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3.2 AS TICS E O PAPEL DO VÍDEO DIDÁTICO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO

3.2.1 O Vídeo como Recurso Educacional

Entende-se que a formação docente deve, cada vez mais, propiciar aos professores e futuros professores uma visão diversificada da prática de ensino, possibilitando-lhes um contato com os diversos recursos didáticos que podem auxiliá-los nesse modelo de escola, que está em constante mudança, ainda mais em se tratando da formação da sociedade do conhecimento.

O vídeo deve ser um desses recursos, que é capaz de desempenhar um importante papel em sala de aula. Uma grande vantagem de seu uso é que os jovens estão acostumados com ele, isto é, o vídeo é uma mídia cada vez mais

presente no cotidiano dos alunos, mas como uma forma de entretenimento e, quando inserido nas aulas, pode funcionar como um elemento auxiliador da aprendizagem. Seguindo essa ideia, Moran (1995, p. 27-28) afirma que:

O vídeo está umbilicalmente ligado à televisão e a um contexto de lazer, de entretenimento, que passa imperceptivelmente para a sala de aula. Vídeo, na concepção dos alunos, significa descanso e não "aula", o que modifica a postura e as expectativa em relação ao seu uso. Precisamos aproveitar essa expectativa positiva para atrair o aluno para os assuntos do nosso planejamento pedagógico. Mas, ao mesmo tempo, saber que necessitamos prestar atenção para estabelecer novas pontes entre o vídeo e as outras dinâmicas da aula.

Levando em consideração esses entendimentos, compreende-se que o vídeo, pensado e inserido nas aulas com objetivos pedagógicos pré-definidos, pode trazer algumas corroborações para o processo educativo, dentre elas: quando usado para aumentar a memória visual é uma ferramenta valiosa; atingir as crianças com uma grande variedade de estilos de aprendizagem; trazer novas informações para sala de aula; permitir ao aluno ver como uma história aconteceu; servir para expor aos estudantes informações, pessoas, lugares e eventos que outros recursos de aprendizagem não podem (MACHADO, 2011). Além disso,

[...] o vídeo como recurso didático apresenta uma série de características como baixo custo e facilidade de uso, o que lhe permitirá estar presente em diferentes momentos do processo educativo: como um meio de observação, como um meio de expressão, tais como autoaprendizagem e como meios de apoio à educação (RAMOS, 2000, p. 3).

Segundo Barato (2006), os vídeos trazem muitos benefícios para o contexto da sala de aula, na medida em que a partir dele é possível combinar som, imagem, movimento, entre outros arranjos, por meio dos quais se podem contar histórias, provocar emoções, criar sonhos, ativar o imaginário etc. Contudo, convém ressaltar que um único vídeo não permitirá tudo isso, mas seus aspectos lúdicos desencadeiam algumas sensações nesses sujeitos que podem atingir o imaginário, favorecendo, assim, a compreensão das ideias neles abordadas.

Outra característica explicitada por ele é que o vídeo tem o poder de sintetizar os conteúdos em obras curtas, o que é vantajoso, pois professores e alunos podem examinar muitas vezes o material, explorando significados de cores, movimentos, sons, tratamentos de imagens, natureza da mensagem, conteúdos,

entre outros elementos. Tais aspectos permitem compreender que o vídeo explora diversas linguagens, e:

[...] a mixagem entre imagens, movimentos, cores, e textos provocativos mobiliza sentimentos e pensamentos criativos. Transmite novas formas de linguagens em que estão presentes o pensar e o sentir. Cultura audiovisual que dá origem a uma nova linguagem, assumida pela sociedade contemporânea. Linguagem presente nas salas de aula com ou sem uso de equipamentos e tecnologias mediáticos e que contribui para o aparecimento no trabalho didático de algumas das suas características (KENSKI, 2003, p. 59).

Desta forma, as linguagens e características dos vídeos podem contribuir para a prática docente, desempenhando influências positivas que auxiliam na compreensão de conceitos. Todavia, é possível destacar que não é a simples utilização do vídeo em sala de aula que irá garantir a aprendizagem. Seu uso deve ser pensado e planejado. Indo ao encontro deste pensamento, Machado (2011, p. 70) afirma que “a utilização pedagógica de qualquer meio deve partir da didática e não do meio”, destacando que deve haver um planejamento antes de seu uso.

Soma-se a essas ideias o fato de que seu uso pedagógico pode ser realizado de diversas maneiras, devido ao seu caráter multidimensional e flexível. No entanto, sua utilização não deve reforçar ainda mais as práticas tradicionais, que consideram os alunos como folhas brancas para serem preenchidas pelas informações do professor ou do vídeo. Antes, porém, deve ser compreendido como uma faceta de ensino, juntamente com qualquer material ou outro recurso disponível para o ensino de um determinado tópico, e o professor deve estar preparado para isso (MACHADO, 2011).

Para que o docente possa desempenhar um melhor uso do recurso audiovisual, é preciso que ele tenha conhecimento do potencial que o vídeo tem, pois, para Cinelli e Lapolli (2003, p. 38), uma:

[...] das grandes vantagens do vídeo em sala de aula está no fato do utilizador poder manuseá-lo, manipulá-lo como se “folheasse um livro”: avanços, recuos, repetições, pausas, todas essas interferências no ritmo e norma habitual de apresentação da mensagem audiovisual que distinguem a televisão do vídeo.

Assim, os docentes devem dominar esse recurso, o que permitirá a eles evitar abordagens inadequadas que, de acordo com Moran (1995), acontecem

quando: utilizado para cobrir a ausência do professor; os vídeos fogem do conteúdo e do contexto da matéria; apenas esse tipo recurso é utilizado para ministrar o conteúdo, sem discussões sobre ele. Este autor também afirma que essas práticas desvalorizam o uso do vídeo, diminuem a sua eficácia e provocam empobrecimento das aulas. Ademais, para o aluno, o uso do vídeo pode passar a ser equivocadamente associado à falta de aula, passatempo ou falta de conteúdo para a disciplina trabalhada.

Compreende-se, assim, que o uso do vídeo como recurso educacional é possível; porém, sua inserção em sala de aula exige uma formação adequada por parte dos professores. Por isso, a necessidade de que os vídeos permeiem também a formação docente, a fim de que estes sujeitos tenham subsídios que os permitam realizar essa inserção, mas com qualidade.