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A visão dos inquiridos sobre o modelo de gestão adotado pelo educandário

CAPÍTULO V CONSELHO ESCOLAR: UMA VISÃO PANORÂMICA DA ESCOLA

5.2. A visão dos inquiridos sobre o modelo de gestão adotado pelo educandário

Ao serem questionados sobre aspectos que julgavam ser importantes para a escola, 72% (setenta e dois por cento) dos pesquisados consideraram ser importante que a escola tenha em seu quadro profissionais conscientes do contexto educacional brasileiro e da sua própria realidade, bem como que os mesmos sejam permanentemente comprometidos com a mudança. Já 18% (dezoito por cento) acreditam que os profissionais devam valorizar a transmissão do conhecimento, a ordem e a disciplina. Uma minoria, 9% (nove por cento) acreditam que seja importante para a escola a sua capacidade de estabelecer parcerias que tenham recursos humanos e financeiros para viabilizar os projetos do educandário. Vale ressaltar que nenhum participante da pesquisa julgou importante que a escola tenha poder para definir suas próprias normas e liberdade para decidir sobre assuntos de todas as ordens sem estar atrelada a órgãos hierarquicamente superiores. Também não apareceu como importante a adequação da estrutura física da escola ao nível de ensino que ela oferece (ANEXO V).

No que se refere aos aspectos gerais da escola foi solicitado aos pesquisados que elencassem, em ordem de importância, características que a comunidade mais elogia na escola. Em conformidade com a percepção dos mesmos cerca de 54% (cinquenta e quatro por cento) consideram que; na visão da comunidade, a ordem e a organização sejam fatores de grande satisfação e extrema importância. Em relação à qualidade de ensino dois resultados semelhantes aparecem e merecem reflexão. Para 36% (trinta e seis por cento) dos entrevistados, representados por um agente administrativo, um agente operacional, um do lar e um supervisor a citada qualidade é percebida pela comunidade como fonte de elogios e aparece com grau de extrema importância. Porém, para outros 36% (trinta e seis por cento), representados por um professor, um supervisor e duas participantes que não declararam o cargo a qualidade de ensino é percebida como fonte de elogios com grau de importância média. Na visão da diretora e do vice-diretor, que representam 18% (dezoito por cento) do escopo da pesquisa, a mesma qualidade é percebida como fonte de elogios por parte da comunidade com grau de importante. E ainda, para um professor (9% nove por cento) essa percepção por parte da comunidade local está em um grau de pouca importância (ANEXO VI).

Ao serem questionados sobre a própria opinião em relação ao ponto forte da escola, 100% (cem por cento) dos conselheiros acreditam ser a qualidade do ensino. Nota-se aqui uma necessidade de maior análise em relação ao entendimento dado à qualidade de ensino. O que a escola entende por qualidade? E a comunidade? Os avanços nos resultados escolares estão claros para todos? Os desafios do processo ensino/aprendizagem a serem enfrentados contam com apoio da comunidade escolar e local? Esse é um valor tangível ou intangível?

Chama a atenção também, aspectos inerentes às relações interpessoais. De acordo com a pesquisa cerca de 36% (trinta e seis por cento) dos participantes acreditam que a relação professor/aluno seja percebida pela comunidade como algo não tão relevante assim, pois em ordem de importância, esse quesito apareceu como pouco importante. Aproximadamente, 27% (vinte e sete por cento) percebem essa relação como importante e fonte de elogio em relação ao trabalho escolar. Ainda analisando os dados, em aspectos relacionais, os agentes pesquisados acreditam que para a comunidade a relação entre pais, alunos e escola seja pouco importante, esse índice foi

de cerca de 54% (cinquenta e quatro por cento). Esses dados apontam para a necessidade de se refletir sobre qual o lugar das relações na escola, uma vez que, a princípio, na percepção dos entrevistados, esse não seja um valor tão importante para a comunidade. A qualidade das relações estabelecidas no contexto escolar tem incidência sobre o fazer educativo. Para Lück (2006) quanto maior a impessoalidade e o distanciamento entre as pessoas, “menor será o nível de participação na determinação dos destinos da escola como um todo e maior o nível de alienação” (p.86) (ANEXO VII).

Buscou-se entender a percepção dos pesquisados em relação à autonomia escolar. Para o grupo, 90% (noventa por cento) consideram que a autonomia financeira seja média, 72% (setenta e dois por cento) consideram média também, a autonomia administrativa. Já em relação à autonomia pedagógica cerca de 36% (trinta e seis por cento) dos participantes acreditam que a escola tenha muita autonomia e 63% (sessenta e três por cento) consideram essa autonomia mediana (ANEXO VIII).

