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2. Enquadramento teórico

2.1. Segmentação em turismo

2.1.3. Turismo de desporto e turismo de golfe

O turismo é bastante complexo e engloba variadas tipologias, desde o turismo de

recreio, de saúde e repouso, cultural, ético, de natureza, de negócios, e até de desporto

(Andrade e Antão, 2016). As viagens de férias relacionadas com o desporto são um

segmento crescente do turismo e um campo relevante de pesquisa (Barros, Butler e

Correia, 2010). Este tipo de turismo representava segundo dados de 2001 9% do número

total de viagens na europa (tendo como principal motivação praticar um desporto), o

que representa aproximadamente 14 milhões de viagens anuais (Zamora e Domínguez,

2001). Os eventos desportivos não só promovem o desenvolvimento sustentável para o

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local, como promovem o país. Estes eventos são também uma forma de gerar grande

receita económica para o país onde se a realiza o mesmo (Huang, Lin, Chang e Chen,

2017).

Faria (2013) explica que o crescimento do turismo e também o crescimento da

atividade desportiva “fez com que a sua convergência fosse inevitável, quer para o

crescimento e desenvolvimento do turismo quer para o crescimento e desenvolvimento

do desporto” (p.24). O desporto e o turismo estão entre as experiências de lazer mais

procuradas do mundo, sendo que a contribuição que o desporto faz para o produto

interno bruto (PIB) dos países industrializados é de 1 a 2% (Ritchie, 2007).

A Organização Mundial do Turismo (2001, citada por Ritchie, 2007) concluiu que os

turistas alemães realizam aproximadamente 32 milhões de viagens desportivas por ano,

enquanto 52% (7 milhões) de todas as viagens feitas por turistas holandeses também

incluiu uma componente desportiva. Os turistas franceses foram menos motivados por

férias desportivas, mas ainda assim 23% das viagens incluíram este tipo de atividades

(Ritchie, 2007). Choi, Shonk, Bravo e Choi (2016) explicam que os visitantes

estrangeiros na Indonésia aumentaram 7,65% em maio de 2012, sendo que estes

viajaram para a Indonésia devido a eventos como a maratona de Jacarta e a maratona de

Bali. Mais de 1,2 milhões de visitantes internacionais viajaram para o Reino Unido em

2008 com o objetivo de assistir a jogos de futebol da primeira liga inglesa e dos 40000

participantes a correr a maratona de Nova Iorque em 2009, 20000 participantes eram

visitantes internacionais.

Segundo Faria (2013) as primeiras viagens de turismo desportivo/religioso datam de

776 a.C onde surgem as primeiras manifestações do turismo com os jogos olímpicos na

Grécia. Cunha (2007) apresenta a distinção entre tipos de turismo, afirmando que “as

motivações desportivas respeitam a camadas cada vez mais vastas das populações de

todas as idades e de todos os estratos sociais, quer para assistir a manifestações

desportivas (Jogos Olímpicos, Campeonatos de Futebol, Corridas de automóveis) ou

para a prática de atividades desportivas (ténis, golfe, esqui) ”.

Faria (2013) define Turismo Desportivo como "todas as formas de participação ativa

e passiva na atividade desportiva em que as pessoas necessitam de viajar para longe da

sua casa e da sua localidade de trabalho" (p.15). Para além disto, turismo desportivo tem

sido descrito como “viagens de lazer relacionadas com desporto” (p.15). Pinto (2003,

citado por Faria, 2013), refere-se a este tipo de turismo como “o conjunto de atividades

dos turistas que viajam prioritariamente para praticar uma ou mais modalidades

desportivas” (p.15). Andrade e Antão (2016) fazem também a distinção de dois subtipos

de turismo de desporto: os turistas que viajam com o objetivo de praticar um desporto

ou turistas que viajam com intuito de ser espetadores de um evento desportivo (por

exemplo quando se viaja para assistir jogos do campeonato mundial de futebol ou até

dos jogos olímpicos). Também Faria (2013) explica que esta temática tem sido estudada

sobre duas perspetivas, a ativa e a passiva. A passiva é caracterizada como pessoas

“observadoras casuais ou por peritos em eventos ou museus desportivos” (p.25),

enquanto ativa se refere à participação “de pessoas num desporto, quer de uma forma

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organizada, quer de uma forma independente podendo esse desporto ser coletivo ou

individual” (p.25).

