• Nenhum resultado encontrado

EGRESSOS: O QUE DIZEM OS PESQUISADORES?

PROFISSIONALIZANTES DA REDE DE ENSINO FEDERAL: O QUE AS PESQUISAS E OS RELATÓRIOS EXPRESSAM

2. RELATO DE EXPERIÊNCIA

2.1 EGRESSOS: O QUE DIZEM OS PESQUISADORES?

Na primeira etapa da pesquisa, recorremos aos resultados obtidos em trabalhos científicos sobre egressos. Para tanto, utilizamos a revisão sistemática elaborada por Tedesco Filho (2018) organizada com as teses e dissertações (BDTD) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) no período de 2014 a 2018 sintetizada no quadro 1.

Quadro 1. Trabalhos selecionados a partir de Tedesco Filho (2018).

ANO TÍTULO AUTOR

2018

DA PARTICIPAÇÃO EM PROGRAMAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA AO MUNDO DO TRABALHO: UM ESTUDO DE CASO COM EGRESSOS EX-BOLSISTAS DOS CURSOS TÉCNICOS DE ENSINO MÉDIO INTEGRADO DO INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ – IFPR – CAMPUS CURITIBA

Jacir Mario Tedesco Filho

2017

ENSINO MÉDIO INTEGRADO: A TRAJETÓRIA PROFISSIONAL E ACADÊMICA DE EGRESSOS DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO TRIÂNGULO MINEIRO – IFTM – CAMPUS AVANÇADO UBERABA PARQUE TECNOLÓGICO

Luiz Carlos Vieira de Souza

Junior

2017 ENSINO MÉDIO ARTICULADO COM A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL:

CURRÍCULO E EMPREGABILIDADE

Patrícia Murara Stryhalski

2015

O ENSINO PROFISSIONAL NO IFRO E SEU ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES SOCIOECONÔMICAS E REGIONAIS: UM ESTUDO DO PERFIL DOS DISCENTES EGRESSOS

Raimundo José dos Santos Filho

2014

A FORMAÇÃO DE TRABALHADORES DE NÍVEL MÉDIO NA PERSPECTIVA DA POLITECNIA: A CONTRIBUIÇÃO DA PROPOSTA PEDAGÓGICA DO INSTITUTO POLITÉCNICO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Maria Gabriella Pinheiro Silva

Fundamentando nosso primeiro questionamento sobre a continuidade da formação educacional dos egressos, Stryhalski (2017) esclarece que:

Os egressos também veem o curso como forte aliado para a graduação, mesmo que a área não seja a mesma do curso já concluído, mas, a questão metodológica, trabalhar com projetos, trabalhar em grupos contribui para uma

Assim, observamos que os egressos se sentem mais bem preparados para ingressar em uma graduação e pode-se justificar tal escolha pela qualidade de ensino que encontram na referida instituição. Corroborando com esta afirmação, Silva (2014) afirma que “a maioria dos egressos participantes deram continuidade aos estudos na área de formação técnica concluída” e que:

A maioria dos pesquisados optou pelo adiamento da inserção no mercado de trabalho, para iniciar na educação superior [...] quando questionados sobre os motivos pelos quais optaram pela continuidade da formação no âmbito acadêmico e não pelo trabalho, percebemos que os egressos acreditam que a formação superior pode proporcionar maior oferta de trabalho, maiores cargos e melhores condições de trabalho.

Nesta mesma direção estão as afirmações de Santos (2015) das quais, que a maioria dos alunos pesquisados revelam que pretendem prosseguir com os estudos na área que escolheram para o nível técnico concluído. Os dados encontrados na pesquisa de Tedesco Filho (2018) destacam que, dos egressos respondentes, 67% disseram não ter procurado emprego, porém continuam estudando, o que demonstra o interesse pela continuidade na formação educacional e apenas 17% não estudam e nem trabalham.

Isto posto, podemos verificar que os resultados das pesquisas destacadas se imbricam na afirmação que a maioria dos egressos possuem interesse na continuidade da formação acadêmica e acreditam que a verticalização do processo formativo, aumenta a possibilidade de melhores colocações no mundo de trabalho e de remuneração, pois estarão mais bem preparados e qualificados. Os dados ainda demonstraram que, alguns entrevistados deixam de trabalhar para dedicar-se a preparação ou a continuidade dessa escolarização. Podemos atribuir esta opção pela qualidade que esses estudantes encontram nos cursos profissionalizantes da Rede Federal de Ensino.

