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3 METODOLOGIA

3.4 TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS

O estudo foi iniciado a partir da realização de pesquisa bibliográfica e de documentos visando levantar os dados secundários de modo a proporcionar subsídios para o desenvolvimento da investigação proposta. No processo de pesquisa foram utilizados os dados coletados a partir de análise documental dos editais de licitação da instituição, documentos oficiais do IFNMG relacionados ao tema, material bibliográfico, periódicos, guias e manuais sobre o tema, dissertações, relatórios técnicos, sites de organizações relevantes para o assunto, bem como documentos oficiais e jurídicos de órgãos de controle externo e de assessoramento jurídico da União.

Seguindo a recomendação de Gil (2010), a revisão bibliográfica foi elaborada com a finalidade de fornecer fundamentação teórica ao estudo, bem como buscou a identificação do estágio atual do conhecimento das CPS e o arcabouço jurídico que as regulamentam. Nesse contexto, a análise do arcabouço do ordenamento jurídico aplicável às CPS do IFNMG, foi recurso recorrente e essencial quanto a viabilidade e legalidade relacionadas aos aspectos da adoção dos critérios e práticas de sustentabilidade.

A análise documental, também, foi realizada para delinear o posicionamento do Tribunal de Contas da União sobre a aplicabilidade das CPS na esfera federal, através de consulta via sítio oficial, em que foram identificados os acórdãos relacionados às adoções dos critérios e práticas sustentáveis nas licitações da APF.

Em seguida, os dados provenientes da análise documental dos processos licitatórios do IFNMG, com viés sustentável e dos questionários, foram tratados de maneira consolidada, através do cálculo de frequências e gráficos que possibilitaram determinar a importância dos dados analisados, com o objetivo de contextualizar o panorama das CPS do IFNMG.

Quanto à análise dos resultados da entrevista semiestruturada, iniciou-se com a transcrição das gravações e codificação dos dados. Para análise e tratamento dos dados coletados nas entrevistas, foi empregado o uso da técnica de análise de conteúdo, que de acordo com Bardin (1977), consiste em:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens. (BARDIN, 1977, p. 42)

Nesse sentido, a análise de conteúdo contribuiu para um melhor entendimento do contexto da investigação, assim como para o aparecimento de variáveis e fatores de influência revelados pelas informações trazidas, por meio das entrevistas semiestruturadas e questionários.

Segundo Bardin (1977), a análise de conteúdo procura conhecer aquilo que está por trás das palavras, dos conteúdos manifestos, sobre os quais se debruça, intentando extrapolar a decifração normal, ir além das aparências do que está sendo comunicado, para atingir outros “significados” de natureza sociológica, política, histórica, dentre outros.

Para Minayo (2000), a análise de conteúdo visa ultrapassar o nível do senso comum e do subjetivismo da interpretação, além de alcançar uma vigilância crítica em relação à comunicação de documentos, textos literários, biografias, entrevistas ou observação. Essa técnica relaciona as estruturas semânticas (significantes) com estruturas sociológicas (significados) dos enunciados, e articula a superfície dos textos descrita e analisada com os fatores que determinam suas características (BARDIN, 1977; MINAYO, 2000).

Por isso, entende-se que a escolha desta técnica pode proporcionar uma análise aprofundada dos dados coletados, a partir da compreensão da complexidade e dinâmica do objeto investigado.

A partir da análise das entrevistas foi realizada a classificação do texto segundo a frequência da presença de itens de sentido, características ou aspectos que se relacionam para definição das categorias e subcategorias do estudo visando a interpretação dos dados. De acordo com Bardin (1977), a categorização refere-se a:

[...] uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo o gênero (analogia), com os critérios previamente definidos. As categorias são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de elementos (unidades de registro, no caso da análise de conteúdo) sob um título genérico, agrupamento esse efetuado em razão dos caracteres comuns destes elementos. (BARDIN, 1977, p. 117)

Nesse contexto, devido a uma infinidade de critérios, práticas e diretrizes de sustentabilidade suscetíveis à veiculação com os objetos de compras públicas, cujo conjunto é a própria percepção da imperiosidade do equilíbrio interativo entre a dimensão ambiental, social e econômica, no campo fomentador e limitador das atividades humanas, optou-se , quanto a análise dos processos de compras do IFNMG, de não seguir nominalmente e restritamente os critérios e práticas de sustentabilidade presentes no Decreto 7.746/2012 (BRASIL, 2012a) e Instrução Normativa nº 01/2010 da SLTI/ MPOG (BRASIL, 2010b).

Como norte orientador, a pesquisa sobre os critérios e práticas de sustentabilidade presentes nos processos de aquisições do IFNMG, iniciou-se em 03 (três) dimensões que correspondem ao grupo de objetos com características comuns, e que são definidos na Lei Geral de Licitações e Contratos , Lei 8.666/93 (BRASIL, 1993), e correspondem aos grupos de objetos de aquisições e contratações passíveis de aplicabilidade de critérios e práticas de sustentabilidade: bens (materiais, equipamentos e produtos comuns), serviços comuns e Obras e Serviços de Engenharia.

