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Este capítulo apresenta alguns trabalhos que estão relacionados com esta pesquisa. O trabalho de Benitti (2017) que trata do que deve ser lecionado em Engenharia de Requisitos. Calazans et al. (2017a) que traça um paralelo entre o perl do analista de requisitos na perspectiva da academia e indústria. Uma revisão sistemática, feita por Inayat et al. (2015) que demonstra os desaos e prática da Engenharia de Requisitos. Andrade et al. (2008) que cria uma proposta de ensino para disciplina de Engenharia de Requisitos. Por m, o trabalho de Minor e Armarego (2005b) sobre um currículo de Engenharia de Requisitos com um olhar nas práticas da indústria.

7.1 Proposta de Benitti (2017)

O trabalho de Benitti (2017) foca no ensino de Engenharia de Requisitos. A autora arma que a Engenharia de Requisitos na indústria é prejudicada pela má compreensão de suas práticas. Por isso, deve-se haver um esforço para o ensino dessa área. No artigo a autora elenca tópicos que devem ser ensinados durante a disciplina. Para essa nali- dade, a pesquisa envolveu diretrizes curriculares, planos de aulas, documentos relativos a certicação da área de requisitos e análise de survey entregue a 25 empresas.

Na análise de perspectiva acadêmica foram analisados alguns currículos disponíveis a m de identicar que temas são ensinados. Planos de ensino foram analisados para identi- car o que realmente estava sendo lecionado na universidade. Na perspectiva prossional, a autora analisou o que é exigido, de conhecimento, para certicações da área. Por exemplo: (a) Conhecer os sintomas e as causas de uma Engenharia de Requisitos inadequada, (b) Conhecer diferentes tipos de fontes de requisitos, (c) Conhecer o signicado da validação de requisitos e de conitos relacionados a requisitos.

Um survey foi entregue a prossionais da indústria, baseado na criação de Fernandez et al. (2017). Na pesquisa haviam questões relativas ao modelo de desenvolvimento uti- lizado, quantidade de requisitos por projeto, documentação de requisitos não funcionais,

gerenciamento de mudanças e rastreabilidade. Com base na análise de todos os dados e artefatos foram elencados 6 tópicos e 38 subtópicos que devem ser ensinados na acade- mia. Por exemplo: O tópico de Fundamentos de Requisitos de Software com os conteúdos (subtópicos) de denição de requisitos, níveis de requisitos, características, requisitos de qualidade, restrições entre outros.

A autora constata que na perspectiva acadêmica , em sua análise, a maioria não pos- suía uma disciplina especíca de requisitos. Na perspectiva industrial as empresas não possuem um elevado grau de maturidade para gerenciamento de requisitos. No paralelo entre empresa e academia foi percebido diferenças nos modelos de especicação de requi- sitos utilizados e nas técnicas de elicitação. Enquanto na indústria se foca em histórias de usuário e Entrevistas, na academia se vê diagrama de caso de uso e Diagrama de uxo de dados, por exemplo. Conclui-se que falta sincronia entre os dois contexto bem como a necessidade de tornar mais simétrico o processo de requisitos encontrado na academia e na indústria.

7.2 Proposta de Calazans et al. (2017a)

No trabalhos de Calazans et al. (2017a) os autores realizam uma análise de anúncios de internet sobre vagas de emprego para analista de requisitos nos anos de 2015 e 2016. No trabalho, foram identicados os conhecimentos segundo a literatura além de habilidades e atitudes para o prossional que fosse concorrer a vaga.

Para extração dos dados relativos ao conhecimentos necessário de um Engenheiro de Requisitos, foi feita uma revisão na literatura e 8 artigos foram selecionados. Os dados relativos às competências exigidas pelo mercado foram obtidos através de um site de anúncio de vagas. Na análise dos dados da literatura foram identicados um conjunto de informações relativas a:

• Conhecimento: gerenciamento de projetos, técnicas de elicitação, especicação e documentação, entre outros;

• Habilidades: comunicação oral e escrita, habilidade de negociação, resolução de con- itos, entre outros;

• Atitudes: empatia, organização, agilidade e foco, entre outros.

ao conhecimento exigido, habilidades esperadas e as atitudes necessárias: 74% dos anún- cios exigem um ensino formal acadêmico, 79,27% não exigem o conhecimento de uma segunda língua, apenas 6% das empresas são de grande porte. É exigido conhecimento em UML, banco de dados, SCRUM e Metodologias ágeis em sua maioria. Quanto às habili- dades foram elencadas boa comunicação verbal e escrita, organização e planejamento por exemplo. Nas vagas era exigido um grau de experiência em levantamento de requisitos, análise e modelagem de dados, por exemplo. Quanto às atitudes 25% exigiam pensamento analítico, aproximadamente 17% organização e 11% proatividade, entre outras.