Também a OMT (2001, citado por Faria, 2013) define turismo desportivo como “a

participação ativa, como praticante, ou passiva, como espectador, em desportos

recreativos ou competitivos” (p.25). Sendo que o desporto é a motivação principal para

a deslocação e o destino é escolhido pelas qualidades oferecidas para a prática do

desporto em questão. Existem autores que por outro lado, consideram que o Turismo

Desportivo pode ser subdividido em mais um subtipo, como é o caso de Gibson et. al.,

(2003 citado por Faria, 2013), que afirma que este tipo de turismo pode ser descrito de

três formas: “turismo desportivo ativo onde os participantes viajam para fazerem parte

do desporto”, “evento de turismo desportivo onde os participantes viajam para serem

observadores” e “nostalgia de turismo desportivo onde os participantes visitam atrações

relacionadas com o desporto como por exemplo estádios famosos” (p.26).

Carvalho e Lourenço (2009) apresentam uma distinção entre tipos de Turismo

Desportivo de modo a se conhecerem as motivações de cada consumidor. Assim, são

diferençados três tipos de turismo desportivo:

Figura 2. Turismo Desportivo

Fonte: Carvalho e Lourenço (2009)

O turismo de prática desportiva diz respeito às atividades desportivas em que os

turistas participam como praticantes, ou seja, turistas que durante as suas viagens

praticam uma atividade desportiva, independentemente de qual tenha sido a motivação

da viagem em questão.

O turismo de espetáculo desportivo refere-se às atividades que os turistas usufruem

enquanto espectadores, ou seja, espetáculos/eventos desportivos que os turistas assistem

durante a sua viagem, independentemente da motivação principal da mesma.

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Os outros contextos turísticos desportivos estão relacionados com o “Turismo

desportivo de cultura” e o “Turismo desportivo de envolvimento”, sendo que o primeiro

se refere “a um caráter mais cognitivo da cultura desportiva que pode estar associado a

um sentido de história desportiva, de curiosidade intelectual ou de veneração” enquanto

o segundo se refere “às situações inerentes ao mundo do desporto, nomeadamente às

inúmeras possibilidades de viagem turística associadas à administração desportiva ou ao

treino” (Carvalho e Lourenço, 2009).

Por sua vez Zamora e Domínguez (2001) faz uma distinção entre "desporto turístico"

e "turismo de desporto", sendo que o primeiro representa o turismo gerado pela

exploração de eventos de cariz desportivo e o segundo um turismo praticado para a

realização de um desporto pelos viajantes.

Megaeventos como Jogos Olímpicos e Mundiais de Futebol têm atraído um crescente

número de visitantes internacionais a viajarem (Choi et al., 2016). No entanto pequenos

eventos podem produzir impactos positivos para as comunidades de acolhimento sem

uma série de impactos negativos, muitas vezes resultado dos grandes eventos. Eventos

de grande escala podem acarretar desvantagens ou consequências negativas a longo

prazo, como por exemplo a deslocação de moradores. Os eventos desportivos de

pequena escala incluem competições desportivas regulares, como hóquei no gelo,

basquetebol, futebol, jogos desportivos internacionais, competições nacionais, entre

outros, e por sua vez utilizam infraestruturas já existentes, o que requer investimentos

monetários reduzidos e auxiliam a diminuição da sazonalidade. Por outro lado, à

medida que o número de participantes aumenta e o número de eventos também, começa

a criar-se uma pressão relativamente às infraestruturas envolvidas (Ritchie, 2007).

No que diz respeito ao tipo de turista Carvalho e Lourenço (2009) apontam para a

existência de dois tipos de turistas desportivos ativos, sendo que a realização de

atividades desportivas por parte dos turistas pode ser uma motivação da viagem ou um

complemento da mesma. Os dois tipos de turista referidos por estes autores são o

entusiasta e o esporádico, sendo que o primeiro se refere aos turistas que se deslocam a

um destino com a motivação principal de praticar uma atividade desportiva específica,

enquanto o esporádico representa os turistas que praticam atividades desportivas

durante as suas viagens, mas sem que esta tenha sido a motivação principal da mesma.

Segundo estes mesmos autores existem quatro importantes informações a ter em

conta quando o individuo é considerado turista desportivo: 1. “Que a pessoa realize uma

viagem para fora do seu ambiente habitual e que permaneça pelo menos uma noite no

local visitado (menos de uma noite será visitante Desportivo do dia)” (p.4), 2. “que esta

viagem não tenha caráter definitivo, considerando normalmente que ela não deva

exceder os 12 meses” (p.5), 3. “que esta viagem não tenha como motivação principal

exercer uma atividade renumerada” (p..5) e 4. “que o viajante participe durante a

viagem ou a estada, numa atividade ou contexto desportivo” (P.5).

