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Muitas festas numa só: a configuração do campo do carnaval do Recife.

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Academic year: 2017

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M

UITAS

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ESTAS NUMA

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:

A CONFIGURAÇÃO DO

CAMPO DO CARNAVAL DO

R

ECIFE

Br u n n o Fe r n a n de s da Silv a Ga iã o*

An dr é Lu iz M a r a n h ã o de Sou z a Le ã o* *

Resumo

O

car naval é considerado um a das fest as m ais em blem át icas da ident idade cult ural brasi-leira. Em Per nam buco, ganha dest aque a fest a r ealizada na cidade do Recife, m ar cada pela m ult iplicidade de r it m os, públicos e espaços, e pela convivência ent r e a t radição e o novo. Valendo- nos da t eor ia dos cam pos de Pier r e Bour dieu, buscam os discut ir com o se confi gura o cam po do Car naval Mult icult ural de Recife. Para t ant o, r ecor r em os à análise de dados secundár ios, for m ados pelas infor m ações disponibilizadas pela or ganização do event o, e de dados pr im ár ios colet ados por m eio de obser vações não par t icipant es na fest a de car naval de 2012. Ent endem os os difer ent es espaços da fest a, os polos do car naval, com o r epr esent at ivos de nove posições dist int as dent r o do cam po em quest ão. Cada polo est á r elacionado com um a classe de foliões específi ca, que apr esent a um perfi l par t icular.

Pa la v r a s- ch a v e : Car naval. Recife. Polos. Cam pos. Bour dieu.

Many Parties in One: the configuration of the field of Recife’s carnival

Abstract

C

ar nival is one of t he m ost em blem at ic par t ies of Brazilian cult ural ident it y. I n Per nam buco t he par t y held in Recife is m ar ked by a m ult iplicit y of r hyt hm s in public spaces and t he coexist ence of t radit ional and new cult ural m anifest at ions. Draw ing on t he t heor y of fi elds of Pier r e Bour dieu, w e discuss t he confi gurat ion of t he fi eld of t he Mult icult ural Car nival of Recife. We use secondary dat a analysis com posed of t he inform at ion provided by t he organizat ion of t he event and pr im ar y dat a collect ed t hr ough non par t icipant obser vat ions in t he celebrat ion of Car nival 2012. We under st and t he differ ent spaces of t he par t y, t he poles of t he car nival, as r epr esent at ive of nine differ ent posit ions w it hin t he fi eld in quest ion. Each pole is r elat ed t o a specifi c class of r eveler s w ho each have a par t icular pr ofi le.

Ke y w or ds: Car nival. Recife. Poles. Fields. Bour dieu.

* Dout or ando do Pr ogr am a de Pós Gr aduação em Adm inist r ação da Univ er sidade Feder al de Per

-nam buco – UFPE. Mem br o do Gr upo de Est udos e Pesquisas em I novação, Tecnologia e Consum o da UFPE, Recife/ PE/ Br asil. Ender eço: Av. dos Econom ist as, s/ n – CDU. Recife/ PE. CEP: 50670- 901. E- m ail: br unno_gaiao@hot m ail.com

* * Professor Adj unt o do Depart am ent o de Ciências Adm inist rat ivas e do PPGA da UFPE, Recife/ PE/ Brasil.

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Introdução

Os fest ej os popular es do Brasil são o r esult ado de infl uências diver sas, pr odut o de um caldeir ão de et nias, cr enças e t radições. Em m eio às disput as por t er r it ór io, r ecur sos e pela im posição de cult uras vindas de além - m ar, os m om ent os de fest a e celebração sur giram com o for m a de expr essão e espaço de fuga para difer ent es gr u-pos. As fest as popular es, ent ão, se t or naram inst r um ent o de r esist ência dos povos em defesa de sua cult ura. A m ist ura de sím bolos e r it uais deu or igem às t radições e fest ej os que se per pet uaram at ravés dos t em pos, at é os dias at uais.

Nest e sent ido, Pessoa afi r m a que

t endo sido for m ado por um a fabulosa m ist ura de povos m ilenar es e fest eir os, com o o indígena, o eur opeu e o negr o vindo à for ça da m ãe Áfr ica, o Brasil não poder ia fugir a essa univer salidade da fest a. Fazem os fest a por t odos os m ot ivos e, quando não os t em os, invent am os. ( PESSOA, 2005, p. 32) .

O car naval é considerado um a das fest as m ais em blem át icas da ident idade cult ural brasileira, dest acando- se por pr ot agonizar um pr ocesso de r essignifi cação de m em ór ias lúdicas e ar t íst icas do povo, em t r ânsit o com sím bolos, r edefi nições de espaço e inver sões de r egras, per m it indo incr em ent o no com ér cio de lazer e diver são ( FARI A, 2006) . Podem os dest acar os car navais do Rio de Janeir o, Bahia e Per nam buco com o os de m aior pr oj eção do Brasil. O car naval de Per nam buco, par t icular m ent e, é aquele em que a par t icipação popular ainda se faz m ais pr esent e, m ant endo t radições iniciadas com os clubes de pedest r es do Recife no século XI X ( ARAÚJO, 1997) .

Em Pernam buco, ganha dest aque a fest a realizada na cidade do Recife, m arcada pela m ult iplicidade de rit m os, públicos e espaços, e pela convivência ent re a t radição e o novo ( PREFEI TURA DO RECI FE, 2012) . Com base nest as caract er íst icas, a Pr efeit ura da Cidade do Recife lançou, em 2002, o Car naval Mult icult ural, que se pr et ende “ de-m ocr át ico, popular e diver sifi cado, [ ...] code-m polos de anide-m ação espalhados por t oda a cidade”, pr om et endo ao folião grandes espet áculos ao alcance de t odos, espacial e socialm ent e ( PREFEI TURA DO RECI FE, 2012) .

Dest a for m a, o car naval de Recife, assim com o t ant as out ras fest as, com põe agora um cir cuit o de event os- espet áculo cosm opolit as. Event os defi nidos em razão do for t e apelo m er cant il das at ividades neles desenvolvidas, os quais est ão volt ados para a pr est ação de ser viços de diver são e se sit uam nos canais dos fl uxos das r edes m idiát icas, pelos quais sím bolos são insum os e m er cador ias, a um só t em po. Nest e cont ext o, encont ram - se am algam adas expr essão e pr odução cult urais; t rabalho e diver são ( FARI A, 2006) .