Os autores concluem a análise relatando que grande parte das competências descri- tas na literatura são encontradas nas vagas de emprego. Contudo, é citado que existem algumas diferenças entre academia e indústria e que isso deve ser melhor alinhado.

7.3 Proposta de Inayat et al. (2015)

No trabalho de Inayat et al. (2015) os autores mapeiam as evidências disponíveis na literatura na perspectiva da área de Engenharia de Requisitos. Neste trabalho, os autores apresentam as práticas adotadas, os desaos encontrados na área e mapeiam problemas que eram comuns nas metodologias tradicionais e que foram resolvidas com o surgimento das metodologias ágeis. Estes problemas estão relacionados com o processo de Engenharia de Requisitos.

Para extração dos dados os autores realizaram a revisão da literatura dos anos de 2002 a 2013 e identicaram 21 documentos. Na análise os autores identicaram um conjunto de práticas totalizando 17. Entre elas estavam, histórias de usuário, requisitos interativos, gestão de mudança e gerenciamento de requisitos por exemplo.

No artigo os autores identicaram alguns desaos que foram resolvidos com o surgi- mento e adesão das empresas a metodologias ágeis. Um total de 5 desaos foram supera- dos. Entre eles: problemas de comunicação que foram resolvidas com reuniões presenciais frequentes. Em ágil existe a cultura de se promover comunicação frequente o que reduz os problemas com comunicação (SOMMERVILLE, 2004). Outro problema superado é o de

validação de requisitos que foi superado pela atividade de priorização de requisitos. Em ágil os requisitos são priorizados em cada interação o que torna o processo contínuo e mais seguro (KARVONEN et al., 2017).

Ainda existem alguns desaos no processo ágil que envolve requisitos e estavam pre- sentes nos artigos analisados. Foram listados no trabalho um total de 8. Foram eles do-

cumentação mínima, disponibilidade do cliente, arquitetura inapropriada, estimativa de tempo e orçamento, negligência de requisitos não funcionais, acordo com o cliente, limi- tações contratuais e mudança de requisitos.

7.4 Proposta de Andrade et al. (2008)

No trabalho de Andrade et al. (2008) os autores relatam que a quantidade de horas dispostas para o ensino de Engenharia de Software é insuciente dada a quantidade de conceitos que a área tem. Para tentar resolver esse problema, foi desenvolvido uma me- todologia de ensino que inclui discussão e trabalhos práticos em paralelo com o ensino teórico, nos cursos de Ciências da Computação.

Na metodologia dos autores as atividades foram classicadas em intra e extra classe. Intra-classe seriam realizadas em sala de aula e envolve aulas expositivas, atividades em sala e discussão em grupo. Extra-classe seriam desenvolvidas fora da aula para comple- mentar o ensino e com a ajuda de um monitor. O projeto a ser desenvolvido na disciplina foi uma aplicação para dispositivos móveis.

Os monitores desempenham um papel importante na metodologia apresentada. Além de acompanhar os alunos em casa eles eram responsáveis por dar aulas voltadas para a linguagem e ferramentas escolhidas pelos alunos para implementação do projeto. Nesse contexto a metodologia dos autores era composta por: atividades em grupo, interação com o monitor e professor, uso de ferramentas, práticas de um modelo de processo de software e avaliação equilibrada.

Para organizar o processo, um conjunto de artefatos foi exigido para cada atividade no processo de desenvolvimento. Por exemplo: o plano de projeto na área de Gerenciamento de projetos, a especicação de requisitos na área de Elicitação e Análise de Requisitos e o plano de teste na área de Testes.

Com a utilização da metodologia, os autores declaram que por parte dos alunos notou- se um maior preparo e conhecimento das práticas de engenharia de software. A apren- dizagem adquirida foi mais consistente e deu a noção de importância que as práticas possuem.