Mantendo o mesmo critério de segmentação dos objetos de compras e contratações, com a caracterização de grupos de objetos dos processos de aquisições públicas, a Lei 8.666/93 estabelece no seu artigo 1º que “Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos

administrativos pertinentes as obras, serviços, inclusive de publicidade, compras,

alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (BRASIL, 1993, p. 1, grifo nosso).

Em complemento a citada Lei, no seu artigo 6º, cristalizando a inferência de que o legislador vinculou o termo “compra” a aquisição de bens, definiu que:

I - Obra - toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação, realizada por execução direta ou indireta;

II - Serviço - toda atividade destinada a obter determinada utilidade de interesse para a Administração, tais como: demolição, conserto, instalação, montagem, operação, conservação, reparação, adaptação, manutenção, transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico-profissionais;

III - Compra - toda aquisição remunerada de bens para fornecimento de uma só vez ou parceladamente (BRASIL, 1993, p. 6, grifo nosso).

Por fim, para assentar as dimensões propostas, a Constituição Federal de 1988, mantem o mesmo entendimento e coerência da legislação infraconstitucional sobre os grupos de objetos persecutórios da licitação, ao definir no seu artigo 39, inciso XXI, que:

Ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações (BRASIL, 1988, p. 31, grifo nosso).

Dentro das dimensões citadas, a análise dos processos de compras públicas seccionou- se em 02 (duas) categorias que guardam relação direta e devem ser dimensionadas com as fases de planejamento da contratação, seleção do fornecedor e gestão do contrato. As categorias, na

presente pesquisa, conforme o artigo 3º do Decreto 7.746/2012 (BRASIL, 2012a) correspondem:

a) Aos critérios de sustentabilidade que devem ser objetivamente definidos e veiculados como especificação técnica do objeto;

b) As práticas de sustentabilidade que devem ser objetivamente definidas e veiculadas como obrigação da contratada.

Para efeito do presente estudo, os requisitos de habilitação jurídica e qualificação técnica com viés sustentável foram considerados como sendo práticas de sustentabilidade, pois, estes não se enquadram como especificações técnicas veiculadas a todas a aquisição de bens.

Esse modelo de categorização é corroborado por Terra et al. que, conforme Figura 23, asseveram três passos práticos para a implementação concreta da licitações sustentável, como forma de “garantir que a contratação a ser celebrada se qualifique como a melhor opção para a Administração, não apenas do ponto de vista da vantajosidade econômica –foco que costuma ser o principal na atuação do gestor público [..], mas também sob o prisma ambiental”. (TERRA et al., 2015, p. 241)

Figura 23 - Formas e Fases de inserção de critérios e práticas sustentáveis às CPS

Fonte: Elaborado pelo autor baseado em Terra et al. (2015)

Nesse sentido, a persecução dos critérios e práticas de sustentabilidade nas compras públicas equivalem aos requisitos indispensáveis da aquisição ou contratação que atenda o viés sustentável da licitação, de modo a possibilitar a seleção da proposta mais vantajosa percebida como a de melhor valor pela Administração e sociedade, diante dos recursos financeiros dispendidos.

Dessa forma, o conceito de sustentabilidade nas compras públicas atende a exigência do teste de coerência lógica em suas aplicações práticas, onde o discurso é transformado em realidade objetiva através dos atores sociais e suas ações que adquirem legitimidade política e autoridade para comandar comportamentos sociais e políticas de desenvolvimento por meio de prática concreta (RATTNER, 1999).

E, no âmbito das categorias representadas pelos critérios e práticas de sustentabilidade presentes nos processos de compras públicas do IFNMG, as subcategorias representam os pilares da sustentabilidade, atuando como artefato técnico definidor da conformação técnica da sustentabilidade nos processos licitatórios do IFNMG.

O Quadro 15 representa o modelo de análise dos processos licitatórios utilizado para contextualizar as CPS e compras circulares no âmbito do IFNMG.

Quadro 15 – Dimensões, categorias e subcategorias direcionadoras do método de pesquisa

Dimensões Categorias analisadas Subcategorias presentes nas compras

BENS/ PRODUTOS COMUNS

Critérios sustentáveis/circulares veiculados como especificações técnica do objeto da Compra Pública

Ambiental Social Econômica Práticas de sustentabilidade/circulares veiculadas

como obrigação da licitante contratada

Ambiental Social Econômica

SERVIÇOS COMUNS

Critérios sustentáveis/circulares veiculados como especificações técnica do objeto da Compra Pública

Ambiental Social Econômica Práticas de sustentabilidade/circulares veiculadas

como obrigação da licitante contratada

Ambiental Social Econômica

OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA

Critérios sustentáveis/circulares veiculados como especificações técnica do objeto da Compra Pública

Ambiental Social Econômica Práticas de sustentabilidade/circulares veiculadas

como obrigação da licitante contratada

Ambiental Social Econômica