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Foi porque eu trabalhava no DEPEC, lembra do DEPEC na Alegre? Eu não tinha escola ainda, eu queria trabalhar em escola Eu tive um tumor na cabeça,

Análise de relato oral – Auxiliar 2 – 07/12/

Auxiliar 2: Foi porque eu trabalhava no DEPEC, lembra do DEPEC na Alegre? Eu não tinha escola ainda, eu queria trabalhar em escola Eu tive um tumor na cabeça,

eu trabalhava no banco, ganhava muito bem e tudo mais, eu não tava feliz, né? Não era aquilo que eu queria, eu queria com crianças, com crianças, que eu gostava muito de crianças. Aí, o D. na época, ele era amigo do meu pai e tudo, ele: "Mas você é gerente” tem até gravação dele falando isso. “Você vai em escola, vai limpar bunda?”. Tem que limpar". Falei: “Não faz mal que tem que limpar bunda". Aí .eu falei: “Eu quero”. “Ah vai inaugurar, quando inaugurar quem sabe?” Mas, ele queria me pôr em outro lugar, tudo bem eu ia pro DEPEC, ia inaugurar já a escola. "Você tem certeza?” “Tenho". Aí fiz mudar o meu documento tal, fui pra lá porque na época era contratada né? Mudaram o documento. Só tinha eu e o guarda, creche maravilhosa, nossa a estrutura...era daquele jeito, tinha que ser em todas elas, agora é tudo adaptado, né?. Não tinha criança “Só tem eu e aí?” Não tinha diretor, né? Era a L. que ia lá, que trabalhava no departamento. Tinha acabado de fazer a escola, não tinha merenda, não tinha móveis, ainda pra você ver comecei assim, sem nada. Quando começou a vir os funcionários, eu aprendi a fazer de tudo. Por que? Primeiro porque eu não era auxiliar, era pajem. Era pajem, era registrada como pajem e depois que foi como auxiliar. Pajem, veio pajem, depois que veio servente, merendeira, essas coisas, eu aprendi a fazer tudo, a trabalhar em... e tem que ser assim, porque pra você dar valor você tem que trabalhar em todos os setores pra respeitar todo mundo, como se consegue respeitar e passar o ensino pra criança se você: "Aí eu que faço tudo, ela não faz nada". Porque isso não tinha antigamente... hoje tem muita briga e não tinha antigamente, por isso. Porque todo mundo fazia...eu lavava azulejo, eu lavava azulejo. Aí começou a chegar... a gente limpava, e passava a L. M., ela era a mais chata e olhava. Passou muitos meses, a gente lavava a janela e passava jornalzinho na janela pra brilhar, entendeu? Aí quando tava tudo perfeito, começou chegar as crianças: “O que eu vou fazer?”. Chorava, chorava, pegava no colo, não sabia o que fazer. A Te cozinhava muito bem, muito bem, que ela era cozinheira da GM, imagina? Muito bem, muito bem e ninguém queria a comida. Tinha uma funcionária: "Ah não quer, deixa". Eu pegava e comia, ou você tem paciência...é teu filho, vamos supor, saiu de você, finge, vc tá ali... É teu filho, faz carinho, começa a agradar, vai conversando, a criança comia...A T. falava assim: “Como que com ela come e com você não come?”. Aí eu ficava de volante pra fazer esta parte também. Era quanto? Umas seis, sete crianças, hoje tem trinta, né? E foi indo... tinha um que só queria o meu colo, não queria entrar na sala de aula, ficava.... Aí tinha outro, que cada um, era de um jeito, você não sabia, você ia conhecer a criança e tudo isso, eu gravo, né? “O que eu posso fazer? O que eu posso...”. Ele só quer você, você não pode ir embora que ele começa a gritar”. Eu falei: "E agora, como vamos fazer?" Ninguém sabia, tinha chiqueirinho, por causa disso, olha que esquisito pareciam uns porquinhos né? “Eles se sentem mal, ficar ali dentro sem ninguém”.

Marilda: Por conta do chiqueirinho né?

Auxiliar 2: Chiqueirinho

Marilda: As crianças ficavam muito tempo ali? V., no chiqueirinho?

Auxiliar 2: Às vezes punha ali, dava brinquedo, só pegava na hora de comer, que a gente ficava em volta. Como você ia brincar ali? Falava assim: "A gente não tem nem como ficar com contato, T.". "Eu vou resolver". Que ela era assim, você falava e ela ia atrás pra ajudar e ela via no departamento, falava: "Não, tem como tirar, tem que pôr outras coisas porque eles ficam como se tivessem numa cadeia, eles estão

inseguros, eles não conseguem ficar. Só carrinho, também não pode, tem que ter a movimentação do corpo, né?.” Tiraram os chiqueirinhos e puseram aqueles colchões, melhorou muito. Aí a gente ia pra fora tomar o solzinho da manhã, tinha os horários dos médicos. Naquela época tinha médico e enfermeira, tinha a sala dos dois e a assistente social que era a J., o médico era o M. A. e a enfermeira era a B. e eles que administravam os remédios tudo e orientava a gente, como eu não tinha filho, ele me orientava como eu tinha que fazer pra cada criança, com cada criança...engasgasse. Aí, o que começaram a fazer? Tiraram o chiqueirinho: “O que nós vamos dar? Como que a gente vai... como que eu faço pra não correr perigo, não engasgar? A gente não sabe nada”. O que o médico arrumou? Vinha bombeiro dá curso pra gente, até fiz esse curso no Alcina de primeiros socorros, tudo. Depois teve médicos que nos ensinou a ver febre, se bem que tinha o médico lá, mas se não tivesse ninguém já dava pra correr pra salvar a criança, tanto é que teve criança que deu pneumonia e não tinha febre, que é o W. que já morreu, mas não foi por isso que ele morreu, né? Aí eu fui aprendendo: "Ah não é nada, não tá nem quente". Não é por isso que não é nada, se ele tá meio quietinho, calminho...o médico falava pra mim: “Olha no olho da criança, você vai saber o que ele tem". Eu faço muito isso. “Ele tá bem, não tem nada não”. Ah, 10 minutos, pode olhar, é batata.” Não tá, ele não tá. Tá bem ele”. Pode dar convulsão, a menina deu, como que chama? Era S. o nome dela, aí o que que deu nela? Não é só convulsão, meu Deus, que ela ficou internada na UTI, a menina, entendeu? Eu corria, que eu pegava e já saia e o médico falava assim: "V., deixa as velhas lá". Cada criança todo dia examinava, toda semana. Eu dava relatório, não anotava nada, gravava tudo aqui de cada criança, do que eu...eu passava pra ele, ele me informava o que eu tinha que fazer, o procedimento e como que eu tinha que agir, com os pais, com... aí eu tinha três cadernos, que pena que levaram os meus cadernos. O pessoal que veio fazer o curso levou, três. Tudo o que ocorria, durante anos eu anotava em cada caderno, em cada caderno, de cada sala, de tudo, tudo. Quando a mulher viu meu caderno, isso era coisa minha, aí montaram, fizeram um, como é que fala? Um estudo, montaram um filme, um livro com tudo que eu tinha escrito. A T.(referindo-se a diretora) quase morreu e foram passar pra gente ainda o que eu tinha escrito, puseram o nome deles, né? Então eu fiquei muito brava, eu falei: "Caramba, pede, né?" O que que custa falar que foi a gente que fez? A T. me ajudou por que? Ela falava: "Vai fazer". Eu obedecia porque eu queria aprender....

Marilda: Isso é época de qual formação?

Auxiliar 2: Então eu queria lembrar qual era. A única que traiu a gente, ai... nome da