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As viagens propiciam ao homem diferentes emoções e sensações. É o arquétipo dos mais antigos, atávico – que se transmite, hereditário, tradição, herança ancestral -, e sempre atualizado, que existe desde a antiguidade até à contemporaneidade. O mote da primeira longa narrativa da história do ocidente: a Ilíada e a Odisseia. Pode ter como objetivo alcançar a eternidade, o confronto, a libertação, o autoconhecimento, a salvação, a prosperidade, a liberdade, a sobrevivência, a descoberta, a felicidade, a superação, o prazer, etc. Independentemente de ser aquela em que se vai de um lugar para outro pelo mar, por terra ou pelo ar ou aquela em que se busca encontrar o eu interior, por meio do pensamento e da reflexão. Nessa perspectiva, o homem se supera, luta, conquista, se encanta, se decepciona, desabrocha, se conhece, chega ao êxtase. Analisa os seus momentos de transformação que vive a partir das escolhas que foram feitas durante toda a sua vida.

Como tratamos de estrelas, seres divinizados, pareceu-nos importante retomar aqui o imaginário da viagem ligado às entidades mitológicas. Os mitos das sociedades antigas narram viagens. Algumas delas tendo ficado marcadas no imaginário e na história do conhecimento ocidental. Na antiguidade pré- clássica, a viagem de Osíris N é a mais transcendental. Ele é o mítico rei-deus do Vale do Nilo, fez a sua viagem à eternidade ao ser morto pelo seu irmão Set e, sem seguida, embalsamado pelos outros quatro irmãos, segundo a mitologia egípcia. Conforme o mito, ele ressuscitou e voltou a reinar como rei-deus supremo. Ser eterno faz parte do imaginário coletivo do homem até os dias atuais. Por isso, o mito narra a eternidade como “uma viagem pelo mundo maravilhoso e do fantástico". Representa para os egípcios uma passagem imaginária do “mundo dos vivos” para outro mundo, o dos “espíritos luminosos”.

Para os egípcios, “morrer era “existir” e “morria-se para viver”. (LOPES; BARATA, 1997, p. 16).

Já no mito de Uenamon, o herói da aventura, foi enviado por Herithor, primeiro profeta dos deuses, para uma viagem às costas da Fenícia para conseguir madeira de cedro que seria usada para construir a barca de Amon- Rá. Assim, o viajante egípcio passou por muitos reinos e confrontou-se com o seu fracasso, pois aconteceram muitos problemas durante os meses em que viajava. Mas, buscou forças em Amon, rei dos deuses, ouviu o seu coração e a voz dos seus antepassados, assim conseguiu levar a madeira de volta ao Egito. (op. cit., 1997, p. 23).

Os autores citam ainda os périplos de Héracles que é o mais célebre dos heróis da mitologia clássica. Ele é filho de Zeus e protetor dos deuses e do homem. Sua vida foi marcada pela busca ao autoconhecimento e por acontecimentos tristes e tragédias pessoais como o violento ataque de fúria que culminou com o espancamento e morte do seu professor, ou ter se tornado demente e, como consequência, matar sua mulher e seus três filhos. Diante desses fatos, Héracles teve como castigo partir, viajar e “os seus passos conduziram-no à epopeia dos ‘Doze Trabalhos’. Doze provas, todas elas sobre- humanas”. Ele lutou e confrontou-se com muitas figuras mitológicas, como por exemplo, os Centauros. Cumpriu os Doze Trabalhos e saiu vitorioso, mas depois disso, viveu ainda muitas outras aventuras guiadas pela vingança. Assim, “o seu destino não era a permanência, mas a contínua vida de viagens”. Seu fim foi marcado pelo seu corpo em chamas e por isso foi transportado para o Olimpo e encontrou com os imortais. Seu destino era o céu, a terra sempre foi um lugar de passagem, viagens, transformações. (op. cit., 1997, p. 35 – 50).

A mitologia grega traz também a derrota dos troianos que foram enganados ao receberem o Cavalo de Tróia como presente. Esta narrativa trata da viagem pessoal de Ulisses - o homem apaixonado. A viagem é também nesse caso um processo de transformação conforme Homero conta em seus poemas A Ilíada e A Odisseia. Expressa o desejo íntimo de Helena

por Páris (príncipe de Tróia); a honra dos guerreiros que juraram protegê-la enquanto estivesse viva; o heroísmo de combater por mais de dez anos com um único objetivo: conquistar Tróia e levar Helena de volta a Menelau, seu esposo. O sucesso da batalha aconteceu pelo amor, pela amizade, pela fidelidade e, principalmente, pelo patriotismo e heroísmo de muitos guerreiros que perderam a vida. (op. cit., 1997, p. 61).

