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Viagens em busca de um Centro Histórico: de Diamantina a João Pessoa

Pode-se comparar o processo de formação do trabalho como grandes viagens, tanto no sentido literal da palavra como no sentido figurado. Seria uma metáfora do próprio processo de conhecimento, que faz adentrar veredas não antes percorridas, e mesmo aquelas já caminhadas, maravilhar-se com a infinita possibilidade de reflexão dos distintos modos de perceber uma mesma realidade. Amiúde nos passeios depara-se com o desconhecido, e nesse enredo se admirar, se surpreender, se questionar, mudar o modo de olhar e compreender a realidade de

50 ARANTES, Otília Beatriz Fiori. Uma estratégia fatal: a cultura nas novas gestões urbanas. In.: ARANTES, Otília Beatriz Fiori; VAINER, Carlos; MARICATO, Ermínia. A cidade do pensamento único: desmanchando consensos. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 14-15.

64 modo desigual do que percebia-se antes. Um rico processo de formação, cada leitura vai dando a mão a outra e se entrelaçando, formando outras questões. Mesmo tratando-se de viagens reais cada uma é como a leitura de um livro, um fecundo aprendizado se si mesmo e do outro. E nesse percurso observar as peculiaridades pertencentes a cada grupo. Mergulhando no novo e ao mesmo tempo se impregnando, mesmo sem sentir, do modo de ser do lugar. Nesse movimento não apenas ser tocado, mas também tocar. Interessante sentir como cada lugar tem algo diferente que acende a admiração.

Em algumas cidades o primeiro contato pode ser de estranhamento, e precisa-se de tempo para que a mente comece a assimilar a constelação de símbolos e novas informações. Outras, no entanto, parecem tão familiares e afins que tocam de modo especial e nesse contato tem-se a impressão de já fazer “parte”. Indubitavelmente nos lugares em que acontece o acolhimento, promovem uma sensação de bem-estar que facilita o processo de identificação, aproximação e interação das formas costumeiras de ser do outro. Nesse movimento, o ato de escutar é como um alimento para as reflexões. Outros verbos se abraçam a essa prática, observar e anotar. Em determinados momentos o gesto, a reação diante de uma pergunta ou quando narra-se um fato, o movimento do corpo, as mãos, o olhar são mais significativos que as falas, porque fornecem chaves que por vezes não se revelam na comunicação oral. Nessa trilha a sensibilidade e intuição são bússolas de inquestionável valor, e fazem perceber as coisas com outras perspectivas.

Toma-se como referência a palavra viagem porque essa ação faz parte da própria tecedura do trabalho – viagem, primeiro, por várias cidades brasileiras e em um segundo momento a viagem ao Velho Continente.

Os contornos iniciais do trabalho ocorreram com a realização de pesquisa bibliográfica para a realização do projeto que seria avaliado para o processo de passagem da seleção interna do Mestrado para o Doutorado. A essa altura a cidade de Salvador desponta como alternativa imediata para a feitura do trabalho de investigação, uma vez que, a pesquisa empírica do Mestrado ocorreu na Praça Tomé de Sousa – situada no Centro Histórico da capital baiana. A vista disso, tornou-se

65 imperioso uma volta à cidade, pois a pesquisa do Doutorado ganhou outro enfoque. E voltar a Salvador ofertaria a oportunidade de observar com outros olhos a paisagem que foi de certo modo focado para um recorte especifico no Mestrado, bem como a possibilidade de coletar material bibliográfico para o novo objeto que se desenhava. Nesse sentido, foram realizadas pesquisas, como já foi explicitado, nas Bibliotecas da UFBA e outras instituições. Nessa fase de preparação do projeto foram realizadas, ainda, pesquisas nas Bibliotecas da UFRN e da UFPE, bem como busca pelas grandes livrarias… Ato envolvente de olhar, selecionar os livros que enfocam o tema, ler, comprar e ter o contentamento de encontrar autores com os quais pode-se dialogar.

Para o desenvolvimento do trabalho empírico abraçou-se o método indutivo, isso porque a cidade a ser pesquisada na França apresentava características desconhecidas e não seria possível eleger inicialmente quais os sujeitos a serem privilegiados no trabalho empírico – o mesmo ocorreu posteriormente com relação à cidade brasileira com as mudanças de campo. A escolha do método, desse modo, ajudaria no processo de desmembramento da investigação em um país e cidade muito distinta da realidade brasileira e desconhecida da doutoranda.