7.5 Proposta de Minor e Armarego (2005a)

No trabalho de Minor e Armarego (2005a) reforça-se que as pesquisas mostram os re- quisitos como a raiz dos problemas nos ambientes de desenvolvimento. Uma possível causa para isso estaria na educação. Logo, a falta de alinhamento entre academia e indústria. Neste trabalho os autores analisam os currículos de informática, sistemas de informação e engenharia de software além de realizar uma comparação com o que é observado na indústria.

A partir de uma análise da literatura, os autores elencam quais conhecimentos e habi- lidades são essenciais para um Engenheiro de Requisitos. Como atividades apresentaram entre outras o estudo de viabilidade, determinação, análise, documentação e vericação. Como habilidades, por exemplo, estavam gerenciamento de informação, comunicação e estratégias para solução de problemas.

Para coletar dados sobre as perspectiva da indústria, os autores realizaram 13 entre- vistas com seis organizações, além de um questionário que foi estruturado com base na revisão da literatura sobre habilidades, conhecimentos e características pessoais.

Na análise os autores identicaram um grau elevado de conformidade entre os currícu- los e a expectativa dos prossionais entrevistados no que diz respeito ao que aprender e o grau de conhecimento. Contudo, as áreas de processo de requisitos, estudo de viabilidade e gerenciamento de requisitos parecem ser negligenciadas nos currículos modelos disponí- veis. A academia está formando prossionais para a indústria? questionam no trabalho.

Estima-se que apenas 2% das lições de sala estão voltadas para atividades de requi- sitos. Ou seja, faltam atividades que dêem aos alunos uma maior experiência sobre a área. Nas áreas de comunicação e escrita, foi percebido uma fraqueza e levantada a ques- tão sobre como isso pode ser explorado nos currículos. É expressado que, embora exista uma conformidade nos conteúdos e expectativas recomendadas, os graduados parecem não dispor de conhecimento de forma satisfatória.

Concluindo, os autores conrmam a necessidade de atualização dos currículos levando em conta as necessidades da indústria bem como de enfatizar essas atividades. Como dito por Minor e Amarego (2005), a melhoria da educação leva a melhores processos de software e a construção de sistemas que realizem exatamente o que o cliente necessita.

7.6 Semelhanças e Diferenças

Na tabela 17 estão as diferenças e semelhanças entre o trabalho que está sendo desen- volvido e o dos autores aqui citados. No próximo capítulo é apresentado as considerações nais deste trabalho de dissertação.

Tabela 17: Semelhanças e diferenças entre os trabalhos Trabalho Semelhanças Diferenças

(BENITTI,

2017) Ambos trabalhos identica-ram tópicos ensinados na disciplina de ER em Univer- sidades.

Enquanto a autora listou tópicos (roteiro da disciplina) que devem ser ensinados, essa dis- sertação identicou, além disso, recomenda- ções de como ensinar, que aspectos de ensino devem podem ser melhor abordados. Além disso, a identicação dos tópicos utilizados na dissertação foi realizada através do envio de surveys para professores e engenheiros de requisitos.

(CALAZANS et al.,

2017a)

Ambos trabalhos buscam alinhar assuntos da indús- tria que podem ser visto na academia. Ambos utili- zaram abordagem de sur- vey.

Para essa dissertação foi utilizado um survey voltado para engenheiros de requisitos sobre sugestões de ensino que possam ser integra- das ao planejar a disciplina além da listagem de atividades que exercitem as habilidades, conhecimentos e atitudes exigidas.

(INAYAT et al., 2015)

Ambos trabalhos Identica- ram desaos no processo de requisitos na indústria.

O contexto da pesquisa foi no Brasil. Nessa dissertação, os dados foram obtidos através de um survey voltado para Engenheiro de Requisitos. Além disso, identicamos desa- os na academia enfrentados por professores da disciplina.

(ANDRADE et al., 2008)

Como os autores listamos atividades de diversas meto- dologias para diversicar o ensino.

Nessa dissertação, a pesquisa foi realizada considerando a disciplina de Engenharia de Requisitos, diferente da autora que focou em Engenharia de Software, dada a necessidade de estudos identicados na pesquisa.

(MINOR; ARMA- REGO, 2005a) Vericamos os currículos de algumas universidades do país para identicar tópicos da disciplina.

Nessa dissertação, listamos atividades para exercitar o tópico de documentação de requi- sitos considerado pela indústria como um dos principais desaos.