• Nenhum resultado encontrado

No que diz respeito à vivência prática de ambos os professores, discutida nas autoconfrontações, identificamos tópicos relacionados a essa questão na Autoconfrontação Simples com o Professor Gilberto, na Autoconfrontação Cruzada com o Professor Anderson e na Autoconfrontação Cruzada com o Professor Gilberto. Iniciamos com um trecho da Autoconfrontação Simples com o Professor Gilberto.

AUTOCONFRONTAÇÃO SIMPLES COM O PROFESSOR GILBERTO

Na Autoconfrontação Simples com o Professor Gilberto, ele fala sobre a vivência prática (Linhas1251-1292). Para um melhor entendimento, dividiremos esse trecho, que

corresponde ao Tópico 42, em duas partes, sendo primeiramente o trecho que corresponde aos subtópicos 42a, 42b e 42c (Linhas 1251 à 1269) e, na sequência, o trecho que corresponde os subtópicos 42d, 42e e 42f e 42g (Linhas 1269 à 1292):

1250

então haveria perguntas que podem ser planejadas e perguntas que precisam ser: é: decididas planejadas no momento que é feita as perguntas né?

é... só que isso aí passa alguma coisa: que nã/ é difícil né?... que: para um aluno de engenharia no caso cursos tecnológicos seria muito interessante seria que todos os professores tivessem uma vivência prática... e a gente sabe né? não sei o M1 já viajou para fora do país

né? que alguns currículos: lá na Europa acho que França para se fazer um curso de engenharia tem peri/ que se fazer que é um curso tecnológico a pessoa é obrigada a passar

[ alternância

ela: ela é obrigada a passar por estágios práticos estágios práticos que eu digo é: ela vai ficar lá... fazendo antes de entrar nesse: nesse nesse/ nessa etapa para as engenharias ela vai fazer uma etapa aqui de... de ficar sei lá quanto tempo na empresa

uhum

né? e nós temos às vezes um professor que não tem vivência prática minha vivência prática ela está meio defa/ desatualizada ela tem foi de noventa a noventa e quatro (em uma agroindústria )... essa vivência prática teve seu valor mas ela já meio que caducou só tenho aquela segurança de saber como é a dinâmica de uma empresa... né?

M2: PG: 1255 M1: PG: 1260 M1: PG: 1265 M1: PG:

Esse trecho de autoconfrontação está construído pelos subtópicos 42a, 42b e 42c, constituintes do tópico mais amplo, o Tópico 42 “Comentários de PG sobre o professor possuir ou não uma vivência prática”.

Tópico 42

1251-1292 Comentários de PG sobre o professor possuir ou não uma vivência prática.

Subtópico 42a

1251-1255 PG comenta sobre a importância dos professores de engenharia possuir vivência prática.

Subtópico 42b

1255-1265 PG conta que alguns currículos de em outros países para se fazer um curso tecnológico a pessoa é obrigada a passar por estágios práticos. Subtópico

42c

1266-1269 PG explica que sua vivência prática está desatualizada, mas serve para saber como é a dinâmica de uma empresa.

Em um momento da Autoconfrontação Simples com PG, M2 faz uma colocação sobre perguntas que podem ser planejadas e perguntas que precisam ser decididas no momento de interação em sala de aula. Com relação a isso, PG explica que seria importante para os alunos de engenharia que todos os professores tivessem vivência prática: “para um aluno de engenharia no caso cursos tecnológicos seria muito interessante seria que todos os professores tivessem uma vivência prática”. E comenta que em alguns cursos no exterior, para

fazer um curso de engenharia é necessário passar por estágios práticos, passar certo tempo em uma empresa.

Em seguida, apresentamos o trecho que corresponde aos subtópicos 42d, 42e, 42f e 42g (Linhas 1269-1292):

