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Após as sessões nas escolas, as investigadoras pretenderam estender esta dinâmica de grupo para as

seguintes etapas do projeto. Deste modo, decidimos adotar o conceito do mapa elaborado para o jogo de

tabuleiro para o desenvolvimento da narrativa. Desenhamos um esboço do mapa sobre folhas de papel de

cenário e começamos por anotar as novas ideias que surgiram nas sessões, bem como apontar eventos que

poderiam contar com as contribuições das crianças (Figura 41). Assim sendo, a narrativa sofreu diversas

alterações, que serão apresentadas no subcapítulo seguinte.

Figura 41: Esboço do mapa (2018).

Uma vez definido o corpo da narrativa, passamos à elaboração de um storyboard final. Começámos por

desenvolver um esboço de storyboard em que todas desenhávamos ao mesmo tempo sobre papel de cenário.

Este primeiro esquisso contou com desenhos simplificados das ações e espaços, tendo em conta os

enquadramentos. Como sofreu várias alterações, este storyboard foi muito rasurado, incluindo várias anotações

sobre os desenhos, tornando-se quase ilegível; foi então necessário elaborar uma versão mais limpa.

Para esta fase, dividimos a totalidade do storyboard inicial pelos cinco membros do grupo. Desta forma,

coube a cada membro do grupo desenhar uma parte do storyboard de forma a tornar legível os esboços iniciais.

Para esta tarefa, foram utilizados pedaços de papel, com cerca de 8 por 12 centímetros de tamanho, para

desenhar cada um dos quadros do storyboard. Após finalizados, colámos todos os painéis sobre uma folha de

papel de cenário, de forma a que pudessem ser facilmente retirados quando necessário (Figura 42). Este método

permitiu que os quadros pudessem ser reorganizados e trocados rapidamente de modo a obter um storyboard

objetivo e coeso. Mais tarde acabámos por acrescentar alguns outros painéis e também post-its com algumas

informações. Posteriormente, os desenhos foram fotografados e foi organizado um storyboard em formato

digital, mais claro e limpo, de forma a torná-lo acessível a todos os membros do grupo (Anexo V).

Figura 42: Produção de storyboard (2018).

Com a conclusão do storyboard, foi necessário realizar o colorscript

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da animação, elaborando estudos

de cor dos momentos mais importantes da narrativa (Figura 43). De uma forma semelhante ao storyboard, o

colorscript foi também dividido de igual forma pelos cinco elementos do grupo. Uma vez que a história começa

durante a tarde e termina à noite, foi necessário pensar nas mudanças do cenário em termos de cor e luz. De

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Colorscript é uma coleção de pequenas pinturas em miniatura ou renderizações digitais do esquema de

cores que fazem parte de um filme de animação (MacLean, 2011).

acordo com as opiniões das crianças durante as atividades nas escolas, caso se encontrassem nesta floresta,

teriam uma grande vontade de a explorar de imediato. Por este motivo, durante as primeiras cenas, as cores da

floresta são mais vivas e saturadas, como laranjas e amarelos, que refletem o entusiasmo das crianças. À medida

que o tempo passa e o sol se põe, as cores começam a ganhar tonalidades cada vez mais escuras. O momento

mais assustador é quando cai a noite e a floresta assume tons escuros de azul e roxo, de modo a retratar o medo

das crianças. Além disso, o colorscript serviu para definir as cores dos momentos mais dramáticos ou

emocionais, de forma a transmitir os sentimentos das personagens.

Figura 43: Colorscript (2018).

De seguida, prosseguimos para o design dos adereços de cenários. A maior parte destes adereços teve

inspiração no jogo de tabuleiro com as crianças; muitas apontaram quais eram as plantas que achavam mais

“fixes” ou “esquisitas”. Os cadáveres esquisitos elaborados pelas crianças foram também tidos em conta. Deste

modo, cada um dos membros da equipa ficou responsável por um local da narrativa. Devido à diversidade da

floresta, cada zona tem a sua própria flora (Figura 44), existindo um ambiente mais realista, outro mais vivo e

bizarro, um outro mais pantanoso e, por último, o mais escuro e assustador, em que as plantas têm as formas

mais ameaçadoras. Existe também uma curta instância de um ambiente “pseudo-aquático”, constituído por

fauna que relembra recifes de coral, com tons mais rosados. Estes adereços foram posteriormente organizados

numa espécie de inventário, de forma a criar referências para os cenários finais, agilizando o processo de

criação dos mesmos.

Figura 44: Amostra de adereços de cenários por Adriana Bica, Sara Covelo e Sara Costa (2018).

Definidos todos estes objetos de pré-produção, deu-se início à elaboração de layouts

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para começar o

processo de animação (Figura 45). Nesta fase, transportaram-se os desenhos de ambientes de storyboard para

a escala final, aperfeiçoando os enquadramentos. Mais uma vez, houve uma igual repartição dos layouts entre

os membros do grupo. Com estes layouts foi também elaborado um animatic mais completo. Estes também

fizeram a ponte para os cenários finais, que se tornaram num dos maiores desafios deste projeto. Uma vez que

é necessária uma coesão visual que ligue todos os cenários, foi necessário definir um conjunto de regras para

representar elementos como folhas ou troncos. Depois de várias tentativas, com a elaboração dos cenários a

linguagem visual do grupo ficou claramente definida (Figura 46).

Figura 45: Exemplos de layouts por Lina Dantas e Sara Covelo (2018).

Terminada a elaboração de todos estes objetos, deu-se então início ao processo de animação, onde se

pretendeu incluir várias das ideias das crianças. Devido a limitações de tempo, o grupo optou por animar apenas

uma cena, planeando-se elaborar as restantes cenas posteriormente. Foi assim escolhido um fragmento do

storyboard, que conta com os painéis que vão do número 197 ao 211 (Anexo V). A decisão de animar esta

cena teve a ver com a importância que esta tem na história, visto que corresponde ao momento em que

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Layout é o desenho que define a composição de uma determinada cena; indica onde todos os elementos

estão colocados e posicionados em relação uns aos outros e ao cenário (MacLean, 2011).

Ferrinhos, Márcia e Dani encontram e caem dentro do lago, reunindo-se depois com Aida e Neves. Este lago

é também mágico: no seu fundo, existe uma espécie de gruta, e as personagens conseguem caminhar sobre a

água do lago invertido (Anexo V). Deste modo, a principal ação desta cena foi a queda das personagens para

dentro de água. Foi também necessário pensar na forma de animar elementos de cenário que ajudassem a

transmitir o dinamismo da ação, como as bolhas que se formam à volta das personagens à medida que estas

viajam até ao outro lado do lago.

Figura 46: Exemplos de cenários por Sara Costa, Lina Dantas e Adriana Bica (2018).