Quanto ao processo decisório, 63% (sessenta e três por cento) da equipe pesquisada acreditam que as tomadas de decisões devem possibilitar a construção de um espaço coletivo, buscando consenso da comunidade escolar, 72%(setenta e dois por cento) acreditam ainda que, frequentemente as decisões coletivas devem ser aprovadas rapidamente. Para 63% (sessenta e três por cento) deve-se sempre buscar consenso da comunidade escolar para se tomar decisões, buscando dessa forma, a construção de um espaço coletivo (ANEXO IX).

Por meio do questionário procurou-se identificar o perfil do diretor qualificado para exercer uma boa gestão. Na opinião dos pesquisados o diretor, de maneira pouco frequente, deve delegar funções aos indivíduos a partir das suas capacidades intelectuais. No ato da aplicação do citado instrumento de coleta de dados, os participantes da pesquisa não demonstraram dificuldade de interpretação na questão 11(onze). Contudo, as respostas revelam certo desconhecimento por parte do grupo em relação a um modelo descentralizador de gestão ou uma opinião de que a figura do diretor ainda deva ser centralizadora e burocratizante. Apenas 18% concordam com a delegação de funções por parte da direção. Tendo em vista o processo percorrido pela

pesquisadora por meio da observação da ação educativa e realização de entrevistas com os partícipes, percebe-se aqui uma contradição entre os números coletados e a prática escolar que vem buscando caminhos mais consistentes em relação ao exercício da democracia.

Já quando solicitados a opinarem sobre a centralização das decisões na figura do diretor, visto que o mesmo é a autoridade máxima na escola, 90% (noventa por cento) dos pesquisados consideram que isso nunca deve ocorrer. Confirmando assim, a contradição nos dados.

Há unanimidade quanto a importância do diretor em buscar manter uma atmosfera harmoniosa no ambiente de trabalho, evitando disputa entre os sujeitos escolares, bem como 90% (noventa por cento) acreditam que o diretor deva evitar reproduzir no contexto escolar as relações hierarquizadas que predominam na sociedade.

Outra visão bastante expressiva em relação ao perfil de um bom diretor, presta conta com a sua capacidade de criar um ambiente de construção coletiva do Projeto Político Pedagógico(PPP) da escola, 90% (noventa por cento) dos agentes educacionais avaliam que sempre deve haver diálogo para a consolidação do mesmo, como 81% (oitenta e uma por cento) consideram também que, a direção deve sempre buscar a participação da comunidade nos processos de tomadas de decisões. Há evidências consideráveis de que a comunidade deseja e acredita no processo de participação, faz-se necessário buscar entender se essa participação tem favorecido o confronto de ideias e ações sobre a gestão escolar, no sentido de gerar a co-responsabilidade entre os segmentos que compõem a unidade educativa (ANEXO X).

Ao elencarem as condições ideais para que a democracia se concretize na escola, mais uma vez, 90% (noventa por cento) dos participantes consideraram a importância da discussão coletiva em relação ao PPP; 45% (quarenta e cinco por cento) acreditam que sempre deva haver respeito em relação às opiniões pessoais e aproximadamente 80% (oitenta por cento) ponderaram que a gestão sempre deve ser transparente.

Em face da comunicação nota-se uma dispersão entre os resultados. Os dados revelam que 27% (vinte e sete por cento) da equipe acreditam que sempre haja necessidade de socialização das informações, 27% (vinte e sete por cento) consideram que essa socialização deva ser muito frequente e 45% (quarenta e cinco por cento), frequente. A preocupação da escola com a socialização das informações fica evidenciada em outros instrumentos de coleta de dados. Entretanto, ainda ela não é eficaz porque existe questionamento por parte de alguns segmentos educativos no que tange ao domínio das informações que dizem respeito ao movimento pedagógico e administrativo da escola (ANEXO XI).

Também, buscou-se entender de que maneira os participantes enxergam a participação da comunidade nos assuntos escolares , aproximadamente 72% (setenta e dois por cento) a consideram importante para as tomadas de decisões na escola; 18% (dezoito por cento) apontaram a participação como uma estratégia importante para a captação de recursos através do caixa escolar, venda de rifas, entre outros (ANEXO XII).

