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Aplicou-se análise estatística descritiva em relação às informaçõescoletadas, sendo informados os valores percentuais desses dados. Utilizou-se os softwares Microsoft Office Excel para a organização dos dados e elaboração de tabelas.

Além disso, como complemento bibliográfico para a análise desses dados, foram utilizadas literaturas encontradas nas bases de dados PubMed, MedLine e SCIELO.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As tabelas 1 e 2 mostram os número de casos totais de micose por unidade da Federação e disparidade dos números de casos de micoses por sexo e ano respectivamente.

Tabela 1. Número de casos totais de micose por Unidade da Federação segundo ano processamento.

Fonte: DATASUS, 2019.

Tabela 2. Disparidade dos números de casos de micoses por sexo por ano processamento.

Sexo Feminino

Sexo Masculino

2015 140 171

2016 97 186

2017 92 183

2018 98 186

Total 427 726

Fonte: DATASUS, 2019.

No período estudado, os dados obtidos pela pesquisa mostraram um total de 1.357.258,97 casos confirmados de micoses na região Norte do país, o que representa 6,5% do total de casos confirmados no Brasil, no mesmo período em análise.

Dentre os estados da região Norte, o Pará foi o Estado de maior contribuição na morbidade, totalizando 35,6%, seguido do estado de Rondônia com 25,52%, do estado do Amazonas com 14,31%, do estado do Tocantins com 13,46%, do estado do Acre com 5,91%, do estado de Roraima com 4,42% e do estado de menor contribuição, Amapá, somando 0,72% do total dos casos de micoses da região.

Em análise ao período escolhido, comparando o ano de 2018 com o ano de 2015, dentre os estados da região norte, destacam-se o estado de Tocantins com crescimento de 34% no número total de casos e o estado do Acre com redução de 87%.

Além disso, observa-se nesse período de tempo uma considerável disparidade no número de internações por micoses entre os sexos masculino e feminino. Nesse sentido, o sexo masculino apresentou cerca de 1.7 vezes mais internações que o sexo feminino.

Mesmo que a Região Norte tenha apresentado um índice relativamente baixo no número de casos de micoses, é provável que isto possa ser atribuído à subnotificação, considerada uma problemática no Brasil como um todo, ocorrendo, inclusive, em doenças de notificação compulsória. Tal situação, mostra-se mais recorrente nos estados das regiões Norte e Nordeste, quando comparada à subnotificação nos estados das regiões Sul e Sudeste (CARVALHO; DOURADO; BIERRENBACH, 2011). De fato, a notificação dos casos de micoses não é obrigatória, não sendo possível constatar a veracidade na expressividade do número de casos (OLIVEIRA et al., 2006).

Por fim, cabe considerar que as transformações urbanas, como as mudanças demográficas, afetam não somente a questão estrutural das cidades, como também a sua

relação com a prevalência de doenças infecciosas (SEGURADO; CASSENOTE; LUNA, 2016). Tal fato comprova-se ao observar a incidência dos casos de micoses no Estado de São Paulo, totalizando 16,23% dos casos do país, e comparar com a incidência na região Norte que representa um total de 6,5%, no mesmo período analisado no DATASUS. Diante disso, é evidente que a elevada densidade demográfica, isto é, os aglomerados populacionais, característicos dos estados do Sudeste brasileiro, permitem maior disseminação de doenças infecciosas (ROCHA, 2015), aspecto que não se observa na região Norte, devido sua baixa densidade demográfica. Contudo, vale ressaltar que a disparidade entre os dados de incidência entre o Estado de São Paulo e a região Norte também pode ser atribuída aos casos subnotificados.

4. CONCLUSÃO

Com base nos dados levantados no período de 2015 a 2018, é possível observar a baixa taxa de incidência na região Norte, uma região de ambiente favorável para a proliferação de cepas fúngicas, porém com baixa densidade demográfica e comprovada subnotificação, o que diminui a expressividade do número de casos na região. Além disso, os dados apresentaram diferenças no número de internações de casos em relação ao sexo, sendo o masculino mais expressivo.

Tais afirmações, fundamentadas em análises de dados de plataformas públicas, podem redirecionar as estratégias de controle referentes a esse tipo de microrganismos patogênicos, permitindo aos cidadãos uma ação ativa na prevenção e no controle de micoses, em parceira com o poder público. Em outras palavras, os hábitos de vida da população são fatores importantes no que concerne à prevenção e ao tratamento, pois, em muitos casos, o acesso ineficiente a informação permite o desenvolvimento e a propagação da doença.

Nesse sentido, fica clara a necessidade da intervenção do poder público com intuito de promoção da saúde nas comunidades, a partir do repasse ativo da informação na educação de base e da oferta de suporte de qualidade para os novos casos, de forma curativa e profilática.

Ademais, almeja-se que a sociedade brasileira esteja mais informada e atualizada acerca da história natural da doença e, assim, espera-se uma perceptível queda na

incidência de micoses na região Norte e, consequentemente, uma diminuição da morbidade nacional, promovendo a melhoria na qualidade de vida da população.

5. REFERÊNCIAS

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