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A MÚSICA COMO METODOLOGIA NO ENSINO

No documento PDF CAPA - nwk.edu.br (páginas 162-175)

Márcia Silveira Arruda23 Luis Carlos Gonçalves24

RESUMO

Para este trabalho, procurou-se destacar a música como uma importante “ferramenta”

para a aprendizagem. É certo que a música, assim como as demais formas de manifestações e linguagens artísticas, faz parte do cotidiano dos nossos alunos, independente de sua classe socioeconômica. Como metodologia de ensino, é importante trazer esta “bagagem” e relacioná-la com a tradição musical, possibilitando a construção de saberes, juntamente com as demais disciplinas no decorrer das aulas, dando-lhes oportunidades de expressar sensações, sentimentos e pensamentos, ampliando assim seu conhecimento de gêneros musicais e apresentando iniciativas positivas, no que se refere à aprendizagem escolar com músicas, e para a alfabetização. Procurou-se observar algumas salas de aulas e aplicar um questionário para algumas professoras para acrescentar e confirmar a importância da música dentro da sala de aula como metodologia de ensino.

Palavras-chave: Aprendizagem; Alegria; Ludicidade

ABSTRACT

For this work, we tried to highlight the music as an important "tool" for learning. It is true that music, like other forms of artistic manifestations and languages, is part of the daily lives of our students, regardless of their socioeconomic status. As teaching methodology, it is important to bring this "baggage" and relate it to the musical tradition, enabling the construction of knowledge, together with the other disciplines during classes, giving them opportunities to express feelings, thoughts and feelings, expanding so his knowledge of musical genres and presenting positive initiatives, with regard to school learning with music, and literacy. We tried to observe some classrooms and apply a questionnaire to some teachers to add and confirm the importance of music in the classroom as a teaching methodology.

Keywords: Learning; Joy; Playfulness 1 Introdução

O processo de alfabetização é uma das fases mais importantes do aprendizado, pois é o primeiro passo para o conhecimento de si e da sociedade em que se vive. Neste processo de autoconhecimento e de seu entorno, deparamo-nos com diversas formas de expressão, sentimentos, emoções, ideias e posições.

23 Graduanda em Pedagogia das Faculdades Network – Av. Ampélio Gazzetta, 2445, 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. (e-mail: marciagprs@hotmail.com)

24 Professor Orientador do Trabalho de Conclusão de Curso de Pedagogia das Faculdades Network – Av.

Ampélio Gazzetta, 2445, 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. (e-mail: lu1313@bol.com.br)

É possível constatar que no ensino de Artes os conteúdos vão muito além do que a maioria das pessoas pensa. Pode-se afirmar que o “bom ensino” desta área precisa associar o “ver” com o “fazer”, além de contextualizar tanto a leitura quanto a prática.

Neste sentido, as Artes são formas de construção e de demonstração do conhecimento. Assim devem ser trabalhadas, não apenas como uma mera reprodução de imagens, música, textos, movimentos, personagens, descolados da realidade dos alunos e das alunas. Ou como mera criação espontânea sem relação com a tradição que cada manifestação artística carrega.

Portanto, ao falarmos sobre manifestações artísticas, incluímos também a música. E, neste caso em especial, utilizado como metodologia de ensino para que propicie uma ampliação do desenvolvimento cognitivo dos alunos, uma ampliação de conhecimentos, uma ampliação de saberes, desde o processo de alfabetização.

2 Revisão Bibliográfica

A função mais evidente da escola é preparar as crianças para um futuro com perspectivas positivas na vida adulta, para a cidadania e para uma vida profissional.

Entretanto existe um risco em que a escola pareça para as crianças uma espécie de

“remédio amargo” em que deve ser tomado até mesmo com “careta” para ter um futuro mais seguro.

Cabe à escola propiciar essa preparação para o futuro dos alunos, uma construção de conhecimentos de forma alegre, estimulante, dialógica, aberta à participação e integração de todos, usufruindo de ferramentas que norteiam a aprendizagem de maneira prazerosa.

Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais PCN’s – Artes (2001, p. 45):

A Arte é um modo privilegiado de conhecimento e aproximação entre indivíduos de culturas distintas, pois favorece o conhecimento de semelhança e diferença expressas nos produtos artísticos e concepções estéticas, num plano que vai além do discurso verbal.

É necessário reconhecer a importância das Artes na formação e no desenvolvimento dos alunos e na construção do cidadão sensível, crítico e transformador. Baseando-se nessa perspectiva, os estudos nas áreas de linguagens devem desenvolver o conhecimento linguístico, musical, corporal, gestual, das imagens, dos espaços e das formas.

O ensino de Artes deve levar o aluno à ação de criar, fazer e construir, momentos esses que o leva a se dedicar e dar formas a sua criatividade, seja representando, pintando, recortando, colando, cantando, dançando, desenhando, etc.

Na atualidade, é urgente os professores serem facilitadores do aprendizado, trabalhando com novas técnicas, de maneira dinâmica e ampla, para enxergar o aluno como um ser constituído de inteligência e emoção.

“O aluno em situação de aprendizagem, precisa ser convidado a se exercitar nas práticas de aprender a ver, observar, ouvir, atuar, tocar e refletir sobre elas” (BRASIL, 2001, p. 48).

Desde muito cedo, a música já faz parte do cotidiano de cada um de nós. Desde o ventre, quando bebês, ouvimos as cantigas da mamãe, músicas de rádios, vídeos, filmes, etc. Quando a criança ingressa na escola, seja na creche ou na pré-escola, a música também faz parte, com variedades e gêneros musicais. Os professores da

educação infantil da ênfase aos movimentos corporais, cantos de rodas e músicas pedagógicas.

Em Abrahão (2013, p. 17):

Considerando a música uma manifestação cultural, bem como uma comunicação sensorial, simbólica e afetiva, que as pessoas realizam a partir das oportunidades e de interpretação, criação, apreciação e exploração sonora, acreditamos, que ela é traduzida por reações diversas e expressa os sentimentos e as capacidades dos indivíduos, contribuindo para o desenvolvimento da sua inteligência.

Cabe fazer uma breve relação entre a história da música no Brasil e o desenrolar da educação brasileira. A educação antes da colonização era desenvolvida por conta dos índios, que costumavam dançar em círculos, cantando e batendo palmas e os pés.

Segundo Amato (2006), foram os jesuítas, no período da colonização portuguesa que trouxeram para o Brasil outro tipo de música, com melodias e cantos religiosos, de uma maneira singela e simples para facilitar o entendimento, receptividade e gosto por parte dos índios. Desta feita, começa, então, uma mistura de ritmos entre a cultura indígena e a cultura europeia.

Com sua política de instrução, surgiram igrejas e escolas, constituindo um sistema de educação, expandindo, assim, a pedagogia dos jesuítas através do teatro, da música e das danças.

Padre Anchieta construiu as chamadas missões, em que, além de aculturar os índios guarani, ensinando a religião católica e a agricultura, ensinavam música vocal e a instrumental, criando orquestras inteiras só de guaranis.

Com a chegada dos negros escravizados ao Brasil, a música brasileira também recebe as suas influências, agregando novos elementos. Percebemos até nos dias de hoje a influência africana, com muita força, como por exemplo, no samba, pagode, afoxé e nas músicas folclóricas.

A política portuguesa tinha como objetivo a conquista do capital necessário para sua passagem da etapa mercantil para o industrial. Porém, com dificuldades de conseguir alcançar essas metas, Portugal se tornava pobre e despovoado, com burguesia rica, mas com uma grande deficiência politica. Entre os ministros, o Rei nomeia o Marquês de Pombal com a intenção de recuperar a economia. Entre as mudanças que ocorreram em Portugal, Pombal também procurou organizar melhor a exploração das riquezas do Brasil, pois, agindo dessa forma, aumentaria os lucros de Portugal.