Indo ao tempo histórico e não mais mítico, notamos também que algumas viagens se tornaram lendárias e simbólicas. É o caso da viagem de Marco Polo que passou vinte e cinco anos viajando e, com a ajuda do escritor Rusticell de Pisa, escreveu as suas histórias vividas nas viagens. Muito tempo depois, Ramusio comenta em seus livros sobre as viagens de Marco Polo, contribuindo para formar o caráter lendário dessas viagens. De fato, Marco Polo surpreendeu a Cristandade ao descrever em seus relatos um mundo visto de uma forma diferente: “não se limitava à bacia do Mediterrâneo e a qualidade do ser humano não era um exclusivo de cristãos, judeus e muçulmanos”. (op. cit., 1997, p. 87). Essas informações mudaram para sempre o olhar que a Europa tinha para o resto do mundo.

Nos séculos XV e XVI, há mais dois grandes exemplos de viagens lendárias e simbólicas na história. A primeira é quando os espanhóis decidem viajar em mares desconhecidos para chegar às Índias com o objetivo de descobrir novas terras. Assim, o espanhol Cristovão Colombo, em 1492, saiu navegando em direção ao oriente pelo Oceano Atlântico para encontrar novas terras e, mesmo sem saber, chegou à América Central e encontrou os índios da América. Subsequentemente, os espanhóis exploraram as terras e suas riquezas, seu povo, acabando até por destruir parcialmente sua cultura. Já do lado dos portugueses, em 1498, Vasco da Gama liderou uma viagem às Índias, aportando também em terras americanas e se deparando com a população ali presente. Porém, os portugueses tinham outro objetivo: comprar especiarias (temperos) e comercializá-los na Europa. Não pensaram imediatamente em explorar a região recém-descoberta por eles. É importante citar que as grandes navegações e todas as ditas "descobertas" exerceram sobre o homem europeu

um grande fascínio, pois independentemente da viagem por navios o homem sempre teve o poder de explorar, de conhecer e acabou, em alguns casos, se atribuindo até o poder de dominar o mundo.

Outra viagem marcante que mudou a história da humanidade ainda nesse mesmo sentido de exploração, conhecimento e domínio, foi a exploração do espaço e a viagem à lua. As duas maiores potências mundiais à época (2ª metade do século XX), os Estados Unidos e a antiga URSS, investiam pesado em armamento bélico e em tecnologia para a tão sonhada viagem ao espaço com destino à lua. Eles tinham sistemas políticos e ideológicos distintos, e, consequentemente, surgiu nesse período da história a maior corrida espacial. Interessante citar que o país que pisasse pela primeira vez na lua parecia adquirir um poder transcendental perante o mundo. Em 1969, milhões de telespectadores puderam assistir ao vivo a chegada do norte-americano e astronauta Neil Armstrong à Lua. Ele e o seu piloto, Buzz Aldrin, fixaram a bandeira dos Estados Unidos, imagem também lendária, e colocaram uma placa assinada pelo presidente Richard Nixon e os astronautas que dizia: “Aqui os homens do planeta Terra puseram pela primeira vez os pés na Lua. Julho de 1969. Viemos em paz em nome de toda a humanidade”.

Outro tipo de viagem é citado no livro Das Viagens Fantásticas à

Descoberta do Real. A de Mozart que vive uma viagem sem fim por meio da

sua música. Wolfgang e sua irmã foram apresentados ao mundo da música pelo seu pai Leopoldo Mozart que era compositor da corte e da câmara do arcebispo de Salisburgo. Mas, foi o pequeno Mozart que conquistou Viena, Munique, Ausburso, Manheim, Mogúncia, Frankfurt, Coblenza, Aix-la-Chapelle, Paris que lhe presenteou com uma atmosfera única; Londres que lhe apresentou a ópera e as músicas italianas. Em cada uma dessas viagens ele aprende e descobre novos estilos. Mas, foi na viagem que fez à Itália com o seu pai que ele desabrochou. Fez sucesso por onde passou e em 29 de outubro de 1787, se transformou em uma referência universal com a sua ópera Don Giovanni. É importante citar que toda a sua vida foi marcada por viagens: em algumas, ele buscava conhecer estilos musicais e novas referências, em

outras buscava reconhecimento e aplausos calorosos, em outras buscava resolver problemas financeiros, em outras buscava compor uma nova ópera. O referido livro termina a narração das viagens de Mozart dizendo que foi no dia 05 de dezembro de 1791, aos 35 anos, que Mozart faz a sua maior viagem, pois alcança a sua liberdade, ao morrer. (LOPES; BARATA, 1997, p. 125-133). Temos aqui, o sentido metafórico da viagem como libertação.