Mas o car naval, t am bém , é um a fest a que m ovim ent a a econom ia. Os núm er os de 2011 r evelam o im pact o que a Folia de Mom o pr opor cionou à econom ia de Per nam -buco. A r eceit a deixada pelos visit ant es foi de R$ 570 m ilhões e o Est ado r ecebeu, durant e o carnaval, cerca de um m ilhão de visit ant es. A Região Met ropolit ana do Recife r egist r ou 96% de ocupação hot eleira no per íodo ( TENDÊNCI AS E MERCADOS, 2011) .

Na m edida em que “ não r est a dúvida de que a cult ura encer ra sem pr e um a dim ensão de poder que lhe é int er na, as m anifest ações popular es podem ser, assim , analisadas em t er m os de poder ” ( ORTI Z, 2006, p.142) . Logo, a par t ir da t eor ia bour-dieusiana, é possível analisar o car naval de Recife com o um cam po social com post o por agent es dist int os que pr ocuram , à sua m aneira, defender seus int er esses. A dis-put a cont ínua dent r o dest e cam po envolve os difer ent es r epr esent ant es do Est ado, as or ganizações em pr esar iais, os com er ciant es infor m ais, os ar t ist as, as agr em iações car navalescas e, fi nalm ent e, os foliões ( CARVALHO; MADEI RO, 2005) .

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A par t ir da pr oblem át ica apr esent ada, e valendo- se da t eor ia dos cam pos de Pier r e Bour dieu, podem os elaborar o seguint e quest ionam ent o: Com o se confi gura o cam po do Car naval Mult icult ural de Recife?

O Carnaval de Recife

O car naval é um a das m ais not ór ias m anifest ações popular es da cult ura per-nam bucana. Desde o sábado de Zé Per eira, quando os clar ins de Mom o anunciam a fest ança, as gent es fant asiadas e m ascaradas invadem as r uas das pr incipais cidades. O povo se or ganiza em blocos, t r oças, clubes, caboclinhos, m aracat us, ur sos. Exist e um a m ult iplicidade de r it m os sem igual. Com um ar lequim cr iat ivo e m ult ifacet ado, o car naval per nam bucano encant a por sua or iginalidade num a sínt ese de r it m os e cult uras ( PREFEI TURA DO RECI FE, 2012) .

As or igens do car naval de Recife r em ont am ao fi nal do século XVI I , quando car r egador es de açúcar e out ras m er cador ias, em sua m aior ia negr os ( escravos ou libert os) , se reuniam para celebrar a Fest a de Reis. Os grupos de t rabalhadores condu-ziam bandeiras e ent oavam cant igas em r it m o de m ar cha, dando or igem ao m aracat u de hoj e ( SI LVA et al., 2004; FUNDAÇÃO JOAQUI M NABUCO, 2012; PREFEI TURA DE OLI NDA, 2012) . Além da infl uência africana, assim com o no rest ant e do país, os fest ej os pernam bucanos foram fort em ent e infl uenciados pelo ent rudo port uguês, que consist ia em cor r er ias e br incadeiras de m ela- m ela ( SI LVA et al., 2004; VI EI RA; COSTA, 2007) .

Nos séculos XVI I I e XI X, os gr upos im pr ovisados com eçaram a se or ganizar, for m ando as pr im eiras agr em iações car navalescas, as t r oças e os papangus, que desfi lavam nas r uas cent rais de Recife. Todas est as m anifest ações popular es eram r ealizadas de m aneira espont ânea, com a par t icipação do povo ( SI LVA et al., 2004) . Após alguns anos, enfi m , os m ascarados chegaram às r uas da cidade, e conquist aram a pr efer ência do povo, em det r im ent o do ent r udo ( VI EI RA; COSTA, 2007) .

Foi nessa época, t am bém , que t eve origem o frevo, est ilo m usical e dança carac-t er íscarac-t icos da r egião ( PREFEI TURA DE OLI NDA, 2012) . A palavra “ fr evo” vem do ver bo “ fer ver ”, que era pr onunciada de m aneira equivocada pelas cam adas m ais popular es dos foliões, que usavam a expr essão “ fr ever ”. Ofi cialm ent e, o gêner o fr evo sur giu em 09 de fever eir o de 1907, quando foi divulgado com o par t e do r eper t ór io do Clube Car navalesco Em palhador es do Feit osa. No ent ant o, o t er m o j á era ut ilizado desde o fi nal do século XI X ( SEBE, 1986; SALDANHA; CARRASCO, 2006) .

Dest a for m a, o car naval de Recife t al com o o conhecem os hoj e é fr ut o da m is-t ura de infl uências da culis-t ura afr icana, de is-t radições da colonização por is-t uguesa e de fest as eur opéias diver sas. A fest a pode ser ent endida com o um m osaico folclór ico, no qual “ convivem vár ios t ipos difer ent es de desfi les ou cor t ej os, cada qual com or igens hist ór icas ou bases sociais difer ent es, além de est ilos pr ópr ios” ( ARAI , 1994, p. 2) .

Hoj e, o carnaval de Pernam buco é referência nacional, j unt am ent e com o do Rio de Janeir o e o de Salvador. O event o at rai t ur ist as de t odo o país e ar rast a m ult idões durant e os dias de fest a, t endo grande im por t ância para a econom ia do Est ado com o um t odo ( LÓSSI O; PEREI RA, 2008) .

Desde 2002, em Recife, a fest a t em valor izado a diver sidade cult ural, adot ando os conceit os de m ult icult uralism o e descent ralização. A at ual pr opost a do car naval passa pela inst alação de “ polos de anim ação” espalhados por t oda a cidade, oferecendo opor t unidades de diver são a t odos ( PREFEI TURA DO RECI FE, 2012; VI DAL, 2010) .

