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Vantagens da Responsabilidade Social Corporativa

Capítulo 1 As Relações Públicas e a Responsabilidade Social Corporativa

1.3 Vantagens da Responsabilidade Social Corporativa

As organizações criam as práticas e políticas de RSC porque acreditam que influenciam positivamente os seus resultados financeiros (Rasche, Morsing & Moon, 2017), proporcionam vantagem competitiva (lopes, 2015) ou até mesmo porque fortalecem o relacionamento com os stakeholders sejam eles internos ou externos (Carroll e Shabana, 2010).

Atualmente as pessoas passaram a exigir mais das empresas, a geração milénio13

acredita que as empresas devem gerar lucro, mas também devem proporcionar o bem estar de todas as partes interessadas como comunidade, funcionários, fornecedores, meio ambiente, etc. As empresas que não adotam e ponham em prática os princípios da RSC constantemente acabam por ficar para trás no mercado competitivo.

Uma justificativa histórica para ressaltar as vantagens/importância das práticas de RSC é a “licença para operar” (Carroll e Shabana, 2010; Maignan e Ferrell, 2004; Porter e Kramer, 2006 apud Lopes, 2015), ou seja, significa que, se a comunidade autoriza a

13 Geração Milênio (Y, geração da internet ou Millennials): conceito referente à população de nascidos no inicio dos anos 80 até os primeiros anos de 2000.

empresa a desenvolver as suas atividades económicas naquele território, o mínimo que a mesma deve fazer é proporcionar o bem-estar dos membros daquela território.

É importante destacar que não só as empresas, mas também órgãos, entidades, grupos políticos e económicos, etc., estão, cada vez mais, encorajados a promover as práticas de RSC. A título de exemplo destaca-se a Organização das Nações Unidas (ONU) que em 1999 criou o Pacto Global que é considerada uma iniciativa que busca encorajar as empresas a adotar políticas de responsabilidade social corporativa, o pacto busca promover um diálogo entre os países participantes da ONU a tornarem o mercado mais inclusivo e sustentável.

Outro exemplo é a União Europeia que, em 2001, publicou o seu Livro Verde com o objetivo de:

“Lançar um amplo debate quanto às formas de promoção pela União Europeia da responsabilidade social das empresas tanto a nível europeu como internacional e, mais especificamente, quanto às possibilidades de explorar ao máximo as experiências existentes, incentivar o desenvolvimento de práticas inovadoras, aumentar a transparência, bem como a fiabilidade da avaliação e da validação. Preconiza ainda uma abordagem baseada em parcerias mais estreitas, de modo a que todas as partes interessadas desempenhem um papel ativo.” (UE, 2001, p.3)

Ainda em seu Livro Verde, a União ressalva também a teoria da “licença para operar” (Carroll e Shabana, 2010; Maignan e Ferrell, 2004; Porter e Kramer, 2006 apud Lopes, 2015), pois para a mesma, a responsabilidade social “ultrapassa a esfera da própria empresa e estende-se à comunidade local, envolvendo, para além dos trabalhadores e acionistas, um vasto espectro de outras partes interessadas: parceiros comerciais e fornecedores, clientes, autoridades públicas e ONG que exercem a sua atividade junto das comunidades locais ou no domínio do ambiente” (2001, p.10).

Atualmente, a União Europeia possui programas de incentivo a pratica da responsabilidade social corporativa como a Economia Circular da Agenda de 202014 e

os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda de 2030, esses programas promovem um plano de medidas sustentáveis onde as empresas, entidades, governos e cidadãos podem cooperar igualmente para o crescimento sustentável.

14 Agenda Política da União Europeia - Conjunto de medidas específicas a serem tomadas para atingir os objetivos propostos pelo Conselho da Europeu em um determinado período.

Segue de exemplo o conceito da economia circular que para o Ministério do Ambiente Português:

“é um conceito estratégico que assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia. Substituindo o conceito de fim-de-vida da economia linear, por novos fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação, num processo integrado, a economia circular é vista como um elemento chave para promover a dissociação entre o crescimento económico e o aumento no consumo de recursos, relação até aqui vista como inexorável” (Portal Eco.nomia, 2019)15.

Para a Direção-Geral das Atividades Económicas de Portugal (DAE-GOV)16, o objetivo principal da economia circular é transformar o paradigma económico de linear em um paradigma circular, englobando um conjunto de ações s a serem cumpridas até 2020, que visam acelerar esta mudança, mas simultaneamente promover a criação de emprego, o crescimento económico, o investimento e a justiça social.

Este plano de ação foi adotado em 2015 pela Comissão Europeia, com o intuito de ajudar a transição da Europa para uma economia circular, impulsionando a competitividade a nível mundial e promovendo o crescimento económico sustentável (COM, 2015).

Outro exemplo é a agenda de 2030 – Objetivos dos Desenvolvimento Sustentáveis, que foi aprovada na Cimeira da Organização das Nações Unidas em setembro de 2015 e adotada pela União Europeia. A agenda é constituída por 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas que devem ser alcançadas até 2030 por todos os 193 países presentes na agenda.

