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ANÁLISE DO USO DA TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NAS ESCOLAS ESTADUAIS DO MUNÍCIPIO DE GUANHÃES

ANÁLISE DO USO DA TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, seguindo leis que têm por finalidade oferecer uma melhor qualidade de vida para a sociedade a educação tem sido oferecida como um direito básico do cidadão.

Nesse contexto surge a chamada educação inclusiva, porém, o fato dela ser um direito não a garante de fato. Visando amenizar esse problema, se investem cada vez mais no uso de tecnologias para melhoria das práticas pedagógicas. A observação desse cenário tem sido abordada, muitas vezes, de uma maneira ampla, e, portanto, genérica, focando a melhoria da qualidade de vida, dos portadores de necessidades especiais, sem, contudo, focar o processo de aprendizagem propriamente dito.

Com o grande avanço nos métodos de ensino e a disponibilidade da educação para grandes números de pessoas, se tornaram necessários recursos para o ensino de alunos das mais distintas necessidades, pois, ensino de qualidade se tornou um direito primordial de todo cidadão visando promover avanços e mobilidade de vida aos seus contemplados.

Como a tecnologia vem avançando com objetivo de facilitar a vida do homem, o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), se apresenta como uma ferramenta colaborativa para a implementação e consolidação de um sistema educacional inclusivo, ou seja, devido as suas incontáveis possibilidades de criação de recursos que geram facilidade ao acesso à informação, a mesma permite que, através de softwares específicos, professores consigam manter uma relação e aproximação melhor do aluno com deficiência.

Nos últimos tempos, o termo educação inclusiva está sendo muito difundido na sociedade e ferramentas novas inclusive na área da tecnologia, vêm sendo desenvolvidas para melhorar sua implementação. Muitos softwares e aplicativos são lançados no mercado visando atender às pessoas com necessidades especiais, porém, muitos não cumprem esse objetivo por não haver conhecimento construído sobre o tema.

A Constituição Brasileira de 1988 garante que a educação básica é um direito de todo cidadão sem nenhuma distinção. Em 2008, o Ministério da Educação publicou o documento denominado “Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva”. Tal documento passou a orientar a organização e o funcionamento da Educação Especial nos sistemas educacionais brasileiros tendo como base a Educação para a diversidade e a compreensão de que: A Educação Especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os recursos e serviços e orienta quanto a sua

utilização no processo de ensino e de aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular (GIROTO et al., 2012).

O avanço tecnológico permitiu que recursos fossem desenvolvidos para o uso de pessoas com necessidades especiais, para facilitar a comunicação dos mesmos com os indivíduos que os cercam, desde então, esses recursos passaram a ser usados como ferramentas pedagógicas, facilitando assim a comunicação entre o professor e aluno com necessidades, portanto, devido às limitações de recursos por parte do governo, muitas escolas não conseguem garantir a disponibilidade de recursos que as tornem capazes de receber o aluno com necessidade especifica. Por ser um termo relativamente novo, há poucos estudos disponíveis sobre o assunto em questão, tanto para pesquisadores da área, quanto para desenvolvedores e demais interessados.

O uso da tecnologia em educação inclusiva já foi estudado por diversos autores, dentre os quais Santos (2010) em seu artigo “Educação Inclusiva: considerações acerca do uso das tecnologias contemporâneas” suscita a premente necessidade de avaliarmos os recursos tecnológicos existentes, as habilidades necessárias para a sua utilização, de forma a garantir uma adequação ao plano pedagógico e à consequente melhoria do processo de ensino e aprendizagem de crianças portadoras de necessidades especiais, porém não apresenta resultados e sim apenas estudos bibliográficos para a tomada de decisões. De acordo com Giroto et al. (2012) no livro “As tecnologias nas práticas pedagógicas inclusivas” apresentam estudos bibliográficos sobre o uso das TIC na educação inclusiva e a formação de professores para o enfrentamento dos desafios e acolhimento das possibilidades postos pelas novas tecnologias.

Um estudo da tese de doutorado de Galvão Filho (2009) intitulado de “Tecnologia Assistiva para uma Escola Inclusiva: Apropriação, Demandas e Perspectivas” mostra que foi operacionalizado por meio de entrevistas realizadas em quatro escolas com os profissionais que vivenciam e gerenciam mais diretamente essas realidades, que são os seus gestores, professores, coordenadores pedagógicos e os responsáveis por Salas de Recursos. Como resultados da pesquisa, destacam-se, além da constatação dos avanços e conquistas verificados no processo de apropriação da Tecnologia Assistiva pelas escolas estudadas, também, e majoritariamente, as dificuldades e obstáculos encontrados nesse processo pelos profissionais entrevistados.

Além da importância de desenvolver o assunto em questão, esse estudo se fez necessário para que, pudesse ser elucidado entre os pais, alunos e professores que convivem com essa realidade em seu cotidiano, quão importante é procurar investir em

ferramentas que facilitem na comunicação entre pessoas que podem ser inseridas na educação inclusiva, tornando o ambiente educacional acessível a todos.