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A Teoria dos Campos de Pierre Bourdieu

Nest e pont o, após um a br eve apr esent ação da fest a de car naval de Recife e levando em consideração a nat ur eza da pr oblem át ica apr esent ada ant er ior m ent e, o pensam ent o de Pierre Bourdieu se m ost ra um a opção t eórica apropriada para dar con-t inuidade ao desenvolvim encon-t o descon-t e con-t rabalho. A obra de Bour dieu con-t em sido ucon-t ilizada de for m a m ar cant e na r ealização de est udos dir ecionados para o ent endim ent o de fenôm enos sociais diver sos, com o a confi guração de r edes em pr esar iais ( PASSOS et

al., 2005; ALBAGLI ; MACI EL, 2002; COSTA; COSTA, 2005) , a com pr eensão de

aspec-t os ligados ao consum o conaspec-t em por âneo ( OLI VEI RA, 2001; SLOAN, 2005; BARBOSA; CAMPBELL, 2007; CASTI LHOS, 2007) , os est udos sobr e poder em cont ext os or gani-zacionais ( MI SOCZKY, 2003) e a pr ópr ia invest igação de out ras fest as car navalescas enquant o espaços de poder e difer enciação ( CARVALHO; MADEI RO, 2005) .

De m aneira geral, a obra de Pier r e Bour dieu apont a para a const r ução de um a var iant e m odifi cada do Est r ut uralism o, dando or igem àquilo que fi cou conhecido com o “ const rut ivism o est rut uralist a”. Assim , a cont ribuição bourdieusiana est á posicionada a m eio cam inho ent re o est rut uralism o e o subj et ivism o puros, discut indo a exist ência de um a est r ut ura subj acent e ao social, analisada at ravés de um a ót ica cr ít ica, dest inada a expor os m ecanism os de dom inação e ( r e) pr odução de ideias ( THI RY- CHERQUES, 2008; WACQUANT, 2008; BOURDI EU, 2010) .

Bour dieu ( 2007a; 2009; 2010) defende a noção de que o espaço social é for-m ado por diver sos cafor-m pos, dent r o dos quais cada ufor-m dos agent es r epr oduz habit us – m odos de ser – específi cos, inser idos em um a cont ínua disput a pelo poder. Tal poder é det er m inado de acor do com o dom ínio dos capit ais obj et os de m aior int er esse no cont ext o de cada cam po ( ARAÚJO et al., 2009; SCOTT, 2009) . Ut ilizado na obra de Bour dieu a fi m de se r efer ir a um sist em a de disposições adot ado na t eor ia da pr át ica para r epr esent ar um sist em a de disposições, m odos de sent ir e pensar, o habit us se confi gura com o um t ipo de m at r iz de ação que nos leva a ent ender o m undo de det er-m inada for er-m a, or ient ando nossas ações e at it udes. O conceit o t rat a da int er ior ização das est rut uras sociais por m eio da hist ória individual e colet iva, t ornando- se im percep-t íveis pelos agenpercep-t es, conver percep-t endo- se em um a lógica infraconscienpercep-t e de racionalidade pr át ica ( BOURDI EU, 2001; SETTON, 2002; WACQUANT, 2007) .

De acor do com Pier r e Bour dieu,

é preciso const ruir o espaço social com o est rut ura de posições diferenciadas, defi nidas, em cada caso, pelo lugar que ocupam na dist r ibuição de um t ipo específi co de capit al. Nessa lógica, as classes sociais são apenas classes lógicas, det er m inadas, em t eor ia e, pode- se dizer assim , no papel, pela delim it ação de um conj unt o – r elat ivam ent e – hom ogêneo de agent es que ocupam posição idênt ica no espaço social. ( BOURDI EU, 2007a, p. 29) .

Dest ar t e, podem os afi r m ar que “ o habit us é a int er nalização ou incor poração da est r ut ura social, enquant o o cam po é a ext er ior ização ou obj et ivação do habit us” ( THI RY- CHERQUES, 2008, p.172) . Bour dieu pr opõe o desenvolvim ent o de um pen-sam ent o t opogr áfi co visando à const r ução de um m odelo de análise que obser ve os espaços sociais par t icular es e localize os obj et ivos de est udo, possibilit ando a análise com parat iva que dest aque as especifi cidades de cada cam po em part icular, assim com o os padrões com uns em relação aos m esm os ( BOURDI EU, 2009) . Bourdieu defende que

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afi r m a que são diver sos os t ipos de r ecur sos post os em disput a em cada cam po: o capit al econôm ico, r elacionado aos r ecur sos m onet ár ios e fi nanceir os; o capit al social, r efer ent e aos r ecur sos que podem ser m obilizados pelos at or es em função da adesão a r edes sociais e or ganizações; o capit al cult ural, que diz r espeit o ao conhecim ent o, às habilidades, às infor m ações, defi nidos pelas disposições e hábit os adquir idos no pr ocesso de socialização; e o capit al sim bólico, concer nent e ao conj unt o de r it uais de r econhecim ent o social for m ado pelas cat egor ias de per cepção e j ulgam ent o que per-m it eper-m defi nir e legit iper-m ar valor es e est ilos cult urais, per-m orais e ar t íst icos. Dest acaper-m os que cada um a dessas for m as de capit al é conver sível ent r e si ( BOURDI EU, 2007b; THI RY- CHERQUES, 2008) .

Dent r o da est r ut ura do cam po, cada posição é det er m inada, em par t e, por um est ado não per m anent e de r elações de poder ent r e seus ocupant es, que est abelecem a m aneira por m eio da qual os capit ais são r epar t idos. Em cada cam po, exist e um ce-nário de confl it o ent re os agent es que det êm os capit ais valorizados no cam po, at ravés da violência sim bólica, e os agent es que alm ej am a dom inação ( BOURDI EU, 1984) . Tal dom inação, em geral, ocor r e de for m a não evident e, im plícit a, que se est abelece com o um a agr essão dissim ulada, m ascarada e invisível. Est a se confi gura com o im po-sição de um a ar bit rar iedade ent endida com o legít im a dent r o de cada cam po, em que os ganhos de t odos os t ipos de capit al são r ever t idos para os agent es dom inant es, m anobra exer cida com a cum plicidade daquele que a sofr e, das suas vít im as ( THI RY-- CHERQUES, 2006) . Assim sendo, a dom inação não é fr ut o dir et o de um a lut a aber t a ent r e classe dom inant e e classe dom inada, m as sim der iva de um conj unt o com plexo de ações infraconscient es execut adas pelos agent es ( BOURDI EU, 1996) .

