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HIPÓTESES DO MODELO

2.5 PROCEDIMENTOS PARA A ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL DE INSTRUMENTO DE MEDIDA

2.5.7 Verificação das propriedades psicométricas

Até o momento, as seis etapas do processo de adaptação transcultural apresentadas tiveram como intuito produzir um instrumento que seja equivalente em diferentes culturas. Com isso, os primeiros passos foram para buscar uma equivalência idiomática e de conceitos entre a cultura do país em que o instrumento já foi validado e a nova cultura no qual se quer validar. No entanto, segundo Borsa (2012), mesmo os métodos qualitativos sendo muito importante para garantir a adequação do processo de adaptação, faz-se necessário avaliar as propriedades psicométricas do novo instrumento (GUILLHEMIN, 1995; BEATON et al., 2000; SPERBER, 2004) com o objetivo de verificar se as características do instrumento original foram conservadas.

Para tanto, torna-se importante entender o que é a psicometria, assim, segundo Pasquali (2003), ela configura a técnica que avalia os processos mentais, tendo como base o método quantitativo, representando com maior exatidão a natureza do conhecimento. Ainda, para Erthal (2003), a psicometria é um composto de técnicas que servem para medir fenômenos psicológicos com o objetivo de que métodos científicos sejam utilizados no estudo do comportamento humano. Entretanto, cabe destacar que o contexto em que esse comportamento acontece deve ser levado em consideração, visto que, se está medindo algo que sofre mudanças constantes.

A versão final da adaptação terá de apresentar funcionamento semelhante ao original. Para isso, o instrumento traduzido e adaptado deve conter as características de cada item, assim como as correlações do item com a escala e a consistência interna, além das características de confiabilidade e de validade dos resultados obtidos (BEATON et al., 2000).

Conforme Chwalow (1995), a confiabilidade é um aspecto crucial para avaliar a qualidade de um instrumento e, ao criar-se uma escala, está-se referindo à consistência interna da mesma. Beaton et al. (2000) alertam que devido as diferenças nos hábitos de vida em culturas distintas, nem sempre é possível manter a validade do instrumento. De maneira que essas mudanças possam vir a alterar as propriedades estatísticas ou psicométricas de um instrumento. Dessa forma, recomenda-se que no final do processo de tradução e adaptação, o

pesquisador certifique-se de que a nova versão apresentou as propriedades necessárias para a aplicação que se pretende fazer.

De acordo com Urbina (2007), não existe concordância entre os pesquisadores em relação a quais e quantas evidências de validade o instrumento deve possuir para ser válido. Com isso, segundo Borsa et al. (2012), como são muitos os passos existentes para um processo de validação de um instrumento psicológico, é recomendável que várias evidências sejam concedidas, com intuito de aumentar a confiabilidade da medida.

Para Pasquali (2001) e Hair Jr. et al. (2005), a validade de um instrumento está relacionada com o que está sendo medido, ou seja, o mesmo é considerado válido quando mede aquilo que supostamente deveria medir. Com isso, evidencia-se que os diferentes tipos de validade, na verdade, não são totalmente diferentes entre si, pois, possuem objetivo comum, identificar o grau de correlação entre o teste e o seu critério.

Assim, existem algumas técnicas para demonstrar a validade dos instrumentos, que podem ser chamadas: validade aparente ou de face; validade de conteúdo; validade de critério e validade de construto (GANDEK; WARE, 1998; PASQUALI, 2001; POLIT; BECK; HUNGLER, 2004; MENEZES, 2006), que são explicadas na sequência.

A validade aparente ou de face indica se o instrumento avalia as exigências desejadas, se de fato, mede aquilo para o qual foi projetado (STREINER; NORMAN, 1995; DINI, 2000). Assim, essa validade diz respeito à linguagem e a forma de como o conteúdo dos itens está sendo apresentado (MENEZES, 2006). A validade de conteúdo consiste em avaliar se o instrumento reúne todas as propriedades relevantes, de modo que, examine-se o conteúdo do instrumento, com o intuito de verificar se, em termos do número e amplitude das questões, representa seguramente o que será medido (STREINER; NORMAN, 1995). Ainda, a validade de conteúdo investiga se o teste constitui uma amostra representativa do que se deseja mensurar (GANDEK; WARE, 1998). Neste sentido, consideram-se também a inclusão de todas as dimensões do construto que o instrumento pretende medir (FAYERS; MACHIN, 2000; ERTHAL, 2003).

Na técnica de validade de critério, o pesquisador procura criar uma relação entre os escores do instrumento e um critério externo, que pode ser outra escala de medida que seja considerada padrão (POLIT; BECK; HUNGLER, 2004). Neste teste, deve-se avaliar que, segundo Martins (2006), quanto mais os resultados do instrumento de medida se relacionam com o padrão, maior a validade de critério. Quando comparado o instrumento testado com uma escala externa, tem-se a validade preditiva, onde se verifica a capacidade do instrumento

de distinguir o comportamento das pessoas sobre algum critério futuro. Segundo Weissheimer (2007), o pré-requisito para a avaliação da validade de critério é a existência de uma escala válida e confiável, para que as medidas possam ser comparadas entre os instrumentos. Para o presente estudo, não foi encontrado outro instrumento que pudesse ser uma medida padrão validada e confiável para comparar com a escala de incivilidade no trabalho. Assim, sugere-se que um estudo futuro verifique a validade de critério preditiva.

A validade de construto é considerada a principal ferramenta para validar os instrumentos de medida, de modo que, possibilita verificar se as medidas escolhidas realmente descrevem o construto em si (FREITAS, 2012). Dessa forma, essa técnica é avaliada em termos de extensão, onde a medida correlaciona-se com as variáveis de uma maneira consistente com a teoria (GANDEK; WARE, 1998).

De acordo com Nunes e Primi (2009), para a validade ser considerada autêntica, ela precisa integrar várias formas de evidência, tanto de dados empíricos quanto da teoria. Portanto, a validade de construto refere-se ao grau em que o instrumento se relaciona de forma consistente com outras medidas semelhantes derivadas da mesma teoria e conceitos que estão sendo medidos (MARTINS, 2006).

Neste estudo, são apresentadas, nos resultados, a validade aparente ou de face, a validade de conteúdo e a validade de construto do instrumento de intenção de vingança online do consumidor para serviços. A seguir será apresentado o método da pesquisa detalhado.