O ponto de partida para lobrigar que sujeitos seriam partícipes do trabalho, se efetivaria com a aplicação de entrevistas exploratórias. Pois adentra-se nos campos de investigações onde não se guarda um conhecimento precedente aprofundado. Ademais, as entrevistas ajudam “a romper com as prenoções que informam nosso saber a respeito do referido campo.” Então, nesse particular, a entrevista exploratória consiste uma técnica valiosa “para uma grande variedade de trabalhos de investigação social (...) ela possibilita a descoberta dos contatos humanos mais ricos para o investigador.”51

O fito da entrevista consistia em coletar informação sobre o que seria o Centro Histórico na opinião das pessoas e qual o interesse delas nessa área da

51 AS ENTREVISTAS Exploratórias. Disponível em: http://pt.shvoong.com/humanities/482839-

66 cidade.52 A proposta foi então realizar as entrevistas em diferentes bairros e espaços sociais.

Acordado essa escolha dos sujeitos ulteriormente ao projeto de investigação, a medida que iniciou-se as pesquisas bibliográficas, deu-se início a coleta de algumas entrevistas, que foram realizadas a princípio em Salvador. Mas os contornos iniciais desse projeto ganharam outros esboços, no que se refere a cidade a ser pesquisada no Brasil. Duas cidades, Diamantina, no Estado de Minas Gerais, e Paraty no Estado do Rio de Janeiro, são apontadas para serem visitadas e desse primeiro contato realizar a escolha de um Centro Histórico.

Tão logo foi concluído o primeiro semestre do curso e realizada as atividades de escrita do artigo para a disciplina estudada, realizou-se a viagem para o Sudeste do Brasil. A primeira cidade visitada não foi nenhuma das já mencionadas para escolha do Centro Histórico. O início dessa grande viagem foi a cidade de Campinas, localizada no interior do Estado de São Paulo, mais precisamente a Universidade de Campinas – UNICAMP – e algumas das suas bibliotecas. Por ter-se conhecimento do grande leque de possibilidades de acesso a livros e periódicos ofertados pela Universidade, leva-se, então a considerar que a escolha não foi fortuita. Em seguida, deu-se continuidade ao trabalho de coleta de material bibliográfico, na cidade de São Paulo, na Universidade de São Paulo – USP. Cumprida essa parte do trabalho seguiu-se viagem para conhecer a cidade de Diamantina, interior de Minas Gerais. O acesso a Diamantina é um pouco difícil, pois era preciso viajar até Belo Horizonte e depois embarcar em outro ônibus até a cidade – um total de mais ou menos 14 horas de viagem.

52 Para a realização das entrevistas exploratórias não foram estipulados um número limite. Seguiria ao processo de ‘dar voz’ ao campo. Então, nesse sentido, à medida que fosse aparecendo respostas semelhantes seriam agrupadas, em uma variação até o momento que se percebesse que as respostas se repetem. O contato da pesquisadora com o campo deu o limite do número de entrevistas.

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Em Diamantina – Minas Gerais

“- Ah, o Centro Histórico?! Para mim é tudo! Tudo mesmo... É a nossa cidade. Lá tem tudo, as lojas, bancos, a igreja, os barzinhos. Eu amo o Centro, você desce a ladeira e encontra o que precisa. Lá todas as coisas estão muito perto, então não preciso andar muito para encontrar... Eu queria muito morar no Centro, e o bom que toda vez que vou encontro pessoas conhecidas, ai a gente conversa... As festas acontecem no Centro. No carnaval é bom demais! Muita gente na cidade, eu vou todo dia... encontro os amigos, bom demais para se divertir! Ainda mais aqui em Diamantina que é uma cidade de Universitários, então o Centro é o lugar.” (Estudante e moradora, Diamantina – Minas Gerais – 2010).

