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7. Métodos

7.11. Tratamento Estatístico de Dados

O tratamento estatístico dos dados reveste-se de elevada importância e, pela diversidade de aplicações que lhe demos, inserimos não apenas aqui nos métodos, mas também nos resultados, para além do relatório estatístico que consta da Adenda, anexo VIII, pp. 73 a 186.

7.11.1. Processamento dos Dados

Assim, começámos por criar um ficheiro informático em que os dados foram armazenados de acordo com os itens considerados para o estudo de cada fase de dentição (Adenda, pp. 41 a 45 e CD- -ROM anexo contendo os dados integrais).

Tese de Doutoramento – Medicina – Anatomia

Os itens referidos constam do anexo II da Adenda, p. 17.

O número de crianças observadas foi considerado estatisticamente suficiente (o número mínimo de observações recomendado no protocolo da OMS é de 25 observações por cada item), tendo sido objecto de escolha de conveniência, condicionado ao fácil acesso às escolas, às autorizações obtidas e à exequibilidade no momento de implementação do nosso trabalho.

Para que pudéssemos comparar valores de prevalência de má-oclusão dentária obtidos em diferentes protocolos, efectuámos agrupamentos de resultados contemplados nos diferentes itens considerados, de acordo com o grau de abrangência de cada um (Esquemas 1, 2, 3).

Má-oclusão na dentição decídua Itens considerados para cálculo

“Má-oclusão” de Baume Classe II – 15, 16, 17 A1 Classe III – 18, 19, 20 Protocolo O.M.S A1 + B1 Só nas crianças com Classe I

38,40, TH ≤ 0

Nosso protocolo – trespasse valor “ideal” A1

+

Determinação só em crianças com Classe I, de:

C1 Má-oclusão de dentes Má-oclusão Má-oclusão posterior

anteriores (30) de caninos no sentido transversal 34, 37, 38, 39, 40, TV = 0, TH ≤ 0 24, 25, 26, 27, 28, 29, 36 31

Nosso protocolo – trespasse valor médio A1

+

Determinação só em crianças com Classe I, de:

D1 Má-oclusão de dentes Má-oclusão Má-oclusão posterior

anteriores de caninos no sentido transversal

34, 37, 40, 50, 51, TV = 0, TH ≤ 0 24, 25, 26, 27, 28, 29, 36 31 Esquema 1.

Ivo da Piedade Álvares Furtado

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Assim, incluímos no agrupamento A a prevalência de má-oclusão referente à relação molar de Baume ou de Angle (considerando A1 para a dentição decídua; A2 para a dentição mista inicial e estável; A3 para a dentição mista tardia; e A4 para a dentição permanente).

O protocolo da OMS (agrupamento B) acresce, em relação ao anterior, a inclusão nas crianças com Classe I, o aumento de trespasse horizontal acima de dois milímetros e/ou o trespasse horizontal igual ou inferior a zero e, ainda, as mordidas abertas anteriores (foi denominado B1, B2, B3 ou B4 consoante se tratasse respectivamente das dentições decídua, mista inicial e estável, mista tardia ou permanente).

Má-oclusão na dentição mista inicial e estável Itens considerados para cálculo

Má-oclusão de Angle Classe II – 29, 30, 31, 32 A2 Classe III – 33, 34, 35 Protocolo O.M.S A2 + B2 Só nas crianças com Classe I

57, 60, TH ≤ 0

Nosso protocolo – trespasse valor “ideal” A2

+

Determinação só em crianças com Classe I, de:

C2 Má-oclusão de dentes Má-oclusão Má-oclusão posterior

anteriores (46) de caninos no sentido transversal 53, 56, 57, 59, 60, TV = 0, TH ≤ 0 39, 40, 41, 42, 43, 44, 55 48

72, 73, 74, 75, 76, 77

Nosso protocolo – trespasse valor médio A2

+

Determinação só em crianças com Classe I, de:

D2 Má-oclusão de dentes Má-oclusão Má-oclusão posterior

anteriores de caninos no sentido transversal

53, 56, 58, 60, 78, TV = 0, TH ≤ 0 39, 40, 41, 42, 43, 44, 55 48 72, 73, 74, 75, 76, 77

Tese de Doutoramento – Medicina – Anatomia

O nosso protocolo inclui, para além das más-oclusões referentes às relações molares de Baume e de Angle contemplados no agrupamento A, as más-oclusões de dentes anteriores, as más-oclusões de caninos e ainda as más-oclusões posteriores no sentido transversal.