2. MATERIAIS E MÉTODO

A metodologia que foi aplicada no desenvolvimento deste estudo teve caráter descritivo, na qual o observador se atentou a uma população e procurou-se descrever suas características. Como exposto anteriormente, esta pesquisa teve como objetivo analisar o uso da tecnologia nas práticas pedagógicas na educação inclusiva, a fim de avaliar sua eficiência.

A pesquisa foi de análise quantitativa e qualitativa. Quantitativa uma vez que, em partes, a coleta de dados foi feita com a utilização de medidas em números, ou com informações que puderam ser convertidas para análises estatísticas (GIL, 2010) sobre os alunos com necessidades especiais para uso de tecnologias e softwares específicos a eles.

Um método qualitativo se tornou necessário para a avaliação dos resultados obtidos. No entanto, também foi de análise qualitativa, já que em outros itens, usou-se um nível de realidade que não pode ser quantificado, mostrando significados, motivos, valores e atitudes, sem fazer uso de meios estatísticos (MINAYO, 2010).

Neste capítulo, são descritos e explicados os instrumentos de pesquisa e coleta de dados que foram utilizados. As pesquisas foram direcionadas para verificação de indícios de melhorias, ocasionadas pelo uso de tecnologias na educação inclusiva. Foram feitas pesquisas bibliográficas sobre o tema, a fim de coletar diversas opiniões e argumentações de especialistas da área. As escolas em questão, que aceitaram participar da pesquisa, foram submetidas à aplicação de um questionário para o levantamento de dados.

Este estudo abarcou, como campo de observação, a participação de alunos e professores, mediatizadas por recursos tecnológicos na educação inclusiva. Os alunos e professores foram convidados a participar da pesquisa voluntariamente para constituírem as unidades de observação do campo, descrito anteriormente. No quadro 1 é apresentada a relação das escolas estaduais do município de Guanhães.

Quadro 1. Relação das escolas estaduais do município de Guanhães.

RELAÇÃO DAS ESCOLAS ESTADUAIS DO MUNICÍPIO DE GUANHÃES Total de escolas convidadas para a pesquisa

Escolas que participaram da pesquisa Escolas que não participaram da pesquisa

Nos primeiros meses da pesquisa, foram feitas pesquisas bibliográficas sobre o tema, coletando assim diversas opiniões e argumentações de especialistas da área. Tal tarefa foi realizada pelo bolsista visando familiaridade com o tema e a identificação tanto de problemas, quanto de benefícios trazidos pelo uso da tecnologia na educação inclusiva.

No mês após ao estudo bibliográfico, foi aplicado um questionário nas Escolas Estaduais no município de Guanhães, tanto as que já fazem uso de ferramentas tecnológicas na educação inclusiva, quanto àquelas que ainda não fazem, para que fosse possível uma comparação do impacto da mesma. Tal foi elaborado de forma online e enviado por e-mail.

Após a coleta de dados, foi realizado a análise dos dados, e assim, gerou-se informações eficientes e precisas sobre o assunto em questão. Posteriormente, foram analisados alguns aplicativos e softwares que foram implantados para gerar facilidade aos portadores de necessidades especiais, com a pretensão de avaliar suas diretrizes. Em seguida, utilizou-se aplicativos e softwares pesquisados no estudo bibliográfico e os que já são utilizados nas escolas para análise de usabilidade, qualidade e resultados apresentados com os testes.

Após a aplicação dos procedimentos, foi realizado o tratamento dos dados coletados na pesquisa por meio de testes de usabilidade gerando um relatório de sugestões para possíveis melhorias. Além disso, avaliou-se os softwares e aplicativos disponíveis para gerar facilidade e identificou-se o impacto que o uso da tecnologia causou na prática educacional inclusiva.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para saber qual a real situação das escolas que se submeteram a pesquisa, um questionário foi aplicado, onde diretores, vice-diretores ou professores voltados às áreas

específicas responderam de acordo com sua realidade. As escolas, bem como seus

respectivos representantes não serão identificadas, conforme quadro 2.

Quadro 2. Questionário para as escolas.

Figura 1. Análise do questionário.

A figura 1 mostra os resultados do questionário aplicado. Todas as escolas possuem alunos com necessidades específicas e apenas uma escola possui programas específicos como leitores de tela, teclado colmeia e impressora braile, porém, o laboratório precisa de melhorias na infraestrutura.

0 1 2 3 4 5

Análise quantitativa do questionário

Sim Talvez/Parcialmente Não

Há por parte das escolas eventos sobre educação inclusiva, porém na prática não há algo muito concreto. Parte dos profissionais das escolas respondeu que não têm capacitação para trabalhar com esse perfil de aluno, o que dificulta o aprendizado do mesmo. Todas as escolas possuem laboratórios, porém usados apenas para parte básica de seus recursos computacionais.