O r esult ado dessas lut as ser á um a or ient ação à per pet uação de t odo o cam po. Bour dieu ( 2007b) ent ende o sist em a de ensino, por exem plo, com o em pr eendim ent o da cult ura de classes, na qual a cult ura escolar, dom inada pela cult ura burguesa at ravés dos códigos com port am ent ais, lingüíst icos e int elect uais, perpet ua as ilusões necessá-rias ao funcionam ent o e à m anut enção do sist em a, ou sej a, as crenças com part ilhadas em um cam po. São t ais ilusões que cor r espondem ao que Bour dieu cham a de illusio, a cr ença fundam ent al nos valor es do cam po que r evest e as ilusões, as fant asias, a fé adquir ida por disposições adequadas. É aquilo que é indiscut ível, que j ust ifi ca o in-j ust ifi cável, confor m ando a m aneira de se est ar no m undo ( THI RY- CHERQUES, 2008) .

Procedimentos Metodológicos

Na busca por cam inhos m et odológicos que se alinhassem a nossa pesquisa e às escolhas t eór icas que det er m inam os, encont ram os no pr ópr io t rabalho de Pier r e Bour dieu pr incípios adequados para a condução dest e est udo. Dest a for m a, não ape-nas os pr ocedim ent os analít icos a ser em pr opost os a seguir foram paut ados na t eor ia bourdieusiana, com o t am bém o ent endim ent o do papel do pesquisador no fazer ciência.

Dest a for m a, assum indo o int er pr et at ivism o com o or ient ação paradigm át ica, ent endem os ser adequada a adoção de um a est rat égia de pesquisa qualit at iva, com o form a de nos aproxim arm os da com preensão da “ realidade” em t oda sua com plexidade e m últ iplas r epr esent ações ( LI NCOLN; GUBA, 2005) . Tal escolha se deu pela nat ur eza do est udo e as caract er íst icas iner ent es a est a abor dagem , j á que não pr et endem os explicar o fenôm eno obj et o do est udo, m as sim com pr eendê- lo em suas par t icular i-dades ( LI NCOLN; GUBA, 2005) .

A opção pelos pr ocedim ent os qualit at ivos se m ost ra apr opr iada devido à busca por um cont at o dir et o com a sit uação est udada e a com pr eensão do fenôm eno a par t ir da per spect iva dos par t icipant es. Os est udos qualit at ivos se desenr olam em cenár ios nat urais, nos quais o invest igador se inser e e, por m eio de m ét odos diver sos de colet a de dados, apr eende a r ealidade est udada ( CRESWELL, 2010) . Valendo- se da r efl exão cont ínua e de um a visão am pla dos fat os invest igados o pesquisador int er pr et a e confer e signifi cados aos fenôm enos obj et o de est udo.

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de Recife, nos at ivem os ao Car naval de 2012. Em pr im eir o lugar, colet am os dados secundár ios r efer ent es à or ganização do event o, disponibilizados pela pr ópr ia Pr efei-t ura Municipal do Recife, conefei-t em plando infor m ações acer ca da pr oposefei-t a do evenefei-t o, de acor do com a pr efeit ura, a pr ogram ação do Car naval e out ras infor m ações com -plem ent ar es. Em seguida, no decor r er dos dias de fest ividade car navalesca, foram colet ados dados pr im ár ios por m eio de obser vação não par t icipant e1.

As obser vações foram r ealizadas por um dos aut or es e r egist radas em not as de cam po e gravações de áudio. Esse pr ocesso focou no público pr esent e, em cada polo da fest a, seu com por t am ent o e perfi l, bem com o na pr ópr ia am bient ação de cada um dos polos. A cada noit e, o pesquisador t ransit ou pelo m áxim o de polos possíveis, r egist rando suas im pr essões e r elat ando alguns incident es cr ít icos.

Após a colet a dos dados, r ealizam os a análise do cor pus de pesquisa por m eio da confr ont ação dos dados secundár ios, r epr esent at ivos da pr opost a da Pr efeit ura Municipal do Recife em r elação ao car naval da cidade, com os dados pr im ár ios, r efe-r ent es às obseefe-r vações efe-r ealizadas duefe-rant e o peefe-r íodo de fest a nos polos cont em plados pela pesquisa. A par t ir daí, elaboram os um a discussão acer ca do cam po car naval do Recife à luz da t eor ia dos cam pos de Pier r e Bour dieu.

A Colcha de Retalhos: os polos centralizados do

Carnaval Multicultural do Recife

Com o dit o ant er ior m ent e, em 2012, a fest a de car naval na cidade do Recife t eve 17 polos. As obser vações r ealizadas cont em plaram os nove polos cent ralizados, apr esent ados abaixo na Tabela 1.

Ta be la 1 – Polos Ce n t r a liz a dos do Ca r n a v a l do Re cife

Pólo Loca l

Polo Recife Mult icult ural Mar co Zer o

Polo das Fant asias Praça do Ar senal da Mar inha

Polo Mangue Cais da Alfândega

Cor r edor do Fr evo Bair r o do Recife ( Rua da Moeda)

Polo de Todos os Fr evos Avenida Guararapes

Pát io de Todos os Rit m os Pát io de São Pedr o

Polo Afr o Pát io do Ter ço

Polo das Agr em iações Avenida Nossa Senhora do Car m o

Polo das Tradições Pát io de Sant a Cr uz

Font e: Pr efeit ura do Recife, 2012.

A par t ir dest e pont o, passam os a descr ever nossas obser vações em cada um dos polos cont em plados nest e est udo.

O clímax precoce: o Galo da Madrugada

No sábado de car naval, ano após ano, sai às r uas o Galo da Madr ugada, bloco car navalesco que j á foi considerado o m aior do m undo. Com t r int a e quat r o anos de exist ência, o Galo pode ser considerado um a das – senão a – m aior at ração da fest a de Mom o do Recife, ar rast ando m ult idões pelas r uas do Bair r o de São José. Em 2012, o bloco hom enageou o cant or e com posit or per nam bucano Luiz Gonzaga, ícone da cult ura nor dest ina ( GALO DA MADRUGADA, 2012) .