Caminhando pelas ruas de Diamantina sentia-se a atmosfera de “cidade do interior”, no sentido de que percebia-se algo que não se assistia há muito tempo e fazia parte das lembranças de infância. As pessoas nas ruas se cumprimentavam e paravam para conversar. Nos estabelecimentos comerciais quando chegava alguém, era visível a forma familiar como se tratavam. Foi uma grande surpresa observar, em uma agência bancária, o funcionário chamar as pessoas da fila, não através de letreiro luminoso, mas gentilmente pelo nome. Com várias pessoas a conversa continuava com o cliente perguntando por alguém e que pelo que parecia tratava-se de alguém talvez da família ou amigo comum, ou ainda comentando de outros assuntos. Com o cliente desconhecido escutava-se: “senhor (a), por favor, sua vez” e em seguida: “boa tarde! Como vai, tudo bem?”. As despedidas ocorriam no mesmo clima. A roupa formal, comum nesses ambientes, contrastava com o modo como as pessoas eram tratadas.

Em Diamantina, deu-se prosseguimento ao levantamento bibliográfico, nesse sentido foram feitas consultas nas bibliotecas dos dois Campi da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM – Campus I (localizado no Centro) e Campus JK (distante da cidade e de difícil acesso, pois localiza-se na rodovia e o transporte na época estava suspenso). Seguiu-se com a coleta de títulos que envolvia o tema geral da pesquisa e também sobre a cidade. A consulta a biblioteca foi outra adorável surpresa. A disponibilidade em auxiliar revelou algo muito raro pautado unicamente na relação de confiança – todos os títulos solicitados foram disponibilizados, sem a exigência de documentação.

68 Voltando a observação do campo e andando pela cidade à noite, percebe- se que o movimento é grande de pessoas nos bares. Desde o entardecer ladeiras são estreladas com cadeiras e mesas de bares, pastelaria, restaurantes. A cena comum e ainda emoldurada com os prédios coloniais faz sentir o clima muito parecido com outras cidades que possuem o mesmo estilo arquitetônico.

Figuras 7 e 8: Bares à noite, Centro Histórico de Diamantina-MG. Fotos: Alzilene Ferreira, 2010.

O período da viagem foi próximo dos festejos carnavalesco. Com o passar dos dias pode-se observar que aos poucos a cidade ganhava outros ares, um movimento que seria atípico, como bem salientava alguns moradores. Percebia-se a alteração no “ritmo” da cidade, que era observável pelo aumento da quantidade de carro, além dos ônibus de viagem estacionados.

“- Diamantina é uma cidade ainda de costumes provincianos, mas aqui é muito bom, porque a cidade tem um ritmo muito seu... tranquilo, não nos contaminamos com essa coisa da velocidade. É tanto que os carros aqui não têm pressa param para você, esperam você passar, se você escutar algum motorista buzinando é sinal de que é visitante, você pode ter certeza viu buzinar pode saber que a pessoa não é daqui. Se tiver alguma coisa para fazer e o sol tiver quente, não tem problema a pessoa que nos espera entende que vamos chegar atrasados, não tem esse tempo do relógio. Se marcar um horário e o sol tiver quente, a gente só vai para o encontro depois. Mas quem é de fora não entende isso, e fica nervoso com os atrasos... Ai eu brinco e falo que a pessoa precisa se acostumar senão vai sofrer muito. Como eu disse o nosso ritmo é outro. É também uma cidade muito religiosa, você precisa ver a Semana Santa é uma festa belíssima! É uma beleza! Tá vendo essa cortina (se refere a uma cortina

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feita de fibra com flores coloridas) não é cortina foi um tapete confeccionado para a festa, ficou tão bonito que coloquei para decorar... Tá vendo a pessoa nem percebe que não é uma cortina, e ficou diferente. Porque estou lhe dizendo essas coisas? Para lhe mostrar que aqui ainda guarda essas tradições... As pessoas se unem para fazer a festa... Aquele centro fica, menina, de um jeito, você vai ver, precisa passar uma Semana Santa aqui. Damos valor as tradições, aqui é tombado e sabemos que precisa cuidar... Você vai gostar de morar aqui as pessoas são amigas... Diamantina ainda guarda essas coisas boas. Uai, mas no carnaval, no carnaval... Diamantina vira terra de ninguém, se transforma. Aquele Centro fica irreconhecível... Diamantina vira terra de sem dono... Porque é muita gente de fora.” (Moradora, Diamantina – Minas Gerais-MG, 2010).