No que se refere, às contribuições da formação técnica para sua atuação profissional do egresso, a segunda categoria de análise, Tedesco Filho (2018) aponta que

“o grau de satisfação em relação à ocupação atual e a formação técnica, 80% estão satisfeitos e 20% que equivale a um respondente está muito satisfeito”. A pesquisa de Stryhalski (2017), com relação à empregabilidade destaca que:

Ficou claro que o curso técnico não engloba todos os conhecimentos que os alunos enfrentarão no mercado de trabalho que todos os dias surgem novas situações a serem resolvidas, e realmente os cursos por melhores que sejam como todas as áreas não possuem “receitas prontas”.

Corroborando com estes dados, Sousa Junior (2017) ressalta que é importante:

Chamar a atenção para desigualdades nas oportunidades educacionais para assim aperfeiçoar a mobilidade social e os resultados socioeconômicos, e

para promover o crescimento inclusivo por meio de profissionais aptos a empregos altamente qualificados. Altos níveis de escolaridade são associados com resultados positivos individuais, econômicos e sociais.

Ainda segundo o autor “dos resultados obtidos constatou-se que a Rede- Ao tratar de Rede o autor refere-se ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – IFTM – Campus Avançado Uberaba Parque Tecnológico - tem cumprido seu papel com a política pública ao inserir os egressos no mercado de trabalho e possibilitar a continuidade dos estudos seja em outro curso técnico ou ao ingressar em curso superior” (SOUSA JUNIOR, 2017). Diante disso, podemos atestar que os respondentes concordam que recebem nos cursos técnicos profissionalizantes da Rede Federal de Ensino uma formação de qualidade. Contudo, Delors et al (apud SOUSA JUNIOR 2017) nos alerta que:

A formação profissional deve conciliar dois objetivos divergentes: preparação para empregos existentes e a promoção de uma capacidade de adaptação a empregos que ainda nem podemos imaginar. Neste quesito, a Rede Federal e o IFTM têm cumprido o seu papel como política pública ao oferecer a seus estudantes a possibilidade e qualificação para ingressar no mercado de trabalho, na vida acadêmica ou em ambos.

Relacionando as respostas da pesquisa do Tedesco Filho (2018) concernentes a ocupação atual e ao curso realizado no ensino médio, encontramos que 60% concordam na proximidade dos itens. O mesmo acontece com a aplicação do aprendizado teórico e prático da formação na ocupação atual, 80% afirmam que estão relacionados. Ainda temos que dos egressos respondentes ao questionário do IFPR, mais de 50% estão na área de formação ou áreas correlatas a sua formação técnica, e na pesquisa nacional existe alto grau de satisfação dos egressos com a sua situação profissional e atual remuneração. Para ampliarmos a análise, recorremos à Silva (2014) que acredita que a escola tem cumprido parcialmente o objetivo de formar para o trabalho e que os concluintes buscam por esta formação por ser de qualidade. Para a autora,

À escola politécnica tem cumprido parcialmente com seu objetivo de formar trabalhadores para atuarem imediatamente após a conclusão do curso e para contribuírem com o desenvolvimento da região, e complementa no sentido de que a busca por esta formação – pública e considerada de qualidade –, visa um passaporte para a universidade e não para o mundo do trabalho (SILVA, 2014).

Diante disso, Arruda (apud SILVA, 2014) justifica que a oferta de um ensino público de qualidade nas escolas técnicas federais “teria despertado o interesse de alunos das camadas médias que passaram a competir por suas vagas não em busca de uma profissionalização precoce, mas de uma formação consistente que os preparasse para os

Assim, verificamos com os resultados das pesquisas mencionadas que os cursos técnicos profissionalizantes têm: i) cumprido seu papel na preparação dos egressos para a continuidade com a formação educacional, como também; ii) obtido resultados satisfatórios no que se refere à colocação dos egressos no mercado de trabalho; e impacto favorável na remuneração após o término do curso.