1 Ressalt am os que, por quest ões de lim it ações de or dem pr át ica, as obser vações for am execut adas

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A concent ração do bloco do Galo se deu no For t e das Cinco Pont as no início da m anhã, por volt a das 9 horas. Nas im ediações do For t e, j á se encont rava um grande núm er o de pessoas, m as que ainda não cor r espondiam ao público t ot al. Com o passar do t em po e à m edida que o bloco com eçou a avançar em seu per cur so, o núm er o de foliões passou a aum ent ar exponencialm ent e. Ao se aproxim ar da Avenida Guararapes, um a ver dadeira m ult idão se encont rava ao longo do bloco.

Em nossas obser vações, per cebem os que o am bient e nas pr im eiras horas do desfi le era m ais t ranquilo, com m ais espaço para t odos os foliões, que se m ost ravam m ais à vont ade. No pr im eir o t r echo do desfi le, per cebem os a pr esença de m uit as cr ianças acom panhadas de seus pais. Mais adiant e, com o aum ent o do núm er o de pessoas acom panhando o desfi le e a dim inuição do espaço disponível para se loco-m over e dançar, os foliões se loco-m ost ravaloco-m loco-m enos at ent os ao desfi le, obser vando a m ovim ent ação de pessoas ao r edor, por vezes com apr eensão.

Apesar do público se m ost rar bem var iado, foi possível ident ifi car a pr esença de pessoas de m aior poder aquisit ivo no pr im eir o t r echo do desfi le e a m aior pr esença de foliões de m enor poder aquisit ivo na segunda m et ade do per cur so, ou sej a, de m aior e m enor capit al econôm ico r espect ivam ent e, de acor do com os t er m os bour dieusianos. Cabe, ainda, r essalt ar que era grande a quant idade de pessoas fant asiadas, algum as vest indo fant asias m ais t radicionais e convencionais e out ras com fant asias inusit adas.

Após o desfi le, a est át ua do Galo da Madrugada perm anece expost a na Pont e Duart e Coelho durant e os dem ais dias de fest a. E foi na noit e do dom ingo de carnaval que presenciam os um a cena digna de not a: enquant o cruzava a pont e em direção a um dos polos do carnaval, um a foliã se aproxim ou da est at ua, parou a sua frent e e reverenciou- a dem oradam ent e, curvando- se, claram ent e em ocionada. A expressão corporal da foliã ao curvar- se e a dem onst ração de com oção revelam um habit us específi co, apont ando para a valorização da t radição dent ro da fest a carnavalesca por part e da m ulher.

Sapucaís recifenses: Polo das Agremiações, Polo de Todos

os Frevos e Polo das Tradições

De acor do com a pr opost a da Pr efeit ura do Recife, est es t r ês polos r epr esent am o espaço para a pr eser vação das t radições r elacionadas aos desfi les de agr em iações car navalescas, sej am elas clubes de fr evo ou escolas de sam ba. Ao longo dos dias de fest a, são r ealizados os concur sos para eleger as m elhor es agr em iações que se apr e-sent am para o público localizado em ar quibancadas ao longo do t raj et o dos desfi les ( PREFEI TURA DO RECI FE, 2012) .

No decor r er de nossas obser vações, ver ifi cam os que as agr em iações são com -post as, em geral, por pessoas das classes m ais baixas, j ovens e velhos com baixo capit al econôm ico e cult ural, m as que, dent ro do espaço dos desfi les, apresent am cert o capit al sim bólico por par t icipar em de t al at ividade. Est as pessoas se pr eparam para os desfi les, fant asiadas, ensaiando a per for m ance a ser apr esent ada para o público.

Os espect ador es, por sua vez, são com post os em grande par t e pelos fam iliar es dos foliões que desfi lam ; eles parecem , t am bém , possuir poder econôm ico e form ação cult ural lim it ados, m as se m ost ram or gulhosos pelas apr esent ações. Além deles, se fazem pr esent es nas ar quibancadas os t ur ist as, que r egist ram as apr esent ações em fot os ou fi lm agens. Já est es dem onst ram m aior capit al cult ural e econôm ico, o que pode ser per cebido pelos apar elhos elet r ônicos que por t am e suas vest es.

Vale dest acar que o Polo das Agr em iações r ecebe m aior público do que o Polo de Todos os Fr evos e o Polo das Tradições, um a vez que se localiza m ais pr óxim o de out r os polos cent ralizados. Por vezes, algum as agr em iações se apr esent aram nos dois polos m ais afast ados para um público r eduzido, at é m esm o dim inut o.

Raízes negras: Polo Afro

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2012) . Tal valor ização das t radições da cult ura afr icana foi defendida de for m a explí-cit a, por diver sas vezes, pelo m est r e de cer im ônia do polo durant e as noit es de fest a. O espaço onde se localiza o Polo Afr o é m ais r eduzido do que o da m aior ia dos dem ais polos e, t am bém , se encont ra um pouco m ais afast ado dos grandes palcos do event o. Nele, ocor r em , pr edom inant em ent e, apr esent ações de gr upos de afoxé e m aracat u, m as a grande at ração do polo é a Noit e dos Tam bor es Silenciosos, que ocor r e na noit e da segunda- feira.

Assim com o nos polos das Agr em iações, das Tradições e de Todos os Fr evos, o público que pr est igia as apr esent ações é for m ado, de for m a pr edom inant e, por pes-soas de classes m enos abast adas, com m enor poder aquisit ivo e nível educacional, e que apar ent am , t am bém ser par ent es de alguns dos foliões que se apr esent am no polo. Mas, per cebem os a pr esença de alguns ar t ist as locais e t ur ist as brasileir os e est rangeir os – pessoas de m aior poder aquisit ivo e com apar ent e m aior for m ação escolar. Pr incipalm ent e na Noit e dos Tam bor es Silenciosos, foi possível per ceber a pr esença m ais acent uada de t ur ist as no polo, cer t am ent e int er essados na at ração de m aior dest aque.