Das más-oclusões de dentes anteriores constam: o desvio da linha média, a mordida cruzada de incisivos, o aumento do trespasse vertical, o aumento do trespasse horizontal, a mordida aberta anterior, o trespasse vertical igual a zero e, ainda, o trespasse horizontal igual ou inferior a zero.

Má-oclusão na dentição mista tardia e dentição permanente Itens considerados para cálculo

Má-oclusão de Angle Classe II – 14, 15, 16, 17 Classe III – 18, 19, 20 Protocolo O.M.S A3 ou A4 +

Só nas crianças com Classe I 43, 47, TH ≤ 0

Nosso protocolo – trespasse valor “ideal” A3 ou A4

+

Determinação só em crianças com Classe I, de:

Má-oclusão de dentes Má-oclusão Má-oclusão posterior anteriores (49) de caninos no sentido transversal 39, 42, 43, 45, 47, TV = 0, TH ≤ 0 24, 25, 26, 27, 28, 29, 33, 34, 50

35, 36, 37, 38, 41

Nosso protocolo – trespasse valor médio A3 ou A4

+

Determinação só em crianças com Classe I, de:

Má-oclusão de dentes Má-oclusão Má-oclusão posterior

anteriores de caninos no sentido transversal

39, 42, 44, 46, 47, TV = 0, TH ≤ 0 24, 25, 26, 27, 28, 29, 33, 34, 50 35, 36, 37, 38, 41 Esquema 3. A3 e A4 B3 e B4 C3 e C4 D3 e D4

Ivo da Piedade Álvares Furtado

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As más-oclusões de caninos incluem a mordida cruzada de caninos, a Classe II e a Classe III canina.

Consoante se tivesse como referência um valor de trespasse “ideal”, vertical ou horizontal de dois milímetros, ou um valor médio de referência de trespasse (VMRT.) das crianças observadas, assim se procedia ao agrupamento dos itens relativos ao nosso protocolo em C ou D (1,2,3 ou 4, uma vez mais consoante se tratasse das fases de dentição decídua, mista inicial e estável, mista tardia e permanente).

A anotação da presença de disfunção têmporo-mandibular, de acordo com os parâmetros da OMS, consta dos itens 48 (na dentição decídua), 68 (na dentição mista inicial e estável) e 63 (nas dentições mista tardia e permanente).

O Anexo VI.1.a (Adenda, pp. 49 e 50) contém o arquivo do registo da prevalência de DTM por sexo, na população hospitalar, nas diferentes fases de dentição, de acordo com ambos os protocolos (o nosso protocolo e o da OMS) à admissão e nos dois anos de seguimento na Consulta de Estomatologia Pediátrica.

Da mesma maneira, efectuámos a decomposição dos valores de prevalência de DTM por sexo nas crianças das escolas, atendendo aos critérios preconizados pela OMS e aos considerados no nosso protocolo (ver Adenda, pp. 51 a 54, anexos VI.1.b, VI.1.c e VI.1.d).

7.11.2. Métodos Estatísticos

Aplicaram-se os testes estatísticos que melhor se adequavam ao tipo de variáveis em presença (contínuas ou descontínuas)(234,235,236,237,238,239). Em todos os casos (com excepção dos trespasses) eram variáveis discretas e, por isso, foi utilizado o teste binomial (teste de McNemar), que, em amostras emparelhadas compara as proporções das respostas dicotomizadas de duas variáveis A e B, classificando-as em positivas, ou sucessos, e em negativas, ou insucessos(234). Este método foi utilizado quando houvesse até 26 diferenças. Acima deste número recorreu-se ao teste de qui-quadrado. Quando as condições de aplicação deste teste não fossem observadas, utilizávamos a simulação de Monte Carlo ou a prova exacta de Fisher. Para os trespasses, tratando-se de variáveis contínuas, optámos pelo teste de Mann-Whitney, porque, para além da distribuição acentuadamente assimétrica dos valores de ambos os trespasses, o número de observações em cada grupo não permite a aplicação do teorema do limite central, pelo que o recurso a um teste paramétrico (o teste t) foi considerado desadequado. Para a determinação do grau de reprodutibilidade dos exames em duplicado, estabeleceu-se uma regra de três simples, atendendo-se ao número de observações e/ou inscrições nas células e ao número de diferenças encontradas (Adenda, pp. 77 e 78). Assim, obtivemos nas crianças do hospital um grau de reprodutibilidade de 96% para as variáveis indiscretas e de 99,52% para as variáveis discretas. Nas escolas, os valores correspondentes foram de 95,71% e de 99,6%, respectivamente.