDs e proporcionando a visualização e leitura de periódicos no ecrã, a biblioteca pública desempenha um importante papel na democratização do conhecimento, dando um contributo decisivo para a inclusão social na sociedade da informação. As bibliotecas públicas passarão a ideia de uma sociedade de informação justa, onde haja equidade entre favorecidos e desfavorecidos, onde todos tenham acesso às ideias e à imaginação.

“Os serviços da biblioteca pública devem ser oferecidos com base na igualdade de acesso para todos, sem distinção de idade, raça, sexo, religião, nacionalidade, língua ou condição social” (UNESCO 1994).

Todos os grupos etários devem encontrar documentos adequados às suas necessidades.

“A sociedade da informação é uma sociedade para todos. As tecnologias da informação influenciam os mais variados domínios da vida em sociedade. As suas aplicações percorrem o espectro dos grupos sociais. Há barreiras a transpor, oportunidades a explorar e benefícios a colher. O carácter democrático da sociedade da informação deve ser reforçado. Por isso, não é legítimo abandonar os mais desprotegidos e deixar criar uma classe de info-excluídos. É imprescindível promover o acesso universal à info-alfabetização e à info-competência” (Livro Verde para a Sociedade da Informação em Portugal 1997: 13).

As bibliotecas públicas devem assim assumir uma posição privilegiada no combate à info-exclusão.

Deverão adaptar-se às novas formas de difusão do conhecimento por via electrónica, que permitem o acesso a grandes volumes de informação repartidos pelas redes digitais à escala planetária, assim como privilegiar o acesso a informação em CD-ROM, pela riqueza dos meios de comunicação multimédia envolvidos e pelo enorme volume de informação armazenada em espaço ínfimo” (Idem, 17).

A proximidade proporcionada pelas possibilidades de acesso cada vez mais diversificado e generalizado à informação e ao conhecimento disponível nas bibliotecas

públicas contribui, decisivamente, para a inclusão social na sociedade da informação. A integração das novas tecnologias nos espaços de leitura pública e consequentes impactos decorrentes engrandecem a função da biblioteca, enquanto mediadora de conhecimento e facilitadora de comunicação. Recentemente, na Conferência Bibliotecas para a vida: literacia, conhecimento e cidadania, Manuela Barreto Nunes alertou para a necessidade de as bibliotecas públicas desenvolverem serviços virtuais eficazes decorrentes da integração do uso das novas tecnologias da informação e da comunicação, numa interligação entre o real e o virtual.

Segundo a autora, a biblioteca pública deve assumir-se como agência multifacetada de informação/educação/cultura. Desde 1997, o conceito híbrido de biblioteca tem sido trabalhado no sentido de ajudar as bibliotecas no seu desenvolvimento e integração na sociedade da informação e do conhecimento. Globalmente, encaramos cada biblioteca como uma porta de acesso para as instituições do conhecimento, não negligenciando que cada uma tem a sua própria identidade e desempenha um serviço importante enquanto centro local de informação. As bibliotecas devem desenvolver projectos que visam a inclusão social de minorias étnicas. É necessários que se criem estratégias evidentes de cooperativismo, sabendo ouvir as necessidades dos seus utilizadores.

As bibliotecas públicas deverão funcionar como espaços funcionais de acesso à formação através das novas tecnologias da comunicação. Que o distante se torne próximo e que o próximo se torne distante. João Ventura refere que “em Portugal não existe uma tradição de arquitectura de bibliotecas à qual possamos recorrer no sentido de procurarmos os protótipos ou arquétipos dos edifícios das novas bibliotecas públicas que começam a povoar as nossas cidades, contribuindo, a um nível, para a revitalização urbana e afirmação de novas centralidades e, a outro nível, mais profundo, para a recuperação da noção de lugar” (Ventura 2002: 73).

2 - As Bibliotecas Eruditas – especializadas, destinadas à investigação em geral.

3 - As Bibliotecas Especializadas – bibliotecas temáticas, cujos objectivos estão em estreita articulação com as instituições e os utentes que servem, pelo que tendem a ser centros de documentação muito específicos.

4 - As Bibliotecas Nacionais, que, além de serem bibliotecas eruditas, são, por definição, repositório de toda a actividade editorial do país, graças ao Deposito Legal ou à aquisição de espécies nacionais ou relativas ao país. Elas funcionam, também, como reserva do património documental nacional.

5 - As Bibliotecas Administrativas – criadas com a função de fornecerem elementos imediatos às instituições que servem (como Parlamento, Ministérios, Municípios, serviços públicos em geral…).

6 - As Bibliotecas Infantis – destinadas às crianças, com modos de trabalhar bem específicos, relacionados com a psicologia infantil.

