• Nenhum resultado encontrado

CONSIDERAÇÕES FINAIS: AGENDA PARA POLÍTICAS PÚBLICAS

No documento PDF TIC CULTURA - Spcine (páginas 121-125)

A pesquisa TIC Cultura 2018 aprofunda e corrobora o diagnóstico apresentado na edição anterior do estudo: a necessidade de ações específicas para cada tipo de equipamento cultural para a melhoria das condições de acesso e uso das TIC, dada a heterogeneidade das instituições que compõem o universo investigado. Contudo, mesmo com essas diferenças, a pesquisa também reforça a importância das tecnologias para todos os tipos de equipamentos culturais, tanto para a melhoria de processos internos e para a divulgação de suas atividades, quanto pela oferta de bens e serviços on-line para ampliação do acesso à cultura por parte da população.

Políticas públicas que atuem nesse sentido são importantes também para o alcance de metas internacionais – como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU)14 e as linhas de ação da agenda da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação (WSIS)15 – e nacionais – como o Plano Nacional de Cultura (Minc, 2012). No PNC, a meta 40 estabelece a disponibilização dos acervos das instituições culturais públicas federais na Internet e a meta 41 define que todas as bibliotecas e 70% dos museus ofereçam informações sobre seus acervos na rede até 2020. Os resultados da pesquisa indicam, no entanto, que tais objetivos ainda estão distantes de serem cumpridos. Em especial, a situação do acesso à rede nos equipamentos culturais, a falta de recursos financeiros e a capacitação dos gestores para apropriação das TIC são barreiras para isso.

Nesse sentido, os dados evidenciam a necessidade de iniciativas que aprimorem o uso de computador e Internet, sobretudo entre bibliotecas e museus, tipos de equipamentos com maior número de unidades no país, mas que estavam entre os que menos utilizavam tais tecnologias. Ainda, dado que praticamente todos os municípios brasileiros possuíam ao menos uma biblioteca pública (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE], 2015), a importância estratégica dessas instituições se revela não apenas para as políticas públicas culturais, como também na perspectiva da inclusão digital.

Posto que o avanço da infraestrutura TIC nas instituições culturais tem também o potencial de facilitar o acesso à Internet pelo público atendido, principalmente por meio da disponibilização de WiFi, isso aumentaria a oferta de pontos de acesso à população, assim como abriria a possibilidade de iniciativas de maior interatividade com o público dentro das instituições. No entanto, como mostram os dados da TIC Cultura 2018, o WiFi não era disponibilizado para os visitantes em mais da metade das instituições entre todos os tipos de equipamentos culturais, mesmo entre aqueles em que o uso de Internet era mais frequente.

Quanto à apropriação das TIC, a pesquisa revela que o relacionamento com o público era uma finalidade primordial de uso das tecnologias pelos equipamentos culturais. A Internet, em especial, era utilizada para a divulgação de informações sobre as atividades e programação cultural das instituições, tendo em vista ampliar o acesso presencial mais do que o acesso on-line aos bens e conteúdos realizados ou mantidos pelas mesmas.

14 Mais informações no website da iniciativa. Recuperado em 14 de janeiro, 2019, de https://nacoesunidas.org/pos2015/

agenda2030/

15 Mais informações no website da iniciativa. Recuperado em 14 de janeiro, 2019, de https://www.itu.int/net/wsis/docs/

geneva/official/poa.html

PESQUISA TIC CULTURA 2018 ANÁLISE DOS RESULTADOS

120

PORTUGUÊS

O primeiro passo para o aproveitamento pleno desses potenciais, no entanto, é a presença das instituições na Internet. De acordo com a pesquisa, mantinha-se no país uma proporção baixa de equipamentos culturais que possuíam websites próprios ou que estavam presentes em websites de terceiros, com exceção de arquivos e cinemas, entre os quais mais da metade possuía websites próprios. Quanto aos perfis em redes sociais, apesar de percentuais mais elevados entre cinemas (83%) e pontos de cultura (79%), entre outros tipos de equipamentos os patamares eram menores, chegando a apenas 28% entre bibliotecas. Esses números indicam que ainda há uma grande parcela de equipamentos culturais que, mesmo utilizando a Internet para outras finalidades, não estão presentes institucionalmente na rede.