E aos poucos as ruas tortuosas com suas múltiplas ladeiras muito íngremes vestiam-se de festa. Um movimento grande nas lojas e rodoviária. Também de pessoas retirando de suas casas móveis e objetos, pois torna-se uma prática cada vez mais recorrente os moradores saírem de suas habitações, e alugarem nos períodos de grande chegada de turistas. Ruas do centro interditadas. Antes mesmo da abertura oficial da festa as pessoas já se agrupavam nas ruas, colocavam caixas de som em frente às casas. Nos dias de carnaval observa-se na rodoviária dois movimentos: chegada de turistas, em sua maioria jovens e a saída de moradores para cidades vizinhas. Nas caminhadas e conversas escutou-se muito as pessoas perguntarem umas as outras se tinham alugado as casas, qual a cidade que passaria os dias festivos...

Os dias de carnaval os desfiles de blocos enchem de colorido as íngremes e serpenteadas ruas do Centro. Mas de modo geral o carnaval espelha a festa realizada em Salvador, mesmo estilo de música e dança.

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Figuras 9 e 10: Carnaval nas ruas de Diamantina-MG. Fotos: Alzilene Ferreira, 2010.

Durante o período na cidade e com as conversas informais com os moradores, foi possível perceber o quanto o centro é significativo para a cidade. Local que guarda diversas funções e usos. Inclusive a função residencial, ainda muito valorizada pelos diamantinenses – local de morada de grupos mais abastados. Ainda o espaço por excelência das celebrações religiosas, festividades, do encontro e sociabilidade.

Paraty – Rio de Janeiro

“– O Centro Histórico daqui tem mais lojas, casas têm poucas. Ah, é coisa de gente rica, é muito caro morar aqui... Tem os gringos, pessoal com dinheiro. Centro Histórico? Ah, sei falar direito o que é não... São essas casas antigas, né? Casas do passado... Não sei muito não, só sei que os gringos gostam, acho que é coisa de gente que gosta de cultura, é isso ai. Têm muito shows aqui, no carnaval e o pessoal gosta e vem muito. Desculpa em não poder responder direito a pergunta da senhora. Acho que Centro Histórico tem as coisas do passado e todo mundo precisa cuidar.” (Morador – Paraty, 2010).

A antiga Vila de Nossa Senhora dos Remédios de Paraty começou a ser aventada com descoberta do ouro em Minas Gerais. Uma nova dinâmica é orquestrada com a saída e entrada de mercadorias e escoamento do ouro através do porto da vila, de onde seguia viagem rumo as terras mineiras pelo famoso Caminho do Ouro. Mas com a proibição do transporte pela via de acesso a Paraty, e abertura do Caminho Novo, ligando o Rio de Janeiro às Minas, o movimento na vila sofreu forte impacto. Posteriormente, Paraty passa por um longuíssimo período de esquecimento

71 e isolamento. A contrapartida foi à conservação da beleza dos casarões e ruelas do período colonial. Além da bela arquitetura a exuberância da vegetação e da baía de águas azuis. Paraíso redescoberto na segunda metade do século passado, com a reabertura da via de acesso ao estado de São Paulo. A partir desse momento abrem- se as portas para o turismo que se intensifica com a abertura da estrada Rio-Santos. Em 1958, seu conjunto histórico foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Situada na Baía de Ilha Grande – dividida em duas partes: Baía de Paraty e Baía de Angra dos Reis – estrelada por ilhas, a cidade revela uma paisagem natural belíssima, que vai se desnudando à medida que caminha-se pela cidade, avista as casas, o rio e o mar.

Decorrido mais de 20 horas de viagem chega-se a Paraty, após as festividades do Carnaval, e mesmo assim encontra-se a pequena rodoviária da cidade estrelada de turistas. Uma concentração grande de “mochileiros”. Chovia bastante e o período de espera na rodoviária foi possível perceber, mesmo que de modo insipiente, o perfil um pouco diferenciado dos visitantes em Diamantina. Na rodoviária havia muitos turistas estrangeiros, de modo geral, jovens. Observação que permaneceu durante a estadia na cidade e no próprio local de hospedagem.

