XXVII Congresso de Iniciação Científica
Identificação in planta de genes relacionados à patogenicidade e virulência em Xanthomonas fuscans subsp. aurantifolii tipo C.
Iashilei Cassieli Pasquini, Danyel Fernandes Contilliani, Jéssica Alcimari Ferreira Mello, Helen Alves Penha, Alessandro de Mello Varani, Câmpus de Jaboticabal, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Ciências Biológicas, iashilei@hotmail.com, Bolsista PROPe.
Palavras Chave: Patogenicidade, cancro cítrico, XauC.
Introdução
O cancro tipo “C”, é causado pela bactéria Xanthomonas fuscans subsp. aurantifolii tipo C (XauC), e restringe sua patogênese à plantas de Citrus aurantifolia (Lima Ácida Galego) [1]. Quando inoculada em folhas de Laranja Pêra-Rio (Citrus sinensis), ela causa uma Resposta de Hipersensibilidade (HR). Esta resposta é responsável pela contenção do patógeno no sítio inicial de infecção conferindo resistência ao patógeno em questão [2]. A identificação dos genes alvos responsáveis por estes processos é um passo essencial para o entendimento dos mecanismos moleculares que a bactéria utiliza para sobrepujar as barreiras de defesa do hospedeiro para se instalar e causar a doença. Uma das abordagens utilizadas para a identificação dos mesmos é a inoculação de mutantes, obtidos através de uma biblioteca de mutação aleatória, em plantas resistentes e susceptíveis à XauC. Os mutantes que apresentarem a sintomatologia alterada ou abolida provavelmente tiveram genes relacionados à patogenicidade mutados.
Objetivos
O objetivo foi testar a patogenicidade in vivo dos mutantes de XauC inoculando-os em folhas de Lima Ácida Galego e Laranja Pêra Rio, utilizando como controle o isolado selvagem de XauC, e identificar os mutantes de XauC que apresentem sintomatologia alterada.
Material e Métodos
Os mutantes de XauC, produzidos no Laboratório de Bioquímica e Biologia Molecular da FCAV/UNESP (Mello, 2015 - comunicação pessoal), foram repicados em placas de Petri contendo meio Ágar Nutriente acrescido de canamicina (50 µg/mL). Após o crescimento, cada mutante teve sua concentração diluída a 108 ufc/mL. Em seguida a suspensão foi infiltrada, com o auxílio de uma seringa sem agulha, em dois pontos na parte abaxial do lado direito da nervura central de folhas jovens das plantas. Do lado esquerdo da mesma folha foi inoculado o isolado selvagem de XauC (controle). Foram realizadas cinco repetições para cada mutante, tendo sua sintomatologia observada e registrada por
meio de fotografia das folhas aos 3, 6, 9, 14 e 34 dias após a inoculação (DAI).
Resultados e Discussão
Até o momento, foram testados, in vivo, 80 mutantes, onde dois apresentaram sintomatologia alterada (Tab. 1).
Tabela 1. Relação entre o total de mutantes inoculados e o número de mutantes com sintomatologia alterada.
Nº Total de clones da biblioteca
N° de mutantes Inoculados
Mutantes com sintomatologia
reduzida
Mutantes com sintomatologia
nula
3.300 80 1 (P1B2) 1 (P1G1)
O mutante P1B2 apresentou redução nos sintomas de hiperplasia, e o mutante P1G1 não apresentou nenhum sintoma de cancro, em ambas as espécies testadas. Estes resultados sugerem que estes mutantes possivelmente sofreram mutação em genes envolvidos no processo de colonização do hospedeiro e instalação da doença. Estes dados, somados aos provenientes de mais inoculações e sequenciamento dos genes dos mutantes com patologia alterada, poderão facilitar o entendimento do processo de infecção de XauC em citros.
Conclusões
Os testes in vivo de mutantes de XauC representam uma estratégia importante na elucidação de fatores envolvidos na colonização de XauC em seus hospedeiros, revelando genes envolvidos no estabelecimento do patógeno na planta, que podem reduzir ou inibir o processo de infecção. Isso abre portas para o desenvolvimento de estratégias para o controle do cancro cítrico causado por XauC.
Agradecimentos
Agradecemos ao CREBIO pelo sequenciamento, ao Prof. Jesus Ap. Ferro, Ariadne C. Sanches, Catarina Mardegan e Ana Carolina Buzinari pela valiosa contribuição ao trabalho.
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1 NAMEKATA, T. Estudo comparativo entre Xanthomonas citri (Hasse) Dow., agente causal do cancro cítrico e Xanthomonas citri (Hasse) Dow., N.F. SP. aurantifolii, agente causal da cancrose do limoeiro Galego. Piracicaba, 1971
2 HAMMOND-KOSACK, K.E.; JONES, D.G. Resistance gene- dependent plant defense responses. The Plant Cell, v. 8, p. 1773-1791, 1996.