• Nenhum resultado encontrado

2.1-UNIDADE NA DIVERSIDADE: O DEBATE DO FIM OU DA PERMANÊNCIA DO CAMPESINATO NO MARXISMO AGRÁRIO

No documento PARADIGMAS EM DISPUTA NA EDUCAÇÃO DO CAMPO (páginas 124-132)

CAPÍTULO II O PARADIGMA DA QUESTÃO AGRÁRIA: AS DIFERENTES TENDÊNCIAS DO MARXISMO DIFERENTES TENDÊNCIAS DO MARXISMO

2.1-UNIDADE NA DIVERSIDADE: O DEBATE DO FIM OU DA PERMANÊNCIA DO CAMPESINATO NO MARXISMO AGRÁRIO

Os autores KarlKautsky e Vladimir I.Lênin escreveram as obras seminais de uma vertente que faz parte do Paradigma da Questão Agrária. Respectivamente, A Questão

Agrária e o Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia. A partir dessas obras marxistas

foram fundados os principais elementos de análise desse paradigma: a renda da terra, a

diferenciação econômica do campesinato e a desigualdade social geradas pelo desenvolvimento do capitalismo (FERNANDES, 2009). Para Bernardo Mançano Fernandes,

essas duas obras clássicas são fundamentais para entendermos o debate acerca da questão agrária, pois nos possibilita o entendimento dos elementos estruturais fundamentais que explicam a questão agrária no capitalismo:

[...] não se pode negar algumas das mais importantes obras clássicas que são referências teóricas fundamentais [...]: A questão agrária, de Kautsky; neste trabalho seminal encontramos excelentes análises a respeito dos elementos estruturais da questão. Outra obra contemporânea desta. O desenvolvimento do capitalismo na Rússia, de Lênin, também contribui para formarmos os quadros de referências para o estudo do capitalismo agrário. [...]. De fato, são referências essenciais para a pesquisa do movimento da questão agrária e contribuem na elaboração de novas idéias a respeito do dimensionamento dos problemas agrários. (2001, p.26, grifo nosso).

As obras de Karl Kautsky, Vladimir I. Lênin e, acrescentado, La organización de la

unidad economica campesina, de Alexander V. Chayanov, são escritas num período

histórico de transformação da sociedade alemã e russa no final do século XIX e início do século XX. A preocupação central era entender o papel destinado à agricultura e ao campesinato. Este é o cerne das discussões engendradas pelos autores clássicos, como Karl Kautsky, Vladimir I. Lênin e Alexander V. Chayanov. A problemática do campesinato no interior do desenvolvimento do modo de produção capitalista é a discussão que perpassa todas essas obras (ALMEIDA, 2006).

Paradigmas em Disputa na Educação do Campo

122 Todavia, podemos afirmar que entre os autores que fazem parte do Paradigma da Questão Agrária existem concepções divergentes a respeito da questão camponesa. Isto ocorre porque, mesmo a partir dos pressupostos teórico-metodológicos marxistas, houve várias subdivisões em correntes que tentaram explicar a questão agrária. No Brasil, em particular, cada corrente à sua maneira desenvolveu diferentes ―marxismos‖. Estas diferentes vertentes do marxismo, segundo Ariovaldo Umbelino de Oliveira (2004a), pode ter tido influência positivista e historicista.

Assim, é necessário ressaltar que apesar da existência destes elementos de análise estruturais em comum, devido ao método de leitura ser o materialismo histórico e dialético que permite caracterizar várias vertentes de discussão neste mesmo paradigma, existem algumas diferenças fundamentais a serem entendidas. Podemos elencar que perpassam todos os autores e vertentes desse paradigma os seguintes elementos de análise: o conflito, a

contradição, a sociedade em movimento, as perspectivas de superação do capitalismo, a

busca pelo socialismo e a luta de classes.

