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A análise da trajetória acadêmica dos assistentes sociais entrevistados nesta pesquisa, vivenciada no contexto da formação profissional, permitiu compreender melhor o posicionamento teórico/metodológico - indicativo teórico-ideológico da realidade vivida e

representada na e pela consciência desses agentes profissionais, articulado de forma indissociável as demais dimensões ético-política, técnica-instrumental e investigativa que fundamentam a atuação profissional –“atividade socialmente determinada pelas circunstâncias objetivas que dá uma direção social a prática profissional” (IAMAMOTO; CARVALHO, 2012, p.80).

Neste viés deu-se a aproximação e conhecimento da trajetória profissional desses sujeitos nos espaços-ocupacionais da educação. Buscou-se apreender como foi o processo de formação acadêmica; quais os mecanismos utilizados na formação; e a própria trajetória realizada desde a formação acadêmica dos profissionais à inserção destes profissionais nas instituições que atualmente trabalham.

Conhecer o percurso da formação ao exercício profissional possibilita a análise mais aprofundada da postura profissional dos pesquisados, uma vez que o domínio teórico- metodológico adquirido no processo formativo oferece subsídios para uma atuação profissional de qualidade, comprometida e competente.

Observa-se, atualmente, como já discutido, uma grande inserção do pensamento pós- moderno e conservador na formação acadêmica, através das instituições superiores de ensino nos diversos cursos, inclusive no Serviço Social - já produtos da concepção neoliberal capitalista -, o qual não se caracteriza como exceção desta situação. Embora tenha as Diretrizes Curriculares para o Curso de Serviço Social (1996) que orientam a formação de um determinado perfil de profissionais de Serviço Social com diretrizes e princípios que implicam numa capacitação técnica/operativa, teórico-crítica e compromissos ético-políticos e possibilitem a “apreensão crítica do processo histórico como totalidade; o que vem se observando é uma:

Visão ahistórica e focalista tende a subestimar o rigor teórico-metodológico para a análise da sociedade e da profissão, - desqualificado como “teoricismo” - em favor das visões empiristas, pragmáticas e descritivas da sociedade e do exercício profissional, enraizadas em um positivismo camuflado sob um discurso progressista de esquerda. Nessa perspectiva, a formação profissional deve privilegiar a construção de estratégias, técnicas e formação dehabilidades – centrando-se no “como fazer’ – a partir da justificativa que o Serviço Social é uma “profissão voltada à intervenção no social”. Esse caminho está fadado a criar um profissional que aparentemente sabe fazer, mas não consegue explicar as razões, o conteúdo, a direção social e os efeitos de seu trabalho na sociedade. Corre-se o perigo do assistente socialser reduzido a um mero “técnico”, delegando a outros - cientistas sociais, filósofos, historiadores, economistas, etc. - a tarefa de pensar a sociedade. O resultado é um profissional mistificado e da mistificação, dotado de uma frágil identidade com profissão. Certamente o Serviço Social é uma profissão que, como todas as demais, envolve uma atividade especializada - que dispõe de particularidades na divisão social e técnica do trabalho coletivo - e requer

fundamentos teórico-metodológicos, a eleição de uma perspectiva ética e a formação de habilidades densas de política. (IAMAMOTO, 2004. p.8/9)

Tem-se, então a importância de compreender os fundamentos teórico-metodológicos, valores e pressupostos ético-político presentes no processo formativo dos assistentes sociais que alimentam as dimensões prático-sociais inerentes à intervenção da profissão. Nesta análise tem-se presente que esse processo formativo vem se distanciando, em razão das influências neoliberais “pós-modernistas” de ensino, da análise numa perspectiva critica, que possibilite apreender seu exercício profissional muito além de “técnicas e instrumentos”.

Significa compreendê-lo no contexto da ordem burguesa, reconhecendo suas causas primárias, princípios e seus fundamentos a partir das relações constituídas em suas bases econômicas, políticas, sociais e culturais, e, de igual forma, as programáticas de ação utilizadas pelo grande capital, suas necessidades sociais, as quais, por meio de um conjunto de mediações, transformam-se em requisições e demandas para o exercício profissional. Implica, portanto, para o profissional um aprimoramento da dimensão teórico-metodológica, em função de sua continua e provisória aproximação histórica com realidade.