PG: às vezes tem coisa que eu falo para os alunos né?... uma empresa:: não é que nem dentro da sala de aula que está todo mundo teoricamente do mesmo lado infelizmente não é assim... nas empresas... às vezes a melhor solução não é a solução que é adotada é:: aquela do::: é existem essas nuANces assim só que essas nuances é:: só quem realmente trabalhou... que pode passar então é... então isso M2 é:: o professor lá que: que fez sua graduação e não trabalhou e foi: fazer mestrado doutorado ele te/ vai ter dificuldade para fazer isso ou vai focar em coisas que de repente não são tão importantes para: para parte prática

algo: algo [

se ele enxerga isso: beleza... se: se ele consegue enxergar isso joia porque ele vai resolver isso... o problema quando ele:: não enxerga isso

algo semelhante acontece na licenciatura... a licenciatura é para formar professor... e professores nas licenciaturas não necessariamente têm essa vivência... da educação básica é::... é então nós temos exemplo do: Braian o Braian seria uma pesso:a legal para vocês colocarem no programa (se ele foi voluntário)... o ( ) sempre

(não me recordo) ( )

que o ( ) ele:: ele ele... ele não se afastou do mercado ele é quarenta horas a gente tem bastante problemas por ele não ter essa dedicação por ele manter essa dedicação integral assim com a escola mas as aulas dele são muito boas

é a vivência [ vivência prática... 1270 1275 M1: PG: 1280 M1: PG: 1285 M2: M1: PG: 1290 M1: PG:

Esse trecho de Autoconfrontação Simples com o Professor Gilberto foi identificado como subtópicos constituintes do Tópico 42 e corrrespondem aos subtópicos 42d, 42e 42f e 42g, como podemos perceber:

Subtópico 42d

1269-1274 PG fala sobre diferenças de uma sala de aula e de uma empresa.

Subtópico 42e

1274-1280 PG diz que o professor que estudou e não trabalhou terá dificuldades de focar em aspectos importantes da parte prática e complementa que se o professor percebe isso, irá resolver, o problema é se ele não percebe.

Subtópico 42f

1281-1282 M1 expõe que acontece algo semelhante nos cursos de licenciatura, pois os professores não, necessariamente, possuem a vivência prática na educação básica.

Subtópico 42g

1283-1292 PG traz o exemplo de um professor que ele conhece que trabalha e dá ministra aulas e suas aulas são muito boas por conta da vivência prática.

Para PG, ter uma vivência prática auxilia o professor a saber como funciona a dinâmica de uma empresa: “o professor lá que: que fez sua graduação e não trabalhou e foi: fazer mestrado doutorado ele te/ vai ter dificuldade para fazer isso ou vai focar em coisas que de repente não são tão importantes para: para parte prática”. M1 ressalta que isso também acontece nas licenciaturas: “algo semelhante acontece na licenciatura... a licenciatura é para formar professor... e professores nas licenciaturas não necessariamente têm essa vivência... da educação básica”.

Tópicos referentes à “vivência prática” também foram identificados na Autoconfrontação Cruzada com o Professor Anderson. Vejamos o que os professores dizem a esse respeito.

AUTOCONFRONTAÇÃO CRUZADA COM O PROFESSOR ANDERSON

Na Autoconfrontação Cruzada com o Professor Anderson, os professores comentam a vivência prática (Linhas 1146-1147):

1145

PG: né agora essa percepção tipo os exemplos que o PA deu é esse esse tipo de coisa só só vai sair de quem tem vivência prática

Podemos encontrar, brevemente, neste trecho de autoconfrontação, um comentário de PG sobre vivência prática, que identificamos no subtópico 40j “PG afirma que exemplos como o que PA citou advém de professores que já tem vivência prática”. Esse subtópico é parte de um tópico mais amplo, o Tópico 40 “Comentários sobre improvisos que os professores fazem na sala de aula com a citação de um exemplo, discutindo a relação que pode haver entre o plenejamento e não-planejamento da aula”:

Subtópico 40j

1146-1147 PG afirma que exemplos como o professores que já tem vivência prática.

que PA citou advém de

Neste trecho de Autoconfrontação Cruzada com PA, os professores comentam o exemplo que PA citou para os alunos do botijão de gás. Para PG, o exemplo citado por PA tem relação com o fato deste ter tido vivência prática: “agora essa percepção tipo os

exemplos que o PA deu é esse esse tipo de coisa só só vai sair de quem tem vivência prática”.

exemplo, que é o da lâmpada, mas que neste contexto pensou ser mais adequado o exemplo do botijão de gás.