A principal questão a ser entendida no interior do processo do desenvolvimento capitalista no campo é ―[...] manifestado na constante indagação a respeito da permanência

ou do fim do campesinato. Até o final da década de 1980, esta questão dominou o principal

debate das vertentes teóricas do paradigma da Questão Agrária. [...]‖. (FERNANDES, 2009, p. 10, grifo nosso).Por isso, no Paradigma da Questão Agrária temos duas concepções de análise distintas com relação à problemática da diferenciação do campesinato: de um lado uma corrente que acredita na inevitável destruição do campesinato e, consequentemente, em sua proletarização ou aburguesamento e, do outro lado, os que acreditam na continuidade da existência de relações não-capitalistas, como são as relações camponesas de produção, devido à própria lógica contraditória e desigual do desenvolvimento capitalistae pela

resistência ao capital por parte do campesinato (MARTINS, 1981; OLIVEIRA, 1997; 1999;

2004a; FERNANDES, 2001; ALMEIDA, 2006; PAULINO, 2006).

No território dos debates [...] Entre os elementos estruturais que se encontram no centro da questão estão os problemas relativos à diferenciação do campesinato. Nesse ponto, há diferentes leituras: de um lado, a premonição dos que acreditam na destruição do campesinato e uma possível hegemonia da condição de assalariamento; de outro, os que defendem a tese da persistência de relações não-capitalistas de produção, no contexto das desigualdades e das contradições das relações capitalistas de produção. Essas interpretações da questão contribuíram para a elaboração de distintas políticas referentes às leis trabalhistas e à reforma agrária. [...]. (FERNANDES, 2001, p.27, grifo nosso).

Paradigmas em Disputa na Educação do Campo

123 Deste modo, de acordo com Rosemeire Aparecida de Almeida (2006), a análise do campesinato sob o modo capitalista de produção pode ser agrupada em duas grandes vertentes: desintegração do campesinato de um lado e a permanência/recriação camponesa

de outro.

[...] imperou tanto na tradição dos estudos marxistas como entre os neoliberais, a compreensão de que o campesinato estava fadado ao desaparecimento, sobretudo por sua incapacidade em fazer de sua unidade de exploração um negócio rentável. Assim, paradoxalmente, a teoria da descamponização aproximou campos distintos, ou seja, teóricos com uma

práxis voltada para a transformação social rumo ao socialismo, acabam convergindo com os neoliberais defensores de um mundo onde a agricultura é um ramo da indústria submetido á taxa média de lucro. (ALMEIDA; PAULINO, 2010, p. 55, grifo nosso).

A despeito de a descamponização ser uma prerrogativa que diz respeito tanto ao Paradigma da Questão Agrária quanto ao Paradigma do Capitalismo Agrário, a forma como a descamponização é explicada diverge nos dois paradigmas. No Paradigma do Capitalismo Agrário, este processo ocorre com a metamorfose do camponês em agricultor familiar (como veremos no capítulo 3). No Paradigma da Questão Agrária, com relação a vertente que defende o ―fim do campesinato‖ ou ―descamponização‖, isto é, a proletarização do campesinato como algo inevitável, entre os adeptosestão alguns dos grandes pensadores marxistas mundiais e brasileiros como Vladimir I. Lênin, Karl Kautsky, Caio Prado Junior, entre outros (OLIVEIRA, 1999; 2004a)37.

Devido a esta ênfase dada ao fim do campesinato e hegemonia do proletariado,considerando-o como sendo a única classe realmente revolucionária, podemos denominar esta vertente do Paradigma da Questão Agrária como a tendência proletarista. Esta posição faz oposição a nossa tendência campesinista(FERNANDES, 2011)38.A tendência proletarista é aquela que tem como principal referencial teórico o marxismo ortodoxoagrário

37 Para Ariovaldo Umbelino de Oliveira (1999; 2004), os pesquisadores Ricardo Abramovay e José Eli da Veiga

fazem parte dessa corrente teórica por defenderem o fim do campesinato. Todavia, discordamos dessa afirmação porque a descamponização defendida por estes autores não tem como consequência a proletarização, mas a metamorfose em um agricultor profissional/moderno/integrado etc. Vamos discutir esta questão com profundidade no terceiro capítulo.