Embora, tenha tido a ruptura com o histórico conservadorismo e a legitimidade alcançada pelo pensamento marxista no Serviço Social contemporâneo, vem se ampliando as interferências de outras perspectivas teórico metodológicas, em sua particularidade aponta-se a influência do pensamento pós‐moderno e neoconservador e das teorias herdeiras da “perspectiva modernizadora” (NETTO, 2010). Esse processo vem reatualizandoàs leituras conservadoras da sociedade e da profissão proporcionando relações pedagógicas tradicionais apenas com “novas roupagens” carregadas de “um positivismo camuflado sob um discurso progressista de esquerda”.

Por isso, a importância de apreender essa formação acadêmica e profissional para materialização de um exercício profissional direcionado ao perfil de emancipação, isto é, relacionado ao projeto ético/político profissional, pois “somente a mediação do projeto profissional (concepção de profissão, valores, objetivos) a formação profissional pode proporcionar a qualificação de profissionais capazes de reconhecer implicações ético- políticas” (GUERRA, 2002, p.12).

Levado em consideração essas questões, os aspectos destacados abaixo no Gráfico I foram eleitos como importantes 06 (seis) atividades para analisar a trajetória acadêmica dos pesquisados (pesquisa, extensão, monitoria, movimento estudantil, estágio não obrigatório e emprego), assim como em sua trajetória profissional foram abordados 05 (cinco) dos aspectos (especialização, mestrado, docência em Serviço Social, participação em conselhos e outras

graduações). Inicialmente, a análise detém-se na trajetória acadêmica e, em seguida, baseado na análise da primeira, deu-se uma aproximação e apreensão da trajetória profissional.

Apresentam-se, então, os seguintes aspectos:

Gráfico 1- Trajetória acadêmica e profissional dos assistentes sociais nas instituições de ensino.

Fonte: Elaboração Própria – elaboração primária.

Um olhar sobre o gráfico acima indica que a pesquisa, uma das funções fins da Universidade, articulada ao ensino e a extensão não se constituíram atividades centrais na vida dos assistentes sociais pesquisados durante sua formação acadêmica. Dentre os 08 (oito) assistentes sociais, apenas 02 (dois) informaram da sua participação durante a graduação em grupos de pesquisa, 01(um) em monitoria e nenhum em extensão. Estes dados demonstram um distanciamento dos profissionais dessas atividades, as quais permitem maior completude ao estudo de determinadas temáticas ofertadas pelo curso, que tanto potencializam o desenvolvimento acadêmico através da pesquisa, da monitoria, como permitem a relação da academia com a sociedade, através da extensão, enriquecendo a formação acadêmica/profissional e permitindo uma relação à formação-ensino/exercício profissional- prática. Compreende-se que a:

Relação entre ensino e prática no processo formativo tem como mediações privilegiadas a pesquisa e os elementos da cultura profissional, de modo que o desafio é o de como formar profissionais pesquisadores e como bem utilizar os espaços privilegiados para a instrumentalização do aluno ou como capacitá-lo para utilizar-se do acervo técnico-instrumental produzido(...) de maneira consciente e critica, de modo a levar o futuro profissional a pensar nas implicações éticas- políticas da utilização de determinados instrumentos, e técnicas. (GUERRA, 2000, p.159) 0 1 2 3 4 Pesquisa Monitoria Extensão

Movimento estudantil ou outros Estágio não‐obrigatório

Emprego durante a graduação Especialização

Foi ou ainda é professora de Serviço Social Mestrado

Participa ou participou de Conselhos Outras graduações

A aproximação de maneira indissociável da pesquisa, extensão61 permitem o aprofundamento da dimensão teórico/metodológico da profissão, extremamente importante para a formação profissional, pois possibilita superar o diálogo separatista entre a teoria e a prática, uma vez que promove as primeiras reflexões e identificações da realidade concreta sob a perspectiva de análise que as compreendam, como também, fornece o enriquecimento da teoria por meio da análise da realidade, de forma a “conhecer o mais aproximadamente possível a realidade na qual atua, de maneira continua, provisória, aproximativa e histórica, para o que tem que desenvolver sua dimensão intelectual” (GUERRA, 2002, p.9)

Destaca-se a ausência da monitoria, uma das experiências não vivenciada pelos assistentes sociais pesquisados na sua trajetória acadêmica, que implica uma dimensão formativa, através da qual todos os assistentes sociais são potencialmente competentes para atuar na formação profissional como docentes, segundo a lei 8.662/9: Art° 5. “assumir, no magistério de Serviço Social tanto em nível de graduação como pós-graduação, disciplinas e funções que exijam conhecimentos próprios e adquiridos em curso de formação regular”; constituindo-se uma atribuição privativa legalmente responsabilizada aos assistentes sociais.

