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3. REVISÃO DA LITERATURA

3.3. Tratamento e Disposição Final dos Resíduos

3.3. Tratamento e Disposição Final dos Resíduos Sólidos Urbanos

3.3.2. Compostagem

Num primeiro momento, a compostagem – processo aeróbio de bioestabilização da matéria orgânica – revela-se interessante devido à relativa simplicidade operacional e vasto conhecimento acerca da produção do composto, condicionador orgânico do solo. Porém, tal prática necessita fundamentalmente da separação da fração orgânica putrescível – restos de alimentos, podas de árvores e produto da capina e roçagem – dos demais constituintes do lixo urbano, seja ainda nas residências e estabelecimentos comerciais ou, posteriormente, em locais usualmente denominados “Unidades de Triagem e Compostagem (UTC)”.

No primeiro caso, faz-se necessário não somente o envolvimento da comunidade, mas, também, a implementação da coleta seletiva pelo poder público e toda infra-estrutura para transformação dos materiais potencialmente recicláveis. Por sua vez, a posterior separação da fração orgânica e dos materiais recicláveis é algo extremamente difícil em larga escala pois, se realizada manualmente, requer um grande número de pessoas para segregação de quantidades modestas e, quando a automação é possível, nem sempre o ônus da instalação e manutenção pode ser acomodado no orçamento municipal.

Desta forma, o emprego da técnica de compostagem fica geralmente restrito às pequenas comunidades, nas quais se verificam benefícios sócio-educativos, ainda que a receita gerada seja inferior aos custos de manutenção e operação. Em alguns casos, quando há um modelo descentralizado de gestão dos resíduos sólidos urbanos, no qual diversas instituições são co-responsáveis pela destinação e tratamento de seus resíduos, a compostagem pode se mostrar uma alternativa interessante em centros urbanos de maior porte.

Semelhantemente às demais modalidades de tratamento dos resíduos sólidos, a compostagem também produz rejeitos. Após a fase final de maturação, o material é peneirado para retirada de possíveis materiais inertes, tais como pedras, fragmentos de metais, plásticos, ossos e resíduos orgânicos de difícil degradação, presentes na fração de lixo urbano utilizada quando da montagem das leiras. Os resíduos inertes, segregados do composto maturado, devem ser

aterrados, enquanto que os rejeitos orgânicos, ainda não estabilizados, podem ser incorporados na configuração de novas leiras (PEREIRA NETO, 1999).

3.3.3. Reciclagem

Utopicamente, poder-se-ia prever o reaproveitamento de toda massa de resíduos sólidos gerada na produção e consumo de mercadorias – reutilização ou reciclagem – porém, seja pela inexistência de tecnologia viável, pelo descaso ou despreparo das autoridades responsáveis, ou mesmo pela necessidade de uma grande e perpétua mobilização social, tal idéia torna-se proibitiva e impraticável.

A reciclagem não é, portanto, suficientemente importante para se prescindir de um aterro e, ainda se fosse, não se poderia desconsiderar as perdas significativas inerentes ao processo de reciclagem. A EPA (1999) cita que, em média, de 5 a 10% do volume total de resíduos processados não são recuperados.

3.3.4. Aterros

O aterramento dos resíduos sólidos implica no seu confinamento no solo, objetivando o tratamento e/ou disposição final dos mesmos. É a forma de destinação dos resíduos sólidos mais difundida e de menor custo (CETESB, 1992).

Conforme descrito nos itens anteriores, independentemente da forma de gestão dos resíduos sólidos, a técnica de aterramento deve ser sempre considerada, seja para dispor do volume de resíduos excedentes à capacidade instalada de tratamento ou recuperação, seja para dispor dos rejeitos gerados nestes processos. Portanto, deve-se reconhecer que por mais antipática e casual que possa parecer a idéia de aterrar os rejeitos sólidos, é sempre necessário prever no balanço de massa, a destinação de consideráveis quantidades de materiais não recuperáveis para confinamento adequado no solo (Figura 3.6).

LIBÂNIO (2002)

Figura 3.6: Importância da técnica de aterramento no atual quadro de alternativas de tratamento e disposição final do lixo urbano.

Os aterros devem ser capazes de conter os poluentes, reduzindo os riscos à saúde pública e ao meio ambiente, destinando-se para estes somente aqueles resíduos que contêm poluentes passíveis de atenuação no solo, por processos de degradação ou retenção físico-química (CETESB, 1992).

A configuração dos aterros industriais, usualmente responsáveis pela destinação final da maior parcela dos resíduos sólidos industriais, depende basicamente da caracterização e classificação dos resíduos – perigosos (Classe I) ou não perigosos e não inertes (Classe II) – e das condições locais geotécnicas e climatológicas, podendo-se prescindir ou não de alguns elementos de projeto (CETESB, 1992). DIAS (2001) apresentou um levantamento estatístico que confirma a maior importância do aterramento dentre as outras modalidades de tratamento e destinação dos resíduos industriais no país (Figura 3.7).

71,3

24,4

4,0 0,3

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Aterro Co-Processamento Incinerador Tratamento

Porcentagem de Resíduos Industriais (%)

Figura 3.7: Destinação final dos resíduos sólidos industriais gerados pelas empresas associadas à Abetre – Associação Brasileira de Empresas de Tratamento, Recuperação e Disposição Final de Resíduos Especiais. Modificado de DIAS (2001).

Algumas situações podem exigir certos cuidados adicionais no aterramento dos resíduos sólidos industriais, sendo necessário o pré-tratamento dos resíduos – estabilização/solidificação – ou mesmo, a cobertura de toda a superfície exposta do aterro, eliminando-se a infiltração de água pela precipitação diretamente incidente. Apesar de todos estes cuidados, não se recomenda a disposição de certos tipos de resíduos industriais em aterros, notadamente aqueles inflamáveis, oleosos, orgânico-persistentes ou que contenham líquidos livres (CETESB, 1992).

Por sua vez, os resíduos sólidos urbanos podem ser dispostos em aterros controlados ou sanitários. A operação dos aterros controlados se restringe basicamente à cobertura dos resíduos, objetivando minimizar os riscos advindos da proliferação de vetores sanitários, bem como impedir o carreamento do lixo despejado pelas águas pluviais. Ainda assim, diversos problemas não são devidamente contemplados por esta técnica de aterramento.

Os aterros sanitários apresentam uma melhor infra-estrutura para o controle da poluição, dispondo de drenos para coleta de gases e líquidos lixiviados, e impermeabilização da base.

Existem diferentes métodos para execução de aterros sanitários – método da trincheira, rampa

e área – adotados em função das condições do relevo, profundidade do lençol freático, disponibilidade de área e material de cobertura, entre outros.

O aterro sanitário é a forma de disposição de resíduos sólidos urbanos mais utilizada em todo o mundo, entretanto, em diversos momentos esta técnica é mal empregada (BORZACCONI et al., 1996b). No Brasil, os aterros sanitários respondem por somente 10% da disposição final dos resíduos sólidos urbanos coletados (IBGE, 1991).

Existe, ainda, a possibilidade de co-disposição de resíduos urbanos e industriais em aterros.

Segundo PIMENTEL JÚNIOR (1996), a co-disposição de resíduos sólidos industriais, inertes e não-inertes, com os resíduos sólidos domiciliares, em aterros sanitários, tem se mostrado uma alternativa interessante para municípios e indústrias.