38 Informação Verbal: 12 de outubro de 2011. IX Encontro Nacional da Associação de Pós-Graduação e Pesquisa

em Geografia. Fala proferida na participação em mesa redonda que tinha como tema geral: ―Convergências e Divergências na Produção do Espaço da América Latina‖. Onde fez uma apresentação com o título: paradigmas na contemporaneidade: debate paradigmático e disputas territoriais. Bernardo Mançano Fernandes afirma: A corrente campesinista do Paradigma da Questão Agrária enxerga o campesinato como os sujeitos protagonistas na construção dos processos emancipatórios. Como oposição temos a corrente proletarista onde o proletariado é o único sujeito revolucionário capaz de fazer o embate com o capital.

Paradigmas em Disputa na Educação do Campo

124 e a tendência campesinista é aquela que tem como principais referencias teóricos o marxismo

heterodoxo eo narodnismo marxista39 (GUZMÁN; MOLINA, 2005).As bases destas

tendências divergentes que influenciaram todo o pensamento agrário surgem no decorrer do século 19 e definem posturas políticas-ideológicas distintas. De um lado, a defesa do campesinato, enfatizando sua força de adaptabilidade histórica, por parte dos narodnistas, e de outro lado, a consideração do campesinato como um resquício retrógado a ser eliminado pelo progresso, por parte dos marxistas ortodoxos.

[...] no decorrer do século 19, configuram-se duas categorias intelectuais nas quais se articulam duas práxis sociopolíticas claramente definidas. Por outro lado, o narodnismo, como defensor da vigência do campesinato, com um potencial de adaptação histórica; e, por outro, o marxismo ortodoxo, para quem o campesinato não seria mais do que um resíduo anacrônico que haveria de ser sacrificado nos altares do progresso. [...]. (GUZMÁN; MOLINA, 2005, p. 53, grifo nosso).

Com base em Munir Jorge Felício (2010) construímos um quadro geral (Quadro 01) de conceitos e seus respectivos autores que consideramos como sendo relevantes para entendermos a complexidade da questão agrária. Este quadro demonstra a pluralidade de tendências e concepções presentes no interior do Paradigma da Questão Agrária.

39 Os autores também usam a denominação de mais uma corrente teórica, o marxismo neochayanoviano. A

expressão ―marxismo chayanoviano‖ procede de Lehman e tem sido amplamente aceita pela comunidade científica da sociologia da agricultura estadunidense (GUZMÁN; MOLINA, 2005). Vamos aprofundar o debate sobre o marxismo heterodoxo eo narodnismo marxista mais adiante.

Paradigmas em Disputa na Educação do Campo

125

Quadro01 - Temas e autores do Paradigma da Questão Agrária

Temas Autores

Diferenciação social do campesinato

LÊNIN(1985) Questão Agrária como problema

estrutural do capitalismo

KAUTSKY (1980)

O fim do campesinato LÊNIN (1985) e KAUTSKY (1980) A sujeição da renda da terra ao

capital

MARTINS (1981) O processo capitalista de re-

criação de relações não- capitalistass

LUXEMBURG (1985) e MARTINS (1981)

O desenvolvimento contraditório e desigual do capitalismo no campo

OLIVEIRA (1997; 1997; 1999; 2004)

A conflitualidade FERNANDES (2009)

A classe e o modo de vida camponês

SHANIN (2005; 2008)

Os territórios materiais/imateriais RAFFESTIN (1993); HAESBAERT (2002; 2006); SAQUET (2009); FERNANDES (2008; 2009a; 2009b) A resistência do campesinato FERNANDES (2000; 2001; 2005; 2009a; ALMEIDA

(2003; 2006a);PAULINO (2006a; 2006b) e ALMEIDA e PAULINO (2000; 2010)

A Questão Agrária KAUTSKY (1980) STÉDILE (1998)

A economia camponesa CHAYANOV (1974); SHANIN (2005; 2008)

A produção camponesa FABRINI e MARCOS(2010)

Proletarização camponesa e

trabalhadores assalariados rurais THOMAZ JUNIOR (2003; 2004; 2009; 2010)

Fonte: Adap. FELÍCIO, Munir (2010). Org. CAMACHO, Rodrigo Simão.