Embora não tenham vivenciado a atividade de monitoria constatou-se que dentre os 08 (oito) assistentes sociais pesquisados 04 (quatro) assumiram a função de professor substituto ou ainda ministram aulas em faculdades privadas. Este dado demonstra um aspecto importante na trajetória acadêmica/profissional desses profissionais, o seu processo formativo isente da monitoria não os impossibilitaram de disputar/assumir uma função que exige competência teórica/intelectual do Serviço Social, ao mesmo tempo possibilitou, segundo Guerra (2000) a crítica das formas de explicar a ordem social burguesa, a apreensão das possibilidades da ação profissional e distinguir formas de saberes e possibilidades de análise, uma vez que o papel da teoria é fazer a crítica ontológica do cotidiano do fazer profissional, ao mesmo tempo indicar as possibilidades de ação em uma determinada realidade sócio- histórica.

Retomando a trajetória da formação acadêmica, constatou-se que dentre os 08 (oito) assistentes sociais pesquisados 04 (quatro) fizeram estágio não obrigatório e 03 (três) já tinham vínculos empregatícios em alguma instituição durante sua formação acadêmica. Tais

61Segundo Iamamoto (2010, p.271/273): a pesquisa ocupa um papel fundamental no processo de formação

profissional do assistente social, atividade privilegiada para a solidificação dos laços entre o ensino universitário e a realidade social e para a soldagem das dimensões teórico/metodológicas e prático-operativas do Serviço Social, indissociáveis de seu componentes éticos/políticos. Já a extensão é um processo educativo, cultural e cientifico que articula o ensino e a pesquisa de forma indissociável viabiliza a relação transformadora entre a universidade e a sociedade. Concretiza-se em um conjunto de atividades que constrói um vinculo orgânico entre a universidade e os interesses e necessidades da sociedade organizada em seus diversos níveis

experiências tem relação com a necessidade de remuneração para manter os próprios estudos, afirmam os assistentes sociais pesquisados:

“Eram limitações minhas em relação as minhas condições objetivas para a permanência no curso, eu tinha que estar ligada a alguma atividade remunerada no curso, eu precisava me manter e ai eu estava com oportunidade de trabalho que financeiramente me favorecia mais do que o estágio, eu priorizei isso pelo momento em que eu estava.“ (AS.1)

“Durante minha graduação a gente participou na época de base de pesquisa eu fiz sobre o programa do leite na época, assim foi interessante, mas a gente acabou tendo que conciliar o estágio curricular e o extra juntos e a gente tinha dinheiro e oportunidade de ficar como profissional posteriormente e foi onde fiquei, de 20 profissionais escolheram eu e outra menina para atuar no bolsa família.” (AS.7) “Eu não me envolvi com movimentos sociais, questão acadêmica eu não ingressei em base de pesquisa, eu fui uma aluna que estudava muito em sala de aula, em casa, mas não participava das atividades da ufrn. Até porque logo que ingressei a minha necessidade era uma bolsa remunerada, então logo no inicio eu tentei me vincular numa base e tudo, porque eu sabia que era importante, só que a necessidade financeira era maior naquele momento.” (AS.3)

Observam-se nas afirmativas, argumentos referentes às dificuldades financeiras que exigiam a busca por uma atividade remunerada, fosse uma bolsa ou um trabalho. Embora considerassem importante participar de base de pesquisa, dos movimentos sociais, ou qualquer outra atividade acadêmica de igual importância no seu processo formativo, a condição de alunos trabalhadores e provedores de sua própria formação determinaram suas opções por atividades remuneradas, uma vez que essas atividades significavam as condições objetivas para a permanência e conclusão no/do curso.