No campo educacional, a Reforma Pombalina, que acontece na metade do século XVIII, desestrutura o que vinha ocorrendo no Brasil, acabando-se com o ensino dos jesuítas, causando um grande impacto no sistema educacional.

De acordo com Seco; Ananias; Fonseca (2006, p. 12):

A educação jesuítica não mais convinha aos interesses comerciais defendidos por Pombal, nem aos ideais de modernizar Portugal que se estendia também em suas colônias; ou seja, se as escolas da Companhia de Jesus tinham por objetivo servir aos interesses da fé, Pombal pensou em organizar a escola para servir aos interesses de Estado.

Nessa época, os músicos se organizam nas chamadas “Irmandades”, contribuindo para a difusão da música durante a segunda metade do século XVIII, já que os padres músicos foram reduzidos aos poucos.

Essa reforma educacional tentou se estabelecer através das aulas régias, sem obter muito sucesso. O ensino passou a ser disperso e fragmentado, com aulas isoladas, que eram dados por professores leigos e mal preparados. A administração era realizada por um Diretor Geral, que era o fiscal e o controle.

Só a partir das iniciativas de Villa-Lobos é que se há uma tentativa mais elaborada para mudar esta situação no que se refere ao ensino da música. A proposta era a realização e a sistematização na educação musical e objetivar o comportamento na vida artística da criança.

Villa-Lobos foi um compositor brasileiro que nasceu no Rio de Janeiro aprendendo a tocar musicas caipiras com seu pai, o que influenciou mais tarde na sua formação musical, fez parte dos chamados, segundo Deckert (2012), nacionalistas, por usarem elementos musicais dos respectivos países.

Villa-Lobos dá inicio a seus trabalhos, com viagens pelo Brasil, colhendo material nativo e folclórico, suas ideias eram na possibilidade de se associar a música com ensinamentos morais e cívicos na educação.

Para Deckert (2012, p. 21):

Preocupado com o descaso com o ensino de música no país, Villa-Lobos propôs à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo um revolucionário plano de educação musical. Após dois anos de trabalho em São Paulo (1931- 1933), foi convidado a assumir e dirigir a superintendência de Educação Musical e Artística - Sema, que introduziu o ensino de música e canto coral nas escolas.

Com o apoio do então presidente Getúlio Vargas, foi organizado em 1942 o Conservatório Nacional, tendo como objetivo formar professores nas escolas primárias e secundárias, promovendo estudos e a elaboração de diretrizes para o ensino de música no Brasil. A educação musical nas escolas era baseada na música com coral, tendo já escrito Villa-Lobos obras musicais com propósitos pedagógicos.

Porém, ainda em Deckert (2012, p. 22):

O Brasil mostrava carências nessa área, além de esbarrar no fato de que, como hoje, não havia professores de música disponíveis para atuar no ensino nas escolas. Na época não bastou a criação do Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, em que os professores aprendiam disciplinas de música, disciplinas pedagógicas e piano.

Enfim, o projeto Villa-Lobos não deu frutos, não conseguindo atingir as metas propostas.

É de se registrar que no Brasil, desde o período imperial, as escolas normais tinham a educação musical, sendo considerada parte importante para a formação de novos professores. Contudo, com a ditadura militar, a partir do final da década de 60, desaparecem as aulas de música, dando-se uma maior predominância às Artes Visuais.

Com o advento da lei federal nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, foi possível dar maior importância ao ensino de Artes. A partir disto, basta ver a vigor apresentado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN’s para as quatro linguagens: Artes Visuais, Música, Teatro e Dança. Estas modalidades deveriam estar presentes no currículo.

Outra lei deve ser destacada. É a lei federal nº 11.769, de 18 de agosto de 2008, que tornou obrigatório o ensino da música nas disciplinas curriculares do ensino fundamental, a partir de agosto de 2011.

Percebe-se que a música sempre esteve presente nos momentos importantes da educação brasileira, porém sempre carregada de grandes desafios e carências nas formações do docente e na aplicação do método.