Tendo em conta o aumento da oferta e do número de pessoas interessadas em viajar

para assistir ou participar em eventos desportivos, existe também comparativamente

22

com o passado uma alargada oferta de eventos desse cariz, assim o processo de tomada

de decisão torna-se mais complexo, uma vez que a variedade também é maior. As

tecnologias de comunicação são um meio importante na divulgação desse tipo de

eventos, fazendo com que os consumidores estejam cada vez mais conscientes sobre

aquilo que está a acontecer em todas as partes do mundo (Choi et al., 2016).

No que diz respeito ao comportamento do consumidor em desporto, Choi et al.

(2016) abordam um modelo de comportamento do consumidor que explica que o

processo de decisão de compra é influenciado por motivações internas e ativadores

externos. As motivações internas dizem respeito por exemplo à personalidade,

necessidades pessoais, valores e objetivos, enquanto os ativadores externos

correspondem ao conhecimento, interesse e avaliação do produto. Estes autores

acrescentam que a atitude em relação ao produto é o principal determinante para quem

tem intenção de consumir, no entanto existem fatores externos que restringem os

indivíduos a consumir um produto.

É importante referir que na maioria dos casos o desporto tem sido considerado como

uma atividade masculina. Apesar de na história do desporto se notarem evidências da

participação feminina, ainda nos dias de hoje as mulheres tendem a ter uma participação

menos frequente que os homens no desporto. Também em turismo existem evidências

que sugerem que homens e mulheres escolhem diferentes atividades para usufruir

durante as suas viagens. Gibson e Pennington-Gray (2005) explicam que férias

planeadas por homens em geral envolvem mais atividade física do que as que são

planeadas por mulheres. As mulheres têm maior preferência por experiências culturais e

família durante o período de férias, enquanto os homens tem preferência em participar

em atividades de desporto e aventura.

Também a idade tem a sua ligação com o desporto, uma vez que pessoas de idade

estão menos dispostas a participar em atividades desportivas. No entanto com a

organização de jogos para público sénior existem maiores oportunidades para

indivíduos com mais de 50 anos participarem em desportos competitivos. Um bom

exemplo disto é o golfe que se tornou extremamente popular entre os reformados nos

Estados Unidos da América.

Faria (2013) refere que “uma das modalidades que melhor tem interpretado este

binómio entre Desporto e Turismo é exatamente o golfe” (p.15). O golfe para além de

uma atividade desportiva representa uma importante atividade económica nos dias que

correm.

O jogo de golfe tal como se conhece hoje consiste em bater uma bola, respeitando as

regras estabelecidas, para inseri-la num buraco, sendo que o jogador se situa num local

de partida usando tacos de ferro e madeira, seguindo um percurso geralmente de 18

buracos. Existem basicamente duas modalidades de jogo, Stroke play (o vencedor será

quem executar menos “pancadas” durante o percurso) e o Match play (o vencedor é

aquele que ganhou mais buracos) (Zamora e Domínguez, 2001).

23

A base do golfe pode remontar ao homem pré-histórico, uma vez que segundo

Zamora e Domínguez (2001) pode ter surgido com o simples golpe numa pedra (mais

tarde uma bola), com um "bastão". No entanto as primeiras referências que permitem a

sua identificação como golfe, datam de 1457, embora os romanos praticassem um jogo

semelhante conhecido como "paganica" com uma bola de couro recheado com penas e

um pau torto, que pode ter sido introduzido na Escócia para estender o seu império pela

Grã-Bretanha.

As primeiras regras do golfe, os 13 primeiros artigos, foram escritos pela empresa

“Honorable Compañía” em 1744, e dez anos mais tarde foi fundada a sociedade de Golf

St. Andrews, adotando as regras previamente estabelecidas.

Desde que surgiu o termo golfe até hoje, este desporto sofreu muitas modificações

em todos os aspetos, desde os jogadores, às regras e à criação e design de bolas, tacos e

campos. Originalmente o espaço para o jogo não estava como atualmente se considera.

Até meados do seculo XIX o golfe foi jogado no chão exatamente como foi encontrado,

por outro lado, hoje em dia existem critérios e recomendações em termos de

comprimentos, superfícies e qualidade do solo. No final do século XIV os escoceses

começavam a desenvolver campos no interior, em áreas próximas a grandes cidades

como Glasgow e Edimburgo, que por sua vez já exigiam maior atenção e cuidados,

como por exemplo drenagem artificial. Papel fundamental no surgimento de novos

campos de golfe foi o aparecimento da ferrovia, e de uma nova bola, a bola "gutty", que,

entre outras mudanças, forçou a substituição dos nove buracos por 18, permitindo que

mais pessoas acedessem aos campos, jogando por várias ruas. Em 1810 surgem os

primeiros campos nos Estados Unidos, produzindo uma forte expansão devido ao

aumento da procura no final do século XIX (Zamora e Domínguez, 2001).