Tenha-se presente que o emprego em outra área ou até mesmo do tipo do estágio que não exista acompanhamento fragilizam o aprofundamento e comprometem a formação em uma das atribuições privativas exercidas através do“treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço Social”(LEI 8.662, 1993, Art° 5- VI).O ensino da prática ainda na academia, através do estágio curricular obrigatório ou não obrigatório, articulado a formação teórico/ético-política, nem sempre se realiza e, muito menos,capacitam para essa atribuição, sobretudo quando não há um acompanhamento dos alunos estagiários envolvidos através dos supervisores de campo e supervisores acadêmicos.

Constatou-se também que nenhum profissional participou durante sua formação acadêmica de movimento estudantil ou de outros movimentos sociais. Estes são espaços que permitem também uma maior aproximação com o movimento da realidade concreta, por se constituírem espaços de lutas e defesas e conquistas de direitos, podendo, pois, proporcionar vivências da teoria aprendida na academia e compreensão da realidade com base numa

perspectiva teórica-crítica. Isto é, permite também um enriquecimento da formação acadêmica e profissional na relação entre a realidade, na medida em que viabiliza uma aproximação com o concreto estudado, reelaborado, reconstruído teoricamente (realidade vivenciada) e um processo de elaboração de um concreto pensado. Observem-se as falas seus argumentos:

“Durante minha graduação eu não participei de nenhum movimento, só dos eventos, na verdade minha vida era uma loucura eu tinha o curso pela manhã, fazia trabalho pela tarde, da empresa como estágio e depois comecei a trabalhar. Não participar de movimentos foi a minha grande frustação, porque entre trabalhar e fazer as atividades que eu tinha que fazer e participar efetivamente dos movimentos, que hoje eu vejo que eu poderia ter participado sem estar presente.” (AS.1)

“Passei toda minha graduação em estágio, mas nada vinculado de formação acadêmica dentro da academia, mas foi como eu lhe disse eu estive muito envolvida com os estudos, agora me vincular a outras questões não, hoje eu sinto falta, eu acho que eu não tinha um amadurecimento suficiente, às vezes eu penso isso, não era madura o suficiente para me vincular aos movimentos sociais, centro acadêmico, naquela época não me interessava, eu sabia que era interessante, mas não me interessava.” (AS.3)

Percebe-se nas falas o real interesse e importância que os entrevistados revelam hoje quanto a participarem movimentos estudantis ou sociais. Outrossim, essa participação não ocorreu em ultima instância em razão da necessidade de um estágio não obrigatório remunerado ou até mesmo de um emprego, condição concreta, na grande maioria dos entrevistados, para continuar os estudos. Além do mais, naquele momento, se para um foi e ainda é uma frustração não ter participado dos movimentos, o outro reconhece a imaturidade e o não interesse seu durante a graduação nesses espaços.

Tem-se a clareza que esses espaços também contribuem no processo da formação profissional, por se constituírem espaços pedagógicos de lutas e conquistas dos direitos dos estudantis quando se trata dos centros acadêmicos.

Deve-se salientar que a participação no movimento estudantil representado pelo conjunto de CA´s e Da´s (Centros e Diretórios Acadêmicos das unidades de ensino) e pela ENESSO (Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social) fazem parte das instancias politicas-organizativas62 da profissão que fornecem subsídios para a materialização do projeto

62Para BRAZ E TEIXEIRA (2009) o projeto ético/político possuem elementos constitutivos que o dão

materialidade que se dividem em: a produção de conhecimentos no interior do Serviço Social, através da qual conhecemos a maneira como são sistematizadas as diversas modalidades práticas da profissão, onde se apresentam os processos reflexivos do fazer profissional e especulativos e prospectivos em relação a ele. Esta dimensão investigativa da profissão tem como parâmetro a sintonia com as tendências teórico/críticas do pensamento social. Dessa forma, não cabem no projeto ético/político contemporâneo posturas teóricas conservadoras, presas que estão aos pressupostos filosóficos cujo horizonte é a manutenção da ordem; as instâncias político-organizativo da profissão, que envolvem tanto os fóruns de deliberação quanto as entidades da profissão: as associações profissionais, as organizações sindicais e, fundamentalmente, o conjunto

ético/político da profissão, uma vez que é por meio desses órgãos, além de outro “que são consagrados coletivamente os traços gerais do projeto profissional, onde são reafirmados compromisso e princípios” (TEIXEIRA; BRAZ, 2009, p.8).