É int eressant e frisar que nest e espaço os foliões, sej am eles t urist as ou não, com m aior ou m enor poder aquisit ivo, dividem o m esm o am bient e de for m a nat ural, lado a lado. Tal infor m ação explicit a um a caract er íst ica par t icular desse polo: um habit us de congraçam ent o ent r e os foliões, que par ecem ignorar suas difer enças de posições no cam po do car naval r ecifense.

Cirandas e cantos: Polo de Todos os Ritmos

No Pát io de São Pedr o, se encont ra o Polo de Todos os Rit m os, dest acado pela or ganização do event o com o um local hist ór ico da cidade do Recife, em que é pos-sível assist ir at rações de est ilos diver sos, com o coco, afoxé, ciranda, m angue beat , m aracat u, sam ba, fr evo ( PREFEI TURA DO RECI FE, 2012) .

Localizado bem pr óxim o ao Polo Afr o, o Polo de Todos os Rit m os possui, ao r e-dor do palco, alguns pequenos bar es com m esas espalhadas nas calçadas. Os foliões pr esent es no polo são, em sua m aior ia, j ovens, cont udo, há pessoas com idade m ais avançada. O público aparent a ser bem variado, form ado por pessoas de classes sociais díspar es, com poder aquisit ivo e escolar idade bem dist int as, indicando um habit us sem elhant e ao ident ifi cado no Polo Afro, de valorização do congraçam ent o. Além dist o, per cebem os um for t e apelo lúdico nest e polo, com a pr esença de algum as pessoas vest indo fant asias e ader eços car navalescos, difer ent em ent e do que ocor r e nos polos abor dados acim a. Dest acam os, ainda, a pr esença de t ur ist as no polo, apesar de em pequeno núm er o.

Par t e das pessoas assist e aos show s sent ados nas m esas dos bar es, enquant o out r os se m ant êm de pé e, m uit as vezes, dançam ao r it m o dos gr upos m usicais que se apr esent am no palco. Em det er m inados m om ent os, os foliões for m aram espon-t aneam enespon-t e br eves r odas de ciranda, às quais se j unespon-t avam m ais foliões. Além disespon-t o, devido à pr esença dos bar es no am bient e, as pessoas consom em bebidas alcoólicas de for m a m ais acent uada do que nos polos apr esent ados at é o m om ent o.

Os frutos do “manguebeat”: Polo Mangue

For t em ent e infl uenciado pelo m ovim ent o Manguebeat , o Polo Mangue é m ar ca-do pela ir r ever ência e cont em poraneidade de suas at rações. A pr ogram ação ca-do polo, localizado no cais da alfândega, ofer ece show s de ar t ist as locais, nacionais e int er-nacionais, t odos, uns m ais e out r os m enos, de algum a for m a, ligados ao m ovim ent o m angue da cidade. De acor do com o pr ópr io sit e da or ganização do event o, é no Polo Mangue que os “ alt er nat ivos” se encont ram ( PREFEI TURA DO RECI FE, 2012) .

Esse polo apresent a um am bient e bem m enos ilum inado do que os dem ais, com um espaço pr óxim o ao palco dest inado, exclusivam ent e, para a apr esent ação de Disk

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dest e polo, not am os que m uit os dos ar t ist as se caract er izavam por não apr esent ar pr oxim idade com os r it m os t ípicos do car naval. Ao cont r ár io, grande par t e dos show s execut ados no Polo Mangue foram show s de r ock, rap e out r os r it m os.

Foi possível per ceber a pr esença m aj or it ár ia de um público j ovem , em sua m aior ia vest idos com r oupas pouco r elacionadas com as t radições car navalescas, o que indica a valor ização e posse de um capit al sim bólico pr ópr io, dist int o daquele t í-pico do car naval. Esse público par eceu diver so em r elação ao poder aquisit ivo e grau de escolar idade, com níveis de capit al econôm ico e cult ural diver sos. O que par ece funcionar com o elem ent o agr egador, nest e polo, é a ident ifi cação com um t ipo de at ração ar t íst ica e am bient ação dist int os do convencional, r efor çando a exist ência de um a capit al sim bólico de out ra nat ur eza vinculado a est e polo. Per cebem os, ainda, o consum o m ais m ar cant e de bebidas alcoólicas.

Boates nas calçadas: Corredor do Frevo

O cham ado Cor r edor do Fr evo se localiza no Bair r o do Recife, t endo com o r efer ência a Rua da Moeda. Est e polo é dedicado aos clubes de fr evo e t r oças, que per cor r em as r uas pr óxim as. De acor do com a or ganização do event o, cer ca de 80 agr em iações se apr esent aram no local durant e o car naval de 2012 ( PREFEI TURA DO RECI FE, 2012) .

Diver sos gr upos de fr evo e t r oças desfi lam pelos ar r edor es do cor r edor do fr evo ar rast ando os foliões, que seguem as agr em iações enquant o cant am m úsicas t radicionais do car naval r ecifense. Not am os que os foliões, pr incipalm ent e os t ur ist as, dem onst ram grande em polgação com a opor t unidade de par t icipar em dos fest ej os j unt am ent e com os blocos locais.

Cont udo, a pr incipal at ração do Cor r edor do Fr evo não são gr upos de fr evo ou as t r oças, m as sim a concent ração de pessoas que se for m a após o t ér m ino dos des-fi les das agr em iações. Os foliões, quase que exclusivam ent e j ovens, se j unt am em grande núm er o nas im ediações da Rua da Moeda e passam a conver sar nas m esas dos bar es, nas calçadas e r uas. A r egião é caract er izada pela ilum inação m ais fraca e a m iscelânea de m úsicas execut adas nos bar es. Per cebem os a pr edom inância de m úsica elet rônica, cuj a execução é acom panhada, em alguns casos, por luzes coloridas que sim ulam am bient es de boat e na fr ent e de alguns bar es.

Apesar das m úsicas, poucas pessoas dançam ; ao invés dist o, se m ant êm sen-t adas ou de pé conver sando em gr upos. Nessen-t e espaço, poucos são os foliões que se apr esent am fant asiados. Em sua m aior ia, as pessoas se apr esent am bem vest idas, indicando um m aior capit al econôm ico. Assim com o no Polo Mangue, aqui é possível not ar a valor ização de out r o t ipo de am bient e ( m úsica, ilum inação, t raj es) que não o dos carnavais t radicionais, dem onst rando a valorização e posse de um capit al sim bólico dist int o daquele considerado convencional.