A pesquisa solicitou aos participantes que citassem três procedimentos da gestão escolar que os mesmos julgassem facilitar a construção da escola pública autônoma, surgiram como apontamentos algumas categorias que foram divididas em procedimentos de gestão I, II e III.

QUADRO1 - Procedimentos de Gestão I, II e III

Procedimento de Gestão I Procedimento de Gestão II Procedimento de Gestão III

Busca pela participação de todos nas tomadas de decisões;

Reuniões pedagógicas e administrativas coletivas;

Criação de um Conselho Escolar atuante.

Busca pela melhoria da qualidade de ensino;

Gestão transparente e articulativa;

Desenvolvimento de projetos que atendam às necessidades da escola. Flexibilidade e respeito; Participação da família; Formação continuada de professores e demais funcionários.

Foi solicitado ainda, que os membros conselheiros avaliassem a escola em quatro critérios em uma escala que variou entre 100%, 75%, 50%, 25% e abaixo de 25%. No que se refere à discussão coletiva de prioridades houve unanimidade na avaliação, considerando que o grau da escola é de 75% (setenta e cinco por cento). No quesito credibilidade junto aos alunos e seus pais, 54% (cinquenta e quatro por cento) dos pesquisados consideram que a escola tem 100% (cem por cento) de credibilidade, já para 45% (quarenta e cinco por cento) dos participantes, esse índice cai para 75% (setenta e cinco por cento). Quanto a abertura da escola para a concretização de diferentes concepções, cerca de 81% (oitenta e um por cento) avaliaram a escola em uma escala de 75% (setenta e cinco por cento) de abertura, porém para 18% (dezoito por cento) dos questionados essa proporcionalidade pode ser representada por 50% (cinquenta por cento). No que alude à busca por soluções alternativas para problemas surgidos, 45% (quarenta e cinco por cento) do grupo considerou que o nível de avaliação da escola seja de 100% (cem por cento). Para cerca de 36% (trinta e seis por cento) dos membros pesquisados essa busca está na ordem de 75% (setenta e cinco por cento), ainda há uma minoria (18% por cento) que avaliou a tentativa da escola em buscar soluções alternativas para problemas em 50% (cinquenta por cento). (ANEXO XIII)

Por fim, os agentes pesquisados opinaram sobre o grau de concordância em relação a seis itens, que têm a ver com a maneira que o diretor coordena a equipe, o espaço para discussão de opiniões e critérios para tomada de decisões e o resultado a saber, foi:

Quadro 2 - Opinião dos Inquiridos Quanto ao Modelo de Gestão Alternativas Concordo Plenamente Concordo em grande parte Concordo em parte Concordo pouco Discordo

O Diretor deve coordenar a equipe e possibilitar a participação de toda a comunidade no processo de decisão 54,5% 45,5% No espaço de negociação a opinião da direção deve prevalecer

18,2% 18,2% 54,5% 9,1%

Os critérios e as informações para a tomada de decisão devem ser públicos.

45,5% 27,3% 9,1% 9,1% 9,1% O diretor deve definir a

maneira correta de executar as ações.

27,3% 27,3% 18,2% 27,3% Compete aos diferentes

atores escolares definirem de forma coletiva a organização e as prioridades de ação da escola

81,8% 9,1% 9,1% Toda comunidade escolar

deve participar da definição das formas de atuação da escola

90,9% 9,1%

Os dados revelam certa dicotomia e evidência de que alguns conceitos como autoridade, democracia, participação, descentralização, entre outros, ainda precisam ser mais bem elaborados pelo grupo. Ao mesmo tempo em que os participantes defendem formas coletivas de organização do trabalho escolar e participação da comunidade no processo de gestão, cerca de 36% (trinta e seis por cento) dos colaboradores da pesquisa ainda concordam plenamente ou em grande parte que a opinião da direção deva prevalecer em situações de decisão. Assim como, cerca de 54% (cinquenta e quatro por cento) acreditam plenamente ou em grande parte que o diretor deve definir a maneira correta de executar as ações. Dessa forma, pode-se inferir que, por parte dos atores educacionais que compõem a unidade estudada faz-se necessária a reflexão sobre o poder cidadão que podem exercer sobre a gestão das instituições públicas de educação, quem sabe assim aproximem-se da consolidação de um novo paradigma que tem na gestão democrática a possibilidade da construção de uma escola mais emancipadora.

CAPÍTULO VI - DOS RESULTADOS DO ESTUDO: