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Capítulo 6. Procedimentos Metodológicos

6.1. Processo de escolha dos sujeitos

6.1.2. Um breve histórico de São José dos Campos

Inicialmente, na metade do século XVI, São José dos Campos era formada por um aldeamento em uma fazenda de padres jesuítas, localizada no vale do rio Paraíba do Sul, no bairro do Rio Comprido, a 10 km do atual centro da cidade de São José dos Campos, povoada por índios, conforme estudos realizados por Silva et al. (2010).

O aldeamento que ocorreu provavelmente no ano de 1564 foi regulamentado com a lei de 10 de setembro de 1611. Com esta lei, os padres jesuítas e com eles os índios foram expulsos das terras e o aldeamento migrou para diferentes lugares (SILVA et al. 2010). Mais tarde, os padres jesuítas voltaram e localizaram-se no que é hoje a Praça do Padre João Guimarães (igreja matriz), no centro da cidade de São José dos Campos.

A partir de 1692, os índios começaram a deixar a aldeia de São José, devido às descobertas de ouro nas Minas Gerais dos Goitacases, denominado de período da “corrida do ouro”. Em 1767, o aldeamento foi elevado à categoria de Vila e recebeu o nome de Vila Nova de São José e depois em Vila de São José do Parahyba. Nesta época foram construídos o pelourinho e a Câmara Municipal. Foi somente em 22 de abril de 1864 que a Vila foi elevada à categoria de cidade, passando a ser denominada como São José dos Campos, em 1871.

124 No século XIX, com a ajuda dos escravos, São José dos Campos contribuiu para a produção de café da região, no momento em que o Vale do Paraíba foi considerado a maior região produtora de café do mundo, contribuindo para o abastecimento de indústrias têxteis inglesas (STEIN, 1961). Houve também o momento em que São José dos Campos contribuiu, em decorrência das condições climáticas da região, para o tratamento de tuberculose, quando no ano de 1924 foi inaugurado o sanatório Vicentina Aranha.

Atualmente, São José é considerada um importante centro tecnológico, reúne desenvolvimento e pesquisa, com empresas tais como: Embraer, Johnson, General Motors (GM), Petrobras, Panasonic, entre outras; centros de ensino e pesquisa como: CTA (Centro Tecnológico Aeroespacial), INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica); além de universidades como: UNIP (Universidade Paulista), UNIVAP (Universidade do Vale do Paraíba), UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), FATEC (Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo), UNESP (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho) e ETEP (Escola Técnica Everardo Passos) e tem no turismo sua grande fonte de renda, por seus recursos naturais, artificiais e culturais como: Parque da Cidade (Parque Municipal Roberto Burle Marx), Horto Florestal, Banhado (área de proteção ambiental localizado no centro da cidade, com 4,32 milhões de m²), São Francisco Xavier (distrito do município de São José dos Campos, área de proteção ambiental da Serra da Mantiqueira, com 322 Km²). O distrito de São Francisco Xavier possui diversas cachoeiras, trilhas e regiões alpinas, com opções para a vivência de atividades no âmbito do lazer, outra fonte de renda da cidade.

São José dos Campos apesar de reunir desenvolvimento e pesquisa, também apresenta alto índice de desigualdade social (BORGES, 2004). De acordo com os estudos de Pochman e Amorin (2003), a região sudeste é a que apresenta melhores índices de exclusão social e entre os 5.507 municípios do Brasil São José dos Campos é o município que apresenta um índice médio de 0,636 de exclusão social, numa escala que varia entre 0 e 1, sendo zero considerado índice de pior situação e um melhor situação, em termos de exclusão social. Além disso, apresenta um índice baixo de 0,811 de pobreza, apesar de ter um alto índice de desigualdade social (0,175). No entanto, os autores reconhecem que estes índices podem apresentar distorções, em decorrência dos resultados das médias gerais.

Os resultados de Borges (2004) evidenciaram exatamente isto, que apesar do índice de pobreza baixo (0,811) não é possível afirmar que a riqueza gerada nas indústrias de São José dos Campos reflete em uma boa condição de vida de sua população, em decorrência do alto índice de desigualdade social (0,175).

125 Segundo Borges (2004, p. 2) “para mapear as áreas de pobreza intra-urbana é necessário que se trabalhe com os dados em um nível de agregação menor que o município, porque as médias gerais mascaram a realidade”.

Assim, objetivando construir o mapa da pobreza urbana de São José dos Campos, a pesquisa de Borges (2004) partiu de 12 indicadores sociais agrupados em 4 categorias. A autora identificou áreas de menor e maior concentração de pobreza, de acordo com as condições de domicílio, a condição de saneamento, a condição social do responsável pelo domicilio e a condição de educação dos residentes. Essas carências foram percebidas a partir da combinação de variáveis disponibilizadas pelo censo do IBGE de 2000.

Para classificar uma área pobre a autora definiu como referência o nível de desenvolvimento médio de todos os setores urbanos de São José dos Campos em cada um deles, a partir de quatro posições hierárquicas, (1) muito crítico, (2) crítico, (3) razoável e (4) bom, apontando os setores de extrema pobreza a dos índices 1 e 2.

Os resultados de Borges (2004) indicam que 31,24% da população urbana de São José dos Campos vivem em setores com índices muito crítico e crítico de pobreza; isto é, 19.160 pessoas (3,61% da população) vivem em más condições de domicílios, com dificuldades de acesso ao abastecimento de água e esgotamento sanitário por rede geral e, falta de coleta domiciliar de lixo, notando-se uma extrema desigualdade de acesso ao saneamento básico, más condições sociais, no que se refere á renda e ao nível de escolaridade do responsável pelo domicílio, e, por fim, os residentes da cidade, com idade maior de 10 anos de idade, têm baixa escolaridade. Barros ainda destaca a importância dos mapas no planejamento de políticas públicas no sentido de apreender a realidade e de apontar as áreas de pobreza, revelando “a cidade oculta”, de maneira a contribuir para a compreensão da estrutura social urbana, além de possibilitar a compreensão de fatores socioeconômicos, revelando suas especificidades.

Esta realidade objetiva faz parte da história da cidade onde localiza-se a Diretoria de São José dos Campos/SP.