A música, em especial, é uma das linguagens das Artes que favorece bastante as expectativas, além de ser possível prever situações de aprendizagens para o desenvolvimento de habilidades relacionadas prioritariamente ao uso da voz e do corpo como instrumentos musicais. Ela deve ser estudada como uma linguagem artística, como uma forma de expressão e bem cultural. O docente, oportunizando o aluno a ampliar o conhecimento musical, proporciona-lhe uma melhor convivência, uma melhor análise do que é apresentado e uma visão mais ampla e mais crítica sobre essa arte.

A música precisa ser trabalhada com alegria e dinamismo, propondo evidências entre o passado e o futuro, numa sequência que deve ter como objetivo aprender a interpretar e a entender a essência da educação e como ela tem significado para viver em sociedade.

Para que a aprendizagem da música possa ser fundamental na formação de cidadãos, “é necessário que todos tenham a oportunidade de participar ativamente como ouvintes, intérpretes, compositores, e improvisadores dentro da sala de aula”

(BRASIL, 2001, p. 77).

Usar a música diariamente no âmbito escolar é abrir oportunidades para a formação de conceitos, autoestima, uma melhor percepção. Ajuda a aguçar a sensibilidade dos alunos e a se relacionar com outros de culturas diferentes.

Trabalhar a música no ensino fundamental com variedades de gêneros e letras, com autores de diversas regiões e contextos aos conteúdos direcionados, leva os alunos ao prazer, interesse e envolvimento emocional. A música exerce um papel extremamente afetivo e lúdico.

Nesse sentido, pode-se observar que direcionar atividades relacionadas com música pode servir, também, de estímulo para crianças com dificuldades de aprendizagem e organização de pensamento.

Para Brescia (2003), a música é um processo de conhecimento, que tem como objetivo despertar e desenvolver o gosto musical, favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso rítmico, do prazer de ouvir música, da imaginação, memória, concentração, autodisciplina do respeito ao próximo, da socialização e afetividade, também contribuindo para uma efetiva consciência corporal e de movimentação.

Em respeito à “bagagem” dos alunos e como ponto de partida para seu trabalho, o docente deve procurar conhecer os tipos de música da realidade dos alunos.

Observando os objetivos da aprendizagem para a compreensão da cultura musical, região e gênero em que os alunos estão inseridos.

Quando a criança inicia a sua trajetória escolar, ela está totalmente aberta ao novo e totalmente desprendida de maus hábitos da sociedade. Traz junto com ela uma pré-história, construída a partir de suas convivências de um pequeno grupo que conviveu (família) tendo como desafio se inserir em um novo grupo maior que o da família. Certamente a música esteve presente no cotidiano de cada um de formas e gêneros diferentes.

Para Deckert (2012, p. 74):

Nos primeiros anos de vida, a criança aprende a maior parte de suas habilidades imitando os adultos ao seu redor; não seria diferente com o canto. O professor e os pais, nesse momento, são

os modelos vocais da criança. Se eles cantam afinados, com voz adequada, a criança tendera a imitá-los.

Segundo Swanwick (2008), certamente há muitos profissionais ensinando música de qualidade, mas, em geral, eles estão em escolas de músicas e não na rede de ensino. De forma que, se a música é corriqueira na vida do aluno fora da escola, é possível também ser presente dentro do âmbito escolar.

Aproveitar a espontaneidade da criança é algo rico e gratificante para os professores que conseguem ter essa sensibilidade de enxergar e explorar nos alunos, de forma espontânea, com experimentações lúdicas e concretas.

Sendo assim, depreende-se que o aluno vai para o ensino fundamental e praticamente se é barrado este acesso à música nas dependências escolares de maneira brusca. Na maioria das vezes, sendo deixada de lado como uma ferramenta de importante ajuda na aprendizagem educacional.

Além disto, faz-se necessário apresentar outras músicas que não sejam da sua realidade familiar ou comunitária, instigando-os a compreender a história, o senso rítmico, a coordenação motora, o lúdico, com experiências que estimulem os alunos para a aprendizagem.

A riqueza de trabalhar com músicas não esta em só apresentar a música com o texto, mas existem diversas formas de propostas de trabalhos.