7 - As Bibliotecas Escolares ou de estudo – servindo especialmente os estudantes dos cursos secundários e superiores. Existem nas escolas, para uso exclusivo dos utentes dessas comunidades. Existem, dentro desta tipificação, algumas bibliotecas que se destacam por várias razões: pela sua antiguidade, beleza arquitectónica, quantidade e valor de alguns documentos que possuem, e até pelo estatuto que adquiriram ao longo dos tempos, por exemplo, a biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, a biblioteca do Instituto Superior de Agronomia, a biblioteca da Faculdade de Ciências do Porto. A par destas, outras bibliotecas merecedoras de atenção se encontram espalhadas por todo o mundo.

Algumas são consideradas muito importantes, principalmente pelo seu espólio. Destacamos, a Biblioteca do Congresso em Washington, a Biblioteca da Vaticana, a Biblioteca do British Museum, a Biblioteca Nacional de Viena de Áustria, a Biblioteca da Universidade da Sorbonne, a Biblioteca Nacional de Paris, a Biblioteca da Universidade de Oxford, a Biblioteca da Hispanic Society of América, a Biblioteca Geral de Coimbra, entre muitas outras.

Apesar da melhoria que se operou neste domínio nos últimos tempos, a realidade das nossas bibliotecas escolares/centro de recursos ainda está longe de ser a ideal. Ainda se verificam graves carências, na quantidade, mas sobretudo na qualidade, ou seja, no apetrechamento, na organização e dinamização.

Isto pode contribuir para o insucesso escolar e educativo dos alunos, já no presente, e, quando adultos, para a sua falta de gosto e motivação para a leitura e insucesso em literacia.

Não se tendo evoluído grandemente, a partir da Conferência sobre Literacia, constata- se que Portugal é um dos países mais mal cotados em quantidade de bibliotecas e sobretudo no número de volumes que elas contêm, e nas consequências que isso acarreta.

As bibliotecas escolares/centro de recursos têm um papel muito importante na progressão do saber e podem ser fundamentais para as crianças e os jovens ganharem o gosto pela leitura. Além disto, elas associam a si outros meios que cativam, nomeadamente vídeos, jornais, meios informáticos que contribuem grandemente para a divulgação dos conhecimentos e permitem o enriquecimento cultural de quem usufrui dos meios que a biblioteca possui. “A par do impulso que a edição do livro teve, graças ao contributo das

novas tecnologias, surgiram os CD-ROMs e as páginas da Internet como meios difusores de obras escritas. Não vieram substituir o livro, como muitos queriam, mas vieram preencher um espaço que os livros em papel não podem preencher: o da rapidez de acesso ao texto, por um lado, e o da grande capacidade de armazenamento, por outro” (Machado 2002: 154).

Nesta perspectiva, Chartier argumenta que “o leitor da idade electrónica pode construir à vontade conjuntos textuais originais, cuja existência e a organização dependem apenas de si. Mas pode ainda em qualquer momento intervir nos textos, modificá-los, reescrevê-los, torná-los seus” (1997: 148).

Para além disso, acrescenta:

“O universo dos textos electrónicos representará, obrigatoriamente, um afastamento em relação às representações mentais e às operações intelectuais especificamente ligadas às formas que o livro teve no Ocidente há dezassete ou dezoito séculos… os textos não são obrigatoriamente livros, nem sequer periódicos ou jornais, derivados, também eles, do codex, de redefinidas as noções jurídicas, regulamentares e biblioteconómicas, que foram pensadas e elaboradas em relação com outra modalidade da produção, da conservação e da comunicação da escrita” (Idem, 153-154).

Estas bibliotecas são mais especializadas do que as bibliotecas municipais, sendo essenciais para os alunos, que aí têm os primeiros contactos com os textos escritos. “Ir à Biblioteca não pressupõe apenas entrar e sair com livros na mão. As crianças gostam de ficar lá um pouco, folheando livros e demorando-se na sua escolha. Deixar a criança folhear e olhar os livros é uma atitude que pais, educadores e bibliotecários devem mostrar em todas as circunstâncias” (Marques 1988: 48).

Sabemos também que, em muitas zonas do país, é nelas que muitas crianças podem consultar, manusear e requisitar um livro.

Isto apesar de já se ter compreendido (os estudos apontam para aí) que a relação entre a biblioteca escolar e as aprendizagens dos alunos, pode ser de extrema importância na motivação dos alunos, e que a melhoria no funcionamento das bibliotecas constituiria um desempenho mais relevante dos alunos, na escola, e mais sucesso institucional e educativo.