Nesse sentido, podemos perceber que a vivência prática é importante não apenas para o professor, mas também para os alunos, que estudam e trabalham. Segundo o relato dos professores na Autoconfrontação Cruzada com o PA, isso auxilia na dinâmica de envolver os alunos durante a aula. Vejamos o que os professores dizem quando são questionados sobre “como levar os alunos a se envolverem na aula” (Linhas 1600-1628):

1600 M1: como levar então os alunos a::... a se envolverem né? seria uma pergunta importante para nós né?

o mais próximo possível do cotidiano... no meu ponto de vista... porque aí eu atinjo a maioria... a maioria não vou atingir nunca o todo... ou pode ter momentos

[

é é uma boa estratégia que eu uso também as vezes a gente sabe aquele aluno que tem mais experiência prática os mais velhos até... e::: utiliza pega eles::...e faz amostra:: não aleatória né? fazer eles:: dividirem com o resto da turma uma experiência uma vivência...

[ vivência

oh e aí o aluno fala não diretamente “ó isso aí que o professor está explicando é importante... porque lá realmente na empresa aconteceu” ( ) eles não dizem explicitamente mas eles falam falam né:: caso de rolamento mesmo lá o Ivã:: né...

[

citar... o Ivã... você deu aula para o Geovani?

Geovani [

pedreira lá que trabalhou na pedreira ah esse eu não lembro agora...

[

não lembra

mas o Geovani Geo/ o Geovani o Ivã é assim uma fonte riquíssima assim de informação né

[

é que o Geovani trabalha ( )

o Ivã também... que tem visão no no meu caso ali assim de gestão... então é fácil tratar... ali do assunto em relação a isso

PA: 1605 PG: 1610 PA: PG: 1615 PA: PG: PA: 1620 PG: PA: PG: 1625 PA: PG:

Este trecho de autoconfrontação faz parte do tópico que está identificado como Tópico 47 “Comentários sobre como envolver os alunos na aula”, que se constitui pelos subtópicos 47a, 47b, 47c e 47d, como podemos observar:

Tópico 47

1600-1628 Comentários sobre como envolver os alunos na aula.

Subtópico 47a

1600-1603 PA explica que uma maneira de manter os alunos envolvidos na aula seria chegar o mais próximo possível do cotidiano, pois assim atinge a maioria dos estudantes.

Subtópico 47b

1604-1610 PG expõe que uma estratégia que utiliza para envolver os alunos na aula é pedir para os que possuem experiência prática dividirem seus conhecimentos com os demais.

Subtópico 47c

1611-1613 A postura e afirmação dos alunos que possuem experiência prática confirmam a explicação dada pelo professor.

Subtópico 47d

1613-1628 PA e PG comentam sobre dois alunos que possuem vivência prática.

Quando questionados sobre como levar os alunos a se envolverem na aula, os professores novamente comentam a vivência prática. Para os docentes, os alunos demonstram maior interesse quando são trazidas questões mais próximas possíveis do cotidiano, como explica PA: “o mais próximo possível do cotidiano... no meu ponto de vista... porque aí eu atinjo a maioria”. Nesse sentido PG acrescenta que uma estratégia que utiliza é solicitar aos alunos que possuem experiência para que dividam suas vivências com os demais: “é é uma boa estratégia que eu uso também às vezes a gente sabe aquele aluno que tem mais experiência prática os mais velhos até... e::: utiliza pega eles::...e faz amostra:: não aleatória né? fazer eles:: dividirem com o resto da turma uma experiência uma vivência...”. Segundo PG, o relato dos próprios alunos ressalta a importância do que está sendo explicado pelo professor e isso mantém o interesse e envolvimento dos alunos na aula.

Neste caso, como dizem os professores, possuir uma vivência na indústria, os auxilia na explicação teórica e nos exemplos dados para os alunos. Por já terem passado pela experiência prática, os professores desenvolvem maior facilidade em apresentar exemplos de situações que podem ocorrer em uma empresa. Com base na vivência no mercado de trabalho, conseguem também elaborar exemplos que são do cotidiano dos alunos, mas que podem ser comparados a situações reais de trabalho. Com a experiência que possuem na indústria, como engenheiros e, na sala, atuando como docentes, PA e PG possuem facilidade em dar exemplos práticos de situações que podem ocorrer em uma empresa.

Tópicos sobre vivência prática também foram identificados na Autoconfrontação Cruzada com o Professor Gilberto. Vejamos, na sequência, o que os professores dizem sobre isso.