O carnaval em família: Polo das Fantasias

Segundo a Prefeit ura Municipal do Recife, o Polo das Fant asias prom ove o resgat e da beleza e inocência dos ant igos car navais, m ar cados pelo lir ism o e r om ant ism o dos bucólicos car navais do passado. O am bient e é dest inado às fam ílias e, pr incipalm ent e, às cr ianças ( PREFEI TURA DO RECI FE, 2012) .

O Polo das Fant asias, sit uado na Praça do Ar senal da Mar inha, é caract er izado por um a decoração que r em et e aos car navais t radicionais, com confet es e ser pent inas espalhados pelo chão e bar raquinhas de lanches espalhadas ao longo da praça. Além dist o, o am bient e, t alvez, sej a o m ais ilum inado dent r e t odos os polos cent ralizados do car naval de Recife.

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presença de m uit os j ovens na praça. No geral, os foliões apresent am em com um o fat o de apar ent ar em per t encer a classes sociais m ais alt as, com m aior poder aquisit ivo e nível de escolar idade. Aqui podem os ident ifi car a conj unção ent r e capit al econôm ico, cult ural e sim bólico, r eunidos em um só am bient e da fest a. O polo par ece assum ir um a posição elevada dent r o do cam po do car naval do Recife.

Dest acam os, ainda, o perfi l das at rações que se apresent am no palco do Polo das Fant asias. No início da noit e, são r ealizadas apr esent ações de gr upos car navalescos infant is e infant o- j uvenis, e em seguida ocor r em show s de ar t ist as da MPB brasileira.

De todos, para todos: Polo Recife Multicultural

O palco do Polo Recife Mult icult ural, sit uado no Mar co Zer o, é o coração do Car naval do Recife. É aqui que se inicia e se encer ra as com em orações dos fest ej os carnavalescos, por m eio de duas cerim ônias à part e. A propost a do polo é a celebração de um a fest a plural e popular, m ult icult ural ( PREFEI TURA DO RECI FE, 2012) .

O palco do Mar co Zer o é aquele que apr esent a a m aior est r ut ura e que, con-sequent em ent e, possui o m aior espaço para acom odar o público. Todas as noit es m ilhar es de pessoas de or igens dist int as se concent ração para apr eciar os show s que, m uit as vezes, são r ealizados pelos ar t ist as m ais consagrados e considerados as m aiores at rações da fest a carnavalesca. No palco, se apresent am art ist as de diferent es est ilos m usicais e que, em alguns casos, j á se apr esent aram em out r os polos m enor es do car naval durant e a fest a. Muit as das at rações, inclusive, não apr esent am ligação dir et a com a t em át ica do car naval.

Dest acam os que, a despeit o da diversidade do público present e, est e é fragm en-t ado em grupos m enores, que, apesar de ocuparem o m esm o espaço, não se m isen-t uram . Exist em pessoas com difer ent es níveis de poder aquisit ivo e educação que, m uit as vezes, assist em ao show lado a lado. Aqui dest acam os a pr esença dos cam ar ot es das em presas pat rocinadoras, que surgem com o ilhas de exclusividade em m eio ao público, com localização pr ivilegiada e ser viço pr ópr io, ent r e out ras benesses. Per cebem os, t am bém , que nest e polo é m aior o núm er o de foliões que não acom panham o show efet ivam ent e, que fi cam apenas conver sando com am igos ou obser vando o público.

O Polo Recife Mult icult ural pode ser encarado com o um espaço de conver gên-cia ent r e os públicos dos dem ais polos, um a sínt ese dos dem ais polos cent ralizados. Per cebem os esse am bient e com o um m icr ocosm o que espelha o pr ópr io cam po da fest a car navalesca do Recife. Nele, est ão pr esent es as difer ent es classes de agent es, com seus capit ais dist int os e habit us específi cos.

A Configuração do Campo do Carnaval do Recife

Após a descr ição dos difer ent es polos cent ralizados da fest a de car naval do Recife, é possível analisar m os, sob um a per spect iva bour dieusiana, com o os polos se apr esent am , a fi m de ent ender m os m elhor suas caract er íst icas par t icular es e com o se difer enciam ent r e si.

Com o pudem os per ceber quando da descr ição dos polos, de acor do com nossas obser vações, os polos das Tradições, de Todos os Fr evos e das Agr em iações apr esen-t am sem elhanças no que diz r espeiesen-t o a sua esesen-t r uesen-t ura e público. Podem os infer ir, de m aneira am pla, que os foliões apr esent am um baixo capit al cult ural e econôm ico, com um alt o capit al social, um a vez que o público é form ado, em grande par t e, por pessoas que t êm algum a r elação com os envolvidos nos desfi les. Podem os afi r m ar, ainda, que esses polos são caract er izados por um t ipo de capit al sim bólico, concedido pela per-pet uação da pr át ica dos desfi les. Mas, a pr ópr ia localização dos polos, um pouco m ais afast ados, sinaliza para a posição per ifér ica que est es ocupam no cam po em est udo.

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bo-r es Silenciosos) , at bo-rai os t ubo-r ist as e m uit os foliões locais com m aiobo-r podebo-r aquisit ivo. Dest ar t e, esse polo se m ost ra r elacionado a um capit al sim bólico advindo das m ani-fest ações de raízes ancest rais.

Já o Polo de Todos os Rit m os se confi gura com o um espaço m ais diver sifi cado, que pode ser r elacionado a um m aior capit al cult ural. As at rações de est ilos m usicais diver sos, m uit as delas de cunho r egional, apr esent am em com um o fat o de est ar em associadas a um público com m aior cult ura. Cham a a at enção, ainda, o com port am ent o dos foliões ao int eragir em durant e os show s, dançando em gr upo. É possível per ceber a pr esença de um capit al sim bólico dist int o, fr ut o da valor ização da cult ura r egional e afast ada do m ainst r eam do m er cado ar t íst ico.

