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Questão 2: Em relação à imagem escolhida:

4 A EDUCAÇÃO ESCOLAR E O TRABALHO: UM DIÁLOGO POSSÍVEL?

4.1 O TRABALHO E AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS

Para compreender especialmente como o trabalho evoluiu na humanidade precisamos recorrer às denominadas revoluções industriais. O capitalismo, enquanto sistema econômico e social que preconiza o trabalho assalariado e a acumulação do capital pela propriedade privada dos meios de produção, tem a partir da primeira Revolução Industrial no século XVIII, a possibilidade de consolidação de seu processo insaciável de acúmulo da riqueza para grupos cada vez menores de pessoas.

Por volta de 1770 na Grã-Bretanha, houve a substituição do capitalismo manufatureiro, pelo capitalismo industrial, o que acelerou a produtividade do trabalho, pois as máquinas que antes “eram acionadas por energia humana passaram a aplicar a energia do vapor [...]” (SINGER, 1985, p.24). O trabalhador tinha por função primordial lidar com altos fornos, a máquina a vapor, o tear mecanizado.

A chamada segunda Revolução Industrial caracterizou-se, principalmente, pela utilização da energia elétrica e dos combustíveis petrolíferos. É comumente associada à produção eficiente, enquanto sinônimo de produção em massa, padronizada e com utilização de mais tempo de operação das máquinas. “A máquina, é na verdade, a grande revolução da sociedade moderna. No momento em que, para o capital, trabalho significa apenas desprendimento de energia” (LINS, 2003, p.110).

Um momento histórico posterior diz respeito à terceira Revolução Industrial, ou revolução técnico-científica, como é mais comum designá-la atualmente. Vivenciamos as transformações advindas dessa revolução, entre as quais podemos destacar o impacto das novas tecnologias que resultam no aumento da produção pelo alto nível de informatização, equipamentos automáticos controlados remotamente (trabalho não-vivo) e como resultado negativo um número menor de trabalhadores. Ou seja, menos trabalho vivo. Neste cenário, a revolução se dá, principalmente, na estrutura da qualificação, exigindo maior domínio do conhecimento tecnológico e científico.

Como já nos referimos anteriormente, há as culturas material e a não- material; o concreto e o simbólico; a infra-estrutura dos objetos e a supra-estrutura das idéias.

Segundo Kruppa (1993), o capitalismo, enquanto sistema econômico e social, tem sua estruturação na exploração da mão-de-obra assalariada, que desde o início foi pouco a pouco tornando maior o abismo entre o proletariado e a burguesia. Essa dominação tem se apresentado historicamente de modos diferentes, mas sempre visando privilegiar a classe que detém e monopoliza os meios de produção.

Diante destas articulações das estruturas de poder, ressaltamos o lugar do trabalhador dentro desses sistemas, que se vê como alvo da exclusão social ocasionada pela busca de contínua e continuada qualificação imposta pelo avanço da ciência e tecnologia que evoluem sempre em busca do aumento de produção dos bens. Por trás disto, exige-se mais e mais conhecimento como um capital intelectual. Ações assim têm variadas consequências: a substituição do trabalho vivo, a precarização estrutural do trabalho.

Quando falamos em trabalho estamos nos referindo ao assalariado, que é criação do capitalismo. No âmbito do discurso contemporâneo, propõe-se a substituição de ter emprego pela flexibilização e empregabilidade, retirando do trabalhador o direito ao emprego, símbolo maior de sua aspiração de identidade. Isso porque a empregabilidade significa, na prática, “melhores condições de competição para sobreviver na luta pelos poucos empregos disponíveis” (GENTILI, 2002, p.54).

Com isso, é necessário entendermos e refletirmos sobre a lógica da sociedade capitalista. Ou seja, aquela onde a produção é dominada pelo capital, onde ocorre a acentuada precarização do trabalho humano e a apropriação dos resultados desse trabalho por aqueles que são proprietários dos meios de produção.

Esse modelo de produção, que tem como motor a geração incessante do lucro e do capital, domina também as relações de poder, influindo profundamente nos governos e na política, continuando a existir sempre um pequeno grupo mais abastado que é detentor dos meios de produção e um grupo bem maior realizador do trabalho que vai produzir cada vez mais a riqueza para as chamadas classes dominantes.

Dessa forma, o capitalismo veio substituir o modelo feudal, favorecendo a organização de um espaço social marcado por uma nova classe – o comerciante, o produtor fabricante, o futuro banqueiro - que se esforça para obter conquistas no plano econômico. Outra característica que diferencia o capitalismo de todos os outros modelos de produção que o precederam está ligada ao fato de que este se

constitui em um “[...] modo de produção mercantil onde a produção se organiza não mais em função do valor de uso, da utilidade, do consumo dos bens para seus produtores, mas em função do valor de troca, uma produção para a produção”. (FRIGOTTO, 1993, p.77).

Não faz tantos anos, ocorreu a tentativa humana de se ter outra opção política diferente do capitalismo: a do socialismo. Não há como negar que as últimas gerações assistiram ao desmoronamento do que chegou a representar uma utopia para muitos: o final da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) em 1991, quando doze das quinze repúblicas declararam independência.

Antes, especialmente após a II Grande Guerra Mundial, o mundo vivera sob a denominada Guerra Fria, quando os Estados Unidos da América de um lado e a URSS de outro se portavam como competidores, litigantes, adversários, antagonistas. Foge às nossas possibilidades analisar as razões que levaram às vitórias sucessivas do capitalismo, derrotas do socialismo e opções afins. Mas podemos dizer que são valiosas e insubstituíveis algumas reflexões como as de Marx e Engels.

A teoria marxista que contém uma das mais completas análises acerca do funcionamento do capitalismo, teve no filósofo alemão Karl Heinrich Marx e em Friedrich Engels, seus principais formuladores, procura compreender como o modo de produção capitalista possibilita a acumulação do capital.

O trabalho, que tem posição central nas obras de Marx, é compreendido, em especial, a partir de sua acentuada divisão social, que distingue os homens em trabalhadores aptos a pensar (trabalho intelectual) e trabalhadores aptos a executar (trabalho manual), sendo essa divisão social do trabalho que acarreta a alienação na própria dialética do trabalho.