O golfe deixou de ser uma simples atividade recreativa para tornar-se um desporto,

uma atividade económica e social de extraordinária importância (Zamora e Domínguez,

2001). O turismo de golfe é um dos segmentos com maior crescimento e é um elemento

de especial relevância no setor do turismo (Andrade e Antão, 2016). Zamora e

Domínguez (2001) refere-se ao golfe como "fenómeno social motivado pela prática de

um desporto cujo fim é jogar golfe, provocando uma série de deslocamentos e

movimentos das partes interessadas, resultando numa importante atividade económica"

(p.20).

O golfe representa um grande negócio a nível mundial, sendo que entre 1985 e 2000,

o número de jogadores aumentou de 35 para 56 milhões, sendo que o maior crescimento

se verificou nos países com maior população e tradição de prática deste desporto, como

é o caso dos Estados Unidos, Japão, Reino Unido, Canadá e Austrália (Correia e

Martins, 2004). Destes 56 milhões, 10% efetuaram viagens ao exterior, ou seja

aproximadamente 6 milhões de golfistas (Andrade e Antão, 2016). Este mercado é

responsável pela realização de 1 milhão de viagens por ano na Europa, ou seja, a

principal motivação dessas viagens é o golfe (PENT, 2007). Em 2007, o PENT indica

que o mercado de golfe crescia a um ritmo de 7% ao ano, e previa-se uma duplicação do

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seu mercado em 10 anos. Na revisão do PENT para 2015, afirma-se que se registou um

crescimento anual de 12% a 15% na última década.

Segundo Zamora e Domínguez (2001) em Janeiro de 2000 existiam no mundo mais

de 50 milhões de jogadores federados. Os principais mercados de Golfe são os Estados

Unidos, Japão e Grã-Bretanha. Recorrendo à National Golf Foudation os mesmos

autores indicam que nos Estados Unidos em Abril de 2000, existiam 26,4 milhões de

jogadores de golfe federados, distribuídos nas seguintes proporções:

 8%: jogadores entre os 12 e os 17 anos;

 47%: de idades compreendidas entres os 18 e os 39 anos;

 20%: jogadores na média dos 40 anos;

 25%: representam os jogadores de 50 e mais anos.

É de destacar que nos Estados Unidos em Janeiro de 2000 existiam

aproximadamente 16747 campos de golfe, sendo que 70% destes campos estão abertos

ao público e os gastos anuais em equipamentos e acessórios (bolas, luvas e sapatos),

bem como green fee, equivale a 15 milhões de dólares (Zamora e Domínguez, 2001).

O Japão com pelo menos 13,7 milhões de jogadores federados era em 2000 o país

com maior número de jogadores por campo de golfe. A ascensão e o desenvolvimento

do golfe mostram centenas de campos construídos nos últimos anos. Os já existentes

campos de golfe, juntamente com todos os projetos em construção e planeamento,

fazem deste país, um dos principais mercados mundiais de golfe (Zamora e Domínguez,

2001).

Quanto à Europa é possível através do gráfico seguinte verificar a evolução do

número de jogadores entre os anos de 1985 e 2000.

Gráfico 1. Evolução do número de jogadores de golfe europeus entre 1985 e 2000

Fonte: Elaboração própria, tendo por base Zamora e Domínguez (2001)

0

500000

1000000

1500000

2000000

2500000

3000000

3500000

1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000

Nº de jogadores

25

Pode-se assim verificar que o número de jogadores de golfe na Europa aumentou

significativamente entre os anos de 1985 e 2000. No que toca aos últimos anos é

possível verificar-se que na Europa o número de jogadores de golfe registou um

crescimento até ao ano de 2008, sendo que a partir daí se verificaram ligeiras subidas e

descidas, ainda que pouco significativas, como apresentado no gráfico seguinte.

Gráfico 2. Evolução do número de jogadores de golfe na Europa entre 2000 e 2015

Fonte: European Golf Course Owners Association (2015)

Em janeiro de 2006 os mercados com maior intencão de compra de golfe eram

Espanha e Itália, seguidos por França, Holanda, Reino Unido e Alemanha (PENT,

2007).