Sugere Deckert (2012, p. 76):

Leve para a escola desenhos, figuras fotografias; proponha atividades com uso de massinha de modelar, papel, tinta. Enfim, recorra a todo e qualquer material que possa criar um ‘fazer’ na sala de aula. Explore os sons do cotidiano, os sons das palavras e dos instrumentos, a voz. Dê prioridade à percepção musical.

Atividades essas de experiências diretas com o som e a música devem contribuir para que os alunos construam seus próprios conceitos musicais, com diversas maneiras de apresentar essa linguagem artística.

Como já dito, a música nos traz alegria e nos torna mais sensíveis à convivência em grupo e a outras culturas, favorecendo-nos a ter um olhar mais crítico e mais atento aos diversos gêneros musicais. Por isso, deve ser trabalhada desde cedo com maturidade, alegria e compromisso, sendo vista como uma ferramenta importante para a aprendizagem e para o crescimento do aluno como cidadão.

A música no dia-dia escolar pode não somente colaborar com o avanço na aprendizagem, mas trabalhar com crianças que tenham problemas para se relacionarem, sejam extremamente tímidas ou muito agitadas. Em crianças que são estimuladas e trabalhadas desde cedo com interpretações e apreciação de vários estilos musicais, é desenvolvido de uma forma melhor as aptidões, criatividades e raciocínios. Por isso, torna-se um relevante recurso didático, devendo estar presente cada vez mais nas salas de aula.

Segundo Zagonel (2012), usar a música constantemente auxilia as abordagens terapêuticas, não somente com crianças, mas também com adultos que possuem diferentes tipos de dificuldades físicas, intelectuais ou mentais.

Sendo assim, é importante observar que a música contribui também como estímulo para as crianças com dificuldades de aprendizagem e inclusão na escola, tensão emocional, problemas que trazem da realidade da família, muitas vezes desconhecidas pela professora. Também ajuda no controle da dicção e da respiração, nos casos em que existam problemas de fala e de timidez.

Para Barreto (2000, p. 45):

Ligar a música ao movimento, utilizando a dança ou a expressão corporal, pode contribuir para que algumas crianças, em situação difícil na escola, possam se adaptar (inibição psicomotora, debilidade psicomotora, instabilidade psicomotora, etc.). Por isso é tão importante a escola se tornar um ambiente alegre, favorável ao desenvolvimento.

Vale destacar que a música proporciona um relaxamento, bem-estar e equilíbrio na aprendizagem, pois a “música ajuda a equilibrar as energias, desenvolve a criatividade, a memória, a concentração, autodisciplina, socialização, além de contribuir para isto, segundo os avanços das neurociências” (BARRETO; SILVA, 2004, p. 109).

Em Snyders (1992, p. 84):

A influência que a música exerce sobre nós, remete-nos evidentemente a seu poder sobre o corpo; ela coloca o corpo em movimento, faz com que ele vibre de forma não comparável às outras artes; e é o fato de estarem inscritas em nosso corpo que dá tanto acuidade às emoções musicais; por seu enraizamento psicológico, a própria música atinge uma espécie de existência corporal.

Não podemos ignorar também o fato da música nos fazer um bem, com experiências múltiplas como a alegria da comunicação e até mesmo a sociabilidade grupal, construindo uma originalidade pessoal para participar de um jeito único.

Contudo, segundo Zagonel (2012, p. 10):

Há uma grande inquietação, por parte dos professores; a maioria não sabe nem por onde começar (...) com frequência, durante congressos nacionais, professores me procuram em busca de material ou sugestão com possíveis práticas a serem trabalhadas em sala de aula.

A metodologia a ser empregada pelos docentes com a utilização da música para a realização do processo de ensino-aprendizagem deve demandar conhecimento e apreciação da música, incorporando atitudes de respeito, com variedades de letras musicais. A partir disto, procurar desenvolver releituras, produzindo textos e imagens através das letras, proporcionando igualdade com condição de participação de todos.

