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II. MÉTODO E TÉCNICAS

II.4 Análise dos fatores explicativos da distribuição e dinâmica da

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as correlações existentes entre as variáveis selecionadas (Abdi, et al., 2010). A matriz de dados sobre a qual incidiu a ACP representa nas linhas as classes de vegetação e nas colunas as variáveis em análise. Nesta análise foi efetuado o teste de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), que permite identificar se o modelo de análise fatorial se ajusta aos dados de entrada, devendo este ser superior a 0,5%. Foi também aplicada uma rotação varimax para tornar as componentes mais interpretáveis e evitar que existam várias variáveis com valores elevados, em cada fator (Field et. al., 2012). De modo a retirar mais informações de cada variável, para cada classe de vegetação, foi também realizada uma estatística descritiva com recurso a tabelas dinâmicas elaboradas em Microsoft Excel.

Todas as variáveis selecionadas serão apresentadas de seguida, tendo sido agrupadas para melhor entendimento e ilustração das suas características.

II.4.1 Variáveis selecionadas para a análise

O primeiro grupo de variáveis selecionadas (Tabela 5 – Variável Temperatura, Precipitação, Ombrótipos e Andares Altitudinais, considerados para análise dos fatores explicativos da distribuição da vegetação.Tabela 5) está relacionado com as características do clima da serra e a sua distribuição altitudinal.

- A temperatura é influenciada por diversos fatores, e em ambientes de montanha, esta diminui com a altitude, sendo que o seu comportamento é, de uma forma geral, mais complexo que isso, devido a fatores como: a exposição, estabilidade atmosférica, declive, entre outros. Havendo fortes contrastes diários e anuais que determinam o tipo de vegetação capaz de tolerar esses extremos. Nesta variável apenas são considerados os efeitos da altitude na temperatura (devido à sua forte correlação – Mora, 2006), tendo sido calculada a partir dos dados da temperatura média diária retirados do NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) para a estação meteorológica das Penhas Douradas, de forma a criar uma Normal Climatológica para o período 1988-2019 utilizando para a modelação espacial, como variável independente, a altitude, segundo a retas de regressão: Y=0,0056x+16,4.

- A precipitação, segue também uma distribuição influenciada pela altitude, aumentando à medida que esta aumenta. A disponibilidade e abundância de água precipitada, vai restringir o tipo de vegetação capaz de se adaptar a essas condições. Para o cálculo desta variável foram utilizados dados retirados do IPMA, com as médias anuais da precipitação para a estação das Penhas Douradas para o período 1988-2019. O Raster

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foi calculado da mesma forma que o da temperatura, através da equação y=0,99x+542,22 (Mora,2006) e equivale à precipitação anual (regressão entre a precipitação e a altitude, com base nas estações meteorológicas da Serra).

- Os ombrótipos estabelecem a relação entre a precipitação e a temperatura, sendo uma síntese da classificação bioclimática. Criado segundo o modelo bioclimatológico de Rivas-Martínez (Monteiro-Henriques, et al., 2016)

- Os andares altitudinais são essenciais para a explicação da distribuição da vegetação em ambientes de montanha, estando comprovado que a mesma se distribui segundo gradientes altitudinais, havendo diferenças entre estes que importa perceber e monitorizar. Este raster foi obtido através do software SAGA Gis (com base no dsm).

Tabela 5 – Variável Temperatura, Precipitação, Ombrótipos e Andares Altitudinais, considerados para análise dos fatores explicativos da distribuição da vegetação.

O segundo grupo apresentado (Tabela 6) diz respeito às variáveis relacionadas com a morfologia e geologia da área de estudo que influenciam a localização da vegetação.

- O declive é um indicador que explica diferenças ao nível do uso do solo, acumulação de neve, radiação incidida, humidade e até fixação da vegetação nas vertentes. Esta variável foi obtida através do software SAGA Gis.

- A convexidade permite demonstrar as elevações e depressões presentes no terreno, capazes de justificar acumulações de água, ar frio ou neve e maiores exposições

Temperatura Ombrótipos

Precipitação Andares Altitudinais

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a elementos como o vento ou maior insolação. Foi obtida através do software SAGA Gis (sendo adimensional, os valores mais baixos, a azul, correspondem às áreas côncavas).

- A exposição é um indicador que revela a exposição aos ventos dominantes, diferenças ao nível da humidade, radiação incidida e temperatura registada. Foi obtida através do software SAGA Gis.

- A geologia permite relacionar a localização da vegetação em diferentes unidades geológicas, atendendo às suas diferenças a nível da composição química e física (permeabilidade, granulometria, textura). O raster utilizado foi elaborado através de uma adaptação da Carta Geológica de Portugal à escala 1:50 000 (Disponível no site do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG)).

Tabela 6- Variável Declive, Convexidade, Exposição e Geologia, consideradas para análise dos fatores explicativos da distribuição da vegetação.

O terceiro e último grupo de variáveis tem como objetivo observar outro tipo de variáveis que podem influenciar a localização e dinâmica da vegetação no casso da Serra da Estrela.

- A duração da insolação fornece o número de horas em que a luz solar incide numa determinada superfície. Na Serra, estas diferenças podem tornar-se definidoras das espécies que se conseguem localizar em locais mais expostos à luz solar, das que

Declive Exposição

ConvexidadeCurvatura Geologia

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necessitam de locais mais abrigados para sobreviver à forte incidência da mesma. Foi obtido através do software SAGA Gis.

- O total de insolação complementa a informação adquirida pela variável da duração da insolação, sendo capaz de perceber a quantidade de radiação incidente na superfície, demonstrando as condições extremas do planalto. Foi obtido através do software SAGA Gis.

- A área glaciada apresenta-se como uma variável importante devido a algumas comunidades existentes estarem associadas às áreas outrora glaciada (elementos florísticos setentrionais). Os dados foram fornecidos pelo Geopark Estrela.

- A área ardida foi considerada uma vez que as pastagens e os arbustos recuperam, em geral, rapidamente após o fogo. No entanto, distintas espécies de arbustos podem responder de forma diferente ao período pós-fogo. Os fogos mais recentes vão ter mais impacte nas comunidades que os mais antigos. Os dados foram retirados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), disponíveis no geocatálogo do Sistema Nacional de Informação Geográfica (SNIG).

Tabela 7- Variável duração da Insolação, Total de Insolação, Área Glaciada e Área Ardida, consideradas para análise dos fatores explicativos da distribuição da vegetação.

Duração da

Insolação Área Glaciada

Total de

Insolação Área Ardida

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