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O YouuHE como um produto resultante oferece a possibilidade da digitalização das memórias ocorridas em locais históricos. Inclusive, surge a possibilidade do exercício de Educação Patrimonial como forma de sensibilizar os cidadãos para o compromisso com a memória, com a história e com as próprias ações vivenciadas cotidianamente, na construção da história individual e coletiva (MARCHETTE, 2016).

Sobre o contexto de realização da pesquisa, a perspectiva abordada voltada para o público idoso esclarece e fundamenta o trabalho de conhecimento e valorização de diferentes narrativas em diversos lugares e épocas. A sua utilização para compartilhar as memórias dos participantes do experimento pareceu representar para todos eles um momento de entusiasmo, adquirindo significado de importância para os idosos, porque pôde significar a fuga da rotina e promover uma ruptura do cotidiano ampliando seus horizontes históricos e possibilidades de convivência social.

Dessa forma, em concordância com Haddad (2016) e Jaafar et al. (2016), observa-se que é necessário se pensar estratégias de educação patrimonial não somente como um aspecto a ser trabalhado comumente em escolas, mas também em espaços educacionais não formais, (como é o caso do grupo de convivência selecionado na pesquisa) e como fonte de ativação da memória social. Mediante a pesquisa de campo realizada e através do artefato criado propôs-se apresentar uma possibilidade de criação e compartilhamento memórias coletivas sobre locais históricos.

A experiência acompanhada durante o trabalho de campo contribuiu no sentido expansão das narrativas da forma oral para o formato digital, através dos locais históricos (por meio da geolocalização) e memórias compartilhadas. É importante destacar que as informações que antes estariam restritas a um grupo específico, podem se expandir para o espaço digital e estar disponíveis para que qualquer pessoa tenha acesso.

Dessa forma, a aprendizagem ubíqua apresenta novas possibilidades para a Educação Patrimonial. Nesse caso, é possível agregar outras características, como áudio, imagem e texto em um mesmo canal. Em se tratando da aplicação YouuHE, pode-se dizer que os conteúdos foram adaptados e passaram a ser ubíquos,

estando disponíveis em todo o tempo e em todos os lugares. Uma outra funcionalidade que se destacou, a geolocalização, permitiu ao sujeito receber informações a partir do lugar onde está, por meio da estratégia de adaptabilidade selecionada. Essa é um dos pontos basilares da aprendizagem ubíqua, onde a aprendizagem pode ocorrer de forma espontânea e contextualizada (YAHYA, AHMAD e JALIL, 2010; CHIOU e TSENG, 2012; BUJARI et al., 2017).

A partir do que foi desenvolvido, é possível perceber o potencial de utilização do aplicativo para disseminar diferentes percepções sobre um mesmo local histórico. Isso porque o aplicativo YouuHE pode ser um espaço não formal para incentivar a troca de memórias coletivas sobre locais históricos. Conforme os resultados, infere-se que é possível mediar essa interação entre diferentes usuários na construção de suas memórias por meio desse artefato. A aprendizagem ubíqua, permite aos aprendizes seguir seu próprio ritmo, revelando suas habilidades para interagir, debater e trabalhar uns com os outros.

Observou-se que as possibilidades de um trabalho de Educação Patrimonial não formal no grupo de convivência promoveram o resgate de memórias, de modo que os idosos perceberam que suas histórias também são relevantes. Com isso, pode-se dizer que a pesquisa se tornou um trabalho sobre a utilização dos locais históricos como fonte de estímulo, provocando a criação e compartilhamento de conteúdo a partir das percepções dos sujeitos e do grupo no qual está inserido.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este capítulo tem por finalidade fornecer um resumo desta pesquisa, destacando algumas questões específicas que foram levantadas, além de apontar novas questões para futuras investigações. Assim, este capítulo resume os principais resultados encontrados em termos da sua importância em relação aos objetivos traçados e abre espaço para propor uma agenda de pesquisas necessárias para se avançar na compreensão do fenômeno investigado.

A proposta básica desta pesquisa foi preencher uma lacuna existente no corpo do conhecimento acerca das estratégias de adaptabilidade em ambientes de aprendizagem ubíqua e seus efeitos no comportamento dos aprendizes. Ao trazer a discussão sobre a utilização de u-learning no contexto da Educação Patrimonial, abre-se uma janela de oportunidades para se compreender um fenômeno que está sendo bastante investigado na literatura internacional (CHIU et al., 2012; MENDOZA et al., 2015; JAAFAR et al., 2016; BUJARI et al., 2017).

Em linhas gerais, a pesquisa atingiu os objetivos traçados na introdução desta tese para responder à questão problema proposta - Quais os efeitos de uma

estratégia de adaptabilidade na experiência de criação e compartilhamento de memórias coletivas em uma aplicação de u-learning? - Tais objetivos são

retomados a seguir:

▪ Identificar as estratégias de adaptabilidade que vem sendo implementadas em ambientes de aprendizagem ubíqua; (Capítulo 4, seção 4.1)

▪ Propor o design de aplicação ubíqua com estratégia de adaptabilidade para conectar cidadãos aos locais históricos por meio de suas memórias; (Capítulo 4 seção 4.2)

▪ Analisar a experiência de criação e compartilhamento de memórias coletivas de adultos na aplicação proposta. (Capítulo 4 seção 4.4)

É importante destacar que, o processo de construção da aplicação não consistiu, meramente, em propor um artefato ubíquo com uma estratégia de adaptabilidade, mas sim investigar esse processo utilizando tanto conhecimentos teóricos, vindos da literatura, quanto de especialistas na área.