Podemos explorar um pouco mais o imaginário da viagem, indo aos jogos: o jogo da vida é um percurso de construção semeado por armadilhas e obstáculos a serem superados, as cartas do Tarot, por si só, constituem também a narrativa de uma grande viagem. A viagem de autoconhecimento é encontrada nas setenta e oito cartas de baralho e separada em dois grupos. O primeiro contém os vinte e dois arcanos maiores que são figuras que têm amplo significados. A primeira carta é a do “Louco” que é um viajante, um andarilho, um imortal e que detém o maior poder comparado aos outros arcanos, conforme descreve Nichols (2007, p. 39). Ele é o elo entre o fim e o começo da viagem de autoconhecimento. Na imagem do louco ele está caminhando para a direita e segura nas costas uma trouxa. Aos seus pés há alguns arbustos e um animal arranha a sua coxa. Urbam (1992, p.37) explica que é ambíguo o significado da imagem, pois por um lado, a trouxa representa o peso da sua ignorância, o seu caminhar distraído entre os arbustos pode significar o fato de não assimilar as lições da vida e que há muita agressão na sua vida simbolizada pelo animal; por outro lado, há a possibilidade de outra leitura, quando o louco é considerado sábio e ao olhar para cima busca outro aprendizado já que aprendeu os ensinamentos representados pelos arbustos, a trouxa passa então a significar todas as experiências adquiridas ao longo do tempo e o animal representa a vontade do ser humano de ter a sabedoria do sábio, mas o autor vai além ao afirmar que tal sabedoria é intransferível e pessoal. A última carta do tarot é a do “Mundo” que significa o ciclo da vida e da jornada pessoal de cada um. Esse arcano também significa novos caminhos e novas possibilidades. Há também mais 56 cartas que são chamadas de arcanos menores que apenas compõem o baralho. Os arcanos maiores

simbolizam e representam o momento presente de cada um de nós e ao interpretá-las, elas nos dão acesso ao mundo do inconsciente. Essa viagem é uma metáfora para a narrativa da vida que retrata a história simbólica de cada um e “é considerada a representação daquilo que os antigos tinham como um processo de iniciação”. Essa iniciação é, portanto, uma experiência fundamental no processo de autoconhecimento, conforme Urban (1992, p. 17). Vale salientar que não nos interessa aqui o sentido esotérico do tarot e sim o sentido alegórico, pois a viagem guiada vivida por cada indivíduo é rica em informações simbólicas e relevantes da história de cada um.

Vamos agora para a literatura. Ítalo Calvino, autor italiano de romances, nos leva a imaginar cada uma das viagens realizadas pelos seus personagens/viajantes. E há um norteador de valores desses viajantes que são: “leveza, rapidez, exatidão, visibilidade e multiplicidade”, segundo Maria Elisa Rodrigues Moreira em seu artigo “O Desejo de conhecer o outro: viagens e viajantes de Ítalo Calvino” (2012). Todos os personagens criados pelo autor têm um objetivo simples que é conhecer a si mesmo ou o outro e viver a diversidade do mundo. Desde sua primeira obra, As cidades invisíveis, com Marco Polo, Calvino buscou escrever sobre caminhos diversos, variedade de lugares, espaços que se transformam, e só se materializam com a presença do viajante. Passando por “Lua do Entardecer” quando o autor Calvino cria o Sr. Palomar que viaja a partir dos seus olhos e dá mais valor ao caminho que percorre do que ao destino. Calvino também escreve “O barão nas árvores” cujo personagem principal, Cosme, aos 12 anos, discute com o seu pai e decide morar em cima das árvores e nunca mais colocar os pés no chão. Como consequência, ele estudou maneiras de se viver daquela forma, criou o seu próprio mundo, a sua nova casa, por esse motivo, a sua viagem foi desafiadora e foi necessário conhecer aquele novo ambiente para assim permanecer vivo. Calvino escreveu outros livros que têm como tema a viagem, e todos os seus personagens/viajantes buscaram nas estórias criadas por Calvino, respostas para suas vidas. Podemos citar o instigante título “Se um viajante numa noite de inverno”, que coloca a viagem como metáfora da literatura. Mas, o mais

importante é entender que todo viajante se modificou no percurso da sua própria viagem.

Há uma infinidade de romances que têm como tema a viagem. Podemos citar “A Arte de Viajar” do escritor Alain de Botton que se propõe do início ao fim ter uma conversa franca e direta com os leitores sobre a necessidade de estar atento às experiências vividas pelo mundo afora. Ele apresenta a sua forma de enxergar a arte de viajar a partir da filosofia, da arte, da fotografia, da poesia, da arquitetura, da paisagem, e usa muitas vezes como suporte escritores e pintores como Nietzsche, Van Gogh, Baudelaire, entre outros, para explanar as suas relações com o tema viagem. Botton (2012, p. 17) afirma que:

Se nossas vidas são dominadas pela busca da felicidade, talvez poucas atividades revelem tanto a respeito da dinâmica desse anseio – com toda a sua empolgação e seus paradoxos – quanto o ato de viajar. Ainda que de maneira desarticulada, ele expressa um entendimento de como a vida poderia ser fora das limitações do trabalho e da luta pela sobrevivência. Mas raramente se considera que as viagens apresentem problemas filosóficos – ou seja, questões convidando à reflexão além do nível prático. Somos inundados por recomendações sobre os lugares para onde viajar, mas pouco ouvimos sobre como e por que deveríamos ir.

