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GRAU DE CONSCIENTIZAÇÃO PARA CADA PERFIL DOS ENTREVISTADOS

No documento Ciências Ambientais na Amazônia (páginas 121-128)

URBANA EM CRUZEIRO DO SUL-ACRE

3.3. GRAU DE CONSCIENTIZAÇÃO PARA CADA PERFIL DOS ENTREVISTADOS

Não foi observado diferença quanto ao grau de conscientização entre as pessoas do sexo masculino (grau de conscientização (GC) = 2,87) em relação aos entrevistados do sexo feminino (GC = 2,80; Figura 2A). Em relação à faixa etária dos moradores, foi observado que o grau de consciência dos idosos foi menor (GC = 0,89) em relação aos jovens (GC = 1,51) e adultos (GC = 3,98; Figura 2B).

Figura 2. Grau de conscientização em relação à arborização urbana em Cruzeiro do Sul- AC, de acordo com o perfil dos entrevistados.

(a) grau de conscientização dos residentes por gênero (homens e mulheres). (b)grau de conscientização dos residentes por faixa etária (jovem – 18 a 24 anos; adulto –25 a 59 anos; idoso – 60 anos em diante). (c)

grau de conscientização dos residentes por escolaridade (analfabetos ou fundamental incompleto – AFU;

fundamental completo ou ensino médio incompleto– FCN; ensino médio completo ou superior incompleto – MSU; superior completo – SUC). (d) grau de conscientização dos residentes por ocupação (servidor

público – SPU; trabalhador liberal – TLI; autônomos – AUT; aposentados e pensionistas – APO;

estudantes – EST; professores– PRO; dono (a) de casa– DCA).

Esses resultados diferiram do esperado. Como a relação com a natureza influencia na percepção ambiental do indivíduo, de forma que o maior contato com a natureza, resulta em uma melhor percepção das questões ambientais (BRAGA et al., 2018), esperava-se que as mulheres, que culturalmente estão associadas a atividades relacionadas a plantio e colheita de alimentos, tivessem um maior grau de conscientização. Assim como os idosos, que por residirem em uma cidade pequena, no interior da floresta amazônica, e, portanto, acompanharam as transformações na paisagem, fossem ter maior grau de conscientização ambiental.

Resultados similares foram observados por Silva et al. (2015), sendo que o fator idade influenciou a percepção ambiental da população residente na microbacia do córrego do Mineirinho, Município de São Carlos-SP, onde pessoas com mais de 55 anos, apresentaram menor percepção ambiental em relação as pessoas com menos de 45 anos; enquanto não foram constatados evidencias da percepção ambiental associado ao aspecto social referente ao fator sexo.

O fato dos jovens e adultos terem maior conscientização ambiental, pode está relacionado a educação ambiental. Esse publico é, frequentemente, alvo de campanhas educativas destinadas à educação ambientais, e por consequência, a arborização urbana.

Porém, isso não significa que os idosos não tenham qualquer grau de conscientização quanto à arborização, mas que sua percepção pode estar ligada a interesses diferentes, como por exemplo, a valorização de espécies frutíferas a fim de oferecer a essas pessoas benefícios considerados de maior valor, sem a percepção de que essas espécies são inadequadas a arborização de praças, ruas e avenidas.

O grau de consciência, conforme a escolaridade dos entrevistados, foi maior nos que possuíam o ensino médio completo e/ou estavam cursando o nível superior (GC = 3,07), em relação aos analfabetos/ fundamental incompleto (GC = 1,38), fundamental completo/médio incompleto (GC = 1,05) e os que já possuíam uma formação superior (GC = 0,89; Figura 2C).

Braga et al. (2018), observaram que a percepção ambiental de universitários brasileiros, tem foco na reciclagem, na economia de água e energia e na redução do consumo, mas não se mostraram efetivos para a formação da consciência ambiental. Mesmo

observando que quanto maior o grau de instrução, maior foi o grau de conscientização ambiental da população na região central da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais -AL (GC = 3,4), Santana e Santos (2016), ponderam que a maior escolaridade não indica necessariamente uma maior conscientização ambiental.

Os entrevistados cuja ocupação estava dentro da classe de autônomos (vendedores, domésticas, costureiras, trabalhadores rurais, pedreiros, cuidadores de idosos, soldadores, eletricistas, atendentes, carpinteiros, balconistas) possuem o maior grau de consciência (CG

= 2,80; n = 111) em relação às demais ocupações, com destaque a classe dos professores que apresentam grau de conscientização igual a 0,5 (Figura 2D).

Tanto Santana e Santos (2016), que estudaram grau de conscientização ambiental da população na região central da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais – Al, quanto Silva et al. (2015), que estudaram a percepção ambiental da população residente na microbacia do córrego do Mineirinho, Município de São Carlos-SP, não observaram relação entre consciência ambiental e o fator renda. Logo, a percepção ambiental pode estar relacionada com a área de ocupação do entrevistado, e não com a sua formação ou sua renda, sendo essa uma questão a ser abordada em trabalhos futuros.

Ao analisar a percepção dos entrevistados quanto a ações individuais, observou-se que 51,7% deles consideram que os próprios moradores são os responsáveis pela arborização urbana. Esse resultado é um alerta a gestão pública. Uma vez que a população não domina o conhecimento do que seria uma apropriada arborização urbana, o resultado é o plantio e manejo inadequado de espécies, o que gera impactos negativos e consequentemente, uma percepção anti-ambiental. Diferente do que observaram Rodrigues et al. (2010), ao estudarem a percepção dos moradores sobre a arborização urbana em três áreas do município de Pires do Rio - Goiás, em que, aproximadamente, 85% dos moradores apontaram corretamente que a prefeitura da cidade é a responsável por executar e manter a arborização urbana.

Os resultados desse estudo reforçam a necessidade de elaborar e executar programas de educação ambiental voltados a toda a população, independente dos aspectos sociais ao qual o indivíduo está inserido (ver MAIA et al., 2017). Só assim, as mudanças em atitudes e percepção seriam aplicadas na melhoria da qualidade de vida e preservação do ambiente (ver MANGUNJAYA, 2011).

O conhecimento da percepção é uma das estratégias que a administração municipal pode utilizar no planejamento e gestão de áreas verdes, atendendo a população e também para o estabelecimento de programas de educação ambiental (MELAZO, 2005). Assim, a

partir dos resultados alcançados nesse trabalho, novas premissas estratégicas podem ser desenvolvidas, seja focada no estudo da problemática da arborização local, ou ainda no desenvolvimento de estudos com base em campanhas e ações ligadas à conscientização dos residentes.

4. CONCLUSÃO

Conclui-se que a grande maioria dos moradores da cidade de Cruzeiro do Sul, percebe a arborização no meio em que se vive, porém possuem poucos traços de conscientização ambiental, evidenciando a necessidade e a importância da educação ambiental, para valorização do meio ambiente.

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CIDADES VERDES: CONTRIBUIÇÃO DA SOCIEDADE NA

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