É importante salientar que além dos programas de incentivos das agendas, a União europeia também fornece capital de investimentos voltado para patrocinar empresas e eventos que promovam a também a vertente da RSC; através desses investimentos, cresce o número de projetos voltados para a sustentabilidade. As empresas veem isto como um incentivo, pois com este capital financeiro conseguem reduzir os custos de

15 Portal Eco.Nomia. [Internet] Disponível em: https://eco.nomia.pt/pt/economia-circular/estrategias/ [Consult. 08 de Outubro de 2019].

16 Direção-Geral das Atividades Económicas (DAE-GOV) [Internet] Disponível em: https://www.dgae.gov.pt/servicos/sustentabilidade-empresarial/economia-circular.aspx [Consult. 08 de Outubro de 2019].

execução dos projetos, além de incentivá-las, cada vez mais, a realizar ações sociais e ambientais.

A Responsabilidade Social Corporativa, além de proporcionar ética e lucro para os negócios, pode trazer diversos benefícios/vantagens para as empresas e a sociedade em que estão inseridas. Quando falamos das vantagens para as empresas, os autores destacam as questões económicas, as ações socialmente responsáveis podem ser rentáveis para as empresas, pois criam melhorias e reduzem custos de produção principalmente quando se concentram em questões como sustentabilidade, eficiência energética e recursos renováveis (Coombs e Holladay, 2012). Por outro lado, os autores Rasche, Morsing e Moon (2017) comentam que quando as atividades financeiras de RSC obtém lucro, elas resultam em produtos inovadores aliados pelo seu crescimento social, ambiental e de receita.

As iniciativas em RSC também podem aumentar a legitimidade social da organização (Coombs e Holladay, 2012); favorecem a reputação da empresa, pois melhoram a identidade e cultura corporativa através do reforço de valores; evitam regulamentação governamental excessiva (Levine, 2008, apud Coombs e Holladay, 2012) pois ganham apoio do governo e entidades reguladores; atraem uma cobertura positiva dos media e promovem parcerias com outras organizações e terceiros para compartilhar ideias que podem aprimorar capacidades, credibilidade, visibilidade e reputação da empresa. Já no gerenciamento com os stakeholders, as práticas de RSC aproximam as partes interessadas; evitam possíveis problemas e crises; influenciam e motivam os

stakeholders a se envolverem em projetos sustentáveis; incentivam os funcionários a

pensar em novas maneiras de desenvolver atividades voltadas para o bem social e ambiental junto da empresa (Coombs e Holladay, 2012).

Contudo, quando se fala nos benefícios que a RSC traz para a sociedade, os autores

Coombs e Holladay destacam que:

“Ajudam a corrigir problemas sociais e ambientais causados por operações comerciais; a RSC responsabiliza as corporações por suas ações; leva as organizações a evitarem custos de externalização; criam diálogos e parcerias entre diversas partes interessadas; os programas de RSC incentivam as corporações a enxergar um leque mais amplo de perspectivas; iniciativas de RSC bem-sucedidas levam outras organizações a imitar essas

iniciativas; contribuem para a justiça social e podem suplementar programas de bem-estar social e governamental para melhorar as preocupações sociais e ambientais.” (2012, p.11).

Resumidamente, as práticas de RSC ajudam a diminuir problemas sociais como pobreza, doenças, etc., e ambientais como poluições, enchentes e desmatamentos, além de transformarem as comunidades em agentes importantes para o sucesso socioambiental e influenciarem outras empresas a se tornarem também socialmente responsáveis, pois supõe-se também que a RSC tenha impactos positivos para uma série de agentes (Waters, R. D; D, Ph e Ott, H.K., 2014). Ou melhor, a RSC não possui apenas um impacto positivo nas questões sociais e ambientais, ela também consegue influenciar milhares de pessoas, empresas, órgãos, etc., é nesse sentido que a comunicação se torna tão importante para promover essas ações para todo o ecossistema organizacional.

É importante também destacar que a responsabilidade social corporativa atual começa a caminhar para um ecossistema de valor compartilhado, onde as empresas se tornam agendes de mudança social, assim visam estratégias de ampliação da sua lucratividade, mas ao mesmo tempo fazem o bem social. Os autores Kramer e Pfitzer (2016) definem valor compartilhado como “resultados de políticas e práticas que contribuir para a vantagem competitiva e, ao mesmo tempo, fortalecer as comunidades nas quais as empresas operam”17. Ou seja, com a globalização, mercado altamente competitivo e

consumidores cada vez mais conscientes e informados, as organizações começam a mudar o pensamento e a direcionar as suas estratégias de negócio para os interesses de todos os stakeholders com intuito de criar relações e lucratividade a longo prazo.

17Retirado de Harvard Business Review. The Ecosystem of Shared Value. ECONOMICS & SOCIETY. [Internet] Disponível em: <https://hbr.org/2016/10/the-ecosystem-of-shared-value> [Consult. 20 de Maio de 2019].