Se esses profissionais durante sua formação profissional não tiveram assento nos espaços dos movimentos estudantis, observa-se sua participação em Conselhos de representação da profissão. Dentre os 08 (oito) 04 (quatro) participam tanto no Conselho da profissão quanto nos Conselhos relacionados à instituição e a política social que trabalham.

A participação em Conselhos seja da profissão ou das diversas políticas sociais que o assistente social se insere proporcionam a participação dos profissionais nos órgãos deliberativos, de maneira a trazer seus questionamentos e contribuições de forma mais efetiva na política social em que o profissional está representando e inserido. Apesar de todas as contradições encontradas nos conselhos63, continua sendo, um espaço importante de possibilidade de controle, participação social e de disputas políticas, que possibilita o discurso e o debate sobre as políticas sociais que trabalham e implementam nos espaços sócio- ocupacionais dos assistentes sociais, na defesa de uma perspectiva critica/reflexiva de participação, que vem perdendo força também neste âmbito.

Acompanhando a trajetória da formação acadêmica desses profissionais associada à trajetória profissional percebe-se um salto qualitativo no seu processo de capacitação

CFESS/CRESS (Conselho Federal e Conselhos Regionais de Serviço Social), a ABEPSS (Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social), além do movimento estudantil representado pelo conjunto de CA´s e DA´s (Centros e Diretórios Acadêmicos das unidades de ensino) e pela ENESSO (Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social). É por meio dos fóruns consultivos e deliberativos dessas entidades que são consagrados coletivamente os traços gerais do projeto profissional, onde são reafirmados (ou não) compromissos e princípios. Assim, subentende-se que o projeto ético-político pressupõe, em si mesmo, um espaço democrático de construção coletiva, permanentemente em disputa. Essa constatação indica a coexistência de diferentes concepções do pensamento crítico, ou seja, o pluralismo de ideias no seu interior; a dimensão jurídico política da profissão, na qual se constitui o arcabouço legal e institucional da profissão, que envolve um conjunto de leis e resoluções, documentos e textos políticos consagrados no seio da profissão. Há nessa dimensão duas esferas distintas, ainda que articuladas, quais sejam: um aparato jurídico-político estritamente profissional e um aparato jurídico-político de caráter mais abrangente. No primeiro caso, temos determinados componentes construídos e legitimados pela categoria, tais como: o atual Código de Ética Profissional, a Lei de Regulamentação da Profissão (Lei 8662/93) e as Novas Diretrizes Curriculares dos Cursos de Serviço Social, documento referendado em sua integralidade pela Assembleia Nacional da ABEPSS em 1996 e aprovado, com substanciais e prejudiciais alterações, pelo MEC. No segundo caso, temos o conjunto de leis (a legislação social) advindas do capítulo da Ordem Social da Constituição Federal de 1988, que, embora não exclusivo da profissão, a ela diz respeito tanto pela sua implementação efetiva tocada pelos assistentes sociais em suas diversas áreas de atuação (pense na área da saúde e na LOS – Lei Orgânica da Saúde – ou na assistência social e na LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social – ou, ainda, na área da infância e juventude e no ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente), quanto pela participação decisiva que tiveram (e têm) as vanguardas profissionais na construção e aprovação das leis e no reconhecimento dos direitos na legislação social por parte do Estado em seus três níveis. 63

São instancias em que se refratam interesses contraditórios e, portanto, espaços de lutas e disputas políticas. Por um lado, eles dispõem de potencial para fazer avançar o processo de democratização das políticas sociais públicas (...) Por outro lado, são espaços que podem ser capturados por aqueles que apostam na reiteração do conservadorismo político, fazendo vicejar as tradicionais práticas clientelistas. (IAMAMOTO, 2011,p.198/199)

continuada na condição de profissional no exercício da profissão. Observe-se que não foram alunos de grupos de pesquisa, não estiveram vinculados a atividades de extensão, nem tampouco participaram de movimentos estudantis - espaços pedagógicos que contribuem de forma decisiva para uma formação profissional diferenciada do ponto de vista teórico/intelectual, ético/político e na construção de um perfil pedagógico de emancipação.

Entretanto, foi identificada parte desses profissionais tendo assento em representação