No Quadro 02, vamos incluir alguns autores e conceitos para pensar a questão agrária, principalmente numa perspectiva campesinista do Paradigma da Questão Agrária na Geografia. Fizemos uma correlação entre temáticas e autores a partir das discussões que estamos priorizando em nossa tese. Vejamos:

Paradigmas em Disputa na Educação do Campo

126

Quadro02 - Temas e autores da vertente campesinista do Paradigma da Questão Agrária. Temas Autores Os processos de territorialização do capital monopolista e de monopolização do território

pelo capital monopolista

OLIVEIRA(1997; 1999; 2004a)

Os movimentos sociais e/ou socioterritoriais camponeses

GOHN (2009); FERNANDES (2001; 2005); ALMEIDA(2003; 2006a); PAULINO (2006a)

Identidade territorial e de classe camponesa e modo de

vida camponês

BRANDÃO(1999); ALMEIDA (2003; 2006a); MARQUES (2004; 2008a); WOORTMANN(1990); SHANIN (2005; 2008);

(GUZMÁN; MOLINA, 2005) Recriação camponesa pelo

capital e na luta pela/na terra

FERNANDES (1994;2000; 2001) ALMEIDA(2003; 2006a); PAULINO (2006b); SHANIN (2005; 2008); OLIVEIRA(1997;

1999; 2004a); (GUZMÁN; MOLINA, 2005)

Questão agrário/agrícola PORTO-GONÇALVES(2004)

Concentração fundiária OLIVEIRA(2003)

Terra de negócio e terra de trabalho

MARTINS(1981)

Territórios em disputa FERNANDES(2008; 2009); THOMAZ JUNIOR (2010) Educação do Campo FREIRE(1981; 1999); ARROYO; MOLINA; CALDART

(2004); FERNANDES (2004; 2006; 2008a) Fonte: Org. CAMACHO, Rodrigo Simão.

Sendo assim, o que há em comum a todos esses teóricos/pesquisadores e seus respectivos conceitos, apesar das marcantes divergências, é que as explicações da realidade

são construídas pelo Paradigma da Questão Agrária a partir do materialismo histórico e dialético. Priorizando algumas questões que começaram a ser discutidas por Karl Marx e Friedrich Engels na segunda metade do século XIX.

Compreendemos que na dialética materialista, as relações sociais são construídas, historicamente, de maneira dinâmica, por contradições e, por sua vez, superação dessas contradições. Sendo que na dialética materialista a proposta político-ideológica de superação do modo de produção capitalista, tendo em vista a sua incapacidade humanizadora, não se separa da perspectiva teórica.

A concepção dialética implica compreender o desenvolvimento histórico sendo efetuado por contradições e movimentos de superação destas contradições. [...]. A demonstração das contradições internas ao capitalismo, seus antagonismos, e de suas implicações sobre a coisificação da vida e a alienação humana evidencia a possibilidade histórica de superação desse sistema que define as relações nas sociedades contemporâneas. (LOUREIRO, 2004, p.111, grifo nosso).

Paradigmas em Disputa na Educação do Campo

127 Na perspectiva do materialismo dialético, devido as suas contradições estruturais, o conflito de classes é intrínseco à dinâmica de criação/destruição/recriação das relações sociais no modo de produção capitalista e seu desenvolvimento no campo.

A conflitualidadeé inerente ao processo de formação do capitalismo e do campesinato. Ela acontece por causa da contradição criada pela destruição, criação e recriação simultâneas dessas relações sociais. A conflitualidadeé inerente ao processo de formação do capitalismo e do campesinato por causa do paradoxo gerado pela contradição estrutural. [...]. (FERNANDES, 2009, p. 6, grifo do autor).

Partindo-se da perspectiva de que a questão agrária é um problema estrutural, este somente poderá ser resolvido com a luta contra o capitalismo e a proposta de construção de uma outra sociedade (FERNANDES; WELCH; GONÇALVES, 2010). Esta outra sociedade tem como ponto de partida aquela teorizada desde os clássicos do marxismo, por Karl Marx e Friedrich Engels, a sociedade socialista (que também está em questão).