A análise das interações entre os participantes na aplicação proposta e nos encontros presenciais permitiu que se obtivesse uma consistente massa de dados que, levou aos resultados que foram apresentados ao longo deste trabalho. Infere-se dessa forma que os idosos mobilizaram seus conhecimentos estabelecendo uma relação presente-passado, escolhendo testemunhos diferentes, relembrando fatos, selecionando memórias que circulam em torno do patrimônio. E, conforme apontado por Halbwachs (1990), especialmente memórias coletivas de seus grupos de pertencimento no seu entorno de vivência.

Por meio de uma visão abrangente e natureza qualitativa, o método desenvolvido nesta tese permitiu conjugar o rigor teórico-metodológico com uma aplicação com utilidade prática para a sociedade. Com isso, a pesquisa envolveu a tanto a concepção de um artefato, quanto a geração de conhecimento.

Dessa forma, este trabalho discutiu aspectos relacionados à utilização de estratégia de adaptabilidade na experiência criação e compartilhamento de memórias coletivas. Para isso, foi realizada uma revisão sistemática da literatura com objetivo de identificar as estratégias de adaptabilidade em ambientes de aprendizagem ubíqua. A identificação de tais estratégias pode orientar futuras aplicações que desejarem promover a adaptabilidade em diferentes contextos e objetivos. A partir da identificação de onze estratégias de adaptabilidade, o trabalho relatou como elas foram apresentadas nos trabalhos e o impacto dessas estratégias no comportamento dos aprendizes. A partir da revisão sistemática, foi selecionado uma estratégia a ser implementada em uma aplicação ubíqua no intuito de conectar cidadãos à locais históricos.

Em sequência, foi realizado o projeto de como seria esse artefato. Inicialmente, foram levantadas informações sobre aplicações similares, definido um escopo inicial e dado início a um processo de prototipação. Além disso, foram consultados especialistas e foi criado a identidade visual da aplicação, que se denominou YouuHE.

No decorrer do trabalho, o protótipo foi evoluindo até uma versão que pudesse ser testada com usuários em um contexto real. Logo, foi desenvolvida uma pesquisa de campo cujo objetivo era investigar a experiência usado o aplicativo Youuhe na produção e compartilhamento de memórias coletivas.

Os dados foram coletados a partir de uma etnografia. Ao longo dessa pesquisa, foi identificado que o aplicativo tem potencial para permitir a construção e

compartilhamento de vivências do dia a dia em locais históricos. Através da pesquisa, se constatou a satisfação de construir um conhecimento sobre o passado, sem restrições curriculares, sem cobranças avaliativas e envolvendo memórias coletivas partilhadas por um grupo social.

Os recursos presentes no YouuHe permitiram ampliar as possibilidades de compartilhamento da memória coletiva. Anteriormente, tais informações eram difundidas apenas nos espaços de convivência entre um grupo específico. Dessa forma, o YouuHE se apresentou como uma alternativa que permite o compartilhamento com diferentes pessoas ampliando o acesso ao conteúdo.

Foi observado ainda que os aspectos relacionados à adaptabilidade no aplicativo atenderam as expectativas no que se refere à entrega do conteúdo. Contudo, conforme visto na literatura, há muito que pode ser abrangido com o uso das diferentes estratégias identificadas. Durante a pesquisa, a entrega de conteúdo favoreceu a criação de conteúdo de forma geolocalizada e permitiu a construção de conteúdo local.

A partir do que foi apresentado, uma das contribuições desta pesquisa é a proposta de uma aplicação ubíqua de aprendizagem com suporte à Educação Patrimonial. Tal aplicação fornece subsídios para experiências em diferentes contextos e que vem preencher parcialmente um nicho de estudos ainda incipiente no Brasil.

Outra colaboração se delineia com a possibilidade de fornecer conhecimento teórico, a partir do levantamento das estratégias de adaptabilidade, a ser utilizado na proposta e desenvolvimento de outras aplicações ubíquas de aprendizagem. A identificação das principais teorias utilizadas, também pode permitir a aplicações futuras enriquecer experiências educacionais em quaisquer contextos.

Numa perspectiva mais aplicada, nossa contribuição consiste em mostrar a importância da seleção do DSRM como suporte ao método de pesquisa. Ao colocar em prática a metodologia DSRM, como principal forma de validar etapas e objetivos da pesquisa, acredita-se que também se avança na discussão das possibilidades metodológicas no desenvolvimento de trabalhos científicos. A abordagem também ajudou a construir conhecimento relevante a ser utilizado na resolução de problemas no que se refere às estratégias de adaptabilidade em ambientes de u-learning.

Em relação a impactos sociais, caso novas experiência com o uso do aplicativo sejam realizadas, é possível promover mudanças na forma com as pessoas se conectam como locais históricos e trocam informações sobre eles.

Atualmente, os dispositivos móveis estão presentes no cotidiano das pessoas. Com a possibilidade de compartilhar suas memórias sobre locais históricos, estas pessoas podem agregar a seu dia-a-dia a criação e compartilhamento de conteúdo, que antes poderia estar restrito apenas a um pequeno grupo.