• Nenhum resultado encontrado

3.5 Efetividade Ambiental da CIDE-Combustíveis: Contribuição ao Desenvolvimento Sustentável

3.4.2 Valores e Princípios no Direito Tributário Ambiental

380 FERRAZ, Roberto. Tributação ambientalmente orientada e as espécies tributárias no Brasil. In:

Direito Tributário Ambiental. Organizador: Heleno Taveira Torres. São Paulo: Malheiros, 2005. p.350.

381 JACCOUD, Cristiane Vieira. Tributação Ambientalmente Orientada: Instrumento de Proteção ao

Meio Ambiente. In: http://www.conpedi.org/manaus/arquivos/anais/manaus/direito_tribut_cristiane_v_jaccound.pdf.

para dentro do custo do produto o montante exigido pela reparação ambiental do mal que causa.378

Convém ressaltar que a tributação ambiental não seria instrumento de punição da empresa cuja atividade é lícita à luz do comportamento jurídico. Todavia, admitindo-se que certas atividades produtivas causam impacto no meio ambiente, a tributação ambiental buscaria compor o custo sócio-ambiental daquela atividade com a obtenção de receita precipuamente destinada a corrigir aquela agressão ambiental ao mesmo tempo em que induziria mudanças de comportamento não só pela determinação do Estado que proíbe, mas pela busca da atividade privada por uma solução mais econômica (re-orientação da atividade empresarial) e, também, na re- orientação na mudança de comportamento dos consumidores sem consciência das externalidades negativas do processo produtivo de certos produtos ou com costumes mal orientados ambientalmente.379

Dessa maneira, a existência de uma tributação ambientalmente orientada não é garantia de desenvolvimento sustentável pleno, mas pelo menos de que há uma preocupação com o meio ambiente por parte do Estado, o que se mostra, a longo prazo, uma pertinente arma contra a degradação dos recursos naturais do planeta. Considerar que, pelo menos em tese, as empresas que exploram atividades potencialmente poluidoras passarão a se preocupar mais com o meio ambiente, mesmo que essa preocupação não seja sincera, mas em função dos incentivos fiscais e do desejo de não despender quantias maiores em virtude da responsabilização por eventuais danos ambientais, já representa um enorme avanço e um alívio para os infantes de hoje, que se tornarão a geração a usufruir dos recursos naturais nos dias vindouros.

Em suma, como a norma jurídica não necessita, para o seu cumprimento, que haja uma real concordância subjetiva e interna para com o seu mandamento (como ocorre com as normas morais), mas tão somente a sua observância e

378 FERRAZ, Roberto. Tributação ambientalmente orientada e as espécies tributárias no Brasil. In:

Direito Tributário Ambiental. Organizador: Heleno Taveira Torres. São Paulo: Malheiros, 2005. p.344.

379 JACCOUD, Cristiane Vieira. Tributação Ambientalmente Orientada: Instrumento de Proteção ao

Meio Ambiente. In: http://www.conpedi.org/manaus/arquivos/anais/manaus/direito_tribut_cristiane_v_jaccound.pdf.

Podemos dizer que, da concepção do tributo como meio de obtenção de recursos, avançou-se para a idéia de que ele pode e deve ser utilizado para favorecer a realização dos mais elevados objetivos sociais, econômicos e políticos. Converteu-se, pois, num instrumento privilegiado de intervenção estatal, em ordem a possibilitar, por exemplo, uma melhor distribuição da renda do País. Esta, de resto, é uma conseqüência natural de nosso Estado Democrático de Direito, que, mais do que tributos justos, exige que estimulem a criação e a proteção do emprego, a correção dos desequilíbrios sociais, a implantação de uma política urbanística adequada, e assim por diante.376

Dessa forma, hodiernamente a tributação se presta a objetivos não mais restritos à mera arrecadação pelo Estado para financiar os serviços públicos essenciais. Serve também de instrumento profícuo para se atingir o desenvolvimento sustentável, o que pode ser feito através de uma “ginástica” com as espécies tributárias em vigor (conforme mencionado no tópico anterior), e por meio também da utilização dos seus recursos em projetos de conservação ambiental.

Nessa sorte de idéias, a tributação ambiental apresenta-se como instrumento viável e eficaz àquilo que se propõe: aumentar a eficiência econômica de forma ambientalmente desejável. Portanto, os tributos ambientalmente orientados são aqueles que influenciam na decisão econômica de modo a tornar mais interessante a opção ecologicamente mais adequada.377

No caso dos tributos incidentes sobre combustíveis e sobre energia elétrica, para que o seu aumento relativo possa ser considerado ecologicamente orientado, impende-se, precipuamente, que se reconheça na destinação do produto da arrecadação essa orientação. Como já se referiu anteriormente, o tributo ecologicamente orientado deverá “internalizar” os custos ambientais, isto é, trazer

376 CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 22ª ed. São Paulo:

Malheiros, 2006. p. 664-5.

377 FERRAZ, Roberto. Tributação ambientalmente orientada e as espécies tributárias no Brasil. In:

Direito Tributário Ambiental. Organizador: Heleno Taveira Torres. São Paulo: Malheiros, 2005. p.346 e 341.

e diz respeito ao emprego de instrumentos tributários para gerar recursos necessários à prestação de serviços públicos de natureza ambiental, bem como para orientar o comportamento do contribuinte à proteção do meio ambiente.374

Nesse fito, podem ser usados os tributos, em sua função fiscal, ou seja, arrecadatória, para que as receitas auferidas com sua arrecadação sejam aplicadas em serviços de manutenção do meio ambiente, como é o caso da CIDE- Combustíveis, que tem em sua lei instituidora a definição do destino de suas receitas, e dentre as quais figura o investimento em projetos de conservação do meio ambiente ligados ao petróleo e gás.

Assim também, lança-se mão da “finalidade extrafiscal dos tributos”, ou seja, aquela orientada para fins outros que não seja a captação de dinheiro para o Erário (finalidade arrecadatória), não se tratando unicamente da instituição de novos tributos, mas, principalmente, da possibilidade de utilizar os tributos já existentes através de uma “aplicação especial”, visando à defesa do meio ambiente, ou sendo, de alguma forma, ambientalmente seletivos. Nesse sentido, as técnicas utilizadas poderiam ser diversas, como progressividade e diferenciação de alíquotas, adoção de variáveis ambientais no critério de distribuição/repartição entre os entes federativos bem como a concessão de incentivos fiscais, isenções, deduções375. Dessa finalidade também está imbuída , dentre os quais também será objeto de nosso estudo a finalidade da CIDE-Combustíveis nesse mister de preservação ambiental, assim como a utilização de suas receitas no fito de promover o desenvolvimento sustentável.

3.4.1 Tributação Ambientalmente orientada como Instrumento para se