AUTOCONFRONTAÇÃO CRUZADA COM O PROFESSOR GILBERTO

Na Autoconfrontação Cruzada com Professor Gilberto, os docentes realizam comentários sobre a vivência prática. Vejamos o que eles dizem (Linhas 867-906):

PG: é que assim eu e o PA nós fazemos parte daquele grupo de professores que antes de dar aula... é:: nada contra quem se formou e foi dar aula né... ((PA tosse)) é aquele grupo de professores que antes de dar aula trabalhou... teve uma vivência prática... né (então) o PA teve essa vivência prática também... né então isso:: isso muda um pouco a dinâmica da aula né

[

eu acredito que sim [ é é... eu sempre

[

ajuda ajuda bastante

essas semelhanças que vo/ que que o PA identifica acho que vocês devem estar de acordo sobre isso... é se deveriam a a: a: vocês fazerem parte desse mesmo meio que seria um meio no qual o meio de professores que tiveram experiência na indústria? também

[

os professores engenheiros [

também na verdade ele falou da subárea nós falam/ eu falei na questão da subárea

[

subárea é

a subárea é o seguinte são disciplinas que são correlatas ou próximas... é:: por exemplo só área de gestão só áreas entende? então possui são

mas será que essa essas semelhanças que você indica PA... se deveriam ao fato de de serem apenas ou se deveria isso mesmo ao fato de vocês serem da mesma subárea? isso aproxima coincide eu acho que coincide mas isso que o PG citou

[ é:

aqui é: é bem relevante nós dois temos essa vivência prática de mercado né e eu vejo que alguns professores não têm a vivência prática de mercado quando a gente vai trabalhar com alunos de engenharia que é o caso que ele está dando aula ali... não impacta tanto... mas quando vai para a turma da noite os cara pegam... porque os cara estão no mercado e os caras dizem inclusive até aconteceu um caso agora junto com nosso coordenador lá que ele citou lá não vamos citar nomes agora né ma:s o professor falar situações momentos assim depois o aluno “isso aqui é mentira isso aqui não acontece desse jeito acontece assim assim e tal”... e aí como que fica o professor? é

porque não tem a prática... e o cara lá resolve o problema na prática 870 PA: 875 PG: PA: PG: M1: 880 PG: M1: 885 PG: PA: PG: 890 PA: M1: PA: 895 PG: PA: 900 905 PG: PA:

Este trecho de autoconfrontação foi identificado como Tópico 27 “Os professores explicam que as semelhanças evidenciadas nas aulas de ambos correspondem ao fato de os mesmos serem da mesma subárea e terem vivência prática antes de atuarem em sala de aula” e é composto pelos subtópicos 27a, 27b, 27c e 27d, como vemos abaixo:

Tópico 27

867-906 Os professores explicam que as semelhanças evidenciadas nas aulas de ambos correspondem ao fato de os mesmos serem da mesma subárea e terem vivência prática antes de atuarem em sala de aula. Subtópico

27a

867-878 PG explica que ele e o PA tiveram vivência prática antes de dar aulas e isso muda a dinâmica da aula.

Subtópico 27b

879-891 PA e PG comentam que as semelhanças evidenciadas na aula de ambos dizem respeito ao fato de os docentes possuírem experiência

prática e fazerem parte da mesma subárea. Subtópico

27c

892-901 PA explica que a vivência prática auxilia os professores nas aulas, principalmente com turmas do período noturno, nas quais grande parte dos alunos já estão no mercado de trabalho.

Subtópico 27d

901-906 PA fala sobre a possibilidade do professor que não possui vivência na indústria passar por situações desagradáveis em sala de aula, por conta da experiência prática que alguns alunos possuem.

Na Autoconfrontação Cruzada com PG, os professores falam da dinâmica da aula e o fato de ambos terem passado pela vivência prática antes de dar aulas. De acordo com PG, essa vivência prática: “muda um pouco a dinâmica da aula né” e PA concorda: “eu acredito que sim”. A respeito disso, PA e PG comentam que as semelhanças que evidenciaram, por meio das filmagens das aulas, em suas práticas, como a explicação da teoria e o exemplo que citaram para os alunos, se deve ao fato de ambos pertencerem a disciplinas da mesma subárea, de disciplinas “correlatas ou próximas”, e também pelo fato de os dois professores terem passado pela vivência prática na indústria antes de estarem em uma sala de aula atuando como docentes.