Embora as escolas dos segundos e terceiro ciclos já possuam, praticamente todas, biblioteca, são muitas ainda as escolas do 1º ciclo que ainda não dispõem dela, e, se a têm, muitas vezes não está minimamente apetrechada nem é suficientemente dinamizada. Muitos dos seus materiais devem-se à disponibilidade e boa vontade de alguns professores, que os

A instituição da Rede de Bibliotecas Escolares veio ajudar a superar muitos dos problemas que afectavam a escola, neste domínio, mas ainda nos encontramos muito longe de todos os casos serem contemplados e resolvidos.

Com a implementação dos agrupamentos verticais, onde os jardins-de-infância e do primeiro ciclo se encontram inseridas, já há possibilidade de os professores destes níveis de escolaridade requisitarem materiais, em bibliotecas disponíveis, para uso nas suas aulas. Mas é preciso considerar que, não havendo hábito de dotar as bibliotecas com materiais para as crianças mais pequenas, não será de esperar que os materiais disponíveis estejam sempre adequados a todas situações. Vai, pois, demorar ainda algum tempo para que a realidade verdadeiramente se transforme.

É um aspecto que terá de ser repensado pelo Ministério da Educação, pelas Câmaras Municipais e pelas próprias instituições de ensino, exigindo-se, também aqui, uma mudança de hábitos e atitudes.

Ainda assim, o que mais preocupa nas bibliotecas escolares/centro de recursos não é só o acervo aí existente, que é importante, mas também a sua dinamização. O objectivo principal, numa biblioteca escolar, deverá ser o apoio a prestar aos jovens utentes nas necessidades que evidenciem (nomeadamente no seu apoio às aulas e às aprendizagens, em geral) e na preparação e motivação para a leitura e a pesquisa de informação, pois isso irá, mais que tudo, incutir-lhes formação e marcá-los com competências que lhes serão indispensáveis pela vida fora.

Ao mesmo tempo, a biblioteca escolar deverá preparar os alunos para que valorizem os livros, em todas as dimensões. É, igualmente importante, que eles aprendam regras básicas de consulta, processos que os poderão conduzir a uma pesquisa mais rápida e, em consequência, a uma informação mais conseguida.

Na actualidade, é frequente as bibliotecas escolares/centro de recursos apresentarem, para além dos materiais em suporte de papel, outros materiais, como diapositivos, cassetes de VHS e CDs, e os respectivos aparelhos de leitura, assim como componentes tecnológicas e informáticas que apresentam outras informações, não só permitindo desenvolver as capacidades cognitivas, mas também estimular as capacidades sensitivas e motoras, de uma maneira geral, contribuindo, como se deseja, para o desenvolvimento global de crianças e jovens. Ângela Rego diz que “a informática certamente favorece algumas experimentações na área do projecto visual, e facilita barbaramente todo o trabalho. Mas, para o livro, talvez seja só mais um instrumento: não revoluciona a linguagem” (Rego 2002 Apud Mesquita, 159). “O computador tem sido um bom companheiro. E é mais leve e descompromissado trabalhar com

ele” (Machado 2002: 160). Esta diversidade de suportes contribui para que haja mais e melhores meios de acesso à informação e para que se possam complementar uns aos outros.

Um aspecto importante, que não pode dispensar a intervenção empenhada da biblioteca escolar, é a consideração das intencionalidades apontadas pela Reforma Educativa, segundo a qual existem fortes possibilidades de se melhorarem o sucesso na escola, o trabalho na aula e as aprendizagens dos alunos, recorrendo-se a:

− Uma melhor organização da escola.

− Uma maior coordenação de todos os intervenientes educativos. − Uma mais eficaz leccionação dos conteúdos, nas aulas.

− Uma selecção adequada dos elementos mais pertinentes e essenciais, constitutivos dos programas.

− Um desenvolvimento e aplicação de estratégias de ensino-aprendizagem mais adequadas à fase de desenvolvimento dos alunos.

− Uma mais adequada dinamização da biblioteca escolar, nas suas diversas dimensões, nomeadamente no apoio a projectos.

Este empreendedorismo permite deixar que o ensino se centre no professor, como detentor de sapiência, num ensino aprendizagem, centrado nos alunos, tornando-se o professor, um simples, mas atento, orientador.

Neste sentido, o grupo de trabalho do Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares apresentou um conjunto de elementos comparativos entre os paradigmas da escola da era industrial e da escola que se pretende para o século XXI, indo de encontro à necessidade de desenvolvimento das capacidades e da autonomia dos alunos, procurando-se prepará-los para

No documento O Mini-Planetário e a Biblioteca Escolar (páginas 61-70)