A partir desse paradigma, na ciência geográfica, a luta de classes é priorizada e é discutida intrinsecamente relacionada ao processo de construção/domínio/disputa territorial. Sendo assim, para interpretar a realidade agrária, ―oparadigma da questãoagrária prioriza as

lutas de classes para explicar as disputas territoriais, os modelos de desenvolvimento e suas

conflitualidades. [...]‖. (FERNANDES; WELCH; GONÇALVES, 2010, p. 3, grifo nosso).A

dialética é um pressuposto teórico-metodológico que foi trazido à Geografia pela influência marxista e, como corrente na geografia agrária, é marcada pelo fim do discurso ideológico de neutralidade científica presente, até então, sobretudo, na Geografia Tradicional/Positivista. Por isso, possui um caráter ideológico de classe, das classes subalternas, mostra-se como sendo a antítese do pensamento científico burguês dominante (CAMACHO, 2008). Neste sentido, vejamos o que escreve Ariovaldo Umbelino de Oliveira:

Trazida pela influência marxista, a dialética como corrente na Geografia Agrária está na base de um conjunto de trabalhos de Orlando Valverde, Manuel Correia de Andrade, Pasquale Petrone, Lea Goldenstein, Manuel Seabra, entre outros. Tal influência tem sido marcada por princípios que sustentam essa escola do pensamento. Pode-se destacar entre eles o condicionamento histórico e social do pensamento, portanto o seu caráter ideológico de classe. Com o marxismo, começou a batalha pelo desmascaramento do discurso pretensamente neutro e objetivo presente no positivismo e no empirismo lógico, e mesmo no historicismo. (OLIVEIRA, 2004a, p. 33, grifo nosso).

Paradigmas em Disputa na Educação do Campo

128 Segundo Noemia Ramos Vieira, uma das maiores contribuições do materialismo histórico e dialético na Geografia é a possibilidade que o mesmo possibilita de desvendarmos os conflitos e contradições inerentes ao modo de produção capitalista.

[...] significativas contribuições podem ser oferecidas pelo conhecimento geográfico construído sob os pressupostos teórico-metodológicos do materialismo histórico e dialético, pois se trata de uma corrente do pensamento geográfico que trouxe importantes elementos para o desvendamento das contradições socioeconômicas existentes na sociedade capitalista [...]. (2004, p. 31).

No marxismo temos a construção teórica de um método com objetivos de aplicação prática. Pois, não se limita à interpretação da realidade, mas possibilitaa produção de um conhecimento científico que ultrapassa os limites de ser apenas a análise descomprometida da realidade porquebusca a mutação social. Em outras palavras: ―[...] a tradição iniciada em Karl Marx representa ‗a escola teórica que teve a maior influência prática (e as mais profundas raízes práticas) na história do mundo moderno, é um método para, ao mesmo tempo,

interpretar e mudar o mundo‘‖. (HOBSBAWN apud LOUREIRO, 2004, p.111, grifo

nosso).Esta concepção demonstra a importância do caráter científico-revolucionário construído por Marx, tendo em vista que não havia essa concepção político-ideológica de classe social, antes de Marx. É ele, portanto, quem rompe com o caráter neutro da ciência e concebe a ciência como instrumento de transformação social (ALMEIDA, 2006; CAMACHO, 2008).

Das diversas tendências marxistas existentes, algumas foram as principais influenciadoras dos intelectuais que se debruçaram para entender a questão agrária no capitalismo. É neste contexto histórico-espacial que Karl Marx começa a se debruçar para entender a questão agrária. Deste esforço nasce as seguintes correntes teóricas que são as bases principais das discussões da Questão Agrária até os dias de hoje: o narodnismo

marxista (ainda que este, de natureza marxista, tenha sido ―descoberto‖ nos anos se 1970); o

marxismo clássico heterodoxo; e o marxismo ortodoxo agrário (GUZMÁN; MOLINA,

2005). Enquanto o marxismo ortodoxo agrário é o principal pressuposto teórico-metodológico da tendência proletarista do Paradigma da Questão Agrária, o narodnismo marxista e o marxismo heterodoxo são as principais referências teóricas da tendência campesinista do

Paradigmas em Disputa na Educação do Campo

129

2.2 – A TENDÊNCIA PROLETARISTA DO PARADIGMA DA QUESTÃO AGRÁRIA

No documento PARADIGMAS EM DISPUTA NA EDUCAÇÃO DO CAMPO (páginas 124-132)