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VIEIRA, Álvaro Siza in Associação Casa da Arquitetura A CASA em Roberto Ivens Matosinhos: Asso-

BREVE HISTÓRIA

67. VIEIRA, Álvaro Siza in Associação Casa da Arquitetura A CASA em Roberto Ivens Matosinhos: Asso-

ciação Casa da Arquitectura, 2011.

Centro de Documentação Álvaro Siza, 2009 Álvaro Siza e Carlos Castanheira

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53, 54, 55- Fotografia da fachada principal do edifício Forrester onde se pode observar

a sua relação com os edifícios que o ladeiam. Fotografia do piso térreo, pelo exterior, onde se nota a conservação da preexistência, bem como na imagem em baixo onde os desenhos das paredes e tetos remetem a uma linguagem passada que aqui se conservou.

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O edifício localizado no centro do Porto, na Praça do Infante em frente ao mercado Ferreira Borges, é um testemunho da arquitetura do século XIX na cidade e por isso, pela sua dimensão e localização privilegiada na cidade, a sua reabilitação terá sido encarada como um grande desa- fio que pretendia o melhor aproveitamento do espaço disponibilizado sem que se desse uma descaraterização do mesmo e permitindo a leitu- ra dos seus traços originais. Tal como os dois projetos aqui apresenta- dos, o Centro de Documentação e a Casa em Alcobaça, também neste projeto se pretendeu uma adaptação à linguagem contemporânea e a criação de condições de habitabilidade para os moradores da cidade. O edifício alberga, hoje em dia, diferentes funções que se conjugam de forma harmoniosa e assim transmitem uma ideia unitária do edificado. Tal como acontecia no século XIX o piso térreo continua a responder a funções comerciais, dando lugar a uma área de restauração e o segun- do piso dedica-se a uma área de escritórios que permite assim fazer a transição para os restantes dedicados ao habitar e que, deste modo, se afastam dos ruídos e fluxos da zona de comércio. A obra apresenta-se como uma produção de diversidades que permite uma oferta variada dentro de uma mesma linguagem e que, conservando os traços de outra época, se adapta aos modos de vida contemporâneos e oferecem dife- rentes tipologias de forma a poder abranger também diferentes tipolo- gias familiares. A compor o programa do edifício existem então T1’s, T2’s e T3’s que, tendo sempre em vista a habitação permanente que dê novas condições de habitabilidade aos moradores desta área, e não aos meros visitantes, conseguem albergar agregados familiares distintos oferecendo-lhes as condições atuais por meio de um edifício que, ainda assim, contém em si as caraterísticas de uma construção novecentista. Este projeto serve assim de exemplo de referência à reabilitação a rea- lizar já que apresenta a capacidade de adaptação a diversas tipologias e embora o novo esteja bastante marcado este não se sobrepõe à pre- existência e as duas linguagens relacionam-se de forma harmoniosa. Assim, permanece a imagem do edifício antigo mantendo as relações também preexistentes com os seus edifícios vizinhos e a intervenção em- bora se possa considerar um pouco invasiva mantém viva a memória do antigo edifício demonstrando uma preocupação social de integração.68

68. MAZA, Ricardo Merí [dir.] - Correia/Ragazzi: Arquitectura 2005-2018. TC cuadernos. Valencia: Gen-

eral de Ediciones de Arquitectura, 2018.

Edifício Forrester, 2012 Correia/Ragazzi Arquitetos

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projeto

“s.f. 1 plano para a realização

de um ato; esboço; 2 represen-

tação gráfica e escrita, acom- panhada de um orçamento que torne viável a realização

de uma obra; 3 cometimento;

empresa; 4 desígnio; tenção; 5 FILOSOFIA na filosofia

existencial, aquilo para que o homem tende e é constitutivo do seu ser verdadeiro;”

Neste capítulo, denominado ‘projeto’, pretende-se uma exposição do processo de conceção que foi sendo realizado a par da aprendizagem desenvolvida ao longo do trabalho, e que surge das questões que se iam levantando com o próprio desenho projetual. Assim, estas questões, re- lacionadas com os temas já tratados, da história, da experiência, da memória, da casa e do modo como se deve intervir, juntamente com as questões práticas do programa, das exigências do cliente e das questões do desenho, da forma e da expressão dos materiais construtivos, foram resultando em hipóteses de projeto e possibilidades de interpretação daquele lugar que se foram questionando e consequentemente repen- sando.69

Assim, pretende-se entender essas mesmas questões e o modo como se procurou solucioná-las. Pretende-se a apresentação das inquietações projetuais e arquitetónicas e o modo como estas deram lugar à reflexão presente no decorrer do trabalho. Entender de que forma as questões de projeto e, particularmente da reabilitação, relacionadas com as intenções do cliente, se foram moldando às vontades do lugar. Dar a conhecer o modo como o projeto de reabilitação para o edifício cor-de- rosa de Viseu pretende resultar numa intervenção integrada que con- tribua para uma continuidade histórica mantendo a sua identidade e consequentemente a do conjunto que o enquadra.

E, como que em jeito conclusivo, a solução de projeto que se apresenta como final, encontra-se ainda em aberto e não estando completamente encerrada. Apresenta-se como caminho percorrido na procura de res- posta às questões de reabilitação no caso concreto deste património ur- bano. Mas, tal como diz em entrevista o arquiteto Manuel Aires Mateus quando questionado sobre o acabar da casa pelo arquiteto, “A Casa nunca está acabada.”70

A Casa nunca está acabada. Nós podemos acabar a Casa ou o Tempo pode acabar a Casa. A Casa em si não se termina.

Não é o trabalho de um arquiteto acabar a Casa.

A arquitetura na sua história, na história em que todos vivemos - aquela que é ver- dadeiramente estimulante - deixa sempre essa cota de liberdade. Quando a arquite- tura se transforma numa questão pragmática, de resolver todas as questões que são