No que toca ao número de praticantes de golfe do sexo feminino na Europa, pode-se

verificar que o número de jogadores aumentou desde 2005 a 2010, sendo que no ano de

2011 já registou uma ligeira descida, que é recuperada no ano seguinte e mantida até

2013. Em 2014 e 2015 é possível averiguar que se continuaram a verificar descidas.

Os países que registaram um crescimento positivo do número de praticantes de golfe

do sexo feminino na europa durante o período de 2010 a 2015 foram a Polónia

(12,48%), Republica Checa (5,49%), Suíça (3,27%), Holanda (2,14%), Bélgica

(2,02%), Alemanha (1,64%), Finlândia (0,52%), Dinamarca (0,15%), França (0,11) e

Áustria (0.04%). De verificar que Portugal foi um dos países que registrou percentagem

26

Gráfico 3. Evolução do número de jogadoras de golfe na Europa entre 2005 e 2015

Fonte: European Golf Course Owners Association (2015)

Quanto ao número de jogadores juniores registados entre o ano de 2005 e 2015

pode-se apurar que houve descidas e subidas ao longo dos últimos anos, pode-sendo que a partir de

2011 se começaram a notar descidas com maior expressão, sendo em 2015 os valores

muito mais baixos quando comparados com o ano de 2005. Existiram apenas quatro

países com percentagem de crescimento positiva, Espanha (7,37%), Polónia (5,43%),

Republica Checa (1,93%) e Bélgica (1,12%). Mais uma vez Portugal foi um dos países

com percentagem negativa (-4,96%) (European Golf Course Owners Association,

2015).

Gráfico 4. Evolução do número de jogadores juniores entre 2005 e 2015

Fonte: European Golf Course Owners Association (2015)

O aumento considerável do número de praticantes de golfe deve-se sobretudo ao

aumento da disponibilidade de tempo livre, que tornam possível praticar um desporto

que requer o seu tempo. Outro dos fatores adjacentes é o fato de o golfe representar um

desporto que pode ser praticado em qualquer idade, sem a necessidade de desenvolver

qualidades físicas extraordinárias, que juntamente com o aumento da esperança média

27

de vida da população explica o elevado número de praticantes. Este proporciona o

contacto com a natureza, bem como um sentimento de paz e a tranquilidade pelas

características do jogo em si, sendo que o aumento de programas televisivos sobre o

desporto também foi uma das formas de aumentar o conhecimento sobre o golfe e de

tornar este desporto mais popular (Zamora e Domínguez, 2001).

Não só o número de praticantes tem crescido como também os campos têm

aumentado consideravelmente, sendo que só nos Estados Unidos na década de 90, se

construíram 4029 novos campos de golfe. As causas deste aumento são variadas, e os

autores apontam que a possibilidade de jogar com qualquer idade é provavelmente a

causa mais consistente. Os países com maior número de campos de golfe são os Estados

Unidos, Japão, Canadá, Inglaterra e Austrália, tal como se verifica com o número de

jogadores (Zamora e Domínguez, 2001). Estima-se que na Europa existem cerca de

5000 campos de golfe que cobrem cerca de 200.000 hectares de terra, sendo que no total

prevê-se que existam no mundo mais de 30 mil campos de golfe (Markwick, 2000).

Um campo de golfe representa uma extensão de terreno para a prática do golfe que

com o adequado planeamento, projeto de construção e manutenção desempenham um

papel determinante e fundamental nesta atividade. Em cada campo destaca-se a

presença de alguns elementos como, o tee (zona de saída), fairway (zona onde deve cair

a bola), rough (vegetação que delimita as margens do fairway) e green (local onde a

bola deve ser inserida). Entre o tee e o green é usual existir uma série de obstáculos

como os bunkers (pequenas depressões no solo), lagos (naturais ou artificiais), rios,

entre outros, que tem como principal finalidade estratégica tornar o jogo mais difícil.

Existem também ao longo do campo as estacas, que servem de sinalização básica,

usadas para indicar lugares de partida, distâncias para o green, presença de lagos ou até

mesmo a realização de obras (Zamora e Domínguez, 2001).

Do ponto de vista geral, pode-se afirmar que cada campo de golfe tem as suas

características particulares. São obras feitas pelo homem em ambientes naturais, com

uma finalidade desportiva, atraindo jogadores, através de cuidadoso planeamento,

design e construção deste espaço físico, para tornar possível um maior sucesso do jogo

(Zamora e Domínguez, 2001).

Um campo de golfe requer um investimento considerável, não só em termos de

aquisição do terreno e construção, mas também em instalações e mobiliário do clube,