O autor consegue nos envolver e nos instigar a buscar na viagem um momento de reflexão. Já o segundo livro emblemático do tema é do autor Jack Kerouac (2013) chamado On The Road cuja tradução no Brasil ficou Pé na Estrada. Trata-se de um livro que marcou gerações. Escrito em 1951, nos Estados Unidos, transformou-se na "bíblia" da geração beat. Naquela época, os jovens viviam um movimento conhecido como american way of life que significava fazer dinheiro por meio do trabalho, porém, havia muitos jovens que pensavam de forma contrária, assim, surge um novo movimento que ficou conhecido como beat que consistia em um manifesto e sugeria a busca incessante por experiências e liberdade. O livro conta a estória de dois amigos que cruzam os Estados Unidos e chegam ao México em uma viagem cheia de mulheres, bebidas, drogas e muita liberdade. Esse livro mostrou ao mundo o sonho americano de se libertar de uma única maneira de viver a vida.

Experiências transcendentais, viagens astrais, viagens místicas, viagens por meio do uso de drogas, alucinações, acesso a outras realidades, entre tantas outras formas, também são consideradas viagens. No senso comum, a viagem pode ser entendida como delírio, espaço de liberdade interior, devaneio, que pode ser proporcionada pelo uso das drogas, por exemplo, que favorecem esse tipo de sensação e libertação psíquica e racional. Há também a arte, a música, os desenhos que podem proporcionar esse devaneio comumente chamada de "viagem".

Vemos, portanto, que a viagem ocupa um grande espaço no imaginário da humanidade. Como todo arquétipo, a viagem possui seus mitos, suas formas arcaicas de narração, mas também suas formas modernas e contemporâneas. Na cultura de massa, o sentido complexo de viagem toma a forma de uma proposta de felicidade, pautada muitas vezes pelo consumo. A viagem de lazer e de descanso convida o homem contemporâneo a escapar por um tempo das suas diversas responsabilidades com o trabalho, com os deveres e com as suas obrigações que fazem parte do seu dia a dia, assim, ele cria expectativas a partir da sua imaginação quanto ao que vai encontrar no outro lugar, na outra cidade no outro país. Lugar esse que muitas vezes é desconhecido, mas, que ele anseia por conhecer. Novos lugares, novas culturas com sabores, imagens e cheiros diferentes daquilo a que está acostumado. Nota-se que esse sentido de viagem de lazer e de descanso perde quando comparados às outras viagens. Peixoto (1987, p. 81) fortalece esta afirmação quando escreve que “a história de cada um é traçada pelos lugares por onde passou. Mas, essa procura de um lugar o leva a partir. Ir cada vez mais longe. Desterritorializar-se. O reencontro de si mesmo só pode se fazer através de uma viagem”. Mas, o homem busca ser feliz com o ato de viajar e escapar à sua realidade ou busca ser feliz ao encontrar-se com o seu eu numa viagem? Botton (2012, p. 40) responde com uma metáfora em seu livro A arte de viajar, transcrevendo uma anotação um tanto pessimista de Baudelaire que diz: “a vida é um hospital em que cada paciente está obcecado com a ideia de mudar de cama. Este quer sofrer em frente ao radiador, e

aquele imagina que melhoraria se estivesse junto à janela”. Aqui nesse trecho entende-se a viagem como meio de fuga. Nesse momento, a pessoa enferma imagina poder estar em outro lugar, desta forma, conseguiria amenizar a sua doença e, consequentemente, abrir-se à possibilidade de se curar e caminhar para a felicidade.

No Dicionário de Símbolos (2012, p. 951) o conceito de viagem é vasto e tem uma variedade de significados. Muitos deles já foram citados aqui e não precisam ser retomados. Além destes, o dicionário também enfatiza o simbolismo da viagem que representa “a busca da verdade, da paz, da imortalidade, da procura e da descoberta de um centro espiritual”. E, em seguida, afirma que a viagem acontece devido a um anseio intenso de mudança, e um grande desejo de se ter novas experiências. Para o dicionário, esses dois conceitos são mais importantes no sentido metafórico da palavra e não no sentido de viagem como deslocamento físico.

Com base nessa reflexão sobre os imaginários da viagem é que construiremos a nossa análise das peças da campanha e que procuraremos identificar de que maneira a campanha explora esse imaginário para construir a imagem de sua marca e associar seus produtos a essa imagem.

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