Não obstante a isto, é preciso estimular a expressão oral e corporal, buscando trabalhar com o corpo e movimento dos alunos, bem como desenvolver um repertório de memória musical, aguçando a percepção e a audição no que diz respeito ao som de diversas naturezas.

Brescia (2003) diz que cantar pode ser um excelente companheiro de aprendizagem, contribui com a socialização, com aprendizagem de conceitos e descoberta do mundo. O canto pode ser exercido no recreio nas disciplinas, que contribui para convivência de grupo, lidar com suas emoções e até mesmo o controle de agressividade de algumas crianças.

Para aprofundamento do trabalho, o docente deve fazer propostas de pesquisas, paródias, composição e interpretação de letras. E o ambiente escolar deve estar preparado para a execução de músicas em horários e momentos adequados.

A música consegue enriquecer as atividades propostas e desenvolver um estudo de qualidade, ajudando a visar um compromisso ético com a cultura e com a educação musical. Transmitindo aos alunos e aos docentes, tranquilidade, equilíbrio, concentração de maneira prazerosa e lúdica.

O professor tem a oportunidade dentro da sala de aula de criar, propor outras tantas atividades de música de acordo com a realidade e a vivência musical dos alunos, pois, “ensinar a música é também a possibilidade de apresentar obras-primas às crianças e fazer com que elas encontrem alegria cultural” (SNYDERS, 1992, p. 132).

Mesmo não sendo uma aula específica de música, com profissional habilitado, o professor pode despertar uma admiração por essa manifestação artística, envolvendo gêneros diversificados, trazendo para os alunos alegria, emoção, sensibilidade e compreensão.

Tal tarefa docente deve direcionar sua ação pedagógica alfabetizadora a uma formação crítica e sensibilizadora. E para esta tarefa, a música ajudará a levar os alunos a aprender a sentir, a se expressar e a pensar a realidade.

3 Metodologia

A metodologia deste trabalho foi fundamentada em uma abordagem qualitativa, descritiva, procurando provocar o esclarecimento de uma situação real de duas escolas municipais do ensino fundamental de Nova Odessa/SP, denominadas E.M. Simão Welsh e a E.M. Professora Salime Abdo, respectivamente. As professoras escolhidas lecionam entre o 1°e 3°anos das series iniciais, propositalmente foi escolhido duas escolas, para averiguar se há diferentes conceitos e metodologia diferenciados dentro da sala de aula.

Foram também consultados materiais metodológicos como revistas, artigos e livros, que tratam do assunto abordado. A coleta de dados foi realizada em forma de questionário fechado para professores do ensino fundamental e através de observação.

4 Resultados e discussões

Como já mencionado, a coleta de dados se deu através de questionário. Seguem abaixo as perguntas constantes nele:

1. Você gosta de música?

2. Você trabalha a música com seus alunos? Se sim, quais os estilos de música?

3. Quais os benefícios que a música pode trazer para a sala de aula?

4. Quais os compositores que você já apresentou para seus alunos?

5. Você acredita que a música pode ser uma ferramenta de ensino?

6. Em sua opinião, a música dentro da sala de aula contribui para o aprendizado?

7. Você acredita que é possível adequar a música ao conteúdo a ser trabalhado no dia-dia escolar?

8. É papel de a escola apresentar outros gêneros de música para os alunos?

9. A música ajuda na construção do caráter, da consciência e da inteligência emocional do individuo adulto?

10. Quais as vantagens e desvantagens na utilização da música na pratica educativa?

A pesquisa foi efetuada com quatro professoras sendo duas de cada escola. Na escola Salime Abdo, as duas professoras que responderam o questionário são do 4º ano.

E, para efeito deste trabalho, serão denominadas de Professora A e Professora B. já, na escola Simão Welsh, uma professora é do 3º ano e a outra, do 4º ano. E, também, para efeito deste trabalho, serão denominadas de Professora C e Professora D, respectivamente.

Seguem as respostas da Professora A:

No documento PDF CAPA - nwk.edu.br (páginas 162-175)