Seguindo a indicação em poucos minutos chegou-se ao local desejado. A decoração do carnaval ainda enfeitava as ruas. A cada passo dado deparava-se com restaurantes, agências de turismo, pousadas, alguns museus, lojas que vendem artesanato e outros produtos... Como um “shopping” a céu aberto. De imediato começou-se as caminhadas observando o local. Pergunta-se a um morador onde era o Centro Histórico e ele orienta de imediato, com a voz alegre, que andasse na mesma direção até encontrar uma corrente de ferro lá estava à entrada do Centro Histórico… Depois acrescenta que “lá tem muitas lojas, restaurantes e se quiser fazer passeios é fácil achar.”

Além do Centro Histórico, Paraty apresenta outros símbolos que são exibidos como forma de atrair mais visitantes. Sendo comum a referência a antiga função da vila no Período Colonial, por fazer parte das cidades do Ciclo do Ouro,

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slogan tão explorado para turismo. As cachoeiras, os passeios marítimos, de jeep, de

bicicletas... Os mergulhos... Festivais gastronômicos, Festa Literária Internacional e outras realizações que avolumam a lista. Os passeios aos alambiques de cachaça, ao Quilombo do Campinho e a Vila Caiçara são tomados como emblemas, os novos tesouros que asseguram a cidade o ranking dos lugares mais visitados do país. Fluminenses, paulistas, mineiros... Franceses, alemães, argentinos, americanos, ingleses, italianos... Circulam diariamente pelas ruelas de pedras, alagadas nos dias de maré alta... No cenário recheados de lojas...

Figura 11: Rua do Centro Histórico de Paraty-RJ. Foto: Alzilene Ferreira, 2010.

E a cidade ainda não tinha “descansado” dos festejos carnavalescos já se avistava cartazes com programação de festas. A mais próxima seria o aniversário da cidade. A agenda anunciava programação de shows e outros atrativos nas praças da cidade.

O tempo de permanência na cidade foi bem menor, porque já se aproximava o início do semestre letivo na universidade e precisava-se, portanto retornar. Entre as duas cidades pensadas como possibilidades de pesquisa, nessa

73 primeira visita, decidiu-se pela cidade de Diamantina, visto que Paraty para os contornos da pesquisa torna-se inviável pela quantidade grande de turista e em Diamantina podia-se ter mais contato de fato com a população residente.

De volta a Minas Gerais: São João del-Rei

“– Centro Histórico? É... É o local onde foi habitado, bastante antigo. Tem estrutura antiga, Igrejas feitas por escravos. Cidades Históricas quase sempre vai tá em uma cidade histórica. Ele conta a história da região... Que mais que eu posso falar? Tem estrutura construída na época do Barroco, feita por escravos. Cidades Históricas são aquelas feitas no período colonial. Hoje, o Centro é o lugar mais acessível para quem tem mais condições sociais, mas em São João del-Rei, existe ainda casas habitadas por pessoas de baixa renda. Tá perto de tudo por isso que elas preferem morar no Centro.” (Estudante do Curso de Zootecnia/ UFSJ, São João del-Rei, Minas Gerais, 2010).

“ – É a história da cidade. Um local misturado [onde tem muitas pessoas], onde tem mais dinheiro, acesso a tudo, segurança, comércio bom. Mas as taxas são mais caras. Pra mim é o lugar que mora os mais ricos. Onde eu moro tem muita violência, precisa de ver... Aqui [no centro histórico] não é tudo bom.” (“Dona de casa”, moradora do Alto das Mercês, São João del-Rei, Minas Gerais, 2010).

Depois de alguns meses, segundo semestre de 2010, volta-se ao Estado de Minas Gerais, dessa vez a cidade de São João del-Rei, que é então sugerida como possibilidade de realização da pesquisa. Como São João del-Rei é abordada no capítulo V – exemplo de cidade histórica abandonada – faz-se uma breve apresentação.

Nessa ocasião, por um tempo bem maior visitou-se a cidade mineira. Três caminhos são mais indicados para chegar-se a cidade saindo da Região Nordeste, uma primeira opção seria viajar até a capital do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte, depois seguir viagem de ônibus até São João del-Rei. Pode-se ainda seguir o mesmo procedimento, mas tendo como opções de desembarque as cidades de São