• Nenhum resultado encontrado

Tutores das Empresas

No documento DM Maria da Glória Machado Pereira Sousa (páginas 105-108)

3. O PROJETO: REESTRUTURAÇÃO DO CURSO SECUNDÁRIO VOCACIONAL

3.3. O Curso Vocacional de Mecatrónica (2013-2015): Experiência-piloto

3.3.7. Avaliação da Formação

3.3.7.4. Entrevistas: análise de conteúdo

3.3.7.4.5. Tutores das Empresas

Foram feitas também entrevistas aos tutores das empresas – catorze no total - que participaram neste projeto e onde os alunos fizeram a sua formação em contexto de trabalho. Quando questionados acerca da participação das respetivas empresas no planeamento do curso vocacional de mecatrónica, as respostas divergiram, mas a maior parte delas – nove do total de catorze – foi negativa. Relativamente àqueles que afirmaram ter participado, essa participação resumiu-se a uma consulta acerca dos conteúdos a abordar, tendo algumas dessas empresas feitos sugestões acerca das matérias, as quais, segundo as suas óticas, seriam importantes para formar profissionais nessa área.

Entre as respostas recebidas, nove foram respostas fechadas: oito negativas e uma positiva.

Relativamente à articulação que foi feita com a escola durante a realização do estágio formativo, seis das respostas recebidas foram francamente satisfatórias, salientando que essa foi feita de forma muito estreita com a escola. Segundo esses tutores, as reuniões de avaliação e acompanhamento do curso eram frequentes e eram tratados assuntos como: assiduidade, pontualidade, respeito pelas normas da empresa,

avaliação de competências desenvolvidas, entre outros. Havia visitas regulares e a articulação foi muito profícua.

Os restantes oito tutores não foram tão entusiastas na sua avaliação, limitando-se a referir que tudo tinha decorrido de forma normal/regular.

Três das respostas recebidas a esta questão foram fechadas.

No que concerne à carga horária e à sua adequação aos objetivos da formação, oito das respostas obtidas referem que esta era satisfatória, salientando o facto de, na sua opinião, o formando dever passar o máximo de tempo possível em formação na empresa e em contacto com o mundo do trabalho. A justificação para esta apreciação é de que uma carga horária de 1100 horas permite que o aluno desenvolva atitudes de maior responsabilidade dentro da empresa e uma maior consolidação de conhecimentos, permitindo-lhe interiorizar as noções básicas do contexto de trabalho.

Quanto aos restantes tutores, três confessaram ter dificuldades em responder a esta questão. Dois deles justificaram esse receio pelo facto de os objetivos terem sido definidos em função da carga horária do estágio, tornando tudo relativo, pois a própria formação foi gerida em função da carga horária de que dispunham. O outro tutor fez depender a sua resposta daquilo que seriam as aspirações futuras do aluno, consoante seria ou não mais importante para ele que a sua formação fosse mais ou menos prática.

Finalmente, dois dos tutores colocaram a questão da (des)continuidade da formação, afirmando um deles que a carga horária tinha sido suficiente, mas mal distribuída, pois não houve uma continuidade na formação. O segundo tutor que levantou essa questão defende que se deveria aumentar a duração do estágio na empresa.

Questionados sobre se tinham considerado que a formação em alternância (tal como foi ministrada no 2º ano) era vantajosa para o desenvolvimento das competências dos alunos, oito das respostas foram negativas. Segundo esses tutores, quanto mais sequencial for o tempo de estágio, melhor. Estes enfatizaram o caráter contínuo da atividade da empresa, pelo que a formação também deveria ter sido contínua, pois só assim permitiria que os alunos se pudessem aproximar mais da realidade laboral e daria mais garantias de aprendizagem do leque de competências. Do ponto de vista da empresa, a formação contínua seria também mais cómoda e mais útil, pois assim os

alunos poderiam acompanhar a produção e dar continuidade ao trabalho. Segundo um destes tutores, a solução ideal para o formando e para a empresa seria o estágio contínuo – oito dias, um mês ou seis meses, mas tudo seguido.

Entre os defensores da formação em alternância, são apontadas várias vantagens, a mais significativa será a possibilidade de o aluno articular, de uma forma mais imediata, conceitos teóricos com uma vertente prática em contexto de trabalho, sendo uma forma de as empresas participarem mais ativamente no desenvolvimento das competências técnicas dos formandos. Um dos tutores aponta para o facto de as empresas se terem habituado a ter os alunos em estágio três meses seguidos, referindo que isso não é correto e apresenta desvantagens para o formando, pois este deve sentir- se aluno, e não trabalhador, e ir à escola e falar com o professor. No entanto, mesmo os apologistas do ensino dual apontam algumas desvantagens a este sistema, alegando que se perde a sequencialidade na execução de tarefas.

Tendo sido questionados sobre se esta formação em alternância tinha causado algum tipo de constrangimento ao normal funcionamento da empresa, apenas um dos tutores respondeu afirmativamente à questão, alegando que o estágio do formando tinha complicado a organização da empresa.

Quanto aos restantes tutores, alguns mencionaram a necessidade de efetuar ajustamentos, algumas dificuldades em articular tarefas e horários ou preocupação em nomear um tutor para acompanhar mais de perto a atividade do formando, sem que isso se traduzisse efetivamente em constrangimentos. Um dos tutores aludiu ao facto de as empresas não poderem (ou, pelo menos, não deverem) contar com um estagiário para o trabalho efetivo no dia-a-dia, algo que é muitas vezes esquecido. Um estagiário é um aluno em formação e não uma alternativa económica para assegurar um posto de trabalho. Quatro das respostas obtidas a esta questão foram fechadas.

Por último, foi pedido aos tutores das empresas para que avaliassem as competências dos alunos do curso vocacional de mecatrónica, comparando a prestação dos alunos deste curso com outras experiências de estágio de alunos dos cursos profissionais.

Relativamente às respostas obtidas, seis dos tutores são de opinião que os alunos provenientes dos cursos profissionais estavam mais bem preparados para poderem

executar as tarefas de que eram incumbidos. Esta diferença justifica-se, segundo os mesmos, pelo tempo de duração do curso – apenas dois anos – comparativamente aos três anos de formação dos cursos profissionais que conferem aos formandos um maior desenvolvimento de competências técnicas. Além disso, segundo um dos tutores, os alunos provenientes dos cursos profissionais são mais maduros, têm mais motivação e interesse.

A falta de competência e a imaturidade dos alunos foi também um dos fatores apontados, salientando que estes precisavam de mais treino para executar as tarefas.

Um dos tutores é de opinião, no entanto, que as competências dos alunos que frequentaram o curso vocacional de Mecatrónica se encontravam adequadas ao expectável relativamente ao perfil de saída do curso e um outro confessou não estar preparado para fazer essa comparação, dado que o aluno que estagiou na sua empresa demonstrou uma atitude e postura muito positivas, motivo pelo qual tinham ficado muito satisfeitos com ele, ao ponto de o terem contratado quando terminou o curso. No campo oposto, um dos tutores limitou-se a referir que não encontrava quaisquer vantagens neste curso.

No documento DM Maria da Glória Machado Pereira Sousa (páginas 105-108)