Quanto ao que é preciso para garantir uma melhor acessibilidade do aluno à educação, as opiniões dos profissionais da escola se dividem entre mais investimentos em recursos humanos, intervenção do ministério público, e recursos financeiros por parte do governo para a compra de equipamentos e softwares.

3.1 SOFTWARES E TESTES

De acordo com os questionários, as escolas que participaram do estudo não possuem aplicativos e softwares, exceto uma única escola que possui leitor de tela, e equipamentos de hardware. Porém, como parte da proposta desse estudo, foram listados alguns aplicativos e softwares que podem ser usados nas escolas com finalidade de facilitar as práticas pedagógicas entre os professores e alunos com necessidades específicas, sendo eles:

1. DosVox: O DosVox é um sistema operacional que trabalha com síntese de voz para deficientes visuais, no qual lê toda a informação da tela para o usuário.

Disponível para download: http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/download.htm.

2. Orca: O Orca é um leitor de tela para o sistema operacional Linux, um dos poucos disponíveis para esse sistema. Disponível para download:

https://wiki.gnome.org/Projects/Orca/DownloadInstall.pt_BR.

3. Rybená: Aplicativo para celular que permite que sejam enviadas mensagens na Linguagem Brasileira de Sinais para o deficiente auditivo, ao invés de receber texto, o mesmo receberá animações com os sinais. Disponível para download:

https://play.google.com/store/apps/details?id=br.com.icts.rybenatorandroid.

4. Rybená: Aplicativo para celular que permite que sejam enviadas mensagens na Linguagem Brasileira de Sinais para o deficiente auditivo, ao invés de receber texto,

o mesmo receberá animações com os sinais. Disponível para download:

https://play.google.com/store/apps/details?id=br.com.icts.rybenatorandroid.

5. Headmouse e teclado virtual: O Headmouse serve para que o usuário com deficiência motora mova o ponteiro do mouse através de movimentos com a cabeça, já o teclado virtual vem como um auxiliador do headmouse, permitindo ao usuário digitar usando o mouse. Disponível para download:

http://acessibilidadelegal.com/33headmouse.php.

6. JECRIPE: Jogo onde a criança tem que fazer algumas atividades arrastando o mouse e em algumas fases, imitar a criança personagem do jogo em algumas coreografias ao som de músicas do folclore brasileiro, esse programa serve para auxiliar a criança com Síndrome de Down. Disponível para download:

https://jecripe.wordpress.com/download/.

7. MecDaisy: Trata-se de um software para a geração de livros digitais falados e sua reprodução em áudio, gravado ou sintetizado, além de possibilitar anexar anotações aos arquivos do livro, exportar o texto para impressão em Braille, bem como a leitura em caractere ampliado. Disponível para download:

http://intervox.nce.ufrj.br/mecdaisy/.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo teve por finalidade analisar o uso da tecnologia na educação inclusiva nas escolas estaduais de Guanhães/MG a fim de que, fosse possível ter um estudo capaz de mensurar ou obter uma pesquisa aproximada da real situação do município quanto a esse assunto. De acordo com os resultados encontrados, há ausência de recursos tecnológicos nas escolas, falta de capacitação dos profissionais e ter mais relevância sobre o assunto estudado, para que seja trabalhado melhor e com qualidade, o que refletirá na formação do aluno, inserido no contexto educacional.

Por fim, fica como propostas futuras, a inserção de softwares sugeridos neste estudo nessas escolas, realizando a capacitação dos professores, além de fazer esta pesquisa em

outros municípios, para obter uma base de dados maior e com mais informações, para possíveis tomadas de decisão na inclusão de alunos com necessidades especiais.

5. AGRADECIMENTOS

A todos os diretores, vice-diretores e professores que participaram deste estudo e aos dirigentes dos Campus do Instituto Federal de Minas Gerais – Ponte Nova e São João Evangelista.

Ao Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Informação e Gestão do Conhecimento – PPGSIGC da Universidade FUMEC, situada na cidade de Belo Horizonte.

6. REFERÊNCIAS

GALVÃO FILHO, T.A. 2009. Tecnologia Assistiva para uma Escola Inclusiva:

Apropriação, Demandas e Perspectivas. Disponível em: <http://www.ufjf.br/acessibilidade/

files/2009/07/Tese-Teofilo-Galvao.pdf>. Acesso em: 11/05/2016.

GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

GIROTO, C.R.M.; et al. 2012. As tecnologias nas práticas pedagógicas inclusiva.

Disponível em: <https://www.marilia.unesp.br/Home/Publicacoes/as-tecnologiasnas-pratic

as_e-book.pdf>. Acesso em: 08/05/2016.

MINAYO, M.C.S. (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 29. ed. Petrópolis,

RJ: Vozes, 2010. (Coleção temas sociais).

SANTOS, S.V. Educação Inclusiva: considerações acerca do uso das tecnologias contemporâneas. 2010. Disponível em: <http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/Espa coAca demico/article/view/8902/5693>. Acesso em: 10/05/2016.