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Tipos de Vinculação, Apego Materno Fetal e Percepção Vincular Materna

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6. Discussão

6.5 Tipos de Vinculação, Apego Materno Fetal e Percepção Vincular Materna

O termo vínculo significa união, com atributos de uma ligadura, uma atadura de características duradouras, além de significar um estado mental que pode ser expresso por meio de diferentes modelos e com variados vértices de abordagem (Zimerman, 2010).

A vinculação foi inicialmente investigada em crianças, com o passar do tempo e através de novas observações notou-se a importância da vinculação e que o vínculo é inerente

ao ser humano e o acompanha do início ao fim da vida. Desde o nascimento, o bebê já procura uma figura para sentir-se seguro e vincular-se (Bowlby, 2004; Bowlby, 1982, 2015).

Foram encontrados indícios que independentemente da idade as pessoas procuram uma figura de ligação para sentir-se seguras, principalmente em situações ameaçadoras (Bowlby, 2004; Bowlby, 1982, 2015). Na base da teoria dos vínculos, pode se distinguir a partir do comportamento das crianças frente a figura de vinculação três tipos de vínculos: vínculo seguro, dependente e inseguro (Ainsworth, Blehar, Waters, & Wall, 1978; Mary, Salter, Ainsworth & Bell, 1969).

A vinculação na idade adulta é parecida com a vinculação da infância, o conforto e o desejo de proximidade com a figura de ligação e ansiedade frente a possibilidade de perda fica associada ás figuras de vinculação primária (Ainsworth et al., 1978; John Bowlby, 1982, 2015; Weiss, 1991). No adulto, as relações de vinculação são simétricas e recíprocas, outro aspecto é que são contínuas e flexíveis (Ainsworth & Bowlby, 1991), como uma integração das primeiras experiências de apego.

Nesta pesquisa, foram avaliados os tipos de vinculação das participantes, apego materno-fetal e percepção vincular materna. A seguir serão apresentados os resultados das escalas respectivamente.

Quanto ao tipo de vinculação, houve diferença significativa entre os grupos com relação aos três tipos avaliados: seguro, dependente e ansioso.

O GC apresentou predominância dos vínculos seguro e dependente, as diferenças indicaram que quanto menor o nível de neuroticismo, maior o grau dos vínculos seguro e vínculo dependente. O vínculo seguro é o quanto a pessoa se sente confortável ao formar relações próximas e íntimas (Canavarro et al., 2006). E o vínculo dependente se refere a como as pessoas se sentem confortáveis ao depender de outras pessoas em situações que necessitam (Canavarro et al., 2006). Sendo assim, as mulheres do GC apresentam predominância nos vínculos seguro e dependente, indicando que se sentem seguras ao estabelecer proximidade com os outros e também acreditam que podem contar com as pessoas a sua volta.

No tocante ao vínculo ansioso, as mulheres do GE apresentaram diferença significativa com relação as mulheres do GC, as participantes do GE demonstraram maior incidência do vínculo ansioso. Sendo assim, o grupo com maior nível de neuroticismo, possui maior presença de vínculo ansioso. O vínculo ansioso indica o quanto a pessoa se sente preocupada com a possibilidade de abandono ou rejeição (Canavarro et al., 2006). Dessa

relações e acreditam que não podem contar com as pessoas quando necessário. Além de indicar uma baixa capacidade de oferecer suporte às outras pessoas (Canavarro et al., 2006), o que pode levar a certa insegurança para dar suporte ao recém-nascido.

Estes resultados corroboram a literatura que aponta o vínculo ansioso como característica do traço de neuroticismo (Gallo, Smith, & Ruiz, 2003; Kirkpatrick & Shaver, 1992; Noftle & Shaver, 2006). Ademais do traço de personalidade, o apego ansioso também foi apontado como fator de risco para o aparecimento da DPP (Axfors et al., 2017).

Conforme expresso anteriormente, o vínculo tende a acompanhar a pessoa por toda a vida (Bowlby, 1982, 2015), no entanto, desde a década de 80 são realizadas pesquisas que apontam o desenvolvimento do vínculo a começar da gravidez (Cranley, 1981; Feijó, 1999; Schmidt & Argimon, 2009; Zimerman, 2010). O apego se caracteriza como um tipo de vínculo, que pode ser observado pelo comportamento, e este pode ser considerado como um estado interno derivado de um senso de segurança estreitamente ligado à figura que mobiliza este apego (Bowlby, 1982; Bowlby, 2015)

De acordo com Cranley (1981) e Feijó (1999), o vínculo mãe-bebê inicia-se na gestação, nesta fase a mulher já passa a se familiarizar e interagir com o feto, neste período este vínculo pode ser chamado de apego materno-fetal, que é a maneira pela qual a mulher se engaja na relação com seu filho. Sendo assim, para avaliar o vínculo materno na gestação foi utilizada a Escala de Apego Materno-Fetal, apropriada para a fase da gravidez (Feijó, 1999)

No que se refere ao apego materno-fetal, não houve diferença significativa entre os grupos para esta amostra. Foi observado que o nível de apego materno-fetal não se associou ao traço de personalidade neuroticismo. Também não foram encontrados artigos publicados sobre neuroticismo e apego materno-fetal para que se pudesse comparar ou embasar estes resultados.

Contudo, considerando o ponto de corte da escala e a média dos resultados, as mulheres desta pesquisa apresentaram níveis de apego materno-fetal entre mínimo e médio, independente do traço de personalidade, não atingindo níveis alto de apego materno-fetal. Estes resultados vão de encontro aos resultados apresentados por Ruschel et al. (2013), a pesquisa realizada com 219 gestantes apontou que 83,6 % das gestantes apresentaram o nível de apego materno-fetal médio. Ao contrário da pesquisa realizada por Borges, Pinto & Mos Vaz (2015), realizada com 20 gestantes que obteve como principal resultado o nível máximo de apego materno-fetal por 90% das participantes.

Embora o vínculo com o bebê real se estabeleça a partir do parto, é muito importante que já venha sendo cultivado desde a gestação, o vínculo com a mãe é primordial para o desenvolvimento do bebê (Bowlby, 1982, 2015, Maldonado, 1976, 2013).

Nesta pesquisa, o vínculo mãe-bebê após o nascimento foi avaliado a partir da percepção vincular materna e não houve diferença significativa entre os grupos no que diz respeito a percepção vincular materna, tanto no puerpério quanto no pós-parto. Ou seja, não foi encontrada relação entre percepção vincular materna e neuroticismo, também não foram encontradas pesquisas que realizassem tal comparação para que se possa respaldar estes resultados.

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