No que com pet e ao Polo Mangue, for t em ent e infl uenciado pelo m ov im ent o Manguebeat , obser vam os a pr esença de um público, em geral, de capit al econôm ico m ais elevado do que nos polos discut idos ant er ior m ent e. Os foliões que fr equent am esse polo se m ost ram r elacionados a um t ipo de apr esent ações bem par t icular es, o que fi ca explícit o, inclusive, na pr opost a apr esent ada pela or ganização do event o, que afi r m a que é nest e espaço que os “ alt er nat ivos” se encont ram . Cont udo, t al posição de “ alt er nat ivos” par ece funcionar com o um grande guar da- chuva para acolher foliões os m ais diver sos, que não se ident ifi cam com a fest a car navalesca t radicional e est ão à pr ocura de out r o t ipo de at ração.

O Cor r edor do Fr evo sur ge com o um espaço volt ado para o público m ais j ovem , com alt o capit al econôm ico. Apesar de apr esent ar desfi les de blocos de fr evo, o polo, assim com o o Polo Mangue, se caract er iza por ofer ecer espaços m ais dist ant es do per fi l t radicional do car naval. I dent ifi cam os nos foliões desse polo a pouca ligação com as t radições do car naval, o que lhe concede um défi cit de capit al sim bólico num a per spect iva das raízes do car naval.

Com o cont rapont o ao Polo Mangue e ao Cor r edor do Fr evo, o Polo das Fant asias t em com o sua caract er íst ica m ais m ar cant e a pr ocura pela valor ização dos car navais t radicionais. Obser vam os um alt o capit al econôm ico e cult ural dos foliões, bem com o a const r ução de um capit al sim bólico elevado, or iundo da pr eser vação de hábit os t ípicos das fest as car navalescas.

Por fi m , t em os o Polo Recife Mult icult ural, que t em com o pr opost a ofer ecer um espaço plural com at rações que agradem aos públicos m ais diver sos. Apesar da pr e-sença de foliões de perfi s var iados, per cebem os um a pluralidade fragm ent ada, com a separação sut il dos gr upos de pessoas em cam ar ot es e espaços dist int os, nest e que é o “ palco pr incipal” da fest a. Nesse polo, encont ram os um a gam a de at rações que buscam agradar a t odos os públicos, com apr esent ações de gr upos de m aracat us e

show s de r ock acont ecendo no m esm o palco. Devido a t al diver sidade, se t or na difícil

defi nir a ident idade par t icular do espaço.

No que diz r espeit o ao Galo da Madr ugada, a exem plo do Polo Recife Mult i-cult ural, t em os um espaço em que se pr opõe a congr egar os foliões de perfi s m ais diver sos. Ent r et ant o, dest acam os um a caract er íst ica específi ca do Galo, que é a sua ligação diret a com a preservação das t radições de celebração do carnaval, com foliões fant asiados, o desfi le do bloco, o fr evo et c. Devido a ist o, ident ifi cam os um alt o ca-pit al sim bólico r elacionado ao bloco Galo da Madr ugada, que se m ost ra com o um a das pr incipais at rações do car naval da cidade do Recife, apesar de se apr esent ar no início do car naval.

Dest a for m a, cada polo se m ost ra r elacionado a t ipos de capit ais específi cos. Obviam ent e exist em apr oxim ações ent r e alguns polos, que apr esent am sem elhanças quant o ao público e pr opost a de seu espaço, m as de m aneira geral, não podem os falar de um a unidade da fest a de car naval do Recife.

Considerações Finais

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Ent endem os que o Carnaval do Recife se confi gura com o um cam po form ado por diversos espaços bem dist int os, cada um deles dest inado a at ender um perfi l de foliões, que buscam propost as dist int as para a fest a de carnaval. Dest a form a, ao nos debruçarm os sobre o carnaval do Recife adot ando um a perspect iva bourdieusiana de análise, podem os int erpret ar os diferent es espaços da fest a, os polos do carnaval, com o represent at ivos de nove posições dist int as dent ro do cam po em quest ão. Cada polo est á relacionado com um a classe de foliões específi ca, que apresent a um perfi l part icular.

A fest a de car naval se m ost ra fragm ent ada em diver sos espaços, alguns com m aior apr oxim ação e ident ifi cação com out r os. A pr opost a de m ult icult uralidade do car naval r ecifense se m ost ra com o um a colcha de r et alhos for m ada pela união de am bient es díspar es, a fi m de at ender a t odos os gost os.

Apesar de não haver at aques explícit os ent r e os foliões de difer ent es polos, per cebem os que a pr ópr ia const r ução da ident idade de alguns polos passa pela det er m inação da difer ença em r elação a out r os espaços da fest a. Assim , cada polo busca sua afi r m ação e valor ização de acor do com suas caract er íst icas par t icular es, se apr oxim ando ou, ao cont r ár io, afast ando- se daquilo que podem os considerar com o os hábit os e com por t am ent os r efer ent es aos car navais m ais t radicionais.

Vale r essalt ar, ainda, que a pr ópr ia est r ut ura do car naval do Recife pr opicia aos foliões que est es t ransit em ent r e os polos, par t icipando de difer ent es espaços da fest a ao longo da noit e, o que não im pede a caract er ização de cada um dos polos da fest a do car naval. Ao cont r ár io, a or ganização da fest a, na m aneira com o é feit a, a despeit o de um a prom essa de dem ocracia, parece sugerir que diferent es classes, ainda que possam com par t ilhar espaços, pr eser vem seus cam pos, num j ogo que par ece legit im ar não apenas as difer enças cult urais das expr essões popular es, m as t am bém as difer enças sociais dos foliões.

O present e est udo se apresent a com o um prim eiro passo na busca de um a com -preensão do cam po do carnaval “ m ult icult ural” do Recife. Ent endem os que a am pliação de t ais considerações, sobr et udo por m eio da obser vação dos polos descent ralizadas, em sua m aior ia localizados em subúr bios de m enor poder aquisit ivo, possam vir a pr opiciar um m aior apr ofundam ent o acer ca desse conhecim ent o, que se pr et ende r elevant e a um a avaliação das polít icas públicas at ualm ent e prat icadas pelo gover no m unicipal, bem com o a um inst r um ent o de “ voz” dos foliões.

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