Por outro lado, também se mostra cada vez mais necessário o desenvolvimento de políticas que fomentem a disponibilização do acesso pela Internet às atividades realizadas pelos equipamentos culturais, com o objetivo principal de tornar os materiais e conteúdos produzidos, exibidos e guardados por essas instituições acessíveis a populações que não tenham como frequentá-las. É o caso, por exemplo, de serviços de visita virtual, de transmissão de vídeo em tempo real, de formação a distância ou de disponibilização de acervos digitalizados, pouco comuns entre todos os tipos de equipamentos culturais pesquisados.

Da mesma forma, os dados da pesquisa demonstram que iniciativas de promoção à digitalização e à divulgação de acervos digitalizados pela Internet ainda se mostram necessárias. Em 2018, a maior parte dos equipamentos digitalizava menos da metade de seus acervos e, mesmo entre aqueles que tinham esse processo mais avançado, como os arquivos, a disponibilização para o público era feita principalmente no local em que funciona a instituição, e não pela Internet.

Nesse contexto, um dos principais desafios apontados pela TIC Cultura 2018 para a apropriação das tecnologias de maneira estratégica é a falta de financiamento. Portanto, políticas que visem investir na ampliação do acesso e no aprimoramento do uso das TIC nas instituições culturais, de acordo com sua natureza e missões específicas, são fundamentais para que sejam superadas as dificuldades relatadas pelos gestores da maior parte dos equipamentos culturais brasileiros.

REFERÊNCIAS

Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br (2017a). Cultura e tecnologias no Brasil: Um estudo sobre práticas culturais da população e o uso das tecnologias de informação e comunicação. São Paulo: CGI.br.

Recuperado em 14 de janeiro, 2019, de https://cetic.br/media/docs/publicacoes/7/cultura-e-tecnologias- no-brasil.pdf

Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br (2017b). Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos equipamentos culturais brasileiros: TIC Cultura 2016. São Paulo: CGI.br. Recuperado em 14 de janeiro, 2019, de https://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/TIC_CULT_2016_livro_eletronico.pdf Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br (2018). Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos domicílios brasileiros: TIC Domicílios 2017. São Paulo: CGI.br. Recuperado em 14 de janeiro, 2019, de https://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/tic_dom_2017_livro_eletronico.pdf

Decreto n. 520, de 13 de maio de 1992. Institui o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas e dá outras providências. Recuperado em 05 fevereiro, 2019, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/

decreto/1990-1994/D0520.htm

PORTUGUÊS

Decreto n. 7.559, de 1º de setembro de 2011. Dispõe sobre o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) e dá outras providências. Recuperado em 05 fevereiro, 2019, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_

ato2011-2014/2011/decreto/D7559.htm

Lei n. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998 (1998). Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Recuperado em 05 fevereiro, 2019, de http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/leis/l9610.htm

Lei n. 12.343, de 2 de dezembro de 2010. Institui o Plano Nacional de Cultura - PNC, cria o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais – SNIIC e dá outras providências. Recuperado em 28 de fevereiro, 2019, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12343.htm

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2015). Perfil dos estados e dos municípios brasileiros:

Cultura 2014. Rio de Janeiro: IBGE. Recuperado em 14 de janeiro, 2019, de http://biblioteca.ibge.gov.br/

visualizacao/livros/liv95013.pdf

Ministério da Cultura – Minc (2004). Cultura Viva: Programa Nacional de Cultura, Educação e Cidadania.

Brasília: Minc.

Ministério da Cultura – Minc (2012). As metas do Plano Nacional de Cultura. São Paulo: Instituto Via Pública; Brasília: Minc. Recuperado em 14 de janeiro, 2019, de http://pnc.cultura.gov.br/2013/01/01/2533/

No documento PDF TIC CULTURA - Spcine (páginas 121-125)