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VAMOS APRENDER UM POUCO MAIS SOBRE ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE!

DISPOSIÇÕES GERAIS

VAMOS APRENDER UM POUCO MAIS SOBRE ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE!

A Área de Preservação Permanente dos cursos d´água, na realidade, fica inserida na mata ciliar, também conhecida como vegetação ripária, vegetação ribeirinha ou vegetação ripícola, cuja função principal é proteger os cursos d´água do processo de assoreamento, além de funcionar como corredor ecológico para fauna.

O produtor rural que preserva a mata ciliar de seus cursos d´água, na realidade, está preservando o bem mais precioso da propriedade, essencial para o desenvolvimento da atividade agropecuária, que é a água.

III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa.

Antes de comentar este inciso, vamos falar sobre a diferença básica entre conservação e preservação, cuja diferença básica está na restrição ao uso da área. Enquanto que na conservação pode haver o uso sustentável do meio ambiente pelo homem, na preservação há uma limitação severa para esse tipo de uso, haja vista que o objetivo é manter o ambiente (ecossistema) intocável.

CONSULTE O GLOSSÁRIO!

E veja o conceito e a diferença entre conservação e preservação, conforme estabelecido pela Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000.

Voltando á discussão do inciso, a idealização da área de Reserva Legal, na propriedade ou posse rural, ocorreu com a publicação da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965. Entretanto, somente em 1989, com a criação da Lei nº 7.803, em 18 de julho, é que foi estabelecido o marco conceitual desta área como sendo: A Reserva Legal, assim entendida a área de, no mínimo, 20% (vinte por cento) de cada propriedade ou posse rural, onde não é permitido o corte raso, deverá ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada, a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento da área (Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989, art. 16, § 2º).

Com a publicação da Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001, a Reserva Legal teve uma nova redação, criando-se novos percentuais de Reserva Legal, conforme o bioma no qual a propriedade ou posse rural se localiza,como se segue:

• No mínimo de 80% do imóvel para propriedades situadas em florestas na Amazônia Legal;

• No mínimo 35% do imóvel para propriedades situadas em área de Cerrado na Amazônia Legal;

• No mínimo 20% do imóvel para propriedades situadas em campos gerais localizada em qualquer região do país; e

• No mínimo de 20% do imóvel para propriedades em área de floresta ou outras formas de vegetação nativa localizada nas demais regiões do país.

O Novo Código Florestal - Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, não trouxe mudanças nestes percentuais mínimos.

A Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, permitia contabilizar a Área de Preservação Permanente na área de Reserva Legal, desde que houvesse a observância do § 6º, do art. 16, que assim define:

“Será admitido, pelo órgão ambiental competente, o cômputo das áreas relativas à vegetação nativa existente em Área de Preservação Permanente no cálculo do percentual de Reserva Legal, desde que não implique em conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo, e quando a soma da vegetação nativa em Área de Preservação Permanente e Reserva Legal exceder a: I - oitenta por cento da propriedade rural localizada na Amazônia Legal; II - cinqüenta por cento da propriedade rural localizada nas demais regiões do País; e III - vinte e cinco por cento da pequena propriedade definida pelas alíneas “b” e “c” do inciso I do § 2º do art. 1º ( Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, art. 16).”

O principal retrocesso no instituto da Reserva Legal no antigo Código Florestal – Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, assim como um fator inviabilizou muitos proprietários rurais de constituir legalmente sua Reserva Legal, foi a norma estabelecida no § 8º do art. 16 da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, incluído pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001, assim enunciado:

A área de Reserva Legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código ( Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, art. 16 – incluída pela MP nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001).

Já o Novo Código Florestal - Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, permite o cômputo da Área de Preservação Permanente no cálculo do percentual da Reserva Legal, desde que se atenda três condições:

I - o benefício previsto neste artigo não implique a conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo;

II - a área a ser computada esteja conservada ou em processo de recuperação, conforme comprovação do proprietário ao órgão estadual integrante do Sisnama; e

Ambiental Rural - CAR, nos termos desta Lei. (Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, art. 15.)

Além destas condições, será exigido o cumprimento dos parágrafos §§ 1º, 2º, 3º e 4º deste mesmo artigo, que iremos comentar posteriormente.