Para os professores, a vivência prática é um fator considerável para o auxílio da explicação teórica na aula, pois há muitos alunos que já estão atuando no mercado de trabalho. Então, estes conhecem na prática como funcionam determinadas teorias e, algumas vezes, a teoria pode não coincidir com a prática ou pode estar defasada e o aluno que tem vivência prática conhece esses aspectos. Aspectos esses que, frequentemente, o professor que não passou por experiências práticas não conhece, como ressalta PA: “aqui é: é bem relevante nós dois temos essa vivência prática de mercado né e eu vejo que alguns professores não tem a vivência prática de mercado”; “o professor falar situações momentos assim depois o aluno isso aqui é mentira isso aqui não acontece desse jeito acontece assim assim e tal”; “e aí como que fica o professor?...”; “porque não tem a prática... e o cara lá resolve o problema na prática”.

No que se refere as semelhanças evidenciadas nas aulas dos dois professores, além dos aspectos ressaltados por eles, como o fato de pertencerem a mesma subárea e terem atuado no mercado de trabalho, na prática, podemos dizer também que tais semelhanças fazem parte do gênero de atividade. Para Clot (2008/2010), os gêneros são o intermédio entre o sujeito e seu trabalho e estão sempre vinculados a uma situação no mundo social. Os professores realizam seu trabalho repetindo enunciados e ações já ditos e produzidos antes, mas os recriam de acordo com a situação e o estilo.

Como explica Amigues (2002), como em outras profissões, o trabalho do professor consiste em usar processos prescritos por outros e esses processos são repetidos e "repensados" em organizações ou coletivos trabalho. Ainda nesse sentido, para a realização do trabalho docente é necessário que o professor empregue um investimento subjetivo constante. Esse compromisso pessoal é retransmitido por um trabalho coletivo (AMIGUES, 2002). Dessa forma, a administração e a realização do trabalho docente ocorre juntamente aos alunos. Essa relação não é direta, “é mediada por um trabalho de concepção e de organização de um meio que apresenta formas coletivas” (MUNIZ-OLIVEIRA, 2015).

Na realização do trabalho, os professores se utilizam de atos já convencionados no coletivo a que pertencem, ou seja, repetem ações que são comuns a esse coletivo. No entanto, não basta que apenas haja a repetição, há a necessidade de recriação diante dessas ações a serem repetidas, o que exige um investimento subjetivo. No caso de PA e PG é notável o investimento subjetivo que empregam na realização de suas práticas docentes e a preocupação de ambos no que se refere às explicações que são dadas aos alunos. Os docentes consideram de fundamental importância que o professor tenha vivência prática para auxiliar na exposição de conceitos que os alunos irão, por conseguinte, utilizar em contextos reais, em empresas.

Na mesma sequência de autoconfrontação os professores comentam as dificuldades de se apresentar conceitos sem ter vivência prática (Linhas 907-965). Por se tratar de um trecho longo, o apresentaremos em duas partes. Esse trecho de autoconfrontação corresponde ao Tópico 28 “Os professores citam exemplo de dificuldades de se apresentar conceitos sem ter vivência prática. Alguns conceitos podem estar defasados” (Linhas 907-965). Inicialmente apresentaremos o trecho que corresponde aos subtópicos 28a, 28b e 28c (Linhas 907-936). Na sequência traremos o trecho correspondente aos subtópicos 28d e 28e (Linhas 937-965):

M1: aquele exemplo das corre:ias?

das correias que ele deu? ((aponta para o PA)) não

você mencionou o exemplo das correias que você explica de acordo com o manual [

ah sim sim sim eu tinha::... tenho o (( livro)) ( )

[ ((livro))

[

((livro)) é um livro que está:: defasado... sim

não sei se você concorda comigo BOM mas ele está defasado e lá fala por exemplo das da troca de correias múltiplas... e ele fala lá quando:: quando arre/ é: não lembro exatamente do trecho lá como é que é mas que uma: uma correia rompe... e as outras estão boas...

[ uhum PG: M2: 910 M1: PG: 915 PA: PG: PA: PG: 920 PA:

925 PG:

[

aí tu vai guardando as boas daqui a pouco tu faz um jogo novo... e isso isso faz anos né