Quanto á obrigatoriedade que existia no antigo Código Florestal - Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, de que o proprietário do imóvel deveria averbar a Reserva Legal no cartório de registro de imóveis, a Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, aboliu essa exigência, conforme:

“O registro da Reserva Legal no CAR desobriga a averbação no Cartório de Registro de Imóveis, sendo que, no período entre a data da publicação desta Lei e o registro no CAR, o proprietário ou possuidor rural que desejar fazer a averbação terá direito à gratuidade deste ato. (Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, art. 18. § 4º)”

A Figura 06, mostra um exemplo de propriedade rural com a Reserva Legal constituída. Observar um detalhe importante nesta figura: a área coberta ou não por vegetação situada em ambas as margens do curso d´água é denominada de Área de Preservação Permanente - APP, enquanto que a área coberta por vegetação fora da APP, foi utilizada pelo proprietário rural para constituir sua Reserva Legal.

O marco de 22 de julho de 2008, é a data da publicação do Decreto Federal nº 6.514 que dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente e ainda estabelece o processo administrativo federal para apuração destas infrações, e dá outras providências. Este Decreto trouxe o incentivo à adesão do programa federal de regularização ambiental denominado Mais Ambiente.

Várias situações, conforme pode ser visualizado na figura 07, se enquadram neste contexto, como área consolidada, que o Código anterior - Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, não contemplava. Isto gerava um quadro em que muitas pessoas ficavam na irregularidade ou ilegalidade, por estarem fazendo uso indevido destas áreas (construção de benfeitorias, plantio de culturas agrícolas, etc.) consideradas como de preservação permanente ou que deveriam ser destinadas para implantação da Reserva Legal.

IV - Área rural consolidada: área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção do regime de pousio;

Figura 07. Área consolidada em propriedade rural (área tracejada). Crédito: Yocaly Evelin Santos Dutra da Silva

É Importante observar o quanto é comum em muitas propriedades rurais no Brasil, principalmente aquelas antigas fazendas de cana-de-açúcar, café etc, benfeitorias e as próprias plantações ocupando áreas que atualmente são protegidas por lei - APP e Reserva Legal. Além disso, temos que nos reportar aos ensinamentos registrados na história do Brasil que nos mostra o quanto a cultura do povo, principalmente os habitantes da zona rural, geralmente o pequeno produtor rural, preservam o modo de produção tradicional. Esse modo de produção é alicerçada em conhecimentos empíricos, cuja continuidade deste modelo acontece de geração para geração.

É essa dicotomia entre a lei e a realidade vigente que evidencia a dificuldade de aplicação destas normas. Tal panorama não será mudado apenas com o estabelecimento de leis duras punindo os agricultores que infringem alguma norma, e, sim, com a criação de programas efetivos de extensão rural em todos os Estados do país, alicerçado em programas de educação ambiental e no incentivo às propriedades que se destacam na preservação do meio ambiente, a exemplo de premiação pelos serviços ambientais prestados.

V - Pequena propriedade ou posse rural familiar: aquela explorada mediante o trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar rural, incluindo os assentamentos e projetos de reforma agrária, e que atenda ao disposto no art. 3º da Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006;

A pequena propriedade rural é contemplada pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF, plano criado e gerenciado pelo Governo Federal.

O Pronaf financia projetos individuais ou coletivos que geram renda aos agricultores familiares e assentados da reforma agrária.

Um dos atrativos deste programa são as baixas taxas de juros dos financiamentos rurais, e apresenta as menores taxas de inadimplência entre os sistemas de crédito do país.

São enquadradas nesta categoria de pequena propriedade ou posse rural familiar, de acordo com a Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, as propriedades e posses rurais com até 4 (quatro) módulos fiscais ( figura 08), que desenvolvam atividades agrossilvipastoris, bem como as terras indígenas demarcadas e às demais áreas tituladas de povos e comunidades tradicionais, que façam uso coletivo do seu território.

Figura 08 - Esquema demonstrativo exemplificado de uma pequena propriedade ou posse rural (Crédito: Yocaly Evelin Santos Dutra da Silva).

Mais detalhes sobre o assunto módulo fiscal serão discutidos no parágrafo único do art. 3º.